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De acordo com reportagem da revista Veja, Mercadante teria oferecido ajuda a Delcídio em troca de seu silêncio. A semanal, em seu site, publicou as gravações de duas conversas do ministro com um assessor do então líder do governo. “Eu não me prestei a esse papel. Estou aqui pedindo a vocês que publiquem o que não foi transcrito”, disse aos jornalistas.
O ministro se defendeu e disse que nunca tentou impedir a delação de Delcídio e destacou que a transcrição dos trechos do diálogo pela revista foi tendenciosa e não revelou, por exemplo, a parte em que diz: “Mesmo que ele queira delatar eu não vou entrar nisso, é direito dele. A delação é dele e ele faz o que achar que deve. Não trato sobre delação”.
Tese jurídica
“Não houve da minha parte qualquer tentativa de interferir nas decisões judiciais. O que eu levantei foi uma tese jurídica”, argumentou o ministro, acrescentando que não é advogado e, portanto, sugeriu que o assessor conversasse com consultores jurídicos do Senado para confirmar se a hipótese levantada se sustentava.
Questionado sobre o trecho em que Mercadante diz ao assessor José Eduardo Marzagão que Delcídio deveria ficar “calmo”, deixar “baixar a poeira” e não fazer “nenhum movimento precipitado”, o ministro disse que não se referia à delação. “Eu achava que se ele pedisse para ser libertado dificilmente o supremo atenderia”, disse Mercadante – o que de fato aconteceu, quando a ministra Rosa Weber negou o pedido de habeas corpus em favor do senador no dia 1º de dezembro.
Sobre a reunião com a presidente mais cedo, Mercadante apenas relatou que assumiu totalmente a responsabilidade sobre as gravações e que iria esclarecer o fato junto à imprensa. O ministro frisou que a presidente não teve nenhuma participação nos bastidores da conversa com Marzagão, e que a iniciativa do diálogo partiu dele mesmo. “A iniciativa foi minha, a responsabilidade é só minha”, afirmou, tentando colocar qualquer responsabilidade na presidente Dilma.
Solidariedade
Mercadante disse que não teve a intenção de obstruir a delação de Delcídio, e classificou o diálogo com o assessor do senador como “um ato de solidariedade”. “Eu espero que esse país valorize a solidariedade, o companheirismo num momento de tragédia pessoal”, disse o ministro, que se sensibilizou em decorrência da repercussão da prisão de Delcídio na família do senador. “O que me preocupa são os valores da sociedade que nos vamos construir. Eu acho que a solidariedade a e a generosidade humana são valores fundamentais”, completou.
No diálogo com o assessor de Delcídio, Mercadante diz que gostaria de oferecer “algum tipo de solidariedade, apoio pessoal e político” ao senador, mas logo acrescenta: “Eu não vou me meter na defesa dele”. “Vou tentar ajudá-lo no que puder, quero ajudar no que puder mas só vou fazer o que eu puder. Não adianta me pedir o que eu não posso fazer”, disse Mercadante.