O Globo
Marina associa PT e PSDB a atraso ambiental
De um lado, a velha e defasada política desenvolvimentista, associada ao tucano José Serra e à petista Dilma Rousseff. Do outro, a visão moderna, defendida pelos verdes e sintonizada com a economia sustentável que avança pelo planeta. Foi assim que Marina Silva se apresentou ontem ao eleitorado na festa de lançamento de sua pré-candidatura, na casa de shows RioSampa, em Nova Iguaçu, Baixada Fluminense.
No evento – que confirmou o nome do empresário Guilherme Leal, dono da Natura, como pré-candidato a vice-presidente em sua chapa – Marina abandonou o habitual tom diplomático de seu discurso para marcar a diferença dos verdes frente aos candidatos de PT e PSDB:
– As duas candidaturas são muito parecidas: estão discutindo desenvolvimento pelo desenvolvimento, velho paradigma do século XX, quando o mundo inteiro está mudando: a China, o Obama, que está fazendo um investimento muito grande na economia de baixo carbono. E o Brasil ainda está fazendo o discurso do século XX.
Um empresário com preocupações ecológicas
Anunciado como vice na chapa da pré-candidata a presidente Marina Silva (PV), o empresário Guilherme Leal é copresidente do Conselho de Administração da Natura Cosméticos e um dos fundadores da companhia. Nascido em São Paulo e formado em administração pela Universidade de São Paulo (USP), Leal, de 60 anos, é uma das pessoas mais ricas do país, segundo lista anual da revista americana “Forbes”: sua fortuna é calculada em US$2,1 bilhões, o que o coloca na 13ª colocação no Brasil e na 463ª no ranking internacional.
Para quem ainda não o conhece, os assessores do PV costumam da uma dica: “Procure um cara parecido com o Martin Scorsese”, referindo-se ao cineasta americano que usa os mesmos óculos de aros grossos do empresário verde. Ontem, após desculpar-se pela falta de traquejo político, Leal brincou:
– Escolhi Marina para presidente antes de ela me escolher para vice.
Gabeira expõe divergência no PV do Rio
O clima de guerra dentro do PV do Rio ficou claro durante o evento de lançamento da pré-candidatura de Marina Silva, ontem, em Nova Iguaçu. A insistência do presidente regional do partido, Alfredo Sirkis, em ter a vereadora Aspásia Camargo como candidata ao Senado parece ter esgotado a paciência de Fernando Gabeira, pré-candidato ao governo pelo PV. Gabeira, que vinha evitando críticas ao grupo de Sirkis – responsável por sucessivos impasses na coligação PV, PSDB, PPS e DEM -, mudou ontem o tom do discurso.
O pré-candidato disse que “as pessoas estão delirando” ao se referir às tentativas de retirar da chapa a pré-candidatura a senador de Marcelo Cerqueira, do PPS, em favor de Aspásia. Gabeira também chamou de contrassenso a reação de setores do PV com a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de não permitir mais de dois nomes ao Senado em uma mesma coligação.
Dilma mostra desconforto em palanque duplo
A pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, mostrou ontem, em Salvador, que enfrentará muita dificuldade para se equilibrar em estados onde terá dois palanques de candidatos a governador. Dilma participou do encontro do PT que confirmou o nome do governador da Bahia, Jaques Wagner, como candidato à reeleição. E teve de responder se também subirá no palanque do ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB), adversário de Jaques Wagner. Dilma acabou deixando a situação em aberto.
– A tendência é que eu participe dos dois palanques, mas isso ainda não está decidido, pois não está concluído o processo das alianças que sustentarão o projeto que represento. O presidente Lula é outra questão – disse Dilma, explicando que decidirá o que fazer “quando os partidos apresentarem e definirem seu apoio à minha pré-candidatura”.
‘Era o escolhido para matar o embaixador’
Para defender a pré-candidata do PT, Dilma Rousseff, citada como “terrorista” em ataques pela internet, a ex-prefeita Marta Suplicy, candidata ao Senado em São Paulo, questionou ontem a atuação Fernando Gabeira (PV), pré-candidato ao governo do Rio, durante o regime militar. Marta citou a participação de Gabeira no sequestro do embaixador americano Charles Elbrick, em 1969:
– Todo mundo já ouviu falar do Gabeira? A maioria. Pois é. Vocês notaram que do Gabeira ninguém fala? Esse sim sequestrou. Ele era o escolhido para matar o embaixador (que foi libertado). Ninguém fala, porque Gabeira é candidato ao governo do Rio e aliado do PSDB.
Serra propõe levar Virada Cultural a todo o país
O pré-candidato do PSDB à Presidência, José Serra, participou no início da madrugada de ontem da Virada Cultural, em São Paulo, e disse que pretende, se for eleito, levar a todo o país a experiência do evento artístico-cultural. Um dos bons exemplos, segundo o tucano, é a Virada Cultural do Rio – criada, segundo ele, com base na experiência paulistana.
– Espero um dia levar para o Brasil inteiro. O Rio já fez a Virada, baseado na de São Paulo. E deu muito certo. Minha expectativa é a de que a gente possa disseminar no Brasil inteiro a tecnologia de como se faz uma Virada, e dar apoio, inclusive material, do governo federal e dos governos estaduais – disse Serra.
Passeata: A favor do Ficha Limpa
Uma passeata pela aprovação do projeto Ficha Limpa, que veta candidaturas de pessoas condenadas pela Justiça, reuniu ontem cerca de cem manifestantes, do Posto 6 ao Leme. O protesto foi promovido pela Nova Organização Voluntária Estudantil (Nove), e contou com o deputado Índio da Costa (DEM-RJ), relator do projeto, o ex-ministro do Meio Ambiente Carlos Minc, os deputados federais Solange Amaral (DEM-RJ) e Luiz Paulo Corrêa da Rocha (PSDB-RJ) e o deputado estadual Alessandro Molon (PT).
Folha de S.Paulo
Marina anuncia Leal como vice e adota discurso ético
A senadora Marina Silva confirmou ontem que o empresário Guilherme Leal, da Natura, será o vice de sua chapa à Presidência pelo PV. O anúncio foi feito na festa de lançamento da pré-candidatura, em Nova Iguaçu (RJ).
Marina disse que o fim do suspense dará novo ânimo à campanha. “A grande conquista foi ter o vice dos nossos sonhos. Agora estamos completos, com as duas pernas.”
Cortejado pela senadora e por dirigentes do PV, Leal disse ter atendido a uma “convocação impossível de ser negada”. “Escolhi Marina para presidente antes de ela me escolher como vice”, brincou.
Disperso, público deixa local antes do fim do discurso
A militância organizada pelo PV não se empolgou durante a pré-convenção. Boa parte da plateia presente foi mobilizada em regiões distantes de Nova Iguaçu, chegando em ônibus alugados pelo partido.
Em meio às falas de Fernando Gabeira e Gilberto Gil, por exemplo, muitos mostravam desinteresse, entoando conversas paralelas.
No fundo do salão da casa de shows RioSampa, três adolescentes ouviam funk no celular e dançavam até o chão. A casa, situada na Via Dutra, costuma abrigar bailes funk e shows de pagode.
Dilma promete erradicar miséria até 2014
A pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, afirmou ontem que, se eleita, terá como meta a erradicação da pobreza extrema no país até 2014.
“Nós tiramos 24 milhões da pobreza, mas tem outros tantos ainda que continuam pobres. O nosso objetivo é, nesse período 2011-2014, erradicar a miséria do Brasil”, afirmou ela. A declaração foi feita durante entrevista no Congresso Estadual do PT, em Salvador, que lançou oficialmente a pré-candidatura à reeleição do governador Jaques Wagner.
PT comemora nova pesquisa com cautela
O PT comemorou, mas com cautela, o resultado da última pesquisa Vox Populi sobre a disputa presidencial. Segundo o instituto, contratado pela Rede Bandeirantes, Dilma Rousseff (PT-RS) ultrapassou pela primeira vez José Serra (PSDB-SP), com 38% a 35%. Eles estão tecnicamente empatados.
Na pesquisa anterior do instituto, em abril, Serra estava com 34%, e Dilma, 31%. A última pesquisa foi realizada entre os dias 8 e 13 de maio e ouviu 2 mil eleitores em 117 cidades.
Para o presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, a pesquisa indica que quanto mais Dilma se torna conhecida do eleitorado, mais cresce. Contudo, lembrou que “a campanha ainda nem começou”.
Marta afirma que Gabeira foi sequestrador
A pré-candidata ao Senado por São Paulo Marta Suplicy (PT) disse ontem em encontro com militantes petistas na zona leste paulistana que a mídia tem dois pesos e duas medidas ao tratar do passado guerrilheiro de Dilma Rousseff (PT).
Para a ex-prefeita, o pré-candidato ao governo do Rio Fernando Gabeira (PV) teve atuação mais efetiva contra a ditadura no sequestro do embaixador norte-americano Charles Elbrick, em 1969, mas não é cobrado porque fechou aliança com o PSDB. O embaixador foi solto em troca de reféns.
“Vocês notaram, Aloizio [Mercadante], que do Gabeira ninguém fala? Esse sim sequestrou. Eu não estou desrespeitando ele, ao contrário, mas ele sequestrou. Ele era o escolhido para matar o embaixador. Ninguém fala porque o Gabeira é candidato ao governo do Rio e se aliou com o PSDB. Então, ninguém fala.” A declaração foi divulgada pela Agência Estado.
PMDB cobra de petista regra rígida para aposentadoria
O programa de governo do PMDB para a pré-candidata do PT ao Planalto, Dilma Rousseff, defende “a unificação da aposentadoria dos funcionários públicos e dos trabalhadores do setor privado” e “o estabelecimento de idade mínima de aposentadoria de 65 anos”.
Hoje, apenas os homens que trabalham na iniciativa privada se aposentam com idade mínima de 65 anos. As mulheres, com 60 anos. No caso dos servidores públicos, não existe idade mínima. São necessários 35 anos de contribuição do homem e 30 anos da mulher.
Deputada vai recorrer contra afastamento
O advogado de Eurides Brito (PMDB) entrará hoje com um recurso no Tribunal de Justiça do Distrito Federal contra o afastamento da deputada, determinado na sexta-feira pela 2ª Vara de Fazenda Pública. Eurides ficou conhecida após a divulgação de um vídeo em que aparece guardando na bolsa maços de dinheiro do ex-secretário do DF Durval Barbosa. O dinheiro seria de um suposto esquema de compra de apoio ao ex-governador José Roberto Arruda. Ela diz que o dinheiro seria do ex-governador Joaquim Roriz (PSC), para o pagamento de dívidas de campanha. Ontem, Eurides reafirmou sua inocência e pediu que os deputados compareçam hoje na Câmara para ouvir sua defesa.
Aliados controversos exigem malabarismo de Serra e Dilma
Collor, Sarney, Garotinho, Roriz. Donos de robusto cacife eleitoral, mas alvos de rejeição, esses cabos eleitorais têm exigido malabarismo de pré-candidaturas à Presidência. Em incursões pelos Estados, os pré-candidatos do PSDB, José Serra, e do PT, Dilma Rousseff, se equilibram para herdar votos, mas não o desgaste político.
Para ampliar o eleitorado sem arcar com o peso da exclusividade desses palanques, uma estratégia tem sido dividir a atenção entre dois candidatos num mesmo Estado.
Em Alagoas, por exemplo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declara preferência pelo pedetista Ronaldo Lessa na corrida pelo governo do Estado. Mas chama de legítima a pré-candidatura de Fernando Collor de Mello (PTB).
Corpos no Araguaia foram retirados, diz guia
O grupo do governo que busca restos mortais de guerrilheiros no Araguaia ouviu na cidade de São Geraldo do Araguaia (PA) relatos de que, possivelmente em 1996, corpos foram desenterrados em área próxima a um antigo posto militar.
A informação é inédita. Até então se imaginava que, se houve uma operação limpeza, como suspeitam historiadores, não teria chegado a São Geraldo do Araguaia, onde são pouco conhecidas versões sobre sepultamentos clandestinos.
Integrante do GTT (Grupo de Trabalho Tocantins), a pesquisadora Myrian Alves esteve, no fim de abril, na região. Em São Geraldo, ela localizou o ex-guia Joaquim Cilora, 79, que trabalhou para os militares por seis anos na década de 1970.
Ele confirmou depoimentos recém-tomados, que dizem que militares disfarçados desenterraram ossadas na região na segunda metade dos anos 1990.
O Estado de S.Paulo
Marina anuncia Guilherme Leal como vice e foge de embate com PT e PSDB
A pré-candidata do PV à Presidência da República, senadora Marina Silva (AC), confirmou ontem como seu vice o empresário Guilherme Leal, controlador da empresa Natura e dono de uma fortuna estimada em US$ 2,1 bilhões.
O anúncio foi feito ontem durante evento organizado pelo PV numa casa de shows em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, para oficializar a pré-candidatura da senadora à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Leal foi apresentado como um ilustre filiado e militante do PV.
Segundo Marina, o empresário está totalmente integrado ao projeto de Brasil que ela e o partido querem para este século. “Hoje, nós temos a felicidade de tê-lo aqui, inteiramente agregado ao projeto, inteiramente alinhado com os propósitos, inteiramente cúmplice desse Brasil que a gente quer, esse Brasil do século 21”, disse a senadora. “É o vice dos nossos sonhos.”
Brigas no Rio ameaçam crescimento do PV
Considerado o Estado onde a candidatura de Marina Silva tem mais chances de crescer, o Rio de Janeiro é palco de uma briga interna no PV local que pode atrapalhar os planos. São visíveis os desentendimentos entre o pré-candidato da legenda ao governo do Rio, Fernando Gabeira (PV-RJ), e o presidente regional da sigla, o vereador Alfredo Sirkis, que também é coordenador da pré-campanha de Marina.
A candidatura de Gabeira será oficializada no domingo, em pré-convenção conjunta dos diretórios regionais do PV, PSDB, DEM e PPS. Sirkis não aceita o acordo com o DEM e o compromisso de apoiar a candidatura do ex-prefeito do Rio, Cesar Maia, ao Senado. Lançou o nome da vereadora Aspásia Camargo como candidata independente.
Filho caçula, político novato, já acumula fortuna de US$ 2,1 bi
Com 29 anos, em 1979, Guilherme Peirão Leal se tornou sócio da Natura, então uma pequena loja da rua Oscar Freire, em São Paulo, fundada dez anos antes por ideia do economista Antonio Luiz da Cunha Seabra. Hoje, aos 60 anos, Leal acumula uma fortuna que o credencia a participar da lista dos mais ricos do mundo, produzida pela revista norte-americana Forbes e experiências suficientes para entrar numa corrida eleitoral.
Ele estreou na lista em 2006, com uma fortuna avaliada em US$ 1,4 bilhão. Na classificação deste ano, era um dos 18 brasileiros a constar da relação, na 463ª posição, com US$ 2,1 bilhões. A riqueza foi adquirida com a Natura, que se transformou nas últimas décadas e se tornou líder no mercado de cosméticos no Brasil. Desde 2004, a empresa abriu capital, com ações negociadas no Novo Mercado, o nível de maior exigência de governança corporativa da Bolsa de Valores de São Paulo.
O agora pré-candidato a vice-presidente afastou-se das funções executivas na empresa em 2004, bem como Seabra e o terceiro sócio da Natura, Pedro Luiz Barreiros Passos, e tornou-se copresidente do conselho de administração da Natura.
Gabeira sequestrou na ditadura, afirma Marta
Em meio à estratégia do PT de abordar a participação da pré-candidata à Presidência, Dilma Rousseff, na luta à ditadura, a ex-prefeita Marta Suplicy introduziu ontem ao debate político a atuação do deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) contra os militares e afirmou que “ele sim sequestrou”.
Num discurso a militantes petistas da zona leste de São Paulo, acompanhada do pré-candidato ao governo, Aloizio Mercadante, Marta surpreendeu ao comparar a atuação de Gabeira com a de Dilma ao criticar ataques à petista feitos na internet: “Vocês notaram, Aloizio, que do Gabeira ninguém fala? Esse sim sequestrou. Eu não estou desrespeitando ele, ao contrário, mas ele sequestrou. Ele era o escolhido para matar o embaixador. Ninguém fala porque o Gabeira é candidato ao governo do Rio e se aliou com o PSDB”.
PT abre mão de Senado em troca de apoio no DF
O diretório petista em Brasília definiu, na noite de sábado, que aceitará negociar uma aliança com o PMDB e abriu mão das duas candidaturas ao Senado para PSB e PDT. O candidato do PT ao governo do Distrito Federal é Agnelo Queiroz, ex-ministro do Esporte. A decisão deve fortalecer o palanque da presidenciável petista, Dilma Rousseff no DF.
No encontro, os delegados petistas derrubaram a proposta que vetava aliança com o PMDB nas eleições de outubro. Usaram o discurso de que o ideal é tentar repetir, em Brasília, as alianças que Dilma fará no campo nacional – o PMDB deve indicar o vice da chapa presidencial. A postura do diretório abriu caminho para negociar um nome peemedebista para a vaga de vice-governador na chapa com Agnelo. Para o Senado, os nomes serão do senador Cristovam Buarque (PDT) e do deputado federal Rodrigo Rollemberg, do PSB.
Mercadante diz que nome de Suplicy é bem recebido
O pré-candidato do PT ao governo de São Paulo, Aloizio Mercadante, afirmou ontem que há “grande receptividade” dos partidos aliados à sugestão para que o senador Eduardo Suplicy integre uma chapa puro-sangue, ocupando a vaga de vice. A coordenação de campanha se reúne hoje com Suplicy em São Paulo.
“Seguramente o Suplicy agregaria muito à campanha”, disse Mercadante. A articulação dos petistas para a chapa puro-sangue, antecipada pelo Estado na edição de sábado, precisa do aval do PDT. “A vaga é do PDT. Qualquer solução tem que passar por essa consideração. E, evidentemente, se o Eduardo tiver essa disposição”, disse Mercadante.
Serra vai ao CE de olho em votos de Ciro
O pré-candidato à Presidência pelo PSDB, José Serra, desembarca hoje à tarde em Juazeiro do Norte, no sertão do Ceará, para uma visita de dois dias ao Estado, em busca do eleitorado deixado por Ciro Gomes (PSB). O deputado foi frustrado na sua intenção de disputar a Presidência e o PSB formalizou apoio à pré-candidata petista Dilma Rousseff.
Sem candidato tucano ao governo no Ceará, o palanque de Serra será o do senador Tasso Jereissati (PSDB), amigo pessoal de Ciro, que tenta a reeleição. A expectativa é a de que, diante da saída de Ciro da disputa presidencial, o PSB do governador Cid Gomes, irmão de Ciro, poderá liberar os insatisfeitos que quiserem apoiar Serra.
Em Juazeiro do Norte, terra do político e santo milagreiro padre Cícero Romão Batista, Serra cumpre um ritual que foi seguido pelo ex-presidente FHC nas campanhas eleitorais em que foi vitorioso: o de “pedir a bênção” do “padim Ciço”, como é conhecido o religioso.
Tuma Jr. aparelha órgão que vigia crimes financeiros
A reação de Romeu Tuma Júnior à pressão para deixar a Secretaria Nacional de Justiça mostrou seu poder de fogo. Em dois anos e meio, ele esvaziou o poder de servidores de carreira, privilegiou apadrinhados e concentrou informações sigilosas em suas mãos. Por meio de uma portaria, aparelhou o poderoso DRCI, que combate lavagem de dinheiro.
Cobrado a deixar o cargo, ele mandou um recado: “Estão mexendo com a válvula do botijão de gás”. Acusado de ligação com a máfia chinesa, ele encarou o governo, não pediu demissão e anunciou um afastamento de 30 dias, dizendo apenas estar “saindo de férias”.
O “botijão” de Tuma Júnior que amedronta o governo está no Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI). Trata-se de um órgão técnico, subordinado ao secretário nacional de Justiça, que faz a ponte com outros países nas investigações do Judiciário e do Ministério Público sobre lavagem de dinheiro, crimes contra o sistema financeiro nacional e repatriação de ativos. Já passaram por ali nomes como Paulo Maluf, Duda Mendonça, Fernando Sarney e Daniel Dantas.
Lula colaborou em libertação de francesa
O presidente francês, Nicolas Sarkozy, agradeceu ontem a contribuição do Brasil para a libertação de Clotilde Reiss, acadêmica francesa de 24 anos que estava presa no Irã desde julho. Sarkozy também elogiou a intermediação do Senegal e da Síria no caso. Segundo o líder francês, o Brasil e esses dois países tiveram um “papel ativo” na libertação de Clotilde.
A presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Teerã teria criado condições para que o regime iraniano decidisse substituir a pena de 10 anos de prisão à qual foi condenada a francesa por uma multa de 350 mil. Clotilde desembarcou ontem em Paris, num avião oficial francês, e se encontrou com o chanceler Bernard Kouchner e com Sarkozy.
“Clotilde Reiss estava presa injustamente no Irã desde 2009”, ressaltou em nota o Palácio do Eliseu, antes de prestar homenagem à professora por ter mostrado, durante sua detenção, “coragem e dignidade exemplares”.
Correio Braziliense
Máfia dos Vampiros 2, o retorno
De um lado, um oligopólio internacional com indícios de formação de cartel. De outro, cerca de 15 mil pacientes portadores de hemofilia ou outras doenças hemorrágicas. No meio, o governo federal, incapaz de fornecer no prazo e na quantidade exigidos os medicamentos necessários. O resultado foi o retorno aos tempos de crise vividos até 2004, quando o mercado de hemoderivados esteve controlado pela máfia dos vampiros. Ocorreu uma grave crise de abastecimento em 2008 e falhas no atendimento no ano passado.
A radiografia da nova crise é traçada por auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU). O tribunal apontou evidências de que as empresas não estariam dispostas a competir pelo fornecimento de hemoderivados e de que teria havido divisão de lotes entre os fornecedores. Há fortes indícios de que está novamente formado o cartel identificado por auditoria anterior e que teria perdurado até 2002, diz a auditoria. Como resposta, o plenário do tribunal decidiu encaminhar cópia do relatório à Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça para apuração das supostas práticas de cartel. Também foram informados o Conselho Administrativo de Defesa da Ordem Econômica (Cade) e o Ministério Público Federal.
O drama de quem mais precisa
Geremias da Silva Cavalcanti, de 28 anos, começou a sentir os efeitos da doença aos 20 dias de nascido. A princípio eram hematomas, manchas que apareciam na pele. Com o tempo, vieram os sangramentos nas articulações e nos membros inferiores. Sangrava do nada, até dormindo, lembra. Não havia como fazer o diagnóstico daquela estranha doença em Brasiléia (AC). Somente aos 18 anos, com as articulações dos joelhos e tornozelos já comprometidas, ele descobriu em Brasília que tinha hemofilia. Hoje, recebe um tratamento regular (profilaxia secundária), que visa interromper o ciclo de sangramento. São três doses por semana.
Com a fisioterapia, já está recuperando a força nos membros inferiores. Já pensa em fazer faculdade de Economia. Mas, em alguns períodos, precisa recorrer à Justiça para ter acesso ao medicamento. Nos estados brasileiros, o quadro é bem mais grave. Em Brasília, os hemofílicos contam com o apoio da Ajude-c, uma ONG que busca um tratamento mais qualificado, incentiva a pesquisa e, quando necessário, recorre à Justiça.
PSDB reticente, governo celebra
Pré-candidatos à Presidência da República, Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) preferiram não comentar o resultado da pesquisa Vox Populi divulgada ontem pelo Correio. O levantamento coloca, pela primeira vez, a petista à frente do tucano, com 38% das intenções de voto contra 35%. Pesquisa é resultado de momento. Não comentei antes e não vou comentar agora. Acho que não podemos usar a pesquisa como avaliação de campanha, nem subir no salto alto, disse, em Salvador, a ex-ministra da Casa Civil. No Twitter, Dilma agradeceu aos internautas que a cumprimentaram pelo resultado. Pesquisa é o tempo inteiro. Daí, eu viro comentarista de pesquisa em vez de fazer o meu trabalho, respondeu Serra aos jornalistas, na madrugada de domingo, durante a Virada Cultural em São Paulo.
O crescimento das intenções de voto da pré-candidata do PT, entretanto, acendeu o alerta entre os aliados de Serra. A tática tucana é desqualificar qualquer levantamento que aponte o ex-governador de São Paulo atrás ou mesmo empatado com a petista. O líder do PSDB na Câmara, deputado João Almeida (PSDB-BA), minimiza o resultado. Já estou olhando com reticência essa pesquisa. Não gosto de brigar com números, cada um tem a responsabilidade pelo que faz. De modo geral, pode ter uma pequena variação, o que nós vamos ter mesmo é lá na frente, quando começar o horário eleitoral. Por enquanto, são indicações obtidas por sondagens com critérios os mais diversos.
Sob a bênção de Padre Cícero
Dizem os cearenses que todo candidato a presidente que se preze e deseja sucesso passa por Juazeiro do Norte, o santuário da fé do Nordeste. Vão sempre no período da pré-campanha eleitoral, a fim de obter as bênçãos com uma visita ao Horto de Padre Cícero, cuja história e mística se confundem com a da cidade.
Desta vez, quem vai inaugurar a fase de visitas de pré-candidatos à cidade será José Serra, que desembarca na região do Cariri para um périplo entre Juazeiro, Crato e Barbalha, atrás de articulações e dos votos deixadas pela saída de Ciro Gomes (PSB) do páreo presidencial. Dilma Rousseff, do PT, já esteve com a visita marcada no mês passado, mas desistiu de última hora para não confrontar Ciro, que ainda almejava vaga na corrida presidencial, e nem ter que dar explicações sobre as denúncias que pesam contra o prefeito da cidade, Manoel Santana (PT).
Quem criou essa tradição de começar uma campanha no Ceará pelo Cariri foi o então candidato do PRN, Fernando Collor de Mello. Ele foi a pé do aeroporto até a colina do Horto, recorda seu Inácio, fazendo jus ao dito popular de quem conta um conto aumenta um ponto. Na verdade, Collor subiu a pé os quatro quilômetros e meio da colina. Do aeroporto, são 15 quilômetros. Foi no Cariri que ele disse a frase que ficou famosa na campanha presidencial de 1989: Eu tenho aquilo roxo.
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