O Estado de S. Paulo
Marina usa blecaute para atacar governo
Em meio à troca de acusações entre PT e PSDB em virtude do blecaute da última terça-feira, a senadora e pré-candidata pelo PV à Presidência, Marina Silva, manteve um ponto de vista técnico sobre o assunto durante a semana. Esquivou-se de atacar diretamente o Planalto. Ontem, porém, durante congresso do PV em São Paulo, Marina teceu duras críticas ao governo e à ética de seus ex-colegas que “evitam responsabilidades” e “terceirizam problemas”.
Em tom de desabafo, durante discurso na Assembleia Legislativa de São Paulo para correligionários verdes, a senadora e ex-ministra do Meio Ambiente contrapôs dois episódios que marcaram sua passagem pela pasta – o desmatamento recorde de 2004 e o assassinato da irmã Dorothy Stang, em 2005 – à resposta pouco convincente do governo ao blecaute.
Tucanos se dividem sobre uso político do apagão
O apagão que deixou 18 Estados sem energia elétrica na terça-feira passada trouxe um elemento novo para o debate eleitoral de 2010 e deflagrou no PSDB e PT uma corrida para traçar as respectivas estratégias de ataque e defesa. Nos dias que sucederam ao blecaute nas áreas abastecidas pela usina de Itaipu, os partidos encomendaram pesquisas, iniciaram levantamentos sobre os investimentos e deficiências na rede e até começaram a debater a transformação do episódio em tema para a propaganda partidária.
Na sexta-feira, enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumia a linha de frente de um plano para esvaziar o debate sobre o blecaute, o PSDB discutia discretamente a exploração das inserções da sigla no rádio e na TV, que vão ao ar a partir de terça-feira.
Lula criticou racionamento e tarifas em 2002
Empenhado em mostrar-se como “Lulinha paz e amor”, evitando críticas aos adversários e ao governo Fernando Henrique Cardoso, o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva praticamente não falou, durante a campanha eleitoral de 2002, do apagão que, no ano anterior, provocou racionamento de energia e desaceleração econômica no País.
Em abril daquele ano, porém, antes do início formal da campanha, Lula atacou diretamente FHC por conta da iniciativa do governo de aumentar as tarifas de energia para cobrir prejuízos das empresas distribuidoras de energia com o racionamento. Em carta ao presidente, o petista disse que a medida provisória com esse objetivo carecia de “sustentação legal e moral”.
Governo e oposição se armam de dados para embate eleitoral
Intensificada com as críticas do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ao governo de seu sucessor, Luiz Inácio Lula da Silva, a disputa eleitoral entre PSDB e PT não está restrita a artigos, discursos e declarações provocativas. Faz parte do arsenal de governistas e oposicionistas uma quantidade cada vez maior de tabelas, gráficos e indicadores de todos os tipos. Do lado do governo e do PT, são comparações da atual administração com os oito anos de Fernando Henrique. A oposição coleciona dados sobre aumento de gastos públicos, inchaço do funcionalismo e baixa execução orçamentária de obras.
Os petistas e aliados se abastecem principalmente na publicação Destaques, elaborada pela Secretaria de Comunicação da Presidência e divulgada a cada dois meses no site do governo. A revista atualiza o desempenho do governo em várias áreas, com muitas comparações entre 2002, último ano do governo tucano, e o ano passado.
Feldmann é aposta do PV em SP
O PV paulista deve partir com candidatura única para o governo de São Paulo. No congresso da legenda, realizado ontem na capital paulista, cinco nomes foram apresentados, entre eles o de Fábio Feldmann, membro do conselho internacional do Greenpeace. Ele figura entre os favoritos de setores do PV para a chapa.
Feldmann foi deputado constituinte pelo PMDB aos 26 anos, além de deputado federal pelo PSDB e secretário estadual do Meio Ambiente no governo Mário Covas. No entanto, perdeu as últimas duas eleições que disputou (1998 e 2002), em que tentou voltar à Câmara dos Deputados.
Ricupero vê foco eleitoral em guinada da política externa
Na reta final do mandato e diante da missão de eleger sua sucessora, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu uma guinada mais à esquerda em sua política externa. O contorno partidário – petista, obviamente – tornou-se inconfundível, assim como o uso de questões diplomáticas para fazer propaganda sobre a inserção internacional do Brasil e uma liderança que o atual governo teria conquistado. Observada ao longo dos últimos dez meses pelo embaixador Rubens Ricupero, essa radicalização de perfil teria o claro objetivo de, em tempos eleitorais e de fim de governo, marcar a diferença entre a política externa de Lula e a adotada nos oito anos da administração de Fernando Henrique Cardoso.
“O governo está moldando o perfil com o qual quer entrar para a História. A política exterior tornou-se mais identificada ao governo e também a seu partido, o PT. Não está mais identificada ao Estado”, afirmou Ricupero ao Estado.
Folha de S. Paulo
Programa habitacional de Lula terá “cara” tucana em SP
Uma das principais bandeiras da pré-candidatura da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) ao Planalto em 2010, o programa habitacional Minha Casa, Minha Vida (MCMV) poderá ter em São Paulo a “cara” das casas feitas pela gestão estadual, comandada pelo governador José Serra (PSDB), provável adversário da petista na sucessão presidencial.
O acordo fechado entre a CEF (Caixa Econômica Federal), gestora do MCMV, e o governo de São Paulo é para construir 13.236 unidades para famílias com rendimentos de até três salários mínimos -um dos alvos do projeto. As casas ficarão nas cidades com mais de 50 mil habitantes, prioritariamente nas regiões metropolitanas.
FHC decide reconhecer oficialmente filho que teve há 18 anos com jornalista
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso decidiu oficializar o reconhecimento do filho que teve coma jornalista Mirian Dutra, da TV Globo.
Tomas Dutra Schmidt tem hoje 18 anos. O tucano já consultou advogados e viajou na semana passada a Madri,onde vive a jornalista, para cuidar da papelada.
A Folha falou com FHC no hotel Palace, na Espanha, onde ele estava hospedado. O ex-presidente negou a informação e não quis se alongar sobre o assunto. Disse que estava na cidade para a reunião do Clube de Madri.
Eleição de 89 foi “ensaio geral” democrático
Ainda era um pouco cedo naquela manhã de novembro de 1989 e os repórteres e fotógrafos esperavam todos sentados na calçada em frente à mansão de Silvio Santos, no bairro do Morumbi, em São Paulo. Foi quando a porta automática da garagem começou a se abrir, lentamente. O Camaro branco pilotado pelo apresentador de TV saiu então rapidamente.
Os jornalistas voaram para seus carros. Começou a perseguição. Para onde estaria indo Silvio Santos, sozinho ao volante? Algum encontro político secreto para viabilizar sua frágil candidatura a presidente da República? Aos poucos, os carros dos repórteres foram ficando todos para trás, menos um.
A Folha conseguiu colar no Camaro, mesmo depois de atravessar uma congestionada ponte Cidade Jardim. Na altura da avenida Faria Lima, Silvio Santos fez alguns contornos até estacionar o automóvel. Desceu e caminhou até o seu destino: o cabeleireiro Jassa. O apresentador de TV estava indo para sua sessão semanal de tintura de cabelo -no caso, na sua cor predileta: acaju.
Rivais há 20 anos, Collor e Lula se aliam
Passados exatos 20 anos do primeiro turno da eleição presidencial de 1989, a trajetória de alguns dos principais personagens mostra o que mudou no cenário político brasileiro.
Fernando Collor, então no PRN, foi ao segundo turno com Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a quem derrotou em 17 de dezembro numa disputa que teve lances de golpe baixo.
Collor chegou a exibir na TV Miriam Cordeiro, ex-namorada de Lula, dizendo que o petista lhe ofereceu dinheiro para abortar. Hoje senador pelo PTB, Collor é da base da apoio do presidente Lula.
Lula dá conselho sobre greve de fome e diz que espera STF
Ao ser questionado ontem em Paris sobre a greve de fome anunciada pelo ex-militante italiano de extrema esquerda Cesare Battisti, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reagiu, inicialmente, com um gracejo: “Se eu fosse o Battisti, não faria greve de fome. Eu fiz por seis dias e é muito ruim”. O presidente referiu-se ao período em que ele e dirigentes sindicais ficaram presos em 1980.
Depois, Lula respondeu mais seriamente sobre o pedido de extradição do italiano, que está sendo julgado no Supremo. “O presidente da República do Brasil pouco pode fazer quando o processo esta na mão da instância superior da Justiça brasileira. Tenho que esperar a decisão da Suprema Corte para saber se sobra para a Presidência da República alguma coisa para fazer.”
Colaboração de Erundina agilizou processo
Ao contrário dos ex-prefeitos paulistanos Paulo Maluf (PP) e Celso Pitta, que deixaram a administração com dezenas de processos judiciais, a ex-prefeita Luiza Erundina (PSB) viu uma das poucas ações iniciadas contra ela transitar em julgado e culminar no bloqueio do único imóvel que ela possui.
Erundina foi condenada por ter usado verba pública para financiar um anúncio publicado na Folha defendendo a greve geral dos transportes de 1989.
A ex-prefeita geriu a cidade de 1989 a 1992 -Maluf de 1993 a 1996, e Pitta de 1997 a 2000- e, portanto, as ações contra ela são mais antigas. A ex-prefeita do PT Marta Suplicy (2001-2004) também responde a ações civis, mas o volume de casos é inferior aos processos contra Maluf e Pitta e, como sua gestão foi recente, os casos ainda estão em fase inicial.
O Globo
Saúde paga caro por remédios que Justiça manda fornecer
Brasileiros dependentes do Sistema Único de Saúde (SUS) estão virando clientes dos tribunais, fenômeno que avança em proporções geométricas e já impacta as contas dos governos. Em quatro anos, os gastos do Ministério da Saúde com medicamentos comprados por ordem de juízes cresceram 3.675%, alimentados pelas falhas na assistência ao cidadão e pelo lobby da indústria farmacêutica sobre médicos e pacientes, informa reportagem de Fábio Fabrini, publicada neste domingo pelo jornal O GLOBO.
Em 2005, as sentenças custaram ao ministério R$ 2,5 milhões. Este ano, o valor já era de R$ 94,38 milhões até outubro e, conforme previsão oficial, deve atingir os R$ 150 milhões em dezembro. Somadas despesas de estados e municípios, a conta deve fechar o ano em pelo menos R$ 1 bilhão, 15% do que o SUS tem para remédios e vacinas em 2009. Só em Minas, a Secretaria de Estado de Saúde desembolsou R$ 28,6 milhões até outubro e, em 2008, R$ 42,5 milhões, 260 vezes mais do que se gastava em 2002 (R$ 164,3 mil).
Psicanalistas analisam reações de amor e ódio que movem Lula e FH
O desejo de eternizar-se no poder é visto como um dos fatores psicológicos que poderiam explicar tanto atrito na relação entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o seu antecessor Fernando Henrique Cardoso. Psicanalistas levaram ao divã, a pedido do GLOBO, o histórico de manifestações que os colocam no centro de duelos verbais. Às turras no campo político-eleitoral, os dois são vistos, segundo essas análises genéricas, como figuras tão antagônicas quanto complementares, o que explicaria a sensação de incômodo que um tem em relação ao outro.
– A relação entre os dois tem amor e ódio, ambivalências, como numa relação entre pai e filho ou entre irmãos, mais novo e mais velho, com rivalidade fraterna. Há indubitavelmente uma admiração mútua nem sempre reconhecida – analisa o presidente da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo, Plínio Montagna.
Correio Braziliense
Vices com a trilha aberta
Os 11 governadores que exercem o mandato pela segunda vez estão dispostos a se desincompatibilizar até abril do ano que vem, prazo máximo previsto pela legislação, para serem candidatos a outro cargo eletivo. O Senado é o destino preferido da maioria deles. Se as articulações políticas não mudarem até lá, esses estados passarão a ser administrados pelos vice-governadores, que ganham força para tentar se manter no poder por mais quatro anos, candidatando-se à reeleição.
Em alguns estados, os vices contarão com quase um ano inteiro de mandato para mostrar serviço. É o caso de Minas, onde o governador, Aécio Neves, — que aguarda a definição do PSDB para ser candidato a presidente da República ou ao Senado — já avisou que entregará o cargo a Antonio Anastasia (PSDB) no início de fevereiro, quando pretende dedicar-se integralmente à campanha eleitoral.
Brasília escolheu Lula
Há 20 anos, Brasília parava para assistir ao maior comício realizado no Distrito Federal naquela campanha à presidência da República. A data: domingo, 12 de novembro de 1989. Pela primeira vez em três décadas, os brasileiros iriam às urnas para, em eleições diretas, escolher o próximo comandante do país. O lugar selecionado não poderia ser mais emblemático: a Esplanada dos Ministérios. Foi em frente à rampa do Congresso Nacional que o candidato Luiz Inácio Lula da Silva, da Frente Popular (PT, PCdoB e PSB), reuniu cerca de 80 mil pessoas, segundo cálculo divulgado na época pela Polícia Militar. A estimativa dos organizadores do evento foi de um público de 100 mil pessoas.
Do palanque, fita vermelha amarrada na cabeça, o deputado federal fez um discurso voltado especialmente para o funcionalismo público, àquela época um importante nicho do eleitorado do petista e a maioria do conjunto de trabalhadores do Distrito Federal. “Só é possível condenar uma categoria em greve quando constatamos que (ela) ganha mais do que deve receber”, declarou o candidato, prestando solidariedade à paralisação da categoria, que durava 25 dias. Criticou “alguns políticos” que, segundo ele, falavam em moralizar o serviço público com a demissão dos servidores. “Eles só querem justificar sua própria incompetência”, completou. Foi ovacionado. E disse ter ficado “sensibilizado”(1) com o comício.
O ano em que tudo começou
O economista José Celso de Oliveira estava perto dos 40 anos quando, em 15 de novembro de 1989, colocou o terno do casamento para votar pela primeira vez em uma eleição presidencial, de tão solene que considerou a ocasião. Não era para menos, porque desde a vitória de Jânio Quadros, em 1960, nunca mais o brasileiro tinha votado para presidente e esse fato transformou a disputa de 1989 no maior marco do processo de redemocratização do país.
“Praticamente 90% dos eleitores nunca tinham votado para presidente. De lá para cá, foi acontecendo uma consolidação no processo eleitoral, que se torna rotina na vida do cidadão”, avalia o cientista político Marcus Figueiredo, pesquisador e professor do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj). Ele classifica aquele momento de “eleição crítica” por ter produzido “uma mudança brutal no realinhamento eleitoral” e por ter sido o “início do processo de amadurecimento do eleitor brasileiro”.
Saída é a ampliação da matriz de energia
Depois dos transtornos e prejuízos do apagão em 18 em estados, o que fazer para que o sistema elétrico brasileiro não entre em colapso novamente? Especialistas ouvidos pelo Correio são unânimes: não existe sistema infalível, mas é preciso diversificar a matriz energética nacional, mesmo que a mudança resulte em uma tarifa maior para o consumidor. Seria o custo a arcar a fim de minimizar os riscos de novo blecaute. Ainda mais em um cenário de aumento de consumo de energia, potencializado pela realização da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas do Rio de 2016. Para blindar o efeito salgado dessa eventual conta no bolso do consumidor, está nas mãos do governo a possibilidade de reduzir os impostos cobrados nas faturas de luz.
Adriano Pires, presidente do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), defende a inclusão de geração térmica na base do Sistema Interligado Nacional (SIN), apesar de ser mais cara do que a energia oriunda das usinas hidrelétricas. “Não defendo térmica a óleo, que tem o preço muito volátil e polui muito. Mas está sobrando gás no Brasil. Temos um potencial do tamanho de Itaipu”, diz Pires. Ele admite que a água continuará sendo a maior base da matriz energética brasileira, mas pondera que não se pode ficar refém dela como fonte de energia. “O consumidor brasileiro tem de entender que a tarifa pode ficar mais cara (para aumentar a segurança do sistema). Mas ela pode ficar mais ou menos cara. Depende do governo, pois metade da conta de luz é encargo setorial.”
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