Em entrevista coletiva concedida há pouco, o ministro Guido Mantega (Fazenda) anunciou que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) receberá recursos adicionais que totalizam R$ 100 bilhões até 2010, para concessão de crédito. O objetivo do repasse é movimentar a economia e a produção por meio de empréstimos a empresas brasileiras, consideradas essenciais para o enfrentamento da crise financeira internacional.
“Os empresários que contavam com recursos no mercado internacional e agora não têm conseguido recursos, por conta da crise financeira, poderão recorrer ao BNDES. É assim que enfrentamos a crise: com a manutenção de investimentos”, explicou Mantega, salientando que, em contrapartida à liberação de empréstimos, as empresas beneficiadas não poderão demitir funcionários nos projetos implementados por meio de recursos do BNDES.
O anúncio da equipe econômica vem na esteira de outro, feito ontem (21) pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. Em decisão apertada (5 votos a 3), os conselheiros do BC resolveram reduzir em um ponto percentual a taxa básica de juros (Selic), que cai de 13,75% para 12,75% (leia).
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Neste ano, o BNDES já acumula R$ 116 bilhões. Segundo o anúncio de Mantega, o Tesouro Nacional destinará R$ 50 bilhões até o fim do ano, e mais R$ 50 bilhões em 2010. Os recursos virão de títulos públicos e do superávit financeiro do Tesouro Nacional, além das captações feitas pelo órgão no mercado externo. A equipe econômica considera cíclico o procedimento, ou seja, conta com o retorno dos recursos em um futuro próximo.
No ano passado, o BNDES emprestou cerca de R$ 90 bilhões como incentivo à produção, o que equivale a 40% a mais do total de repasses em 2007. O banco enumera como prioridades de investimento até 2010, além de investimentos na Petrobras e nas atividades do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), as áreas de infraestrutura, gás e energia e bens de capital, entre outros setores.
"É importante para nós que todo o plano da Petrobras se viabilize. Se não se viabilizar com recursos externos, nós vamos fazer que isso ocorra com recursos internos", declarou o ministro, acrescentando que a idéia dos empréstimos, entre outros objetivos, é promover a geração de empregos em tempos de recessão e garantir um crescimento econômico de, no mínimo, 4% em 2009. (Fábio Góis)