Investigadores da Operação Lava Jato encontraram nos registros pessoais do presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, indícios de que o empreiteiro pretendia usar contatos políticos no Judiciário para se livrar da prisão. No telefone celular apreendido de Marcelo, havia mensagem cifrada que listava o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Francisco Falcão, como uma das autoridades que poderiam agir em seu favor em caso de problemas judiciais. Outros três ministros do STJ foram citados pelo empresário: Nancy Andrighi, João Otávio de Noronha e Raul Araújo. As informações são do site da revista Veja.
Preso há 35 dias em Curitiba, o empresário tenta conseguir um habeas corpus para deixar a prisão. Apesar de estar preso desde 19 de junho, Marcelo só deu entrada no recurso nos últimos dias, o que fez com que o pedido caísse nas mãos do presidente do tribunal, já que o período é de recesso no Judiciário. Segundo a revista, Falcão tenta indicar o desembargador Marcelo Navarro Dantas para a vaga aberta no STJ com a aposentadoria de Ari Pargendler. De acordo com Veja, o ministro tem feito investidas no Palácio do Planalto e no Congresso para conseguir emplacar Dantas como ministro. O nome do desembargador foi o segundo mais votado da lista tríplice encaminhada à presidente Dilma.
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“Interlocutores dos ministros José Eduardo Cardozo (Justiça) e Aloizio Mercadante (Casa Civil) não têm dúvida: um despacho de Falcão favorável à liberdade de Marcelo Odebrecht seria devidamente recompensado com a indicação de Navarro Dantas para o STJ”, diz a reportagem.
Na última sexta-feira (24), o juiz Sérgio Moro, que conduz as investigações em Curitiba, decretou nova prisão preventiva do empresário, o que dificulta a liberação de Marcelo Odebrecht. Em nota, a Odebrecht afirmou que “não se manifestará sobre interpretações fantasiosas e descabidas retiradas de anotações pessoais”. Mas na defesa encaminhada à Polícia Federal, a empreiteira afirmou que as mensagens encontradas no celular do empresário eram “anotações pessoais a si mesmo dirigidas”.
Já o STJ informou que o ministro Francisco Falcão “não conhece, nunca teve relação e nunca foi apresentado a Marcelo Odebrecht”. “O ministro ouviu o nome de Marcelo Odebrecht pela primeira vez quando estourou a Operação Lava Jato. Se tivesse relação com o executivo, não teria dado o despacho sobre o habeas corpus dele [onde pediu informações ao juiz Sergio Moro e ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região] porque teria de se declarar impedido. Como não tem relação com o Executivo, se sentiu bem à vontade”, disse o tribunal. O ministro não foi encontrado pela reportagem para comentar a relação com o desembargador Marcelo Navarro Dantas.
Os ministros João Otávio de Noronha, Nancy Andrighi e Raul Araújo também negaram ter qualquer relacionamento com Marcelo Odebrecht. Políticos como o ex-presidente Lula, o senador José Serra (PSDB-SP), o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), e o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), também foram citados nos registros feitos pelo empresário, segundo a PF.
PublicidadeConfira íntegra da reportagem de Veja
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