O ex-presidente da Casa da Moeda Manoel Severino dos Santos admitiu ter sacado R$ 100 mil da conta do empresário Marcos Valério, apontado como operador do mensalão. Santos, que está depondo na CPI do Mensalão, informou, porém, que não embolsou um centavo sequer. Segundo ele, todo o dinheiro foi usado para pagar dívidas de campanha da petista Benedita da Silva, candidata ao governo do Rio de Janeiro em 2002.
Apesar de ter sido o tesoureiro da campanha de Benedita, Manoel Severino disse que deixou a captação de recursos nas mãos de Carlos Manoel da Costa Lima, que abastecia o caixa com doações e pagava os fornecedores. Segundo o ex-presidente da Casa da Moeda, a campanha de Benedita, que teria custado R$ 2,6 milhões, deixou cerca de R$ 170 mil em dívidas.
Foi por esse motivo que Santos procurou o então tesoureiro nacional do PT, Delúbio Soares. Ele teria sido orientado a sacar dinheiro das contas das agências de Valério nos bancos Rural e BMG.
Em depoimento à Procuradoria Geral da República, o empresário apresentou uma lista de sacadores em que aparece o nome de Manoel Severino. Porém, o valor do saque é bem maior que o admitido pelo ex-presidente da Casa da Moeda: R$ 2,67 milhões, montante semelhante ao total gasto por Benedita em sua campanha. “É coincidência”, afirmou o depoente, ao ressaltar que os saques foram realizados depois da campanha, em 2003 e 2004.
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Sobre as reuniões que teve com Marcos Valério, o ex-presidente da Casa da Moeda explicou que a primeira delas foi solicitada pelo empresário em 2003. Na ocasião, Valério teria oferecido os serviços de sua agência de publicidade para divulgar as ações da Casa da Moeda, oferta que Manoel Severino recusou.
Os outros encontros ocorreram a pedido dele – três em 2003, um em 2004 e dois em 2005.Manoel Severino queria que o empresário intermediasse reuniões com a Brasil Telecom, pois a Casa da Moeda estava interessada em voltar a produzir cartões telefônicos.