Fábio Góis
Ficará para amanhã (21) pela manhã o discurso por meio do qual o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) colocará à disposição o cargo de líder de bancada no Senado e do bloco de apoio ao governo (PT-PMDB-PSB-PDT-PRB-PR). O petista faria hoje em plenário, às 15h, um pronunciamento anunciando a decisão, em caráter “irrevogável”, inclusive já postada pelo próprio senador na rede social na internet Twitter. Mas o discurso foi adiado porque o presidente Lula pediu um encontro, no que foi prontamente atendido por Mercadante.
Mercadante descarta sair da liderança do PT no Senado
Mercadante decide deixar liderança do PT no Senado
Na última terça-feira (18), Mercadante já havia ameaçado deixar o posto caso a base governista levasse adiante a ideia de trocar nomes do PT no Conselho de Ética por senadores aliados ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). A manobra serviria para salvar o peemedebista da degola no Conselho de Ética, em que os recursos contra o arquivamento de 11 pedidos de investigação viriam a ser apreciados (e como se viu, rejeitados ontem (19) pelo colegiado, com três votos providenciais do PT).
Divergências com Sarney levam Mercadante a por cargo à disposição
A assessoria de imprensa de Mercadante disse que o senador aceitou adiar o pronunciamento por respeito “à história dele no PT e ao compromisso com o governo Lula”, e que não poderia fazer um discurso tarde da noite, depois do encontro, que deve ser realizado por volta das 18h. A assessoria disse ainda não saber se a reunião acontecerá no Palácio da Alvorada ou no Centro Cultural Banco do Brasil, onde o núcleo do governo funciona até a conclusão da reforma no Palácio do Planalto.
Por fim, a assessoria disse que o senador descarta também de maneira irrevogável a desfiliação do PT, ao contrário do que fizeram ontem (19) Marina Silva (PT-AC) e Flávio Arns (PT-PR). “Isso não está em cogitação.”
O resultado da audiência de ontem no Conselho de Ética foi o estopim para que petistas históricos anunciassem o rompimento com o partido, que está rachado e parece ter recebido a transferência da crise do Senado para sua bancada. A manutenção do arquivamento dos 11 pedidos de investigação contra Sarney no colegiado, com o voto favorável dos três membros titulares do PT – Ideli Salvatti (SC), Delcídio Amaral (MS) e João Pedro (AM) –, foi providencial para a instalação da crise na legenda.
Como forma de pressão e orientado por Lula, o presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini, chegou a encaminhar nota aos senadores da bancada por meio da qual condena a responsabilização da crise unicamente a Sarney, razão pela qual orientou os parlamentares a votar pela manutenção dos arquivamentos – determinados sumariamente pelo presidente do Conselho, Paulo Duque (PMDB-RJ), aliado de Sarney. Como senadores como Ideli e Delcídio, além do próprio Mercadante, são candidatos nas eleições majoritárias do próximo ano, o voto imposto a favor do cacique peemedebista foi recebido como um golpe em suas pretensões eleitorais, haja vista a imagem negativa de Sarney perante a opinião pública.
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