O ministro da Fazenda, Guido Mantega, não escondeu a satisfação com o anúncio da elevação da classificação de risco do Brasil para investment grade (grau de investimento, em português) pela agência de classificação de risco Standard & Poor’s. Isto significa que o Brasil entra no grupo de países que possuem baixíssimo risco de calote. “Estamos todos de parabéns, população e governo. O Brasil entra no grupo de países mais respeitados e com economia mais sólida”, afirmou em entrevista coletiva.
De acordo com o ministro, o anúncio é ainda mais importante porque o mundo está vivendo um momento de crise. Para Mantega, é difícil encontrar um país que tenha as condições que o Brasil apresenta, como solidez do mercado, inflação controlada e economia saudável. “O Brasil tem tudo a comemorar”, declarou.
Guido Mantega também afirmou que o anúncio deve ajudar o país a reduzir a taxa de juros, além do chamado "risco-país" – índice que mede o grau de confiança do investidor estrangeiro no país. "O efeito do grau de investimento é reduzir as taxas de juros, reduzir o custo de captação para o Brasil."
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Na prática, o grau de investimento irá permitir que instituições e investidores estrangeiros apliquem seus recursos em papéis da dívida brasileira. As empresas também conseguirão captar recursos com taxas mais baixas e poderão ter lucros maiores.
Combustível
O ministro da Fazenda também aproveitou para confirmar o aumento, na refinaria, de 10% do preço da gasolina e 15% do diesel. Contudo, Mantega garantiu que o custo para o consumidor não irá subir, no caso da gasolina, pois o governo irá reduzir o tributo sobre combustíveis, a Cide. Ele também afirmou que o efeito deste aumento será “quase nulo” na inflação (0,015%). Entretanto, o diesel terá uma variação no preço da bomba em torno de 8,8%.
Alimentos
Guido Mantega também destacou que o governo prepara um pacote para estimular o consumo interno e as exportações de alimentos. Ele se reuniu hoje com o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, e com o ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, e destacou que o aumento mundial nos preços dos alimentos é uma oportunidade para o país.
“O governo vai tirar proveito da crise. O Brasil é o país que mais pode aumentar a oferta de alimentos”, disse Mantega. A intenção de aumentar a produção de alimentos é compartilhada pelo ministro do Planejamento, Paulo Bernardo.
Ontem, em audiência na Comissão Mista de Orçamento, Bernardo afirmou que o Brasil pode assumir papel de protagonista numa eventual crise mundial, ampliando a oferta de alimentos. “Talvez o Brasil tenha as melhores condições para expandir a produção de alimentos. Precisamos aumentar a produção”, disse.
A declaração de Paulo Bernardo foi uma resposta a recente comentário do relator especial da ONU para o Direito à Alimentação, o suíço Jean Ziegler. De acordo com Ziegler, os biocombustíveis representam um "crime contra a humanidade" por seu impacto nos preço mundial dos alimentos. (Rodolfo Torres e Tatiana Damasceno)
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