Edson Sardinha
O senador Mão Santa (PI) anunciou hoje (18) que está deixando o PMDB para poder se candidatar à reeleição no ano que vem. O senador ocupou a tribuna do plenário para ler uma carta em que expõe os motivos de sua decisão de deixar o partido, ao qual estava filiado há 15 anos.
Ferrenho opositor do governo Lula e do governador do Piauí, Wellington Dias (PT), Mão Santa diz se sentir “condenado” pelo PMDB em seu estado e que deixa a sigla com o “coração partido”. O senador não confirmou em qual legenda ingressará. “Inspirados no rei Roberto Carlos, da minha geração, eu e Adalgisa abraçamos todos os piauienses cantando ‘eu quero ter um milhão de amigos…’”, afirmou.
Na última quarta-feira, o ex-senador e ex-governador Joaquim Roriz (DF) também confirmou sua saída do PMDB (leia mais).
Confira a íntegra da nota assinada pelo senador:
“Irmãs e Irmãos do Piauí.
‘Piauí terra querida, Filha do sol do equador, Pertencem-te a nossa vida, Nosso sonho, nosso amor…’
Agradeço a Deus ter nascido no Piauí, casado no Piauí, ter filhos no Piauí e
fazer amigos no Piauí.
Ausentei-me do Estado na juventude, de 1958 a 1968, para buscar ciência para com consciência servir a nossa gente. Sou orgulhoso de ter exercido bem a minha profissão de médico e cirurgião e ter recebido dos pobres o aposto de Mão Santa.
O destino levou-me a exercer a política. Afirmo que não me envergonho de nenhum ato nos mandatos que recebi do povo: deputado estadual, prefeito de Parnaíba, 1º suplente de deputado federal, duas vezes governador pelo voto direto. Em 2002, em condições adversas, o povo do Piauí nos elegeu Senador da República com 664.600 votos, mandato que estamos exercendo com a grandeza que o Piauí merece.
Recentemente foi gratificante ouvir de um Presidente de outro partido (DEM), o deputado federal Mainha, dizer: “Tenho percorrido o Brasil e emocionado senti que o país quer o Mão Santa no Senado da República. O Piauí não pode decepcionar o Brasil”.
A nossa luta foi inspirada nos grandes líderes que não hesitaram em ter a necessária coragem de ser oposição. São eles: Juscelino Kubitschek, Ulisses Guimarães, Tancredo Neves, Teotônio Vilela, Pedro Simon, Celso Barros, Chagas Rodrigues, Wall Ferraz, Severo e Oscar Eulálio.
Hoje, sou condenado em meu Estado pelo meu partido, por fazer uma oposição responsável em defesa de uma melhor SEGURANÇA PÚBLICA, da SAÚDE para todos, de uma EDUCAÇÃO PÚBLICA de qualidade, oportunidades de EMPREGOS para jovens e adultos, queda da CPMF, fim das injustiças aos APOSENTADOS e combate à CORRUPÇÃO que Ulisses Guimarães chamava de cupim da democracia. Foi ao PMDB defensor desses e de outros ideais a que me filiei. Destinei em Emendas Orçamentárias mais de 122 milhões para obras no Piauí.
Hoje, publicamente, membros do partido ligados ao PT reprimem e ameaçam com legenda a ser negada quem se mantém fiel ao programa do partido e aos princípios democráticos de liberdade. Declaram claramente nos órgãos de comunicação que o PMDB não terá candidato a senador.
Estou mudando de sigla partidária para ter o direito de ser candidato e continuar sendo a voz do Piauí no Senado. Como sempre, a minha confiança está no povo. Durante minha vida política juntos cantamos “o povo é o poder”.
Saio de coração partido, agradecendo a todos, filiados ou não, que no passado até em condições adversas, apoiaram-me e receberam o meu irrestrito apoio. Não podendo citar todos, vou simbolizá-los nas lideranças dos deputados estaduais Mauro Tapety, João Madison, Moraes Souza Filho e Ana Paula Carvalho.
Concluo com o cântico bíblico do rei David: “O Senhor é meu pastor e nada me faltará”.
Mesmo com a alma ferida, continuo acreditando no filósofo que diz: “muitas são as maravilhas da natureza, mas, a mais maravilhosa é o ser humano”. Inspirados no rei Roberto Carlos, da minha geração, eu e Adalgisa abraçamos todos os piauienses cantando “eu quero ter um milhão de amigos…”
Oh Deus! Abençoe o Piauí e a nossa gente.
Senador Mão Santa”
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