A presidente do partido Rede Sustentabilidade, Marina Silva, defendeu a realização de eleições diretas após divulgação do teor das delações dos donos da JBS, nas quais o presidente Michel Temer, entre outras coisas, aparece avalizando o empresário Joesley Batista, um dos donos da JBS, a pagar mesada ao ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha. “A única força política capaz de resolver legitimamente a crise é a sociedade, por meio de eleição direta para a Presidência da República”, diz trecho de um editorial publicado no site da Rede e nas redes sociais de Marina.
No texto, a presidente da Rede diz que é “impensável” entregar ao Congresso “desmoralizado” a eleição de um novo presidente e reafirma o que já havia dito em vídeo publicado em seu Facebook: “Michel Temer não tem mais condições de governar”.
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Como meio para as eleições, o editorial do partido defende que uma das saídas é a cassação da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer, por meio da ação que está em curso no Superior Tribunal Eleitoral (TSE). No entanto, sugere que o povo exija do Congresso a aprovação de emenda à Constituição que viabilize a eleição.
Desde o ano passado, tramita no Congresso a PEC 227/16, de autoria do deputado Miro Teixeira (Rede/RJ), que determina a eleição direta para presidente da República em caso de vacância do cargo. Essa é também uma das apostas do partido para a concretização das eleições diretas.
Denúncia JBS
Temer foi gravado pelo empresário e um dos donos do grupo JBS Joesley Batista, em março deste ano, dando aval para comprar o silêncio do deputado cassado e ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso em Curitiba. Além disso, no áudio divulgado, Temer ouve de Joesley orientações sobre seu governo e também algumas das ações que está promovendo, como compra de procurador, para se manter informado sobre avanço de investigações contra ele.
PublicidadeJoesley e seu irmão, Wesley Batista, fizeram acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF). A delação já foi homologada pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato na Corte, que também já determinou a abertura de inquérito contra o presidente por organização criminosa, corrupção passiva e obstrução à Justiça.
Ao ouvir de Joesley que estava dando a Cunha e a ao operador Lúcio Funaro uma mesada na prisão para ficarem calados, Temer incentivou: “Tem que manter isso, viu?” O áudio com a gravação do empresário foi divulgado pelo STF na tarde de ontem (quinta-feira,18).
Na presença de Joesley, Temer indicou o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) para resolver um assunto da J&F (holding que controla a JBS). Em seguida, Rocha Loures foi filmado recebendo uma mala com R$ 500 mil enviados pelo empresário.
Pela Constituição, um presidente da República só pode ser investigado por atos cometidos durante o exercício do mandato e com autorização do STF. Como os fatos narrados aconteceram durante o exercício do mandato de Temer, em março deste ano, Fachin autorizou a abertura da investigação.
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