Alvejada com um tiro na cabeça pelo ex-namorado, após ter sido feita refém por mais de 100 horas, a adolescente Eloá Cistina Rodrigues, 15, teve morte cerebral constatada na noite de ontem (18) pelos médicos que acompanham seu tratamento, no Hospital Municipal de Santo André (Grande São Paulo). Com ampla cobertura da imprensa, a tragédia chocou os brasileiros nos últimos dias.
Segundo a diretora do hospital de Santo André, Rosa Maria Aguiar, que confirmou ontem à noite a morte cerebral de Eloá, os pais da adolescente foram os primeiros a receber a notícia do falecimento. Eles estão recebendo cuidados especiais da equipe de psicologia do hospital.
A trajetória da bala que vitimou Eloá foi muito extensa e danificou grande parte do cérebro, causando perda de massa encefálica, de acordo com os boletins médicos divulgados no transcorrer deste fim-de-semana. Os médicos responsáveis pela cirurgia não retiraram a bala alegando que o procedimento poderia agravar a situação da menina.
De acordo com o secretário de Saúde de Santo Andre, Homero Duarte, a família de Eloá ainda não decidiu se doará os órgãos da menina. Caberá também aos parentes dela decidir se autorizam o desligamento dos aparelhos que a mantém viva, mesmo diante da irreversibilidade da atividade cerebral.
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Desfecho trágico
O longo seqüestro, promovido pelo auxiliar de produção Lindembergue Alves, 22, terminou de forma trágica na noite desta sexta-feira (17). Além dos tiros em Eloá (ela também foi atingida na virilha esquerda), o jovem ainda feriu a amiga de Eloá, Nayara, de 15 anos, com um tiro na boca. No entanto, a jovem se recupera bem e deve ter alta em dez dias.
Após desferir os disparos contra as meninas, Lindembergue foi detido pelos policiais do Grupo Tático de Ações Especiais (Gate) de São Paulo. O seqüestrador saiu aparentemente sem ferimentos do prédio onde mantinha reféns as duas adolescentes. Após exame de corpo de delito, ele foi levado à 6ª DP de Santo André, de onde foi transferido para o Centro de Detenção Provisória de Pinheiros. O advogado que o acompanhava, Eduardo Lopes, deixou o caso após o incidente.
Minutos após o desfecho do seqüestro, a assessoria do Palácio dos Bandeirantes, sede do governo de São Paulo, chegou a anunciar a morte da menina Eloá, em uma antecipação inadequada que causou mal-estar e posterior pedido de desculpas, por meio de nota oficial do Palácio.
Na madrugada de sábado para domingo (19), o governador de São Paulo, José Serra, foi ao hospital de Santo André prestar solidariedade aos familiares de Eloá e Nayara. (Fábio Góis)