“Vamos devagar. Porque nós estamos com pressa e não podemos errar. Agora, temos de acertar”, afirma o ministro.
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Meirelles reforçou que governo tem compromisso com a agenda de reformas necessárias no momento, que já vem sendo discutida antes mesmo da posse de Temer como presidente interino. O objetivo é tirar o país da recessão e “criar condições para o crescimento sustentável”. Entre as providências previstas estão a adoção de medidas de curto prazo para aquecer a economia, como concessão de crédito, sem perder de vista ações de ajuste fiscal que “demonstrem que a trajetória da dívida pública vai se estabilizar, em algum momento” para em seguida começar a cair gradualmente. O ministro traça apenas um panorama geral dos objetivos, sem detalhar as ações que serão de fato adotadas. “Por enquanto estou evitando dizer isso”, disse o ministro. “Exatamente para não corrermos o risco de gerar novas frustrações, nós não podemos ceder à ansiedade. Muitas vezes, isso leva à frustração, e a medidas precipitadas e mal estudadas para poder satisfazer a ansiedade”, justificou.
A cautela acompanha o ministro, que prefere não estabelecer prazos para o início da recuperação da economia. “Um erro cometido várias vezes por governantes é que são muito otimistas em suas projeções. Projeções que depois não se realizam são negativas porque começam a criar frustração, mesmo que tudo esteja sendo feito certo. Eu sou muito cuidadoso”.
Para a equipe econômica do novo governo, o processo de recuperação começa com o dimensionamento exato do déficit das contas públicas deste ano. Após esta etapa, tem início a formatação de medidas e sua negociação com o Congresso. O tamanho exato do rombo será revelado na próxima segunda-feira (23), quando será apresentado ao Congresso o projeto de revisão da meta fiscal. Meirelles acredita que o governo não terá dificuldades em negociar com os parlamentares a aprovação de medidas consideradas necessárias para a recuperação econômica. “É um governo que tem participação muito grande do Congresso na sua entrada. Então, tem grande capacidade de negociação”, disse o ministro.
Comparando a situação econômica atual com a de 2003, quando comandou o Banco Central, Meirelles avalia que, no momento, a situação fiscal é bem pior. O ministro avalia que muitas mudanças dependem de alterações legais e até mesmo de mudanças constitucionais. “Eu diria que é uma situação grave, que exige medidas duras e medidas importantes. Já iniciamos esse trabalho, de explicar à sociedade. Já começou a diminuição de ministérios. Depois, virá a extinção de cargos comissionados. E por aí vai. O governo começa a cortar na carne exatamente para dar a demonstração à sociedade. Nós sabemos que o povo é sábio — muito mais sábio do que alguns dirigentes pensam —, desde que tenha as informações corretas”, disse o ministro, acrescentando que todos têm que contribuir com a sua cota de sacrifícios. “Todos temos que dar a nossa parte. Todos têm que dar a sua cota de sacrifício”.
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