Fábio Góis
Maior escândalo do governo Lula, o processo sobre o mensalão do PT deixou de tramitar em segredo de Justiça no Supremo Tribunal Federal (STF). E, segundo reportagem da edição desta semana da revista ISTOÉ, assinada pelo repórter Hugo Marques, o conteúdo das 69 mil páginas (“147 volumes e 173 apensos”) “empresta ainda mais gravidade ao escândalo”.
Intitulada “O roteiro final do mensalão – Parte I”, a reportagem diz que novos documentos e testemunhas revelam a participação do ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel (2005-2008), coordenador da campanha da pré-candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff. Seria “um dos operadores da remessa ilegal de recursos para o exterior”, segundo a revista, referindo-se a dinheiro público que, em parte, serviu para pagamento de dívidas do partido com o publicitário Duda Mendonça. Cerca de US$ 80 milhões teriam sido enviados clandestinamente aos Estados Unidos.
“Além de lançar luz sobre novos personagens – até aqui eram 40 réus –, a investigação derruba a versão de que o dinheiro público estava ileso do esquema de caixa 2 do PT”, diz trecho da reportagem. “Chegou-se a levantar essa hipótese durante a CPI, mas não havia provas.”
“Euros em cuecas”
Novas provas, diz a revista, mostram que o dinheiro movimentado não era apenas para custear despesas de campanha de candidatos petistas. “Diante de juízes e procuradores, testemunhas contaram em detalhes como atividades privadas de interesse partidário foram custeadas com as mesmas notas de dólares, euros e reais que circularam em cuecas e malas e ainda compravam apoios no Congresso.”
A matéria diz ainda que os novos desdobramentos têm potencial de causar “intempéries na corrida eleitoral”, e que o ministro do STF Joaquim Barbosa, relator do processo, pode incluir, entre outros, Pimentel entre os réus. A hipótese de arrolamento de novos nomes no processo foi reportada à revista por um dos ministros da corte.
Deixe um comentário