Folha de S.Paulo
Senado se vale de ata secreta para validar 36 atos secretos
Por meio de uma ata não publicada até ontem, o Senado validou 36 atos secretos da Mesa Diretora usados para criar cargos, diretorias e até para reajustar a verba indenizatória de R$ 12 mil para R$ 15 mil.
O assunto foi abordado em duas reuniões do colegiado realizadas há um mês, mas a decisão não havia sido tornada pública até ontem.
A informação consta em apenas três linhas da ata da reunião da Mesa realizada em 20 de agosto deste ano: “Item 05: Convalidação dos atos e decisões sobre matérias de competência da Comissão Diretora, inclusive os excepcionados ao ato do presidente do Senado Federal no 294/2009, o ato do presidente no 313, de 2009 e outras matérias similares. Convalidado”.
A ata é assinada por José Sarney (PMDB-AP) e, na ordem seguinte, por mais quatro integrantes da Mesa Diretora do Senado: a segunda-vice-presidente Serys Slhessarenko (PT-MT), o segundo-secretário João Vicente Claudino (PTB-PI), o suplente Gerson Camata (PMDB-ES), o terceiro-secretário Mão Santa (PMDB-PI) e o primeiro-secretário Heráclito Fortes (DEM-PI).
TCU cobra diárias em NY da filha de Sérgio Guerra
O TCU (Tribunal de Contas da União) decidiu cobrar a devolução das diárias pagas indevidamente à filha do presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE). Em janeiro de 2007, ela acompanhou o pai em viagem à Nova York com todas despesas pagas pelo Senado.
Em 10 de agosto deste ano, a Folha revelou que a advogada Helena Olympia de Almeida Brennand Guerra foi para os Estados Unidos em fevereiro de 2007 e gastou R$ 4.580,40 em diárias. A reportagem informou ainda que a Secretaria de Controle Interno pediu a devolução do dinheiro.
O presidente tucano contou que foi à Nova York para realizar uma série de exames médicos -ele suspeitava estar com câncer no intestino. Na oportunidade, Guerra argumentou que a filha o ajudou a conversar em inglês com os médicos.
Assembleias ocultam gastos com deputados e contratos
A maioria das Assembleias Legislativas do país não tem mecanismos transparentes para que o cidadão acompanhe como os recursos públicos estão sendo gastos.
Até o final do ano, as Assembleias de 25 Estados e a Câmara do DF (Distrito Federal) vão consumir R$ 5,8 bilhões -orçamento que quase equivale ao da Câmara e do Senado juntos.
Levantamento feito pela Folha mostra que só em quatro Estados (SP, MG, PR, GO) e no DF há mecanismos para ver, na internet, como foi usada a verba indenizatória de deputados.
Seis Estados informaram que não pagam o benefício (ES, RJ, MS, PA, SC e RS) -dizem adotar outro modelo de custeio. Só três Casas publicam nos sites uma lista com nomes dos servidores efetivos ou comissionados contratados (CE, SC e PR).
Alagoas: Nem deputados sabem como o orçamento é gasto
Nem os deputados estaduais sabem quantos servidores a Assembleia de Alagoas tem, qual o gasto com a folha ou como é gasto o orçamento anual de R$ 113,4 milhões. O site da Casa não publica nomes de servidores, contratos ou como os deputados gastam a verba indenizatória de R$ 39 mil mensais. O presidente, Fernando Toledo (PSDB), não respondeu a pedidos de entrevista da Folha.
Temer cobra aliança nacional rápida e quer a vice de Dilma
O presidente da Câmara, Michel Temer (SP), cobrou do PT e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva uma definição rápida sobre uma aliança nacional com o PMDB para apoiar em 2010 a eventual candidatura presidencial da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil). Temer também disse que a vaga de vice deve ser do PMDB.
“É fundamental que o PT e o presidente definam logo se vai haver uma aliança nacional com o PMDB para disputar a Presidência. Se houver essa decisão, o PMDB tem de ter a vice”, disse Temer ontem à Folha. Presidente licenciado do PMDB, ele comanda o partido na prática.
Doações são problema em lei eleitoral, diz TSE
O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Carlos Ayres Britto, afirmou ontem que “continuou faltando transparência”, depois da aprovação do projeto de lei de reforma eleitoral no Congresso, anteontem à noite. Em sua avaliação, alguns aspectos do projeto não contemplaram a jurisprudência da corte.
Britto critica a parte do projeto que permite que os doadores repassem o dinheiro aos partidos políticos, evitando que a doação seja vinculada a algum candidato. É uma forma de doação oculta, já que a sigla recolhe o recurso e repassa ao político, sem identificar a origem.
Senadores reclamam de deputados
O dia seguinte à aprovação da lei eleitoral pelo Congresso foi de reclamação e ressentimento de senadores contra deputados. Relator da matéria no Senado, Eduardo Azeredo (PSDB-MG) pediu providências da Casa contra a Câmara, que rejeitou praticamente todas emendas incluídas pelos senadores.
“A direção do Senado tem que se pronunciar. Não foi bom para a relação das duas Casas”, disse Azeredo. A depender do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), isso não acontecerá.
Os senadores reclamam de três pontos derrubados pela Câmara: o que assegurava eleição direta em caso de cassação de governadores ou prefeitos, o que coibia uso da máquina pública em campanhas e o que exigia “reputação ilibada” dos candidatos.
“É lamentável a Câmara ter optado pelo obscurantismo”, disse o senador Demóstenes Torres (DEM-GO).
PF vai indiciar empreiteiros, diz delegado
Responsável pela operação da Polícia Federal contra as maiores empreiteiras do país, o delegado César Hübner, 41, disse em entrevista à Folha que “já há elementos para indiciar todos os envolvidos” por crimes relacionados a fraude a licitações realizadas pela Infraero, a estatal que administra aeroportos brasileiros.
A operação, que Hübner arrisca dizer que seria talvez a maior da história do país na área de fraude a licitações, ainda não tinha nome (internamente na polícia era chamada de “caso Infraero”). Segundo a reportagem apurou, entre as empresas investigadas estão OAS, Camargo Corrêa, Odebrecht, Nielsen e Gautama Na semana passada, Justiça, Ministério Público e PF souberam que vazara a decisão judicial da busca e apreensão na casa de investigados. No sábado, a Folha divulgou a gestação da operação. A PF abriu inquérito para apurar o vazamento.
O pedido inicial da PF incluía prisões, mas a Justiça concedeu apenas as buscas, em 2 de setembro, decisão registrada no andamento processual do caso disponível na internet. Com sete anos de PF, dois dos quais dedicados ao “caso Infraero”, Hübner disse que apesar do vazamento “este trabalho está bem sólido”.
Após indicação, ministros do Supremo elogiam Toffoli
O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes, e o ministro Carlos Ayres Britto elogiaram José Antonio Dias Toffoli, advogado-geral da União cuja indicação para o Supremo foi assinada ontem pelo presidente Lula.
“[Toffoli] é uma pessoa qualificada, tem bom diálogo com o tribunal e vem desenvolvendo um bom trabalho na AGU”, disse Mendes. Mas, para o presidente do STF, “dificilmente” ele participará do julgamento da extradição do italiano Cesare Battisti, devido a prazo e “peculiaridades do caso”.
Já Ayres Britto afirmou que ele tem “qualidades, condições e a minha expectativa, sem querer interferir na CCJ do Senado, é que ele tenha o nome aprovado”. “Sangue novo é bom, oxigena a corte”, disse.
Novo ministro: Lula confirma secretário para lugar de Múcio
O presidente assinou a indicação de Alexandre Padilha para o cargo de ministro das Relações Institucionais -ele é o atual secretário de Assuntos Federativos da pasta. O ministro José Múcio, que foi indicado para assumir uma vaga no Tribunal de Contas da União, deixa o governo hoje e sai em férias para se preparar para a sabatina no Senado. Padilha assume interinamente antes de ser efetivado. Múcio poderá ficar nove anos no TCU, até completar 70 anos.
Lula diz que talvez sua deficiência seja intelectual
Ao participar da cerimônia de posse do primeiro juiz cego do Brasil -Ricardo Tadeu da Fonseca, no TRT da 9ª Região-, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o preconceito é “uma doença que ainda não desapareceu na sociedade”, mas que é preciso combatê-lo “com perseverança”. Ele citou seu próprio exemplo, por ter chegado à Presidência da República.
“A história da humanidade vai escrever um dia que o Brasil talvez seja o primeiro país do mundo que elegeu um presidente e um vice que não têm diploma universitário”, disse.
Para o presidente, “o conhecimento que nós aprendemos na universidade é apenas um aperfeiçoamento daquilo que a nossa inteligência contém”.
“Talvez minha deficiência, diferentemente da do Ricardo, seja deficiência intelectual”, ironizou Lula.
O Globo
Moralização, talvez na próxima
Se avançou no fim da censura ao uso da internet durante a campanha eleitoral, a reforma concluída anteontem à noite pela Câmara deixou de lado medidas que poderiam reprimir o uso da máquina pública e restringir a participação de candidatos que respondem a processos, os fichas-sujas. O texto que será enviado à sanção presidencial na próxima semana deixa sem controle ainda as doações feitas diretamente aos partidos, ocultando a relação direta entre candidatos e doadores.
A Câmara derrubou regras votadas pelo Senado que tentavam coibir o uso da máquina, como a proibição da participação de candidatos em inaugurações de obras, nos quatro meses que antecedem a eleição. Pelo texto final, os candidatos não poderão participar de inaugurações três meses antes do pleito. Caiu também na Câmara a proibição de criar ou ampliar programas sociais em ano eleitoral. A única restrição mantida é a de que, em ano eleitoral, programas sociais não podem ser executados por entidade nominalmente vinculada a candidato ou mantida por ele.
Presidente do TSE diz que lei dificulta fiscalização e abre brecha para caixa dois
Mesmo com o comemorado avanço que acaba com qualquer censura na internet, durante a campanha, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Carlos Ayres Britto, criticou a possibilidade de empresas e de pessoas físicas doarem aos partidos políticos, em vez de direcionar os recursos aos candidatos. O ministro afirmou que a regra dificultará a fiscalização da contabilidade das candidaturas e propiciará a prática de caixa dois – doações não declaradas:
– No plano estratégico da arrecadação de recursos para partidos, nosso trabalho da Justiça Eleitoral ficou extremamente dificultado. Queríamos uma lei que nos possibilitasse fazer o caminho seguido pelo dinheiro, desde o primeiro doador até o último destinatário. Esperávamos que a lei investisse em mecanismos coibitivos de caixa dois e doação oculta. Continua faltando transparência. O trabalho da Justiça Eleitoral ficou dificultado.
Senado: Balanço fora de época
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), surpreendeu os três únicos colegas no plenário com um power point para apresentar um balanço dos trabalhos da Casa, mesmo antes do fim da legislatura. Ontem, a “Folha de S.Paulo” publicou reportagem mostrando que, em ligações gravadas pela Polícia Federal, Sarney aparece orientando a neta Ana Clara Sarney a captar a doação de um empresário para a Fundação José Sarney, da qual já dissera não participar. No balanço, Sarney disse que, em sua gestão, o Senado está produzindo mais e melhor do que o ano passado.
Lula: carisma não ganha eleição
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou que pretende enviar ao Congresso este ano projeto de lei para consolidar as políticas sociais de seu governo. Em entrevista ao jornal “Valor Econômico”, Lula disse que a intenção é amarrar no projeto uma Consolidação das Leis Sociais (CLS) nos moldes da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) promovida pelo então presidente Getulio Vargas, na década de 50. O objetivo é legalizar todos os programas, incluindo o Bolsa Família e o salário mínimo.
– Será uma consolidação das políticas públicas para sustentar os avanços conquistados – afirmou o presidente.
Ministro condenado a indenizar Collor
O ministro da Secretaria de Comunicação Social, Franklin Martins, foi condenado pela 19ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça (TJ) do Rio de Janeiro a pagar R$50 mil ao senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL). Segundo o tribunal, o pedido de indenização foi feito pelo ex-presidente da República por conta de uma reportagem publicada na revista “Brasília em Dia”, em julho de 2005, na qual Collor foi chamado de corrupto, ladrão e “chefe de quadrilha”. Comentarista político à época, Franklin Martins teria comparado casos de corrupção dos governos Collor e Lula em entrevista concedida ao jornalista Marcone Formiga.
Por unanimidade, segundo a nota do TJ, o tribunal considerou que o político teve a honra e a imagem maculadas, condenando Franklin, Marcone Formiga e a editora Dom Quixote a pagarem, juntos, a indenização.
Lula quer efetivar Trezza no comando da Abin
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou mensagem ontem ao Senado indicando Wilson Roberto Trezza ao cargo de diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Ele ocupa o posto interinamente desde setembro do 2008, quando Paulo Lacerda foi exonerado após confusão provocada pelas investigações de uso da Abin para auxiliar as investigações do delegado Protógenes Queiroz contra o banqueiro Daniel Dantas.
Congresso reage à indicação de Toffoli para STF
A confirmação da indicação ontem do advogado-geral da União, José Antonio Toffoli, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para substituir o ministro Carlos Alberto Direito no Supremo Tribunal Federal (STF), provocou forte reação no Congresso, onde Toffoli será sabatinado.
O vínculo com o PT, com o ex-ministro José Dirceu e com o próprio Lula, além da pouca idade (41 anos) e do exíguo currículo na área jurídica, são apontados por senadores, principalmente do PSDB, como elementos que podem lhe criar constrangimentos na sabatina e dificultar a aprovação da indicação no plenário da Casa.
Nos anos 90, reprovação em 2 concursos para juiz
No Supremo, José Antonio Toffoli terá de exercitar sua verve política. Publicamente, os futuros colegas falam bem do advogado. Reconhecem-no como jovem esforçado, competente e atuante. Nos bastidores, a história é diferente. Não faltam críticas à suposta falta de preparo e à pouca idade. Lacunas na vida acadêmica motivam as reservas dos ministros.
Toffoli não tem pós-graduação. E foi reprovado em dois concursos para a magistratura, um em 1994 e outro em 1995. No STF, ele não será o único. Celso de Mello, o mais antigo integrante da Corte, também não tem mestrado – apesar de ter sido aprovado em primeiro lugar em concurso para o Ministério Público Federal. E Ellen Gracie também já amargou uma derrota em concurso para juíza.
Sarney elogia; procuradora lembra ligação com o PT
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), fez uma defesa veemente da indicação de Toffoli.
– É uma grande escolha. É competente e exerceu funções públicas da maior relevância. Ministros podem exercer funções como advogados de alguém, mas quando vão para o Supremo abandonam tudo para serem juízes – disse Sarney.
Para Renato Casagrande (PSB-ES), a indicação será aprovada:
– Será acirrado o debate entre oposição e governo. Mas isso não vai impedir a aprovação.
Em São Paulo, a procuradora regional da República Janice Ascari disse que magistrados, procuradores e advogados se perguntam se Toffoli é o mais qualificado para a função:
– Presume-se que vá para a Corte Suprema a nata da comunidade jurídica. É difícil ter um conceito do que é a nata, mas hoje ele é nosso melhor jurista ou é uma indicação estritamente política, de amizade? Na comunidade jurídica, ele é conhecido como o advogado do PT.
Petistas lideraram ataque a Gilmar Mendes
Em abril de 2002, a indicação do então advogado-geral da União, Gilmar Mendes, a uma das 11 vagas do STF, pelo presidente Fernando Henrique, provocou dos petistas o mesmo tipo de reação que agora ocorre contra José Antonio Toffoli. Políticos da oposição – liderada pelo PT – e entidades como a OAB protestaram. Em sessões tumultuadas no Congresso, Gilmar foi acusado de ter sido escolhido para representar interesses do governo no STF.
Diferentemente dos dois nomes anteriormente indicados à Corte por Fernando Henrique – Nelson Jobim e Ellen Gracie – o de Gilmar não foi aprovado por unanimidade pela CCJ do Senado. A votação foi 16 a 6. Antes, convocado para a sabatina, Gilmar passou pelo constrangimento de ver a votação adiada por um pedido de vista, diante da apresentação de uma lista de processos em que aparecia como réu. O então senador José Eduardo Dutra (PT-SE) criticou a aprovação:
– Na minha opinião, o doutor Gilmar Mendes, para usar jargão jurídico, está sendo indicado como uma espécie de longa manus do presidente Fernando Henrique no Supremo.
O Estado de S. Paulo
Toffoli deve ficar fora do caso Battisti
Indicado oficialmente para o Supremo Tribunal Federal (STF), José Antonio Dias Toffoli iniciou um movimento para neutralizar resistências a seu nome. O atual advogado-geral da União já avisou que não participará do julgamento do processo de extradição do ativista italiano Cesare Battisti. Seu voto poderia ser decisivo para reverter a tendência do tribunal de extraditá-lo. Era essa, aliás, a esperança de integrantes do governo e de parlamentares envolvidos com esse caso. Mas participar da votação em um processo já em andamento criaria sério desgaste ao novo ministro e ao governo.
Toffoli fez essa informação chegar a pessoas consideradas importantes e que poderiam, caso resolvesse participar do julgamento, criar algum embaraço para a aprovação de seu nome na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e no plenário do Senado. Pela manhã, o presidente do Supremo, ministro Gilmar Mendes, dava sinais de que essa decisão estava tomada. “Dificilmente ele participará”, afirmou.
Procuradora em SP questiona indicação
A procuradora regional da República em São Paulo Janice Ascari questionou ontem a indicação de José Antonio Dias Toffoli para o Supremo Tribunal Federal. “Entre todos os juristas do País, por que foi ele o indicado?”, indagou, ressalvando que o escolhido pode ter todos os méritos, pois exerce cargo de confiança do presidente na Advocacia-Geral da União (AGU), como exerceu na Casa Civil e também no PT.
Janice destacou que pelo menos três ministros do Superior Tribunal de Justiça, um ex-procurador-geral da República e um constitucionalista, “entre outros notáveis”, estavam cotados para a vaga. “Será que ele é a melhor opção? Não para o PT, nem para o presidente, mas para o Brasil? São fatos que fazem a comunidade jurídica contestar o processo de escolha dos ministros do STF e pretender a limitação temporal do mandato.”
Senado deve aprovar novo ministro
O Senado deve aprovar a indicação de José Antonio Dias Toffoli para o STF. Senadores da oposição, que poderiam resistir à escolha de Lula, avisaram que pouco ou nada farão para constranger Toffoli na sabatina na Comissão de Constituição e Justiça.
Os pontos do currículo de Toffoli considerados problemáticos – falta de experiência jurídica, o fato de ter apenas 41 anos e a ligação com o PT – serão alvo de questionamento, mas não deve passar disso. A oposição não quer ser acusada de fazer o que o PT fez na sabatina do ministro Gilmar Mendes, em 2002. Na época, Mendes foi bombardeado com perguntas sobre sua ligação com o PSDB e o presidente Fernando Henrique Cardoso.
Ministro Ayres Britto critica equiparação entre web e TV
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Carlos Ayres Britto, criticou ontem a decisão da Câmara de equiparar a internet ao rádio e à TV para a campanha eleitoral de 2010. “Temos a lamentar que terminou prevalecendo a analogia entre a internet e as emissoras de rádio e televisão”, disse.
“Achamos que qualquer analogia cabível só poderia ser com a mídia impressa ou escrita, porque o espaço de liberdade é muito maior, inclusive para posicionamentos a favor de determinadas candidaturas ou contra. A comparação da internet com mídias que dependem da concessão do poder pública, para nós, prejudica esse dinamismo que queremos para o processo eleitoral”, afirmou o ministro.
A lei aprovada pela Câmara determina que os debates eleitorais na internet devem seguir as mesmas restrições de rádios e TVs. Nessas mídias, que são concessões públicas, será obrigatório convidar todos os candidatos cujos partidos tenham representação na Câmara.
Lula quer área social no molde da CLT
Com mais de 14 meses de mandato pela frente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já começou a apresentar a prestação de contas do seu governo. Nas últimas semanas, Lula tem aproveitado, sem exceção, todas as solenidades de que participa para listar o que considera como conquistas obtidas para o Brasil durante sua administração, iniciada em 2003.
Também tem se preocupado em tentar pautar o rumo do debate para os candidatos a sua sucessão. Lula vem anunciando – diretamente ou por meio de seus ministros – medidas de fundo que pretende adotar e assuntos que deseja ver discutidos ou esquecidos.
Proposta inicial sai no mês que vem, diz Tarso
A proposta inicial da consolidação das leis sociais, idealizada pelo presidente Lula nos moldes da CLT de Getúlio Vargas, deverá estar pronta na primeira semana de outubro, informou ontem o ministro da Justiça, Tarso Genro. O esboço da lei está a cargo do ministro e do secretário-geral da Presidência da República, Luiz Dulci.
Segundo Tarso, a intenção é reunir toda a legislação relacionada a programas sociais e transformar em lei as regras implementadas por meio de decretos presidenciais. “O presidente quer que seja consolidado um instrumento legal que tenha visibilidade e seja facilmente acessível à população.”
Servidor que recebia na cadeia agora tem pensão
Mesmo preso por cinco anos, o servidor do Senado João Paulo Esteves Coutinho nunca deixou de ter o salário pago. Agora, descobre-se que ele ainda recebe aposentadoria da Casa.
João Paulo era servidor efetivo da Gráfica do Senado, mas ficou lotado no gabinete do senador Marco Maciel (DEM-PE) durante o tempo que estava no presídio. Ontem, o gabinete do parlamentar pernambucano confirmou que ele continua na folha de pagamento.
A história do funcionário foi revelada pelo Estado em maio deste ano e relembrada nesta semana, em plenário, pelo senador Renan Calheiros (PMDB-AL). O senador de Alagoas tentava minimizar a notícia de que um auxiliar seu, custeado pelo Senado, viajara ao exterior para fazer um curso.
Lula vai criticar embargo a Cuba em fala na ONU
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva usará seu discurso na abertura da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), no dia 23, em Nova York, para falar do embargo econômico imposto pelos Estados Unidos a Cuba, que ele considera “anacrônico”.
No início desta semana, o presidente americano, Barack Obama, renovou por mais um ano o embargo à ilha. A chamada Lei de Comércio com o Inimigo vige desde 1917 e proíbe qualquer tipo de intercâmbio com os países considerados uma ameaça aos EUA. Atualmente, só Cuba é afetada.
De acordo com o porta-voz da Presidência, Marcelo Baumbach, Lula defenderá, ainda, a manutenção das medidas de combate à crise financeira internacional e ações para regulamentar o mercado financeiro.
“O presidente considera prematuro suspender as medidas anticrise e alertará que, passados 12 meses, há indefinições, comodismo e inércia”, declarou o porta-voz, referindo-se a promessas não cumpridas de líderes mundiais de adotar regras para instituições financeiras.
PT suspende deputados por militarem contra aborto
O Diretório Nacional do PT decidiu ontem, por unanimidade, suspender os deputados Luiz Bassuma (BA) e Henrique Afonso (AC), que se manifestam contra a legalização do aborto. Os integrantes do diretório entenderam que os deputados infringiram a ética partidária ao “militarem” contra resolução do 3º Congresso Nacional do PT, a favor da descriminalização do aborto. Bassuma teve seus direitos suspensos por 1 ano e Henrique Afonso por 90 dias.
O relatório da Comissão de Ética petista, segundo antecipou o Estado anteontem, recomendava punição mais severa a Bassuma, sob o argumento de que o parlamentar demonstrara intolerância em relação a quem se posiciona a favor do aborto. Já Afonso, pastor da Igreja Presbiteriana Brasileira, é visto pelos petistas como “mais equilibrado” na questão.
Suécia oferece caças por 50% do preço da França
O vice-ministro de Defesa da Suécia, Hakan Jevrell, afirmou ontem, de acordo com reportagem da Agência Brasil, que seu país “não está buscando compradores, mas parceiros” para o caça Gripen NG, da empresa sueca Saab, que disputa uma concorrência com o Rafale, da francesa Dassault, e o F-18 da americana Boeing para fornecimento de equipamentos militares ao País. Segundo ele, caso opte pela proposta sueca – que será apresentada, com as demais, na segunda-feira – o País poderá comprar o dobro de aviões pelo preço oferecido pelos concorrentes.
Jevrell se reuniu com o ministro da Defesa, Nelson Jobim. O vice-ministro disse que a Suécia e a Saab estão 100% comprometidas com a transferência de tecnologia. “Não buscamos um comprador. Buscamos parceria estratégica e cooperação de longo prazo para as futuras gerações do poder aéreo e do desenvolvimento industrial.”
Correio Braziliense
O jornal não atualizou sua edição na internet
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