O Estado de S. Paulo
Herdeiros caçam ”fortuna” de Jânio
Investigando as atividades do doleiro Kurt Paul Pickel, os agentes federais empenhados na Operação Castelo de Areia descobriram uma verdadeira caça a um tesouro esquecido. Trata-se de supostos 20 milhões, talvez de dólares, depositados em contas bancárias secretas abertas na Suíça possivelmente pelo ex-presidente Jânio Quadros. Quem procurava a fortuna eram os advogados Marcos Henares Vilarinho e João Mendonça de Amorim Filho, que receberam dos herdeiros do ex-presidente a missão. A descoberta foi feita durante o monitoramento dos e-mails enviados pelo doleiro. Em 25 de março de 2008, Pickel enviou ao advogado Patric e Le Houelleur, com escritório em Genebra, na Suíça, uma mensagem em que diz estar atrás dos fundos “provavelmente substanciais (excedendo $ 20 milhões) do senhor Jânio da Silva Quadros, antigo presidente do Brasil e antigo prefeito da cidade de São Paulo, morto em 1992”.
Mendes acusa Ministério Público de ser parceiro da PF em abusos
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Gilmar Mendes, acirrou ontem suas já tradicionais críticas à Polícia Federal e ao Ministério Público. Ele defendeu a tese de que o controle externo das atividades da polícia deve ser feito por um juiz e não pelo Ministério Público – que é legalmente encarregado da tarefa, mas, segundo Mendes, não a executa bem. “Esse tal controle externo do Ministério Público (sobre a PF) é algo lítero-poético-recreativo. Não tem funcionado a contento”, afirmou Mendes, durante entrevista na qual foi questionado sobre a atuação da Polícia Federal na Operação Castelo de Areia. A ofensiva do presidente do STF contra a atuação do Ministério Público continuou em São Paulo, onde proferiu palestra à tarde na Faculdade de Direito do Largo São Francisco.
Declarações causam protestos na instituição
“É um equívoco do ministro (Gilmar Mendes) falar que existe um trabalho mancomunado do Ministério Público com a polícia”, disse o subprocurador-geral da República Wagner Gonçalves, coordenador da 2.ª Câmara Criminal do Ministério Público Federal. “Há necessidade de se respeitar as instituições. Opiniões nesse nível sempre geram injustiças. Reconhecemos falhas no controle externo, mas estamos num processo de aperfeiçoamento.” Para Gonçalves, o presidente do STF “desconhece o que vem sendo feito” em controle externo. O procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, não quis comentar. O promotor de Justiça José Reinaldo Guimarães Carneiro, secretário-executivo do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), destacou que “o controle externo é uma garantia expressamente consagrada na Constituição e vem sendo exercido com efetividade pelo MPF e pelo Ministério Público de todos os Estados.”
Tarso acha suposto caixa 2 ”questão secundária”
O ministro da Justiça, Tarso Genro, afirmou ontem que a suspeita de crime eleitoral contra partidos e políticos de oposição, levantada na Operação Castelo de Areia, “é uma questão secundária”. Segundo o ministro, ela só será objeto de investigação se o Ministério Público e a Justiça Eleitoral determinarem. Antes, afirmou Tarso, “é preciso checar se realmente ocorreram financiamentos ilegais”. Num visível esforço para apaziguar os ânimos no meio político, intrigado e alvoroçado com a ausência do PT e de parlamentares da base governista entre os envolvidos no escândalo, o ministro disse: “Reitero: o inquérito da Castelo de Areia não está acusando nenhum partido de ter recebido financiamento ilegal.”No conjunto foram sete os partidos acusados de recebimento ilegal de recursos, por meio de caixa 2, da Construtora Camargo Corrêa. São quase todos partidos de oposição. A lista também incluiu os senadores Agripino Maia (DEM-RN) e Flexa Ribeiro (PSDB-PA) e deputados, entre eles José Carlos Aleluia (DEM-BA).
Para TCU, empresa teria superfaturado Rodoanel
Auditoria realizada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) entre janeiro de 2007 e julho de 2008 encontrou indícios de superfaturamento na construção do trecho sul do Rodoanel, em São Paulo, com participação direta da empreiteira Camargo Corrêa, alvo principal da Operação Castelo de Areia, da Polícia Federal. A Procuradoria da República e a PF requisitaram ao órgão detalhes do suposto prejuízo aos cofres públicos causado pela empreiteira, calculado em R$ 39,6 milhões. Segundo o TCU, a obra, com valor estimado em R$ 3,6 bilhões, obteve “permissão de preços unitários até 30% acima dos preços de referência”. O ministro relator do processo, João Augusto Ribeiro Nardes, avalia o processo. A Camargo Corrêa, que trabalha em consórcio com a Serveng no lote 4 do Rodoanel, avisou que já apresentou sua defesa ao órgão.
PSDB fala em retaliar com CPI da Petrobrás
Irritados com o vazamento apenas de nomes de parlamentares da oposição que receberam doações da empreiteira Camargo Corrêa na eleição municipal do ano passado, senadores do PSDB ameaçaram ontem criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar obras da Petrobrás, em especial a da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Investigações da própria Operação Castelo de Areia, da Polícia Federal, e auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) detectaram indícios de superfaturamento nas obras da refinaria. Na avaliação de líderes de oposição, a operação da PF teve um “viés político”, ao deixar de lado as supostas irregularidades na obra. O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), tem dito em conversas com os líderes que não vai barrar a instalação de CPIs e vai respeitar a fila, isto é, a ordem cronológica dos requerimentos. Em havendo condições legais – assinaturas necessárias e indicação dos membros -, Sarney cumpre o ritual da instalação.
Sarney tratou da lista de investigações com líderes
O assunto das CPIs que estão na fila do Senado foi tratado abertamente ontem, no plenário, mas o sinal de alerta do Palácio do Planalto acendeu mesmo na semana passada. Na quarta-feira, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), abriu a reunião de líderes para discutir a pauta de votações e, surpreendendo a todos, apresentou lista de propostas de Comissões Parlamentares de Inquérito, algumas esquecidas na Mesa Diretora da Casa. Além da reação da oposição, por causa da Operação Castelo de Areia, o governo teme agora que a briga PT-PMDB também alimente o ambiente político propício à instalação de CPI. “Duas coisas me espantaram”, disse ao Estado o líder do PDT, senador Osmar Dias (PR). “Uma delas foi Sarney sacar da cartola uma CPI de 2007, para pôr na pauta do Senado.” O segundo motivo de espanto para o pedetista foi o mutismo geral dos líderes do governo e da oposição. Estavam na reunião, o líder do PT, Aloizio Mercadante (SP), o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), e o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR). Ministros e colaboradores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva avaliam que Sarney relacionou as quatro propostas de CPI que aguardam instalação desde 2007 para aliviar a tensão no Senado, transformando a comissão de inquérito em um front de artilharia voltada para Planalto.
”Tem recibo de doação? Apresenta”
A procuradora da República Karen Louise Jeanette Kahn, especializada no combate a crimes financeiros e lavagem de dinheiro, lamentou enfaticamente ontem a decisão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF 3), que sábado mandou soltar todos os investigados da Operação Castelo de Areia. Ela rechaçou viés político na investigação e destacou que os pedidos de prisão contra executivos da empreiteira Camargo Corrêa e doleiros “não tiveram como fundamento supostas doações ilegais a partidos, mas amparo em fartas provas de crimes financeiros e de lavagem”. Karen informou que, se ilícitos eleitorais forem identificados nessa etapa da apuração – análise de documentos apreendidos -, essa parte do caso será deslocada para o Ministério Público Eleitoral. Ela também rebateu críticas de advogados sobre a ação da Polícia Federal nas salas do departamento jurídico da Camargo Corrêa.
Deputado não poderá contratar sua empresa
Para dar uma resposta às suspeitas de irregularidades cometidas pelo deputado Edmar Moreira (sem partido-MG), a Mesa Diretora da Câmara aprovou uma série de mudanças nos gastos com verba indenizatória. Nenhum deputado poderá usar o recurso público para pagar serviços de empresas de sua propriedade ou de parentes até terceiro grau. Os gastos com segurança, que não tinham limite dentro dos R$ 15 mil mensais da verba indenizatória, ficarão restritos a 30% desse valor, ou R$ 4.500. O mesmo teto já limitava os gastos com combustível. Cada deputado pode gastar R$ 180 mil por ano com a verba indenizatória, o que soma um total para a Câmara de R$ 92,34 milhões. A partir de maio, os deputados estarão proibidos de usar a verba para pagar alimentação, serviços de assessoria, pesquisas e trabalhos técnicos. Todas essas despesas eram permitidas pelas normas antigas.
Superávit primário despenca 85%
A combinação de queda das receitas de impostos com o aumento das despesas, em velocidade ainda maior, fragilizou as contas públicas no primeiro bimestre do ano. A economia que o governo federal faz para pagar as despesas com juros da dívida pública – o chamado superávit primário – caiu 85,1% nos dois primeiros meses de 2009. Um tombo de R$ 17,53 bilhões em relação ao superávit do primeiro bimestre de 2008. No mês passado, o governo central teve um déficit de R$ 926,2 milhões, o primeiro resultado negativo em meses de fevereiro desde que o governo começou a calcular o indicador, há 12 anos. No bimestre, o superávit primário das contas do governo central (Tesouro Nacional, INSS e Banco Central) fechou em R$ 3,04 bilhões, ante R$ 20,58 bilhões em 2008. O desafio é grande porque o compromisso do governo é gerar, no primeiro quadrimestre, um superávit primário de R$ 17 bilhões.
Piora do resultado vem do aumento de gastos
O economista José Roberto Afonso, especialista em contas públicas, calculou que o aumento dos investimentos só representa 1% da deterioração do resultado primário do governo entre o primeiro bimestre de 2008 e o de 2009. O aumento das despesas de pessoal ativo e inativo e da Previdência Social, por outro lado, é responsável por 47% da deterioração, mais do que os 45% que podem ser atribuídos à queda da arrecadação tributária. Ele alerta que esses cálculos estão sujeitos a algum grau de imprecisão, por causa da “discrepância estatística” de 0,5 ponto porcentual entre o resultado primário do governo federal nas contas do Banco Central e do Tesouro Nacional – ambas divulgadas ontem. Para Afonso, o governo está fazendo “o contrário” do que se recomenda em termos de política anticíclica.
Folha de S. Paulo
PF diz que doleiro formava “organização” com executivos
Relatórios da Polícia Federal sobre a Operação Castelo de Areia revelam que dirigentes da construtora Camargo Corrêa mantinham um contato próximo com o doleiro Kurt Paul Pickel, apontado como o principal articulador do suposto esquema de evasão de divisas e lavagem de dinheiro instalado na alta diretoria da empresa.
“Kurt é o principal articulador do suposto esquema de evasão de divisas e lavagem de dinheiro da organização criminosa instalada na alta diretoria do grupo Camargo Corrêa”, diz trecho da investigação. Dezenas de conversas telefônicas entre os diretores e o doleiro e até encontros em hotéis e em estacionamentos, em São Paulo, foram monitorados pela polícia, que detalhou, por meio de um organograma, o papel de cada um no suposto esquema. A Camargo Corrêa informou que apenas seus advogados poderiam comentar o caso. Até as 20h30, eles não haviam se pronunciado.
Família de Jânio tenta repatriar “20 milhões”
Relatório de inteligência da Polícia Federal produzido durante a Operação Castelo de Areia revela que a família do ex-presidente Jânio Quadros (1917-1992) procurou ajuda na tentativa de repatriar 20 milhões em moeda não especificada, supostamente dinheiro depositado na Suíça. Logo no começo da investigação, segundo o relatório da PF, o doleiro Kurt Paul Pickel, um dos presos e apontado como principal articulador do esquema investigado pela operação, foi procurado por Marcos Augusto Henares Vilarinho, advogado contratado pela família do ex-presidente, para tentar localizar a quantia. O advogado diz que o acordo com a família é legal e está registrado. Ele confirma que fez um “contrato de risco” -caso localizasse o valor, ficaria com um percentual- e que procurou os serviços de “consultor” de Kurt Paul Pickel.
Ministro do TCU autorizou verba adicional à Camargo Corrêa
Em decisões sucessivas, o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Augusto Nardes mudou duas vezes de opinião e permitiu à Camargo Corrêa obter um pagamento extra maior no contrato para a construção da eclusa da hidrelétrica de Tucuruí, no Pará, obra incluída no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). O limite do pagamento adicional passou de R$ 62 milhões para R$ 155 milhões com as decisões do ministro, segundo o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes). A mudança foi possível porque, nas decisões de Nardes, passou de R$ 248 milhões para R$ 620 milhões o valor do contrato inicial da obra. É sobre esse valor que deve ser calculado o limite máximo de 25% para acertos adicionais ao contrato. Esse percentual é fixado pela Lei de Licitações.
Assessor diz que decisões foram técnicas
O chefe de gabinete do ministro Augusto Nardes, Alden Mangueira de Oliveira, afirmou que as decisões sobre a obra da eclusa de Tucuruí foram técnicas e não tiveram a intenção de beneficiar a Camargo Corrêa. Segundo Oliveira, o ministro reconheceu que, em 2006, a construtura não foi ouvida. Novos documentos apresentados pela empresa e pelo Dnit, disse, convenceram o ministro, que mudou sua decisão em junho de 2008. Sobre a decisão de dezembro, o ministro disse, segundo o assessor, que o Dnit mostrou novos documentos refazendo os cálculos e estabelecendo o valor do contrato para R$ 620 milhões.
PF teve má-fé e poupou PT, diz oposição
A exclusão de PT, PTB e PV do relatório final da Polícia Federal sobre a Operação Castelo de Areia, que investiga a construtora Camargo Corrêa, foi considerada pela oposição como a prova de que houve direcionamento para atingir os partidos que não apoiam o governo Lula. O PSDB já fala em criar a CPI da Petrobras. O partido apresentou requerimento para ouvir, no plenário do Senado, o ministro Tarso Genro (Justiça) e o diretor da PF, Luiz Fernando Corrêa. E defendeu uma CPI que tenha como foco a Refinaria do Nordeste, cujo nome de batismo é Refinaria Abreu e Lima.
“Vamos articular a CPI do superfaturamento da Petrobras, lá é que estão os podres, querem desviar a atenção dos brasileiros”, afirmou o senador Marconi Perillo (PSDB-GO), após o líder de seu partido, senador Arthur Virgílio (AM), propor a investigação. Citada no relatório da PF, a refinaria está sendo construída em Pernambuco pela Petrobras e pela estatal venezuelana PDVSA.
Bloqueio no Orçamento afeta mais os investimentos
Os investimentos -obras de infraestrutura e compras de máquinas, veículos e equipamentos- responderão por mais da metade do bloqueio de R$ 25,4 bilhões em gastos programados no Orçamento deste ano, que atingiu áreas prioritárias como educação, defesa e segurança pública.
Segundo portaria dos ministérios da Fazenda e do Planejamento, os investimentos autorizados dos ministérios e das secretarias vinculadas à Presidência da República serão reduzidos em R$ 14,3 bilhões, pouco menos de 30% dos R$ 49,9 bilhões previstos na lei orçamentária aprovada pelo Congresso -no total, as despesas anuais da União somam algo como R$ 600 bilhões.
Edmar responderá a processo no Conselho de Ética
Por unanimidade, a cúpula da Câmara determinou que o Conselho de Ética abra um processo de cassação contra o deputado Edmar Moreira (sem partido-MG) por suspeita de quebra de decoro parlamentar. Na mesma reunião, membros da Mesa Diretora decidiram também restringir o uso da chamada verba indenizatória. Uma comissão formada para investigar os gastos de Edmar constatou que o deputado usou notas de suas próprias empresas de segurança, a Itatiaia e a Ronda, para o ressarcimento com os gastos da verba indenizatória. No total, ele declarou gastos de R$ 246 mil entre 2007 e 2008 com segurança.
O presidente do Conselho de Ética, José Carlos Araújo (PR-BA), afirmou que pretende instaurar o processo contra Edmar ainda hoje. Depois de aberto o processo, a renúncia não o livrará de ficar inelegível até 2019, caso seja cassado.
Gabinetes exigem reembolso por horas extras
Três semanas depois de a Folha revelar que o Senado pagou hora extra para 3.883 servidores no recesso de janeiro, 24 gabinetes determinaram a devolução do dinheiro. O Senado não informa quanto será devolvido do total de R$ 6,2 milhões pagos (alega que isso seria quebrar sigilo bancário) nem o número de servidores atingidos. Funcionários de ao menos dez gabinetes tiveram o valor descontado na semana passada de uma só vez. Há senadores, porém, que autorizaram o desconto em dez vezes.
Polícia nega que operação tenha conotação política
A Polícia Federal rebateu ontem acusações de que a Operação Castelo de Areia tenha tido conotação político-partidária. O órgão divulgou nota em que reitera como motivação a investigação de crimes financeiros e de lavagem de dinheiro. O diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa, foi a público afirmar que a publicidade dos dados da investigação, incluindo doações eleitorais a partidos, só ocorreu após as sentenças da Justiça Federal. A oposição criticou tanto a divulgação de nomes de políticos e partidos que supostamente receberam doações ilegais da empresa quanto a exclusão, no relatório final, das siglas governistas PT, PTB e PV, também citadas em diálogos interceptados na operação. Segundo a PF, as doações a esses partidos foram, em princípio, legais.
Polícia comete “dicionário de abusos”, diz Mendes
Ao comentar ontem a Operação Castelo de Areia, da Polícia Federal, o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes, afirmou que existe no país um “dicionário de abusos” já cometidos por autoridades policiais, o que, segundo o ministro, leva à necessidade de uma “corregedoria judicial da polícia”. Mendes também criticou o controle externo da polícia exercido pelo Ministério Público, taxado por ele como “litero-poético-recreativo”. “Já estamos cansados, temos um elenco, um dicionário de abusos, sabemos mais ou menos de cor e salteado, de A a Z, o que se pode fazer em série de abusos”, afirmou.
Militares homenageiam vítimas da guerrilha de esquerda na ditadura
Em comemoração aos 45 anos do golpe militar de 1964, que derrubou o governo do presidente João Goulart, clubes que reúnem oficiais da reserva de Exército, Marinha e Aeronáutica descerraram ontem três placas com 126 nomes de vítimas de ações armadas de grupos de esquerda em 21 anos de ditadura militar. Do lado de fora da solenidade no Clube Militar, comemorativa do que o convite chamou de 45º aniversário da “Revolução Democrática de 31 de março de 1964”, houve protestos de dezenas de estudantes, contra o que chamaram de “festa dos assassinos”. O comandante Militar do Leste, general Rui Alves Catão, evitou se associar às homenagens ao golpe, dizendo que havia comparecido apenas para assistir à palestra do economista Ubiratan Iório.
Correio Braziliense
Mais rigor com a verba indenizatória
Os hábitos nada morais dos deputados de usar dinheiro público para engordar as contas bancárias das próprias empresas, ou pagar consultorias que não prestam os serviços, podem estar com os dias contados na Câmara. A partir de maio, os parlamentares terão de se submeter a uma série de regras para utilização dos R$ 15 mil aos quais têm direito por meio da verba indenizatória. A decisão foi anunciada ontem pela Mesa Diretora da Casa, numa tentativa de colocar um fim à enxurrada de denúncias que a instituição vem enfrentando desde o início do ano. A imposição de limites vinha sendo estudada pela Mesa desde fevereiro e era considerada pelo presidente Michel Temer (PMDB-SP) como a melhor saída para frear a gastança sem regras dos deputados. Na manhã de ontem, por unanimidade, a proposta de mudanças foi aprovada e passará a valer em maio.
Moreira no banco dos réus
Telefonemas e conversas ao pé de ouvido com os colegas parlamentares marcaram o dia do deputado Edmar Moreira (sem partido-MG). Aparentemente nervoso, o mineiro tentou fazer lobby a seu favor enquanto a Mesa Diretora discutia a possibilidade de encaminhar as denúncias contra ele ao Conselho de Ética. Durante a maior parte do tempo, caminhou por corredores e plenário, abraçando e se lamentando para os colegas. Em resposta, ouvia palavras de solidariedade e apoio, além das mais diferentes teorias para justificar a onda de denúncias que tem enfrentado desde que conseguiu se eleger segundo vice-presidente da Casa. Cargo, aliás, que renunciou dias depois.
Terceirização está longe do fim no Legislativo
Quem aposta que a crise administrativa do Senado abrirá caminho para novos concursos públicos é melhor mudar de ideia. O cenário é pessimista dentro do Congresso. A onda de denúncias contra empresas terceirizadas não deve se refletir na imediata substituição delas por servidores efetivos. Falta dinheiro, vontade política, e também há entraves burocráticos, que envolvem contratos assinados que, segundo os parlamentares, não podem ser rompidos de uma hora para outra. Politicamente, o discurso adotado é o de trocar, aos poucos, empresas que fornecem mão de obra por quem passou por um exame de seleção. Na prática, a realidade é bem diferente. Senado e Câmara alegam que não têm orçamento suficiente para simplesmente trocar os terceirizados por concursados.
PF: ação não tratava de caixa 2
A Polícia Federal vai confrontar todas as doações de campanha feitas pela Camargo Corrêa com os registros no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para averiguar se havia pagamentos ilegais a partidos políticos. A partir do levantamento, se ficarem constatadas irregularidades, um novo inquérito será aberto. A Operação Castelo de Areia, desencadeada há uma semana, apurou, segundo a PF, apenas crimes financeiros e lavagem de dinheiro. Ontem, o diretor da corporação, Luiz Fernando Corrêa, descartou que esteja investigando siglas partidárias e afirmou que cabe à Justiça Federal em São Paulo explicar os vazamentos de informações do caso.
Polêmica no aniversário do golpe militar de 1964
A inauguração de placas de militares mortos por militantes de esquerda, durante a ditadura, e manifestações de estudantes pela abertura de arquivos públicos marcaram, no Rio de Janeiro, as comemorações dos 45 anos do golpe de 1964. Tudo aconteceu no Clube Militar, onde se reúnem os oficiais da reserva das Forças Armadas, e onde estava ocorrendo uma palestra sobre o crescimento da economia brasileira nas décadas de 1970, no quinto andar da instituição. No térreo, protestos contra a morte de mais de cem pessoas neste período. Na instituição, onde se encontram os principais defensores da ação desencadeada para derrubar o governo de João Goulart, também estava o comandante Militar do Leste, Rui Catão. O presidente do Clube Militar, o general da reserva Gilberto Figueiredo, culpou a esquerda pelo prolongamento do regime autoritário. “O mandato do presidente Costa e Silva (1967-69) muito provavelmente teria sido o último ciclo cívico militar de 64, não fosse a explosão da violência comunista”, disse Figueiredo.
O Globo
Arrecadação e gastos com pessoal estouram contas
Uma combinação de queda forte na arrecadação de impostos e aumento de gastos – especialmente com pessoal – fez com que, em fevereiro, a União registrasse o primeiro déficit primário (antes do pagamento de juros da dívida) para este mês em 12 anos. O rombo foi de R$ 926,2 milhões. Em fevereiro de 2008, o superávit tinha sido de R$ 5,2 bilhões. O resultado já era esperado pelos analistas, mas muitos agora sugerem que o governo reveja suas metas para as contas públicas. No bimestre, o superávit recuou de R$ 20,5 bilhões para R$ 3 bilhões. Em fevereiro, as receitas caíram 3,5% e as despesas cresceram 14,3%.
Enem com 2 testes pode substituir vestibular
Um Enem com testes duas vezes por ano é a proposta do MEC para substituir o vestibular. A nota valeria em todo o país, e o candidato entraria em qualquer universidade, se alcançasse a nota mínima exigida na instituição. A proposta foi enviada aos reitores, mas as universidades têm autonomia para decidir.
PF acusa juiz por vazamento de doações
O diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa, acusou o juiz Fausto De Sanctis pelo vazamento das doações investigadas na Operação Castelo de Areia e disse que a instituição não agiu politicamente.
Orçamento corta mais investimento que custeio
Os cortes no Orçamento deste ano afetaram mais os investimentos do governo do que as despesas de custeio. De um total de R$ 25 bilhões bloqueados, R$ 14,3 bilhões (57,2%) são gastos de investimento — que caíram de R$ 47,9 bilhões para R$ 33,6 bilhões. A área de segurança foi fortemente afetada, e o ministro da Justiça, Tarso Genro (PT), reclamou abertamente. O Ministério da Justiça, que teve R$ 1,2 bilhão (43%) do orçamento contingenciado, informou que a medida inviabilizará a construção de 3.368 novas vagas em oito presídios construídos especialmente para jovens e mulheres, pelo Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), e de 2 mil vagas no sistema prisional estadual, previstas para este ano, com recursos do Fundo Penitenciário.
Jornal do Brasil
Consumo de crack por trás da violência
A prisão de Augusto César de Souza – assassino da estagiária Karla Leal dos Reis na estação do metrô do Estácio – revelou que o morador de rua estava sob efeito de crack quando atirou. Seu consumo cresceu mais do que qualquer outro no Rio. Uma pesquisa constatou que as apreensões desse subproduto da cocaína triplicaram no primeiro semestre do ano passado, em relação ao mesmo período do ano anterior. Hoje, 80% dos dependentes que chegam aos abrigos públicos são viciados em crack.
Medidas ágeis podem salvar o país da crise
A intensidade dos efeitos da crise sobre o Brasil será ditada não só por medidas de defesa mas principalmente pela agilidade na resposta do governo nestes três próximos trimestres. Para analistas, um novo corte de 1,5 ponto percentual na taxa de juros é imperativo.