Folha de S.Paulo
Viúva de senador vai devolver R$ 119 mil para o Congresso
A viúva do senador Jefferson Péres (PDT-AM), morto em maio de 2008, decidiu devolver ao Senado os R$ 118.651,20 que recebeu em dezembro de 2008 referentes ao valor da cota de passagem aérea que o senador não utilizou durante o mandato. Ela fez o depósito numa conta do Senado no último dia 7 e notificou sua decisão ontem ao presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP).
Em abril, a Folha revelou que, a pedido da viúva, o então presidente do Senado Garibaldi Alves (PMDB-RN), desconsiderando recomendação da advocacia-geral da Casa, mandou converter em dinheiro a cota deixada por Péres e repassou o valor à viúva, que é juíza aposentada. O Ministério Público Federal no Tribunal de Contas da União considerou o pagamento irregular, pois a cota aérea é para ser usada no exercício do mandato.
Marlidice Peres disse à Folha que a falta de regras no Senado a colocou numa situação desagradável, e por isso ela decidiu devolver o dinheiro: “Devolvi para que não pairassem dúvidas sobre minhas ações e intenções”.
Governo perde, e oposição cria CPI sobre a Petrobras
O governo não conseguiu evitar a criação da CPI da Petrobras. Auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que trabalharam nos gabinetes até a meia-noite de ontem, falharam ao tentar convencer senadores a retirarem assinaturas de dois requerimentos.
Lula acusou o PSDB de agir de modo “irresponsável” e “pouco patriota” ao insistir na CPI. Dois requerimentos criando comissões para investigar a Petrobras foram lidos ontem pela manhã no plenário do Senado. Um dos pedidos é do senador Álvaro Dias (PSDB-PR) e outro, de Romeu Tuma (PTB-SP).
Das 32 assinaturas recolhidas pelo tucano (são necessárias 27), 7 eram de governistas. O governo corria ontem contra o tempo para que, até a meia-noite, seis senadores retirassem os nomes de cada pedido.
PMDB não se esforça para barrar CPI
Aliado do governo federal, o PMDB no Senado não fez força para evitar a CPI da Petrobras. Nos bastidores, alguns comemoraram a estratégia de tucanos para garantir a leitura do requerimento para investigação na estatal.
A bancada enxerga na CPI uma oportunidade de voltar a ser valorizada pelo governo. Os peemedebistas estão irritados com a falta de atendimentos de demandas do partido, como cargos e liberação de emendas.
Dilma diz estar “muito bem” após sessão de quimioterapia
Na primeira aparição depois de realizar a segunda sessão de quimioterapia para combater um linfoma, câncer que afeta o sistema linfático, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) disse ontem, em entrevista na base aérea de Brasília, estar se sentindo muito bem.
“Olha, eu, eu… eu não tenho outro jeito de falar o seguinte, hoje eu estou muito bem, vocês podem ver, eu estou me sentindo bem, não tenho enjoo, não tenho nenhum cansaço. Então, a minha químio saiu muito bem, obrigada”, disse ela.
Dilma se submeteu à sessão anteontem no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Em 25 de abril, ela anunciou a retirada de nódulo de 2,5 centímetros da axila esquerda. O tratamento, considerado preventivo, deverá durar quatro meses. Segundo os médicos, as chances de cura são superiores a 90%.
Acusação contra Yeda faz parte de guerra política, diz advogado
Contratado pela governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB), para defendê-la de suspeitas de caixa dois na campanha eleitoral e de uso do dinheiro para comprar uma casa, o advogado Eduardo Alckmin disse ontem que as acusações contra a tucana fazem parte de uma “guerra política”.
“Isso é uma guerra política. Lamentavelmente, sabemos que as armas políticas ficam num patamar que não deveriam”, disse ele, após se reunir com Yeda na capital gaúcha.
Alckmin atribui as denúncias de corrupção a setores que querem desestabilizar o governo da tucana. Afirmou que a compra da casa foi legal e lembrou que ainda não foi esclarecida a origem do dinheiro apreendido com petistas que iriam comprar um dossiê contra o então candidato a governador José Serra (PSDB-SP), em 2006.
O Globo
PF investigará contratos de crédito do Senado
A Polícia Federal requisitou cópia de todos os contratos de crédito consignado assinados pelo Senado nos últimos cinco anos. Os documentos são um dos pontos de partida das investigações sobre supostas irregularidades do ex-diretor de Recursos Humanos João Carlos Zoghbi. Ele é acusado de cobrar propina para facilitar a inclusão de bancos no disputado sistema de crédito com desconto em folha de pagamento da Casa. A PF pode reabrir ainda as investigações da Operação Mão de Obra relacionadas ao ex-diretorgeral Agaciel Maia.
A PF também pediu cópia das sindicâncias sobre o assunto e espera receber os documentos na próxima semana. A partir desses dados, o delegado Gustavo Buquer, que comanda o inquérito, deverá traçar uma estratégia.
Abatido, Sarney já admitiu renunciar
Em desabafos a amigos, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-MA), disse estar desencantado e confidenciou, há 15 dias, o desejo de renunciar ao comando da Casa e até ao mandato de senador.
Chegou a marcar data: seu aniversário de 80 anos, em 2010. Segundo interlocutores de Sarney, ele tem demonstrado com frequência arrependimento de ter disputado a presidência do Senado e dito que tem sofrido muito desgaste nos últimos meses com os escândalos sucessivos que paralisam a Casa. Nesses dois dias, na guerra entre oposição e governo para instalar a CPI da Petrobras, Sarney não presidiu as tumultuadas sessões.
O desejo de renunciar foi revelado ontem pelo “Estado de S.Paulo”. Mas, pelo relato desses amigos, Sarney já mostra agora que quer concluir o mandato e reestruturar a instituição. Embora, reservadamente, ele não esconda o abatimento.
O aquecimento de Aécio no Rio
No Rio, e no mesmo dia em que PSDB e PT trocavam acusações em Brasília por causa da CPI da Petrobras, o governador de Minas, o tucano Aécio Neves, apresentou-se ontem como o candidato da conciliação à Presidência da República. Em almoço para 400 convidados na Associação Comercial, foi recebido ao som de “Oh, Minas Gerais” e saudado pelo governador Sérgio Cabral e pelo prefeito Eduardo Paes, ambos do PMDB e aliados do governo Lula, como o responsável pelo modelo administrativo seguido por eles.
Aécio falou por 30 minutos, dez deles de improviso, e defendeu uma campanha “sem radicalismos” em 2010, além de compromisso entre PT e PSDB em torno de uma agenda nacional. Elogiou a gestão do governador de São Paulo, José Serra — com quem disputa a indicação do PSDB —, no Ministério da Saúde no governo Fernando Henrique Cardoso. E reconheceu avanços, principalmente sociais, no governo Lula, sem deixar de culpar o petista pela lentidão nas reformas.
PSDB afina discurso pró-Bolsa Família
O PSDB adotou o discurso de que não pretende discutir a paternidade do Bolsa Família, mas prepara, para a campanha presidencial de 2010, uma grande defesa do programa, principalmente no Nordeste. O presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), disse que, independentemente do candidato a ser escolhido pelo partido, as propostas tucanas no campo social terão destaque no programa de governo. A preocupação é mostrar que iniciativas como o Bolsa Família serão ampliadas na gestão tucana.
— A idéia não é discutir paternidade, mas vamos oficializar o que fizemos durante o governo Fernando Henrique Cardoso e dizer que fizemos muito mais do que a população conhece. Vamos também reconhecer que o programa é parte positiva e bem-sucedida do atual governo, mas que precisa ser melhorado e ampliado — disse Guerra.
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