A decisão do PSDB de apoiar a candidatura do senador Tião Viana (PT-AC) à presidência do Senado não abalou a confiança do PMDB na vitória do senador José Sarney (PMDB-AP). No entanto, o líder do partido, senador Valdir Raupp (RO), já mudou suas contas. Antes, nos cálculos do PMDB, o apoio a Sarney estava entre 50 e 55 votos. Agora, a cúpula peemedebista acredita que o ex-presidente da República ainda tem 48 votos garantidos. "Já estávamos preparados para isso. O PSDB estava muito dividido e até acreditamos que a bancada seria liberada para votar livremente", avalia Raupp.
Outros senadadores envolvidos com a campanha de Sarney ouvidos pelo site também colocam nas contas de Raupp quatro ou cinco votos do próprio PSDB e até mesmo dois do PT. Nos bastidores, os peemedebistas revelam que os petistas Delcídio Amaral (MS) e Serys Slhessarenko (MT) podem votar em Sarney. As justicativas para as defecções petistas, segundo o PMDB, seriam conflitos internos e pessoais entre os dois senadores e Tião Viana.
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O partido de Sarney também diz ter os votos de César Borges (BA) e Expedido Júnior (RO), ambos do PR, partido que diz ter fechado com o petista do Acre. Além disso, a campanha de Sarney confia que terá todos os 14 votos do DEM, que fechou questão ontem sobre o tema (leia mais), e mais 4 votos do PTB, sendo dois já confirmados dos senadores Gim Argello (DF) e Epitácio Cafeteira (MA).
"Mãozinha"
"Já tenho 38 votos. Estou em busca de mais três para ganhar", disse Tião Viana ao site enquanto se reunia com outros senadores do PT agora pela manhã. A conta do petista considera que todos os senadores votem fielmente à orientação partidária. Ou seja, o apoio formal que ele já ganhou do PTB, PSB, PR, Psol, PRB e PDT. Seriam 25 votos dos partidos listados e mais 13 novos do PSDB. Mas internamente, a campanha petista afirma que o apoio do PSDB "potencializou até 45 votos" para a campanha do candidato do PT.
No ninho tucano, a preferência por Tião Vianna não agradou alguns senadores. Um desses senadores contrariados revelou ao Congresso em Foco que os votos do partido não foram declarados para Sarney, pois o peemedebista não atendeu às reinvindicações da direção do PSDB de ocupar cargos nas comissões mais importantes do Senado e na Mesa Direitora.
"O partido é de oposição. Não deveria brigar por cargos e fazer fisiologismo. Estamos a um passo de ter o maior cargo que é o de presidente da República e, por isso, não era preciso ter pressa", critica um dos senadores do PSDB, que pediu para não se identificar. "Acho que o PSDB deu uma mãozinha para o Tião, mas não vejo possibilidade de uma vitória sobre Sarney", completa o senador tucano . (Lúcio Lambranho)