Fábio Góis
Pré-candidata do PV à Presidência da República, a senadora Marina Silva (AC) declarou hoje (5) que manteria, uma vez eleita, a política econômica executada pelo governo Lula. Marina disse que daria continuidade aos procedimentos de controle da inflação pelo sistema de metas, de promoção de câmbio flutuante e de bases de superávit primário.
Mas a ex-ministra do Meio Ambiente ressalvou que defenderia a queda dos juros como forma de turbinar investimentos. Referência internacional em política ambiental, Marina considera que o tripé econômico não foi óbice para projetos de sustentabilidade ambiental, e que as reservas de recursos decorrentes deste modelo garantiram a “política de baixo carbono”.
“Foi graças a termos reservas que foi possível atravessar essa crise econômica sem grandes sobressaltos e viabilizar os recursos e os incentivos necessários para o que eu chamo de economia de baixo carbono”, disse a senadora, acrescentando que o modelo atual pode ser viabilizado, do ponto de vista ambiental, desde que sejam alocados recursos para investimento em “sustentabilidade econômica, social e cultural”.
As declarações de Marina foram feitas durante visita ao Consórcio Intermunicipal Grande ABC, em Santo André (SP). “Durante um tempo isso [tripé econômico] era chamado de política neoliberal. Ultimamente, não vi mais esse termo associado a essas três ferramentas. Elas devem ser mantidas, reorientando o processo”, disse a ex-ministra, que aparece com algo em torno de 10% das intenções de voto em pesquisas de opinião.
Marina fez críticas indiretas aos presidenciáveis Dilma Rousseff (PT) e José Serra (SP), líderes em todas as pesquisas de intenção de voto, mas sem identificação imediata com a causa ambiental. “Meu projeto é completamente diferente. Não é de ‘desenvolvimentismo’, no que ambos [Dilma e Serra] se parecem. Não pode haver crescimento sem que ele se transforme em melhoria na vida das pessoas, em todos os aspectos”, ponderou Marina, uma das fundadoras do PT – partido do qual se desligou por divergências ideológicas, em agosto de 2009, após uma histórica trajetória de 30 anos.
“Do ponto de vista da visão de desenvolvimento, os dois têm uma visão muito parecida, que é a visão do desenvolvimentismo, do ‘crescimentismo’. (…) Crescimento que não se transformar em melhoria da vida das pessoas em todos os aspectos, inclusive em cuidado com a base natural do nosso desenvolvimento, não é desenvolvimento”, concluiu Marina.