Folha de S. Paulo
Como Lula, Crivella faz carta anti-rejeição
Líder na pesquisa Datafolha para a Prefeitura do Rio com 26%, mas também alvo da maior rejeição, 29%, o candidato Marcelo Crivella (PRB) repetiu ontem gesto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na campanha de 2002: lançou uma "Carta ao Povo do Rio de Janeiro", assumidamente inspirada na "Carta ao Povo Brasileiro" de seis anos atrás.
O marqueteiro de Crivella é Duda Mendonça, o mesmo de Lula em 2002. Se o petista queria "tranqüilizar o mercado, os empresários e os eleitores", como lembrou textualmente Crivella em seu manifesto, o senador integrante da Iurd (Igreja Universal do Reino de Deus) teme que sua filiação religiosa lhe tire votos. "Gostaríamos de que essa carta pudesse de alguma forma derrubar preconceitos", afirmou em entrevista.
Em três páginas e 12 itens, sua carta reconhece que a candidatura gera "inquietações naturais". Para diminuir as resistências, Crivella prometeu não ter entre os secretários municipais nenhum membro da Iurd. Ele não citou o nome da agremiação. Referiu-se a ela como "minha Igreja". "Não serei de forma alguma o prefeito de uma instituição religiosa."
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Comprometeu-se a assegurar a "liberdade religiosa" e a "liberdade de expressão". Em todo o país, pastores e fiéis da Iurd acionam judicialmente jornalistas e empresas jornalísticas -inclusive a Folha- que veicularam reportagens sobre a Universal.
Alckmin e Marta ainda têm dívidas de campanha antiga
Os dois candidatos à Prefeitura de São Paulo mais bem colocados nas pesquisas de intenção de voto, Marta Suplicy (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB), começam suas campanhas sem terem pago ainda as dívidas de pleitos anteriores. Débitos contraídos pela campanha de Marta estão abertos há dez anos, desde 1998. O Diretório Nacional do PSDB e o Diretório Regional do PT paulista assumiram os débitos e alegam negociar os pagamentos.
Alckmin deve hoje, em valores informados pelo PSDB nacional, cerca de R$ 11,9 milhões. Ao concorrer, e perder, à Presidência da República em 2006, ele deixou dívidas de R$ 19,9 milhões, para uma arrecadação total de R$ 79 milhões -o presidente Luiz Inácio Lula da Silva também deixou uma dívida de R$ 7 milhões, no final do pleito em que superou Alckmin e se reelegeu. A dívida do ex-governador foi assumida pelo Diretório Nacional do PSDB, em Brasília. Desde então, o partido disse ter pago cerca de R$ 8 milhões.
País terá 400 mil candidatos neste ano, estima o TSE
O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) estima em 400 mil o número de candidatos a prefeito, vice-prefeito e vereador nas 27 unidades federativas nas eleições municipais de outubro. Em 2004, último pleito municipal, 375.734 candidatos entraram na disputa.
Termina hoje o prazo para o registro de candidaturas no TSE, mas o número total de candidatos só estará contabilizado pelo tribunal no dia 14 de julho. O TSE espera levar pelo menos uma semana para reunir os dados de candidatos inscritos nos tribunais regionais eleitorais de todo o país.
O prazo para os partidos e coligações apresentarem o registro de candidaturas à Justiça Eleitoral terminou na noite do último sábado, mas os candidatos escolhidos em convenção que não tiverem o pedido apresentado por suas legendas podem ser registrados até as 19h (horário de Brasília) de hoje.
Dados contabilizados pelo TSE até o fechamento desta edição apontavam o registro de 1.192 candidaturas a prefeito, 1.183 a vice-prefeito e 20.766 a vereador, um número muito abaixo do total estimado pelo TSE. Dos 375.734 candidatos que entraram na disputa em 2004, 15.566 concorreram às prefeituras, 15.492 às vice-prefeituras e 344.676 às Câmaras Municipais.
Governo eleva renúncia fiscal em 44%
Com um aumento de 44,21% em relação ao ano passado, o volume de impostos de que Receita Federal abrirá mão de arrecadar em 2008 deverá ultrapassar a marca de R$ 76 bilhões, quase o dobro dos investimentos públicos autorizados até dezembro. Segundo estimativa oficial, a cada R$ 100 cobrados pelo fisco neste ano, R$ 16,50 serão objeto de renúncia.
O dinheiro que deixa de entrar nos cofres públicos deveria, em grande parte, estimular o crescimento da economia e favorecer novos investimentos. Mas o TCU (Tribunal de Contas da União) insiste em que os benefícios fiscais, em alta acentuada desde o primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, são uma fonte de desperdício de dinheiro público porque falta controle sobre os seus resultados. Trata-se de um gasto público indireto, o chamado gasto tributário, cujos resultados são considerados nebulosos pelo tribunal.
Por dia, estrangeiro compra "6 Mônacos" de terra no país
A cada hora, fazendeiros e investidores estrangeiros têm comprado ao menos 0,5 km2 de terras brasileiras. Isso significa que, ao final de um dia, 12 km2 estarão legalmente em mãos de pessoas físicas ou jurídicas de outras nacionalidades.
Isso equivale a uma área semelhante a seis vezes o território de Mônaco (com área de 1,95 km2) ou a 7,5 vezes a extensão do parque Ibirapuera (área de 1.584 km2).
O ritmo da chamada "estrangeirização" de terras foi medido pela Folha a partir de dados do SNCR (Sistema Nacional de Cadastro Rural) num intervalo de seis meses, entre novembro de 2007 e maio de 2008. Nesse período, estrangeiros adquiriram pelo menos 1.523 imóveis rurais no país, numa área somada de 2.269,2 km2. No mesmo intervalo, eles se desfizeram de ao menos 151 imóveis rurais, que totalizam 216 km2.
Entre compras e vendas, o saldo é de 1.372 imóveis a mais na mão de estrangeiros -2.053,2 km2.
De acordo com o documento do SNCR obtido pela reportagem, o total de áreas em nome de estrangeiros no país passou, no intervalo, de 38,3 mil km2 para 40,3 mil km2, um ritmo puxado pela soja, mas também motivado pela pecuária, pelos incentivos oficiais à produção de etanol e biodiesel e pelo avanço do preço da terra.
O Estado de S. Paulo
Depósito complica aliado de Paulinho
A Polícia Federal descobriu um novo depósito de R$ 82,1 mil na conta da ONG Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Pesquisa Política, Social e Cultural do Trabalhador – Luta e Solidariedade, que foi dirigida por Eleno José Bezerra, vice-presidente da Força Sindical e aliado do deputado Paulo Pereira da Silva. O repasse foi feito em 28 de março, como revela a quebra do sigilo bancário da entidade.
A Operação Santa Tereza apontou Paulinho como integrante de organização criminosa para desvio de verbas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A PF supõe que o dinheiro que foi parar no caixa da Luta e Solidariedade saiu do BNDES e teve Paulinho como destinatário. O parlamentar nega qualquer vínculo com a organização.
Paulinho vai ser ouvido pela PF em agosto. O depoimento será registrado no inquérito aberto pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Após tomar as explicações do deputado, a PF vai remeter ao Supremo e à Procuradoria-Geral da República todos os dados que reuniu sobre a presumida ligação de Paulinho com os principais acusados da Santa Tereza. Amanhã, o deputado vai depor no Conselho de Ética da Câmara, no processo que pede a sua cassação.
Ex-assessor vai depor sobre compra de fazenda
Preso desde a Operação Santa Tereza, no final de abril, por suspeita de desvio de recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES), o lobista João Pedro de Moura, que foi assessor do deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (PDT-SP), sairá da prisão no próximo dia 15, direto para o banco dos réus.
Moura é um dos 12 acusados de superfaturar em R$ 1 milhão a compra da Fazenda Ceres, em Piraju, no sudoeste paulista, a 330 quilômetros de São Paulo, adquirida com verba da União. O juiz da 1ª Vara Federal de Ourinhos, João Batista Machado, interrogará pessoalmente os oito principais acusados. Outros três serão ouvidos por carta precatória.
As audiências começam dia 14, quando será ouvido o ex-prefeito de Piraju, Maurício de Oliveira Pinterich (PSDB). Os réus foram denunciados pelo Ministério Público Federal pelos crimes de estelionato, falsidade ideológica e falsificação de documentos.
Em SP, candidatos vão às ruas, mas evitam confronto
Depois de trocarem farpas durante semanas seguidas, os três principais candidatos à Prefeitura de São Paulo deram a largada na campanha eleitoral, ontem, com a mesma agenda – uma visita à 17ª Festa das Nações, organizada anualmente pela comunidade de Ermelino Matarazzo, na zona leste – e adotando um tom bem mais ameno, evitando críticas mútuas.
A ex-ministra Marta Suplicy apareceu de manhã e Geraldo Alckmin (PSDB) e Gilberto Kassab (DEM) foram no início da noite. Quando o tucano encerrava a visita, de um lado, o prefeito apareceu na outra ponta da festa. A 326ª Zona Eleitoral, da região visitada, abriga 104.305 eleitores aptos a votar em outubro, de acordo com informações da Justiça Eleitoral.
Feliz com os novos números da pesquisa Datafolha, que lhe deram uma dianteira de sete pontos sobre Alckmin (38% a 31%), Marta chegou na hora em que começava a missa das 10 horas. Depois saiu circulando pelas barracas,cuja receita é destinada a um lar de idosos comandado por Antonio Luiz Marchioni, líder comunitário conhecido como padre Ticão. Somente as paróquias engajadas sob comando do religioso reúnem de 15 mil a 20 mil pessoas.
O Globo
Na estréia, candidatos apelam para padrinhos
No primeiro dia de campanha eleitoral nas ruas, três candidatos à prefeitura do Rio – Jandira Feghali (PCdoB), Marcelo Crivella (PRB) e Eduardo Paes (PMDB) – associaram seus nomes ao do presidente Lula, enquanto Fernando Gabeira (PV), que está coligado ao PSDB, elogiou projetos do governador tucano José Serra. Já Solange Amaral (DEM), que defendeu a gestão de Cesar Maia, participou de festa em clube promovida pela subprefeitura da Tijuca.
Comandante ordena prisão de policiais por extorsão
O comandante-geral da Polícia Militar, coronel Gilson Pitta, informou que já determinou a prisão de todos os policiais flagrados pelo Globo abordando motoristas e liberando irregularmente veículos com IPVA e multas em atraso, no Aterro do Flamengo. A reportagem publicada ontem mostrou que policiais são suspeitos de cobrar propinas dos motoristas, depois de acessar dados do Detran, por palmtop.
Ingrid já rivaliza com Uribe em popularidade
O resgate de 15 reféns das Farc aumentou para 91% a popularidade do presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, mas criou dois adversários de peso para uma possível reeleição em 2010: Ingrid Betancourt e o ministro da Defesa, Juan Manuel Santos, um dos estrategistas da operação. Ambos tinham 79% e 76% de popularidade, respectivamente, em pesquisas divulgadas ontem. Em entrevista, Ingrid afirmou que voltar à política “parece ser seu destino”. Ela disse querer escrever uma peça de teatro sobre o cativeiro.
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