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O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, foi visivelmente poupado de constrangimentos pela oposição ao governo no Senado, onde compareceu ontem diante da Comissão de Assuntos Econômicos para explicar aos senadores temas como o acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), a taxa de juros e a meta de superávit primário. Palocci defendeu a política econômica em vigor. "Manter a política macroeconômica, priorizar o investimento, fortalecendo a confiança do setor privado e selecionando os gastos públicos, aumentar a eficiência do país, estimulando a inovação tecnológica, criar condições para a expansão saudável do crédito e fortalecer as políticas sociais precisam ser parte do conjunto do esforço que o país realiza para dar musculatura à economia", resumiu. Habilidoso, Palocci fugiu de todas as situações que poderiam render alguma polêmica. Elogiou até as seguidas reclamações públicas do vice-presidente José Alencar contra os juros altos. Classificou as declarações de “espírito de colaboração”. Leia também Senadores como César Borges (PFL-BA) e o presidente da comissão, Ramez Tebet (PMDB-MS) questionaram a falta de unidade do governo e do PT sobre o arrocho fiscal imposto pelo Ministério da Fazenda e pelo Branco Central. “Triste do governo que não tem visões diferentes”, afirmou, para em seguida fazer uma profissão de fé em relação à política econômica austera adotada pelo governo: “O Brasil já tentou queimar etapas em outra oportunidade, de boa fé, buscando objetivos vigorosos em tempo curto, e os resultados nunca foram positivos, infelizmente”. Palocci disse aos senadores que o Brasil estaria vivendo uma “crise sem precedentes” se não houvesse tomado as duras medidas que tomou em 2003 e que, a seu ver, recolocaram o país na rota do crescimento. O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) questionou o fato de o Brasil gastar em juros da dívida externa aproximadamente R$ 138 bilhões por ano, contra os R$ 5,8 bilhões que poderão ser direcionados aos beneficiários do programa Bolsa-Família. Palocci respondeu que o governo encara o acordo com o FMI não como um contrato de empréstimo, mas sim como o exercício do direito do país de ter acesso a recursos do fundo. "Quando o país alongou compulsoriamente a dívida interna, os resultados foram desastrosos para o Brasil e para os programas sociais", observou. O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) quis saber se o governo mantinha a meta de superávit equivalente a 4,25% do produto Interno Bruto (PIB). O percentual acabou confirmado pelo ministro. "A responsabilidade fiscal, o equilíbrio das contas públicas, a garantia que o país dá de que suas contas serão ordenadas ao longo do tempo é o que pode dar aos agentes econômicos, aos empresários e trabalhadores, aos investidores nacionais e estrangeiros a certeza de que é possível apostar no crescimento do país ao longo do tempo", completou. Sobre os altos índices de desemprego, o ministro ofereceu uma interpretação dos dados que apontam que o país criou, em 2003, 775 mil empregos, o que levou a um aumento de 3,37% no número de postos de trabalho em fevereiro de 2004 em comparação a fevereiro de 2003. Palocci afirmou que estes empregos foram registrados nas pequenas cidades e na zona rural. |