O PDT decidiu hoje (5) permanecer na base aliada do governo, ainda que o preço a pagar seja a perda do Ministério do Trabalho. Após reunião da Executiva Nacional do partido, o presidente interino, deputado André Figueiredo (CE), afirmou que não serão indicados nomes para substituir o ex-ministro Carlos Lupi, que se demitiu ontem (4), até que seja feita a reforma ministerial, prevista para janeiro do ano que vem.
“O PDT ratificou que, independentemente de cargos, nós somos da base do governo. Nem discutimos nomes, até por conta de que não sabemos se a presidenta Dilma vai definir se o PDT continua no Ministério do Trabalho ou se continua em outro ministério”, afirmou Figueiredo. Ele informou ainda que será criada uma comissão, formada por ele, os líderes do PDT na Câmara e no Senado, o secretário-geral do partido, Manoel Dias, e o vice-presidente do partido, deputado Brizola Neto (RJ). O objetivo será negociar com a presidenta Dilma Rousseff o papel da legenda no governo e futuros cargos em ministérios.
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Para Brizola Neto (PDT-RJ), “a comissão é para fazer a interlocução com o governo, para dar respostas ao governo. O partido tem que ver o que o governo quer do partido”.
De volta à presidência
Deputados presentes à reunião disseram que Lupi retornará à presidência do partido. Mas antes, aproveitará o último mês do ano para descansar. “Ele disse informalmente que quer usar o mês para descansar com a família, e assume o comando do partido em janeiro. É evidente que não dá para estar feliz após esses 30 dias, mas ele está muito equilibrado”, afirmou Figueiredo, para quem Lupi ainda tem “total apoio e confiança do partido”.
Ele disse ainda que espera que Lupi volte ao partido em 30 de janeiro, data da reunião do Diretório Nacional. “Até lá, evidentemente, a gente tem a expectativa de que a presidenta Dilma já tenha feito a reforma ministerial e, aí sim, ela vai dizer se o PDT vai ficar com alguma pasta ou não”, afirmou.
Lupi deixou a presidência do PDT em 2007, após a Comissão de Ética Pública da Presidência da República ter recomendado, pela primeira vez, sua exoneração do cargo. O motivo foi o acúmulo de dois cargos públicos na época.
Ontem (4), Lupi pediu exoneração do cargo após reunião com a presidenta. Em seu lugar, segundo informou o Palácio do Planalto, assumirá o cargo interinamente o secretário-executivo da pasta, Paulo Roberto Pinto. O ministro tomou a decisão após um mês de denúncias de irregularidades na pasta, além de ter dado declarações polêmicas. Lupi também perdeu o apoio do partido e teve sua saída recomendada pela Comissão de Ética Pública. Em nota, o ex-ministro afirmou que pediu a exoneração após “perseguição política e pessoal da mídia”. Segundo o agora ex-ministro, sua demissão foi necessária “para que o ódio das forças mais reacionárias e conservadoras deste país contra o Trabalhismo não contagie outros setores do Governo”.
Lupi é o sétimo ministro a cair este ano. Já saíram: Antônio Palocci (Casa Civil), Alfredo Nascimento (Transportes), Nelson Jobim (Defesa), Wagner Rossi (Agricultura), Pedro Novais (Turismo) e Orlando Silva (Esporte). Com exceção de Jobim que saiu por criticar publicamente o governo, todos os outros deixaram o governo por denúncias de corrupção.