Mário Coelho
O líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante (SP), vai renunciar ao comando da bancada nesta tarde (20) por discordar da posição do partido, orientada pelo Planalto, de votar pelo arquivamento de todos os requerimentos e denúncias protocolados no Conselho de Ética contra o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP).
Mercadante chegou a dizer ontem (19) que não deixaria a liderança para não agravar a crise na bancada. No dia anterior, ele havia dito que colocaria o cargo à disposição caso o bloco de apoio ao governo insistisse em emplacar mais dois aliados do presidente do Senado no Conselho de Ética. O senador paulista avisou nesta manhã a colegas de partido que deixará o cargo e que pretende detalhar os motivos de sua decisão em discurso no plenário às 15h.
Um dos senadores que foram comunicados por Mercadante foi Flávio Arns (PT-PR). Segundo o senador paranaense, o líder petista lhe disse por telefone que deixará o posto por discordar da orientação dada pelo Planalto à bancada de arquivar todas as denúncias contra Sarney, explicitada em nota assinada pelo presidente da legenda, deputado Ricardo Berzoini (SP). “O senador me disse que está deixando a liderança e vai conversar com a militância por não concordar com os rumos tomados pelo partido”, afirmou.
A crise no Senado e as brigas internas da bancada têm afetado significativamente o PT. Ontem, a senadora Marina Silva (AC) anunciou seu desligamento da legenda. Ela deve se filiar ao PV nas próximas semanas. Ainda nessa quarta-feira, Flávio Arns disse que, por causa do comportamento do partido no arquivamento das ações contra Sarney, também pretende deixar o partido. Antes disso, porém, ele vai consultar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para saber se, no caso dele, caberia a cobrança de seu mandato por infidelidade partidária.
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