No relatório parcial divulgado esta quarta-feira, a CPI dos Correios demonstrou que o pagamento do mensalão foi mais engenhoso do que o formato enunciado pelo ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ). Os repasses, segundo as investigações, custearam partidos da base aliada próximos de votações importantes para o governo, financiaram a mudança de deputados de legendas, incluindo o PTB, o PP e o PL, e atenderam interesses partidários, que poderia ser o financiamento irregular de campanhas.
O documento da comissão amplia o conceito de mensalão. Segundo o documento, o “mensalão” seria um “fundo de recursos utilizados, especialmente, para atendimento a interesses político-partidários”.
O PL, de acordo com as investigações, recebeu recursos semanalmente por intermédio da Guaranhuns. Durante quatro semanas, o PL teria recebido R$ 500 mil. Depois, o partido recebeu mais cinco parcelas de R$ 300 mil. Em seguida, mais seis parcelas de R$ 200 mil. Completariam os repasses depósitos variados que somariam R$ 1,33 milhões.
De acordo com a prestação de contas da CPI, o pagamento de “mensalão” se concentrou também em maio de 2003, “com intenso ingresso de parlamentares no PTB”.
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O mesmo fato é apontado em relação ao PP: “concentração de pagamentos entre janeiro e fevereiro de 2004, com mudança de parlamentares para o Partido Progressista”. Os repasses ao PP teriam intervalos de 48h a 72 h e foram feitos por intermédio da corretora Bônus-Banval.
Por fim, o documento indica que houve pagamento de recursos a partidos em datas próximas às votações de interesse do governo. O deputado não indica, no entanto, quais foram os projetos votados próximos a depósitos feitos com recursos do “valerioduto”.
O relator da CPI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), aproveitou a exposição inicial para ressaltar que é um “sofisma” a briga dos petistas para afirmar que jamais ocorreu o mensalão – e, sim, apenas o pagamento de dívidas de caixa dois. “São conceitos que não se excluem”, ponderou Serraglio.