Durante o período de discussão e votação do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, o acesso à Câmara foi restringido para o público, com especial atenção ao Salão Verde, contíguo ao plenário. Em tese, apenas servidores, deputados e profissionais da imprensa – devidamente credenciados – podem circular no local. No entanto, as normas de segurança reforçadas não impediram a presença dos coordenadores do Movimento Brasil Livre (MBL), o que revoltou parlamentares governistas.
De acordo com a assessoria de imprensa da Casa, durante o final de semana vão trabalhar apenas os servidores necessários para o acompanhamento das atividades no Plenário. Os funcionários autorizados a circular pelo Salão Verde receberam um holograma que foi colado em seus crachás, assim como profissionais da imprensa, que tiveram que passar por um novo processo de credenciamento. Os secretários parlamentares não têm acesso ao edifício principal, apenas aos anexos III e IV, “assim como algum eventual convidado de parlamentar”, informou a assessoria.
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No entanto, na tarde de ontem (15) os coordenadores do MBL, grupo que defende o impeachment de Dilma, conseguiram credenciais de acesso ao Salão Verde e circularam pelo local. Ao serem interpelados por policiais legislativos, foram auxiliados pelo deputado antigoverno Darcício Perondi (PMDB-RS), que assegurou a entrada dos rapazes. O próprio parlamentar confirmou o ação, e disse que os coordenadores do movimento estariam autorizados a acessar o Salão Verde durante o período de discussão e votação do impeachment, porque o MBL é signatário da pedido de afastamento da presidente.
O grupo era formado pelos coordenadores Renan Santos, Kim Kataguiri e Rubens Nunes. Os dois últimos não tinham credencial de servidores, tampouco de imprensa, apenas de acesso ao Salão Verde.
Fator DEM
Neste sábado (16) o petista Carlos Zarattini (SP) questionou ao líder do DEM, Pauderney Avelino (AM) sobre a autorização para os integrantes do MBL, e disse que a credencial utilizada pelos rapazes é restrita autoridades. O caso acabou na Diretoria-Geral da Câmara, que autorizou a permanência do grupo. O DEM negou que tenha solicitado credenciais para o MBL.
O Comitê Pró-Democracia emitiu uma nota ontem dizendo que no mesmo dia, pela manhã, foram vistos “jovens não credenciados circulando pelos corredores da Câmara, sem portar crachás funcionais e usando adesivos pró-impeachment”.
De acordo com a nota, o grupo estaria adesivando as portas dos gabinetes, e foram recebidos pelo deputado Sérgio Reis (PRB-SP). A presença dos jovens foi questionada por funcionários e a polícia legislativa foi acionada. Logo o grupo foi retirado da Câmara. O comitê classificou os fatos como “mais uma comprovação de que as regras autoritárias de Eduardo Cunha só valem para aqueles que são contrários aos seus interesses”.