O Estado de S. Paulo
Mordomo da casa de Roseana Sarney é pago pelo Senado
O Congresso abriga mais um exemplo ilustrativo do uso de dinheiro público para bancar despesas privadas da família do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). O mordomo da casa de sua filha, Roseana Sarney, ex-senadora e atual governadora do Maranhão, é um servidor pago pelo Senado.
Amaury de Jesus Machado, de 51 anos, conhecido como “Secreta”, é funcionário efetivo da instituição. Ganha, com gratificações, em torno de R$ 12 mil. Deveria trabalhar no Congresso, mas de 2003 para cá dá expediente a sete quilômetros dali, na residência que Roseana mantém no Lago Sul de Brasília.
“Secreta” é uma espécie de faz-tudo, quase um agregado da família. Cuida dos serviços de copa e cozinha, distribui ordens aos funcionários e organiza as recepções que Roseana promove quando está na cidade. Na manhã de ontem, o Estado procurou o servidor na casa da governadora. O empregado que atendeu informou que ele estava há dez dias em São Paulo, acompanhando Roseana. Ela ficou até ontem na capital paulista, onde passou por cirurgia para retirada de aneurisma.
A reportagem falou por telefone com outros funcionários da casa e com amigos da família, que confirmaram a lotação privada do servidor. Ontem, por telefone, a governadora descreveu as funções de Machado assim: “Ele é meu afilhado. Fui eu que o trouxe do Maranhão. Ele vai à casa quando preciso, uma duas ou três vezes por semana. É motorista noturno e é do Senado. E lá até ganha bem.”
Suplicy pede anulação de ato secreto que assinou
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) pediu ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), a anulação do ato que deu assistência médica vitalícia ao ex-diretor-geral da Casa Agaciel Maia. Foi o petista quem assinou o documento garantindo o benefício a Agaciel, datado de 12 de dezembro de 2000 e não foi publicado até hoje. Mais um ato secreto.
O Estado revelou ontem a íntegra desse ato, que estendeu o benefício médico concedido a senadores e ex-senadores ao servidor que passasse, no mínimo, dois anos na Diretoria-Geral e na Secretaria-Geral da Mesa. À época, Suplicy era integrante da Mesa Diretora, então presidida por Antonio Carlos Magalhães (DEM-BA). “Não me lembro que esse assunto tenha sido debatido em alguma reunião da qual participei”, afirmou o senador. O petista admite, no entanto, que errou ao assinar a medida sem ter ciência do seu teor. “Tenho de reconhecer que essa falha também é de minha responsabilidade no episódio, apesar de ter agido de boa-fé”, disse.
Gabinete de Cafeteira abriga clã
Num vaivém de brigas com a família Sarney no Maranhão, o senador Epitácio Cafeteira (PTB-MA) revelou-se um homem generoso com o clã político do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Seu gabinete de 60 metros quadrados transformou-se numa extensão da casa da família Sarney. Lá, encontraram abrigo o sobrinho do presidente, o neto, o irmão e até uma ex-namorada do filho de Sarney.
Ex-governador do Maranhão, Cafeteira confessa que não segue de perto o trabalho dos assessores. “Não sou fiscal”, afirma. Se fosse, ele teria de viajar à Espanha para saber se Isabella Murad estava cumprindo seu dever como assistente parlamentar do PTB no Senado. Ela é sobrinha de Jorge Murad, genro de Sarney. Foi nomeada em 2007, quando Cafeteira era o líder do partido. Somente ontem a funcionária foi exonerada. Segundo ele, o problema foi ter “esquecido” de sua mudança para Espanha.
Na quinta-feira, durante um cafezinho no plenário do Senado, disparou sobre as críticas que tem recebido nas últimas semanas. “Tem tanta coisa imoral que prefiro não comentar.” A divulgação de atos secretos mostrou, por exemplo, que João Fernando Sarney, neto do presidente do Senado, trabalhou um ano e dez meses no gabinete do parlamentar. Foi um “favor” a um filho do peemedebista, o empresário Fernando Sarney, segundo palavras dele.
Crise do Senado já provoca reflexos no CNJ, diz Mendes
A sucessão de escândalos no Senado, mergulhado no segredo de seus atos, já provoca reflexos no Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A avaliação é do ministro Gilmar Mendes, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF). “Eu tenho a impressão de que essas dificuldades administrativas que são atribuíveis ao Senado têm prejudicado o seu funcionamento legislativo”, declarou Mendes, que acumula a presidência do CNJ.
O Senado não submete ao crivo de seu plenário a escolha dos novos integrantes do órgão que tem a missão de fiscalizar o Judiciário. No último domingo expirou o mandato de 12 dos 15 conselheiros do CNJ, que, esvaziado, não pode deliberar sobre importantes resoluções que tratam do cotidiano dos tribunais. “São esses problemas existentes hoje que vêm sendo revelados pela mídia e que certamente devem estar afetando o funcionamento do Senado”, disse o presidente do STF. “Temos tido também essas questões ligadas à CPI da Petrobrás, CPI das ONGs, as dificuldades administrativas e políticas da Casa.”
Apagão atinge cidade durante visita presidencial
Um apagão em todo o sistema telefônico e de transmissão de dados atingiu Alta Floresta (MT) durante a passagem do presidente Lula pela cidade. A pane começou às 8h10 e terminou 30 minutos depois de encerrado o evento presidencial. Telefones fixos e celulares ficaram fora do ar. Os bancos tiveram de fechar as portas e os auxiliares do presidente perderam o contato com Brasília. O rompimento da rede de cabos de fibra ótica por um trator causou o incidente.
Presidente deve vetar artigo da MP que favorece empresas
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu vetar dois artigos da Medida Provisória 458, que regulariza a posse das áreas de até 1,5 mil hectares na Amazônia. Para evitar qualquer aumento do poder dos grileiros, Lula vai retirar do texto os artigos que permitem a compra de terras por empresas privadas e autorizam a venda das propriedades três anos depois da titulação pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário.
De acordo com um auxiliar do presidente, após uma série de encontros com técnicos e ministros, Lula avaliou que as alterações no texto original feitas pelos parlamentares poderiam motivar a ação de grileiros, além de uma grande especulação, visto que o prazo original para a venda, de dez anos após a titulação, caiu para três anos. Lula tem até o dia 25 para sancionar a MP, com ou sem vetos. Depois da aprovação da medida, ambientalistas e representantes do agronegócio iniciaram uma forte pressão sobre o Planalto. De um lado, a senadora e ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva (PT-AC), o PT do Senado, 23 procuradores da República da Amazônia e a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) passaram a exigir o veto a artigos que consideram nocivos. Entre eles, os dois que o presidente tende a vetar e um outro, que permite a compra das áreas por pessoas que não habitam nesses locais.
Minc anuncia Bolsa-Verde de R$ 100
O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, foi o único integrante da equipe do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a ouvir algumas vaias no ato que deu início à regularização de terras da Amazônia. Entre as medidas, foi anunciado o programa Bolsa-Verde, voltado a famílias que plantarem árvores em áreas degradadas.
Minc fez de tudo para parecer simpático, mas em Alta Floresta (MT), ao lado de Lula, acabou por ver que não é querido na região. Para quebrar o gelo, abriu seu discurso com elogios ao governador de Mato Grosso, Blairo Maggi (PR), a quem já acusou de desmatador e de querer plantar soja até nos Andes. “Meu governador Blairo Maggi, no passado tivemos desencontros e agora temos encontros. O senhor criou o MT Legal, um exemplo de programa de preservação para toda a Amazônia. A governadora Ana Júlia (Pará) e o governador Jaques Wagner (Bahia) já levaram seu projeto. Eu sugiro até que se cobre royalties, porque é um projeto para todo o Brasil.” Ao anunciar que o programa Bolsa-Verde pagaria R$ 100 por ano, foi corrigido por Lula. “R$ 100 por mês, não por ano.” Minc agradeceu pela correção. “Isso é que é um presidente atento.”
Reajuste de servidor pode ser adiado
A discussão lançada nessa semana pelo ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, sobre a necessidade de se ajustar o orçamento à queda da arrecadação está relacionada ao calendário de reajuste do funcionalismo público, segundo disse uma fonte do governo. Os aumentos estão previstos para ocorrer em 1º de julho e, por isso, um encaminhamento sobre o tema tem que ser definido rapidamente. O debate, que será levado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva na semana que vem, é sobre a possibilidade de se adiar os reajustes de uma série de carreiras do setor público por pelo menos três meses.
Folha de S.Paulo
Ex-diretor de RH diz que cumpria ordens de Agaciel
O ex-diretor de Recursos Humanos do Senado João Carlos Zoghbi responsabiliza o ex-diretor-geral Agaciel Maia pela publicação de atos secretos, segundo seu advogado Antonio Carlos de Almeida Castro. “Ele [Zoghbi] mandava publicar só aquilo que era determinado pelo diretor do Senado”, afirmou Castro. O advogado comparou a situação do ex-diretor de Recursos Humanos à de Franklin Paes Landim, responsável pelo setor de publicação dos atos, que também cumpria ordens.
Agaciel Maia não quis comentar as novas denúncias contra ele pelo fato de o presidente José Sarney (PMDB-AP) ter determinado a abertura de uma comissão externa para investigar os atos secretos. A pessoas próximas, porém, ele disse que negará em depoimento ter dado ordens para manter os atos em caráter sigiloso ao servidor responsável por sua publicação. Segundo a Folha apurou, Agaciel argumentará que não tinha interesse em manter os atos em sigilo porque nenhum deles o beneficiou diretamente -embora tenham sido usados a favor de senadores que o mantiveram no principal cargo administrativo da Casa por 14 anos. Ele tem repetido que tem três filhos e não os nomeou para cargos no Congresso.
Em 1985, nomeação de Roseana foi mantida em segredo
Esta não é a primeira vez que um membro da família Sarney é apontado como beneficiário de um atos sigilosos. Em 1986, a Folha revelou que Roseana Sarney, filha do então presidente da República José Sarney, fora nomeada um ano antes junto com parentes de outros 25 senadores em uma decisão mantida em segredo. Na realidade, o grupo de 60 pessoas começou a ingressar na folha de pagamento do Senado em 1981, no início da legislatura, sem concurso. Por indicações políticas, foram nomeados “assessores técnicos”.
Deveriam deixar o Parlamento em 1985, com o fim do mandato dos padrinhos políticos, mas foram transformados em funcionários do quadro permanente pelo ato 6/85 do então presidente do Senado, Moacyr Dalla (PDS-ES). Ganharam a função de “técnico de legislação e orçamento” e a estabilidade dos servidores estatutários. As efetivações só foram descobertas após a publicação pelo Senado de um almanaque de funcionários da Casa. A Folha localizou o ato que permitiu a entrada de Roseana no Senado. Foi assinado em novembro de 1984, por Moacyr Dalla. Ela foi lotada no gabinete do pai. Roseana foi procurada, mas não comentou o caso por meio de sua assessoria.
Ato secreto é crime, afirma procurador
O procurador do Ministério Público junto ao TCU (Tribunal de Contas da União), Marinus Marsico, declarou ontem que os funcionários do Senado que impediram a publicação de atos administrativos cometeram crime de improbidade. Como punição, a lei prevê o ressarcimento dos danos, a perda de bens, a cassação dos direitos políticos e a detenção de seis a dez meses.
Segundo Marsico, até então se sabia apenas que existiam atos secretos, o que poderia gerar punição administrativa. Mas a informação de que os atos não eram publicados de propósito também demonstrou que existiu crime: “Isso porque havia uma ordem para não publicar”.
Conselho admite que Eduardo Jorge foi perseguido
O CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) acolheu uma solicitação de Eduardo Jorge Caldas Pereira, ex-secretário-geral da Presidência de Fernando Henrique Cardoso, e reconheceu formalmente que ele foi “perseguido” pelos procuradores-regionais da República Luiz Francisco de Souza e Guilherme Schelb.
Em maio de 2007, ambos foram punidos pelo conselho a pedido de Eduardo Jorge. Luiz Francisco foi suspenso por 45 dias e Schelb foi censurado por terem proposto uma ação de improbidade contra o tucano, e pedidos de quebra de sigilo. No primeiro pedido de punição aos procuradores, Eduardo Jorge afirmou que eles haviam vazado informações para a imprensa sobre as quebras de sigilo realizadas. A Folha não conseguiu localizar os três envolvidos ontem.
Ministros querem ficar com Dilma, brinca presidente
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem, em tom de brincadeira, que, na medida em que seu mandato “vai terminando”, seus ministros têm procurado se aproximar cada vez mais da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), possível candidata do PT ao Planalto. “Vai terminando o tempo do mandato, as pessoas já vão correndo atrás de quem pode ser a futura presidente. Então tem mais ministro lá com ela do que comigo aqui. O que eles não sabem é que eu ainda tenho o peso da caneta”, afirmou o presidente, no discurso de lançamento dos programas Mutirão Arco Verde e Terra Legal, na cidade de Alta Floresta (MT).
Composta por outros eventos simultâneos em Porto Velho (RO) e Marabá (PA) -interligados por meio de telões e videoconferência-, a solenidade contou com oito ministros. Junto com o presidente, foram a Mato Grosso os ministros Carlos Minc (Meio Ambiente) e José Pimentel (Previdência Social). Dilma, acompanhada de Márcio Fortes (Cidades) e Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos), esteve em Rondônia, onde foi chamada de “mãe da questão social e do desenvolvimento da Amazônia” pelo governador Ivo Cassol (sem partido).
Minc adota um tom conciliador, mas é vaiado
O ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) adotou em Alta Floresta (MT) um tom conciliador ao anunciar medidas de regularização ambiental e fundiária na Amazônia, mas a plateia, integrada por muitos fazendeiros, vaiou o ministro do início ao fim. Minc disse que “a Embrapa vai ajudar a fazer uma agricultura de boa produtividade e baixo impacto”. Ele prometeu definir preços mínimos para dez produtos do extrativismo e declarou que o Pronaf vai financiar o “plantio de florestas”.
Sindicalistas e petistas atacam oposição e fazem ato de apoio à Petrobras
Sindicalistas e políticos do PT realizaram ontem pela manhã, em São Paulo, um ato em “defesa da Petrobras e da soberania nacional”. Cerca de 500 pessoas (na estimativa da polícia) se reuniram na avenida Paulista, em frente ao prédio da empresa. O ato foi organizado pela CUT (Central Única dos Trabalhadores), UGT (União Geral dos Trabalhadores) e CGTB (Central Geral dos Trabalhadores do Brasil).
Nos discursos, as palavras de ordem foram de ataques à oposição, especialmente ao PSDB e ao DEM, por conta da CPI da Petrobras, que ainda não foi instalada no Senado. “A Petrobras é nossa” e “Direita entreguista” foram alguns dos gritos de guerra. Os manifestantes fizeram críticas ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e elogiaram a atuação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), fazendo referências à eleição presidencial do ano que vem.
Pode haver injustiças em indenizações no Araguaia, diz União
Presidente da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, Paulo Abrão Júnior admitiu ontem a possibilidade de haver injustiças em relação ao pagamento de indenizações a supostos perseguidos pelo regime militar durante a guerrilha do Araguaia. Da mesma forma, disse ele à Folha, pode haver perseguidos que tiveram negado os pedidos de indenização por não conseguirem provar à comissão maus-tratos sofridos.
“Muitas injustiças podem estar sendo cometidas, em ambas as situações”, afirmou Abrão Júnior, advogado e professor universitário que está em São Domingos do Araguaia (540 km ao sul de Belém), um dos focos da guerrilha organizada na selva amazônica pelo então clandestino PC do B.
Correio Braziliense
O blog de Sarney
Acompanhando as novas tendências de comunicação adotadas por outros políticos no Brasil e no mundo, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), está criando um blog para interagir com internautas, e fazer e receber comentários. Envolvido em uma das maiores crises que passa o Congresso, a assessoria de Sarney afirma que a nova ferramenta não será utilizada pelo senador para se defender de acusações ou respondê-las, como fez a Petrobras recentemente.
A ideia de criar um blog nasceu depois que o Senado descobriu que uma pessoa criou um Twitter — uma espécie de microblog que permite o envio de mensagens de texto a usuários cadastrados utilizando um sistema de mensagens instantâneas — utilizando o nome de Sarney. Além de providenciar a retirada da página do ar, o que aconteceu no fim da tarde de ontem, assessores do Congresso sugeriram o novo mecanismo de comunicação, já adotado pelos presidentes brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, e dos Estados Unidos, Barack Obama.
No Twitter falso em nome de Sarney havia pelo menos dois mil seguidores cadastrados e tinha até a logomarca do PMDB, o partido do presidente do Senado. Porém, não é sua intenção manter esta ferramenta de comunicação, mas apenas o blog, que ainda está em fase de construção e não tem data para ir ao ar. Segundo assessores de Sarney, o mecanismo não será do político, mas da presidência da Casa. Com isso, poderá ser mantido por outros dirigentes no futuro e pelos senadores.
Lula vai à web por mais visibilidade
A média de 4,8 perguntas por dia, respondidas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no ano passado, parece expressiva diante do número de entrevistas concedidas no início do segundo mandato. Desde 2006, houve um crescimento de quase 100% na comunicação entre o presidente e a imprensa. E a tendência é aumentar.
Está prevista para julho a estreia de um blog da Presidência, assim como uma página no Twitter e um canal no YouTube. O pré-lançamento das ferramentas na web ocorrerá no 10º Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre, na próxima semana. Mas eles só vão ao ar no mês que vem. A intenção é estabelecer um canal direto entre Lula e os eleitores, além de atingir um público que se informa basicamente pela internet. A ideia surgiu no ano passado, durante a campanha na rede do então candidato à Presidência dos Estados Unidos, Barack Obama, que estendeu sua aventura online para os primeiros meses de mandato.
Servidores sem consenso
Não são apenas os senadores que não se entendem sobre quais medidas tomar para acabar com a crise administrativa do Senado. Os servidores da Casa não chegaram a um consenso de quais sugestões levar aos senadores para debelar o atual escândalo dos atos secretos e outras irregularidades reveladas anteriormente. Ao menos dois fatores têm afastado os 6,2 mil funcionários do Senado da proposição de soluções para a crise: o medo de futura retaliação e a briga entre facções pelo poder administrativo na Casa, depois do longo reinado do ex-diretor-geral Agaciel Maia e do ex-diretor de Recursos Humanos João Carlos Zoghbi.
Um fato da semana passada mostra o real temor dos funcionários. O Sindicato dos Servidores do Legislativo Federal (Sindilegis) recebeu mais de 200 propostas dos filiados para contornar a crise da Casa. As sugestões que tivessem consenso na categoria seriam apresentadas à proposta de reforma administrativa do Senado feita em maio passado pela Fundação Getulio Vargas (FGV). O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), deu um mês para as sugestões. No encontro marcado pelo Sindilegis na terça-feira da semana passada (9), apenas três servidores compareceram para defender suas ideias.
Denúncia de chantagem
O conteúdo dos atos secretos, que por mais de uma década serviram para nomear, promover e conceder gratificações a parentes e amigos de senadores de várias legendas, agora é usado para chantagear parlamentares no Senado. O primeiro senador a levantar publicamente a suspeita de que a nomeação de sua esposa na liderança do PDT foi usada para intimidação foi Cristovam Buarque (PDT-DF).
Gladys Pessoa de Vasconcelos Buarque, servidora da Câmara há mais de 26 anos, foi nomeada assistente parlamentar, em janeiro de 2007, na liderança do partido de Cristovam. O ato da nomeação foi divulgado ontem, por e-mail, a vários jornalistas. “A nomeação dela foi mostrada, mas o ato em que ela é devolvida à Câmara dos Deputados foi omitido”, contou o senador.
O Correio fez uma pesquisa no sistema de normas administrativas do Senado e encontrou o ato de nomeação de Gladys, que data de 9 de janeiro de 2007. Um dia depois, a nomeação da mulher de Cristovam foi publicada no boletim administrativo de pessoal da Casa. No entanto, o ato que torna sem efeito a indicação e a devolve para a Câmara não estava disponível para consulta até a tarde de ontem.
Promessas de punição
Na tentativa de aplacar a crise que já é considerada a mais grave da história do Senado, o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), anunciou ontem a criação de outra comissão de sindicância. Na mira, dessa vez, estarão servidores responsáveis pela não publicação de atos internos da Casa, os atos secretos. Sarney deu garantias de que, apontados os culpados, haverá punição. No entanto, quanto à possibilidade de sanções políticas, caso o envolvimento de senadores seja constatado, foi mais econômico. “Não vou opinar sobre hipóteses”, disse.
A comissão de sindicância, segundo Sarney, será composta “pelos melhores funcionários do Senado”, e contará com o auxílio do Ministério Público Federal e de um auditor do Tribunal de Contas da União (TCU). Com isso, o presidente do Senado espera conferir credibilidade às investigações. No entanto, não anunciou exonerações. Questionado sobre a permanência do atual diretor-geral, Alexandre Gazineo, no cargo, dividiu responsabilidades. “Tenho que consultar a Mesa Diretora e os líderes partidários sobre isso.”
Brechas para a troca de partido
Com a proximidade do fim do prazo para que mudanças na legislação eleitoral possam valer na eleição do próximo ano (30 de setembro), deputados se empenham em buscar acordos para a aprovação de uma regra que permita a infidelidade partidária. No próximo dia 2, será a vez de o deputado Luciano Castro (PR-RR) trabalhar por uma brecha para o troca-troca. É quando ele pretende ler seu parecer na comissão especial formada para analisar uma proposta da deputada Rita Camata (PMDB-ES) apresentada em 1995. Diferentemente do teor do projeto original, que determinava a cassação para quem trocasse de partido no curso do mandato, o relator vai propor a permissão para que políticos mudem de legenda durante o mês de junho do ano das eleições. Justamente o período em que ocorrem as convenções.
Castro alega que a brecha é necessária para evitar que os interessados em se candidatar a algum cargo eletivo se tornem escravos das deliberações das convenções partidárias. Dessa forma, depois de saber sobre a decisão do seu partido, o político terá tempo para escolher outra legenda e migrar para ela antes do fim do prazo legal. “É preciso dar espaço para que uma pessoa que não gostou do resultado da convenção do seu partido tenha chance de trocar e candidatar-se ao cargo que pretende em outra legenda. É uma ideia bem aceita por praticamente todos os partidos e por muitos governadores”, diz.
Lobby será redirecionado
Eles venceram uma batalha no Senado e agora se preparam para ganhar a guerra na Câmara. Suplentes de vereadores que pleiteiam a criação de 7.343 vagas nos legislativos municipais direcionaram o lobby para a comissão especial a ser criada na Câmara para avaliar a proposta que reduz os custos nos legislativos municipais. A intenção é fazer com que, entre os integrantes da comissão, sejam identificados os simpatizantes ao aumento de cargos.
A promulgação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que permite o crescimento das bancadas dos legislativos municipais está atrelada à aprovação na comissão especial de outra PEC, a que reduz os gastos das câmaras municipais. Isso porque, no ano passado, um impasse entre os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado impediu a promulgação da medida que aumenta o número de vereadores no país.
O Globo
Lula: quem desmatou a Amazônia não é bandido
Ao discursar em Alta Floresta, Mato Grosso, no lançamento de um programa de regularização de propriedades rurais na Amazônia, o presidente Lula afirmou que não se pode chamar de bandidos os produtores rurais que no passado desmataram a região. Ele lembrou as dificuldades enfrentadas pelos primeiros desbravadores da Amazônia, que enfrentaram doenças como a malária: “Ninguém pode ficar dizendo que alguém é bandido porque desmatou”, disse. Lula defendeu mudanças no modelo de desenvolvimento da região: “Agora, desmatar joga contra a gente, vai nos prejudicar no futuro”. O presidente também contestou as críticas de ONGs à MP 458, que autoriza a venda de terras públicas na Amazônia, e negou que ela vá incentivar a grilagem. Em São Paulo, o diretório nacional do PT aprovou resolução contra mudanças no Código Florestal, defendidas por parte do governo.
Sarney cria comissão para investigar atos
O presidente do Senado, José Sarney, anunciou ontem a criação de uma comissão que terá só sete dias para descobrir os responsáveis pelos atos administrativos secretos. Apesar da medida, Sarney disse que esses atos não foram secretos; teriam apenas descumprido uma “formalidade essencial”. Cresce na Casa a pressão pelo afastamento do diretor-geral, Alexandre Gazineo, que assinou a maioria dos atos.
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