O uso dessa verba está entre os “desmandos” que a senadora paulista alegou terem sido cometidos pelo ex-titular da pasta assim que foi anunciada a volta de Juca à Cultura. Ele foi ministro entre 2008 e 2010, no segundo governo Lula. “A população brasileira não faz ideia dos desmandos que este senhor promoveu à frente da Cultura brasileira. O povo da Cultura, que tão bem o conhece, saberá dizer o que isto representa”, escreveu a ex-ministra em seu Facebook no mês passado.
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Segundo o repórter Fábio Fabrini, auditorias da CGU apontam problemas no uso de recursos do ministério pela Sociedade Amigos da Cinemateca (SAC), entidade que dá apoio aos projetos de preservação da produção audiovisual. A pasta repassou R$ 111 milhões à SAC entre 1995 e 2010. Desse total, 94% se referem a uma parceria executada na gestão de Juca.
De acordo com o Estadão, um dos relatórios diz que a entidade foi contratada por escolha do ministério sem consulta a outros interessados e que projetos foram aprovados sem avaliação adequada de custos. A auditoria também aponta como irregular a cobrança de taxa praticada pela instituição para cobrir despesas com a administração de projetos. Para atividades de R$ 49 milhões, por exemplo, a taxa cobrada foi de R$ 2,6 milhões. Os auditores também destacam a dispensa irregular de licitações, o favorecimento de funcionários da Cinemateca e a falta de prestação de contas. Juca Ferreira não quis comentar o assunto.
Em entrevista publicada ontem pelo Estadão, a senadora Marta Suplicy abriu fogo contra a presidente Dilma e o PT. A petista disse que o ex-presidente Lula gostaria de ter sido o candidato do partido ao Planalto em 2014 e que ele não tem hoje qualquer ascendência sobre Dilma, a quem ela responsabiliza pelo “fracasso” da política econômica. Ela também disparou contra o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, chamado por ela de “inimigo”, e o presidente do PT, Rui Falcão, qualificado como “traidor” do partido. Marta também afirmou que não reconhece mais a legenda que ajudou a fundar. “Ou o PT muda ou acaba”, declarou.
A senadora admite deixar o partido e diz ter convite de quase todas as legendas, com exceção do PSDB e do DEM. Dentro do PT, é dada como certa sua saída para disputar a prefeitura de São Paulo em 2016 contra o atual prefeito, o petista Fernando Haddad, que deve concorrer à reeleição. Juca foi secretário municipal de Cultura de Haddad.
Em novembro do ano passado, quando deixou o Ministério da Cultura, Marta divulgou uma carta à presidente Dilma com críticas à condução da economia e à falta de recursos de sua pasta. “Todos nós, brasileiros, desejamos, neste momento, que a senhora seja iluminada ao escolher sua nova equipe de trabalho, a começar por uma equipe econômica independente, experiente e comprovada, que resgate a confiança e credibilidade ao seu governo e que, acima de tudo, esteja comprometida com uma nova agenda de estabilidade e crescimento para o nosso país. Isto é o que hoje o Brasil, ansiosamente, aguarda e espera”, escreveu na ocasião.