Manifestantes protestaram nesta quarta-feira (7), na Esplanada dos Ministérios, contra o presidente Michel Temer, que acompanhou, de maneira discreta, o desfile militar da tribuna de honra reservada às autoridades. Os protestos começaram por volta das 8h30 em frente ao Museu Nacional, com a reunião de cartazes por novas eleições e gritos de “golpista” e “fora, Temer”. Por volta das 11h, os manifestantes começaram a se dirigir ao Congresso Nacional. De acordo com os organizadores do ato, 10 mil pessoas participaram da manifestação. Para a Polícia Militar, foram 2,7 mil.
Um cordão de isolamento impediu que os manifestantes chegassem até a Praça dos Três Poderes. Diversas bandeiras de partidos políticos, de movimentos e centrais sindicais foram carregadas pelos participantes do ato. Eles pediam a realização de novas eleições, disparavam palavras de ordem contra o novo presidente e o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), cujo cassação está prevista para ser votada na próxima segunda-feira (12), e declaravam apoio à agora ex-presidente Dilma Rousseff, cassada pelo Senado.
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Segundo a Polícia Militar, houve apenas duas ocorrências policiais. Uma pessoa foi detida por porte de droga e outra por ter agredido o repórter Leandro Prazeres e o cinegrafista Kleyton Amorim, do UOL, no momento em que eles entrevistavam um manifestante favorável à intervenção militar. Os jornalistas ficaram com hematomas, mas passam bem.
Em seu primeiro compromisso público no Brasil desde sua efetivação como presidente, Temer dispensou o Rolls-Royce conversível da Presidência da República e a faixa presidencial para acompanhar o desfile. Foi recebido com vaias, gritos de “fora, Temer” e aplausos. Um grupo respondeu com ataques ao PT: “A nossa bandeira jamais será vermelha”.
A postura discreta desta quarta mostra cautela por parte de Temer, que, no último dia 3, durante visita oficial à China, reduziu a importância dos protestos contra ele. “São pequenos grupos, parece que são grupos mínimos, né? Não são movimentos populares de muito peso. Não tenho numericamente, mas são 40, 50, 100 pessoas, nada mais do que isso. Agora, no conjunto de 204 milhões de brasileiros, acho que isso é inexpressivo”, declarou.
O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, que assistiu à cerimônia ao lado do presidente, minimizou as vaias. “A mim, [o protesto] não me surpreendeu. A dimensão é de 18 pessoas em 18 mil. Acho que está boa [a dimensão]”, declarou.
“O ato faz parte de uma série de ações contra o governo. Não concordamos com as propostas para diversas áreas, como educação, comunicação”, diz Breno Lobo, integrante do movimento Juntos – Juventude em Luta.
Militantes do PT estenderam uma faixa verde e amarela de 150 metros já usada no 7 de Setembro do ano passado. O “Não vai ter golpe” de 2015 virou “Fora Temer”, escrito em vermelho. O protesto foi convocado pelas redes sociais, recebeu mais de 4 mil confirmações e 4,6 mil manifestaram interesse no ato pelo Facebook, em Brasília. Ações semelhantes foram convocadas em outras cidades do país. A manifestação “Fora Temer”, une-se, este ano, ao Grito dos Excluídos, protesto tradicional de 7 de Setembro, que reúne movimentos sociais em busca de visibilidade e melhores condições de vida.
“Neste ano, o nosso lema é Fora Temer, nenhum direito a menos. Vamos deixar claro que não sairemos das ruas”, diz Wilma dos Reis, uma das organizadoras do ato. Em frente a um cartaz do coletivo #Mulherespelademocracia, ela diz que os direitos das mulheres estão ameaçados por diversas medidas do atual governo. “É um governo de homens, héteros e brancos, onde a mulher é vista apenas como decorativa nos altos cargos”.
Com informações da Agência Brasil