O ministro Carlos Marun, responsável pela articulação política do Palácio do Planalto, defendeu a nomeação da deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ) ao Ministério do Trabalho, mesmo após as recentes acusações contra a parlamentar, e afirmou que o governo não recuará e nem pedirá ao PTB de Roberto Jefferson, pai da deputada, que faça uma nova indicação. “Nós não vamos solicitar que o PTB faça qualquer outra indicação”, ressaltou o ministro na manhã desta segunda-feira (5).
“Não existe nada provado, a deputada não tem nenhuma condenação. Não existe nada que efetivamente denigra o nome da deputada nesse sentido”, disse Marun. Questionado sobre a condenação da petebista na Justiça trabalhista, o ministro minimizou o caso. “Nós entendemos que o fato de alguém ter perdido uma ação trabalhista não significa que essa pessoa seja imoral ou amoral”, declarou.
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Além da deputada ter sido condenada a pagar uma dívida trabalhista de R$ 60,4 mil a um motorista que prestava serviços para ela e para sua família, Cristiane Brasil também é alvo de duas recentes acusações: a de que pagou a traficantes para fazer campanha em área dominada pelo tráfico e a de que coagiu funcionários a levantarem votos para sua eleição à Câmara.
Apesar das suspeitas, Marun disse que o governo continuará “insistindo no reconhecimento da privativa prerrogativa do presidente Temer, prevista na Constituição, de nomear os seus ministros”.
Barrada pela Justiça, que suspendeu sua posse no Ministério do Trabalho, a deputada aguarda uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Durante o recesso do Judiciário, a ministra Cármen Lúcia, presidente da Corte, concedeu liminar suspendendo a posse autorizada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Na sexta-feira (2), um inquérito que investiga a parlamentar foi remetido à Procuradoria-Geral da República (PGR). De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, que teve acesso ao inquérito policial, Cristiane, seu ex-cunhado, o deputado estadual Marcus Vinicius (PTB) e três assessores dela na época também são investigados por supostamente dar dinheiro a traficantes para que pudessem fazer campanha com “direito exclusivo” no bairro de Cavalcanti, na zona norte do Rio. Há quase oito anos, o inquérito estava na Delegacia de Combate às Drogas do Rio.
PublicidadeNesse domingo (4), Áudio divulgado pelo Fantástico mostra a cobrança feita pela deputada, nomeada ministra do Trabalho, em uma reunião com cerca de 50 pessoas feita na própria sede da secretaria. “Se eu perder a eleição de deputada federal… Eu preciso de setenta mil votos. Eu fiz quase trinta (mil votos, em 2012, quando foi eleita vereadora no Rio). Agora são setenta mil. No dia seguinte, eu perco a secretaria (se não for eleita deputada). No outro dia, vocês perdem o emprego”, disse Cristiane.