O senador Marconi Perillo (PSDB) é o novo governador de Goiás. Com 98,65% dos votos apurados, o tucano tem 53,01% dos votos válidos. Em uma eleição equilibrada, o tucano derrotou o ex-prefeito de Goiânia Iris Rezende (PMDB), que aparece com 46,99% dos votos válidos. Iris tinha o apoio do presidente Lula e do governador de Goiás, Alcides Rodrigues (PP). As pesquisas apontavam para um empate técnico entre os dois candidatos, com ligeiro favoritismo para o tucano.
Esta será a terceira vez que Marconi, de 47 anos, governará o estado. Primeiro-vice-presidente do Senado desde o ano passado, Marconi governou Goiás entre 1999 e 2006. Em sua primeira eleição para o Executivo estadual, ele também havia derrotado Iris Rezende, até então, principal figura política de Goiás.
O senador será substituído no Senado pelo empresário Cyro Miranda (PSDB), seu primeiro suplente, que concluirá os quatro anos restantes de mandato. Curiosamente, Cyro foi o segundo suplente de Iris – candidato hoje derrotado pelo tucano – no próprio Senado.
Desafeto de Lula
Marconi Perillo se tornou desafeto do presidente Lula em 2005, quando disse ter avisado o presidente Lula sobre a existência do esquema do mensalão. O presidente, segundo ele, ignorou a denúncia. O petista nega a conversa e acusa o senador de tentar se promover com o caso.
Até então, os dois tinham relação cordata. O tucano sugeriu ao presidente, ainda em 2003, a unificação dos benefícios sociais do governo federal, a exemplo do que ele havia implantado em Goiás. Durante participação em comício de Iris Rezende em Goiânia na semana passada, Lula sugeriu que falta “caráter” ao senador goiano.
Para derrotar Marconi, o presidente sugeriu a Iris que escolhesse um vice do Entorno de Brasília, região que agrega 20 municípios goianos ao redor do Distrito Federal.
A força de Marconi na região é muito grande. Ele prometeu construir um veículo leve sobre trilhos (VLT) entre Luziânia, a maior cidade da região e Brasília. Na cidade, que é a quarta maior do estado, Marconi teve 66% dos votos. Em Goiânia, que foi governada por Iris, o tucano perdeu com 44%.
Marconi ainda fez uma promessa interessante. Disse que, para melhorar a educação, iria dar um computador portátil para cada aluno da rede pública de Goiás.
Trajetória política
Marconi nasceu em Palmeiras de Goiás, em 1963. O senador formou-se recentemente em direito. Seus primeiros passos na militância política foram dados, ainda na década de 80, quando passou a ser presidente do PMDB Jovem de Goiás, em 1984, e presidente nacional da Juventude do PMDB, onde trabalhou como assessor especial do então governador Henrique Santillo.
Assumiu o primeiro mandato eletivo em 1990, quando foi eleito deputado estadual. Na mesma época, foi o coordenador da Frente Parlamentarista Ulysses Guimarães em Goiás. Já em 1994, foi eleito deputado federal pelo Partido Popular (PP), legenda à qual chegou a ser presidente do Diretório Regional. Em 1995, filiou-se ao Partido da Social Democracia Brasileira, PSDB, chegando a ser vice-líder da bancada na Câmara.
Em 1998, Marconi se elegeu governador de Goiás pelo PSDB com apenas 35 anos de idade, tornando-se então o mais jovem governador do Brasil. Foi a eleição mais surpreendente daquele ano, pois as pesquisas indicavam um grande favoritismo do ex-governador e então senador Iris Rezende, do PMDB, principal líder político do estado à época.
Com o mote de um “tempo novo” para a política e o governo do estado, Marconi derrotou Iris no segundo turno e assumiu o governo de Goiás, reelegendo-se depois em 2002 ainda no primeiro turno. Não concluiu seu segundo mandato, desincompatibilizando-se em março de 2006 para concorrer ao Senado. Foi eleito com 75% dos votos válidos e ainda contribuiu para a eleição de seu sucessor, seu vice-governador Alcides Rodrigues, ao governo do estado. Marconi e Alcides romperam a aliança política posteriormente.
Ainda no mesmo ano em que foi eleito, o Ministério Público Eleitoral de Goiás pediu a cassação de seu diploma por captação e gastos financeiros irregulares na campanha. Um ano depois, a Justiça Federal concedeu liminar, a pedido do Ministério Público Federal, e impediu que o senador e sua mulher continuassem a ter professores e uma turma exclusiva no curso de Direito das Faculdades Alves Faria, em Goiânia.
Conforme matéria publicada no jornal O Estado de S. Paulo, em 25 de novembro de 2009, foi denunciado pelo Ministério Público por suposto desvio de dinheiro e prática de caixa dois eleitoral no período em que foi governador de Goiás (1999-2006). O senador teria autorizado a contratação de uma fundação do Rio de Janeiro para prestar serviços de consultoria à Celg, a empresa goiana de energia. Antes de se filiar ao PSDB, o governador eleito de Goiás foi filiado ao PMDB, ao PST e ao PP (antigo PPB).
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