Edson Sardinha
Eleita pela segunda vez seguida com a maior votação da bancada gaúcha, a deputada Manuela D?Ávila (PCdoB-RS), de 29 anos, vai propor ao Congresso a definição de um mecanismo que aumente a participação dos jovens na política. ?Como pensar em renovação se não somos nem 10% da Câmara??, questiona a deputada, referindo-se ao baixo número de parlamentares com menos de 35 anos.
Manuela diz que é possível discutir na reforma política, por exemplo, a reserva de vagas para candidatos jovens nas chamadas listas partidárias. Um dos itens da reforma política, em discussão na Câmara e no Senado, a lista preordenada prevê o voto no partido, e não no candidato, e a distribuição das vagas por ordem de votação. ?A reforma política não vai resolver o problema de participação da juventude na política, mas pode destampar o represamento de jovens?, acredita a deputada.
Formada em jornalismo e egressa do movimento estudantil, Manuela D?Ávila avalia que os partidos políticos e o atual modelo de financiamento de campanha, baseado na arrecadação de recursos privados, prejudicam o sucesso eleitoral de candidatos mais jovens. ?Existe preconceito muito grande com a juventude. E esse preconceito é ainda maior com a mulher?, avalia. “Tentaram pregar em mim, por exemplo, o rótulo de musa, mas eu não peguei. Isso é reflexo de como as coisas acontecem com as mulheres no Brasil?, observa.
Entre os 40 deputados mais jovens da legislatura, com menos de 35 anos, há apenas duas mulheres: Manuela e Bruna Furlan (PSDB-SP), de 27 anos. Assim como a gaúcha, apenas outros dois deputados que estão nessa faixa etária se declaram oriundos do movimento estudantil. ?É muito difícil para os movimentos populares formarem lideranças atualmente. Qual é o interesse do jovem na política hoje? O movimento estudantil precisa ser incluído na pauta da reforma política porque a juventude é o segmento mais interessado no debate sobre transparência e como os parlamentares se elegem?, avalia.
Sem nenhum familiar na política, Manuela entrou para a política em 1999, quando se filiou à União da Juventude Socialista. Dois anos mais tarde, assinou a ficha de filiação ao PCdoB. Em 2003, tornou-se vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) e, no ano seguinte, tornou-se a vereadora mais jovem de Porto Alegre, aos 23 anos.
Em 2006, a jovem recebeu 271.939 votos, a maior votação de toda a bancada gaúcha, na corrida por uma vaga à Câmara. Em 2008, ficou em terceiro lugar na disputa pela prefeitura da capital gaúcha. No ano passado, alcançou 482.590 votos, novamente a maior votação da bancada estadual. Em 2009, a deputada ganhou o Prêmio Congresso em Foco como a melhor deputada daquele ano, na avaliação de internautas. Há duas semanas foi eleita presidenta da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara.
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