O presidente licenciado da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Marco Polo Del Nero, foi ouvido na quarta-feira (16) pela CPI do Futebol. Ele afirmou que as investigações conduzidas pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos e pela Federação Internacional de Futebol (Fifa) vão provar que ele não está envolvido em esquemas de corrupção.
De acordo com investigações conduzidas por autoridades norte-americanas, Del Nero e o ex-presidente da confederação de futebol, José Maria Marin, teriam participado de esquemas de mais de US$ 200 milhões em propinas e subornos.
O cartola também afirmou que se licenciou da direção da CBF logo que foi indiciado pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos, para se dedicar à sua defesa. Assegurou ainda que tão logo confirme sua inocência reassumirá a Presidência da entidade.
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“As pessoas podem ser indiciadas, mas com o direito de fazer a sua defesa. E eu vou ter esse direito. Vou provar que há um equívoco muito grande desse indiciamento do governo americano”, disse o dirigente.
Ao ser questionado pelo presidente da CPI do Futebol, senador Romário (PSB-RJ), sobre os motivos que o levaram a não acompanhar os jogos da seleção brasileira no exterior desde o estouro do escândalo da Fifa no final de maio, Del Nero respondeu que tomou essa decisão por conselho dos advogados. Também disse que não foi por medo que voltou da Suiça para o Brasil logo após a prisão do ex-presidente da CBF, José Maria Marin, também em maio. Garantiu que queria estar no Brasil para cuidar da Confederação.
Por mais de uma vez, Romário acusou Marco Polo Del Nero de estar mentindo à CPI. Em uma delas, o presidente licenciado da CBF assegurou constar do seu Imposto de Renda um empréstimo de cerca de R$ 700 mil que teria recebido de um amigo. Romário afirmou que essa transação não foi declarada. O senador, em tom ríspido, propôs que Del Nero se afaste definitivamente da CBF.
“O senhor, na minha visão, é uma pessoa muito mal vista no futebol. O senhor, para mim, é uma das pessoas que mais fazem mal ao futebol brasileiro e, consequentemente, ao futebol mundial. Eu queria, em público, fazer um pedido para que o senhor se retirasse definitivamente da CBF para que a gente possa voltar a ter uma CBF honesta, não corrupta, séria e que possa ajudar o nosso futebol”, disse Romário.
Operações financeiras
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) perguntou a Del Nero sobre suas operações financeiras. O presidente licenciado da CBF afirmou não se lembrar de ter movimentado R$ 27 milhões entre 2014 e 2015, conforme apontado pelo senador do Amapá. Também disse que nunca foi a Barbados – país conhecido como paraíso fiscal – e que nunca se reuniu, ao mesmo tempo, com José Maria Marin e com o empresário José Hawilla.
José Hawilla é dono da Traffic – a maior agência de marketing esportivo da América Latina – e teria confessado à Justiça dos Estados Unidos que costumava pagar propinas para contratos de direitos de transmissão de competições oficiais.
Marco Polo Del Nero fez questão de, durante o depoimento, não ligar sua imagem e suas responsabilidades às de José Maria Marin. Segundo Del Nero, ele pode responder pelos atos da CBF desde abril, quando assumiu a Presidência da entidade.
“Eu era vice-presidente e sempre respeitava as decisões da Presidência. Eu não era um fiscal do presidente, também não estou dizendo que ele fez qualquer coisa errada na Confederação Brasileira de Futebol. O que eu posso afirmar é que as contas dele foram aprovadas”, afirmou.
Ao final do depoimento, o senador Romário informou que a CPI do Futebol volta a se reunir somente em 2016 e terá na pauta uma série de requerimentos a serem votados. Os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito vão até agosto de 2016.
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