Folha de S.Paulo
Deputados costuram saída "honrosa" para corregedor
Junto com o presidente da Câmara, deputado Michel Temer (PMDB-SP), líderes partidários costuram uma saída honrosa para o novo corregedor da Casa, Edmar Moreira (DEM-MG), envolto em denúncias. O acordo, já fechado, o afasta da corregedoria, mas o mantém na Mesa Diretora, como segundo-vice-presidente. Se o acerto for sacramentado com esse formato, o deputado mineiro continuará envolvido diretamente no julgamento de processos contra congressistas e participará da escolha do novo corregedor. O acordo também não garante independência à corregedoria, que se mantém sob as asas da Mesa.
A saída encontrada para evitar mais desgaste para a Câmara -com novas denúncias contra Moreira- é votar projeto de resolução do deputado Raul Jungmann (PPS-PE), apresentado anteontem. O texto diz que o corregedor e outros três corregedores substitutos serão designados pelo presidente da Câmara, a cada dois anos. Hoje, eleito por seus colegas, o segundo-vice assume automaticamente a função de corregedor. "Minha intenção é colocar esse projeto de resolução para ser votado na terça, em regime de urgência. Falei com o deputado Edmar Moreira hoje [ontem] pela manhã e ele concordou plenamente [em deixar a Corregedoria]", disse Temer.
A proposta segue o que já é feito no Senado, transformando a corregedoria em um órgão distinto da Mesa, a figurar ao lado de outros órgãos internos, como a procuradoria e a ouvidoria parlamentar.
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Pelo projeto, o corregedor continua sendo o responsável por julgar casos de quebra de decoro. Os processos, porém, teriam que ser chancelados pelos representantes da Mesa antes de ir ao Conselho de Ética. Ontem, em conversa com colegas da Mesa, Moreira mostrou-se satisfeito com o acordo. O resultado vai depender de outros fatores. Se novas denúncias surgirem, a tendência é aumentar a pressão política para que ele renuncie da Mesa.
Aécio se reúne com presidente, elogia Dilma e afirma que "ninguém deve temer prévias"
Depois de se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), fez elogios ao presidente, à ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) e ao PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), principal vitrine do governo. Aécio ainda mandou um recado dizendo que "ninguém deve ter medo de disputar prévias". O governador de Minas disputa com o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), a indicação do seu partido para concorrer à Presidência da República em 2010.
Aécio vem defendendo a realização de prévias para a escolha do candidato tucano. "Ninguém deve temer as prévias, principalmente um partido com a maturidade do PSDB." Segundo ele, "não dá para deitar em berço esplêndido e achar, porque os nossos candidatos estão na frente nas pesquisas eleitorais, que vencemos as eleições". Aécio ainda comparou seu governo com o de São Paulo ao citar que, na competição Olimpíadas da Matemática, Minas "lidera com larga margem com relação a Estados mais estruturados, como São Paulo."
O governador se recusou a apontar quem foi melhor para o país: o governo Fernando Henrique ou o de Lula.
"Foram momentos distintos, todos contribuíram." Mas ressaltou que o próximo presidente irá receber um país " certamente muito melhor", embora com a ressalva de que Lula também recebeu um país melhor das mãos de FHC.
O prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), que estava com Aécio, afirmou que "o sentimento" em Minas é que nas prévias Aécio vence Serra, mas "se a indicação for da cúpula, o Serra ganha".
Governo prepara público de 4.000 prefeitos para Dilma
A ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) terá na próxima semana mais um palanque para reforçar sua imagem de pré-candidata à Presidência da República, quando mais de 4.000 prefeitos empossados em janeiro estarão em Brasília para um encontro nacional patrocinado pelo governo federal.
Além de municiar os prefeitos sobre os programas do Executivo, o Palácio do Planalto anunciará medidas para socorrer os administradores que assumiram municípios com dificuldades financeiras, incluindo-os no pacote de benesses anticrise do governo. Entre as medidas estão facilidades para o pagamento da contribuição ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) das prefeituras que estão inadimplentes. A equipe do Ministério da Fazenda ainda não chegou a uma conclusão de que forma a proposta será colocada em prática, como o número de parcelas do financiamento da dívida ou se haverá desconto para estimular o pagamento. A informação foi dada pelo ministro José Múcio (Relações Institucionais), que esteve reunido anteontem com Guido Mantega (Fazenda).
"Vamos antecipar uma série de providências para a geração de empregos nos municípios", afirmou o ministro, que evitou detalhar o pacote. "Não é um perdão. Vamos facilitar o pagamento do INSS. Os técnicos da Fazenda estão reunidos para ver o que podem fazer", disse. Segundo a Receita Federal, as prefeituras podem parcelar em até 60 meses qualquer imposto que deixou de ser pago, inclusive a contribuição previdenciária. Se é feito um reparcelamento, a prefeitura tem que pagar um pedágio de 20% do total da dívida. No terceiro pedido de parcelamento, o pedágio passa a ser de 50%.
Órgãos estatais gastam R$ 300 mil com anúncio em revista dos EUA
Encarte publicado na última edição da revista americana "Foreign Affairs" com elogios ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e à ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) custou R$ 303 mil para dois órgãos. O BNDES investiu R$ 180 mil na edição e a Embratur, R$ 123 mil. O governo nega que tenha orientado os órgãos a patrocinarem o anúncio, que cita em um dos textos a candidatura de Dilma às eleições presidenciais de 2010.
A Petrobras também anunciou no encarte, mas a empresa se recusou a informar o valor pago. A propaganda da Petrobras ocupa uma página do anúncio, nos mesmos moldes da publicada pelo BNDES. As três empresas admitiram à Folha que decidiram anunciar na revista depois que foram procuradas pela publicação e não porque estavam em busca de veículos para divulgar suas marcas.
A revista informou que trabalha em parceria com a empresa Strategicmedia que elaborou o encarte e não divulgou o valor recebido. Disse apenas que o trabalho foi feito como nos demais países, quando se busca parceiros para bancar a publicação.
A CGU (Controladoria Geral da União) disse que não vê problemas no fato de a Embratur ter desembolsado R$ 123 mil para publicar um anúncio e uma entrevista da sua presidente, ilustrada com foto. "Parece natural, e até desejável, que a Embratur compre espaço publicitário em publicações estrangeiras para promover o Brasil no exterior", informou. A Embratur afirmou que foi procurada pela publicação e que considerou que o anúncio seria uma forma de atrair investimentos e turistas. O BNDES disse que foi um anúncio institucional e que decidiu pelo investimento por ser uma revista que "divulga o Brasil". A Petrobras disse que não divulga os valores dos seus contratos. O Planalto informou que não se trata de publicidade, o que é proibido pela Constituição, mas de reportagem sobre o Brasil.
Lula escuta apelos pela reforma agrária durante enterro de deputado no RS
O funeral do deputado federal Adão Pretto (PT-RS), morto anteontem vítima de pancreatite, transformou-se em um ato pró-reforma agrária. Sob bandeiras de movimentos sociais, cerca de mil pessoas se reuniram no cemitério Jardim da Paz, em Porto Alegre, em cerimônia que mesclou serviço religioso e política. O presidente Lula viajou à cidade junto com sete ministros e ouviu cobranças pela reforma agrária. A mais incisiva delas partiu do bispo de Goiás e conselheiro da CPT (Comissão Pastoral da Terra), dom Tomás Balduíno.
"Nossa reforma agrária cadê?", questionou o bispo ao discursar na capela, diante de Lula. "Ele [Pretto] deve estar se perguntando a quem de direito", afirmou dom Tomás. De origem camponesa, Adão Pretto, 63, foi fundador do MST no Rio Grande do Sul e cumpria o quinto mandato na Câmara dos Deputados. Citando uma parábola do evangelho de Mateus (13:24), o bispo comparou a agricultura familiar ao trigo e o agronegócio ao joio. Dom Tomás também disse que o "trigo virou minoria no Congresso" e criticou a governadora Yeda Crusius (PSDB-RS) por, segundo ele, reprimir organizações populares. Foi interrompido por aplausos três vezes.
Um dos filhos do congressista, Edgar Pretto também se dirigiu ao presidente, em discurso: "Que o senhor use todos os instrumentos que tem para fazer a reforma agrária". Com os olhos marejados, Lula foi o último orador e não se referiu às cobranças. Lembrando que era amigo do deputado há mais de 30 anos, o presidente citou o episódio da morte de sua mãe, em 1980, no período em que estava preso por exercer atividade sindical, para se referir ao sentimento de perda da família diante da morte. "Um homem não vale pela quantidade de discursos que fez, pela quantidade de anos que viveu; nós seres humanos valemos pela qualidade de vida, pelos compromissos e lutas que temos em vida", disse.
O Estado de S. Paulo
Câmara apressa projeto para tirar dono de castelo da corregedoria
O plenário da Câmara dos Deputados deve votar na terça-feira, em regime de urgência, projeto de resolução que tira do segundo-vice-presidente da Casa, deputado Edmar Moreira (DEM-MG), a função de corregedor-geral. Pressionado até por seu próprio partido, Moreira já disse ao presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), que concorda em perder o posto de corregedor, mas não a segunda-vice-presidência. "Aí é outro assunto, já que ele foi eleito pelo plenário", disse Temer.
Depois de eleito, Moreira declarou que não encaminharia ao Conselho de Ética nenhum processo de cassação contra colegas que, porventura, viessem a quebrar o decoro parlamentar. E deu uma prosaica justificativa: "Temos o vício insanável da amizade". As declarações soaram a corporativismo e irritaram alguns deputados. O presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), tem pressionado Moreira a renunciar até ao cargo de segundo-vice. Não só por causa de suas opiniões contrárias aos processos, mas porque Moreira é suspeito de ter ocultado da Justiça Eleitoral a propriedade de um prédio em forma de castelo em São João Nepomuceno (MG), a cerca de 250 quilômetros de Belo Horizonte. O castelo está à venda por R$ 20 milhões.
Foi por causa do "vício insanável da amizade" que Edmar Moreira conseguiu passar a perna no candidato oficial do DEM para a segunda-vice-presidência, deputado Vic Pires Franco (PA), e ganhar o voto dos colegas. Durante o processo do mensalão – escândalo em que parlamentares foram acusados de receber dinheiro em troca de apoio ao governo -, Edmar Moreira defendeu os colegas processados por quebra de decoro parlamentar.
Abin é suspeita de avisar família Sarney sobre processo sigiloso
Uma interceptação telefônica feita pela Polícia Federal em abril do ano passado, com autorização da Justiça, captou uma conversa entre o senador José Sarney (PMDB-AP) e seu filho Fernando Sarney. No diálogo, o presidente do Senado pergunta ao filho, que é empresário, se ele havia recebido informações da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), supostamente sobre um processo judicial que, então, corria em sigilo.
Na gravação de 3 minutos e 32 segundos, no dia 17 de abril do ano passado, Fernando pergunta ao pai se há alguma novidade sobre "aquele meu negócio", que seria um processo sigiloso protocolado na 1ª Vara da Justiça do Maranhão. Sarney responde: "Não, até agora não me deram nada." Fernando prossegue: "Muito bem, mas eu aqui já tive notícia, aqui do Banco da Amazônia." O senador pergunta: "É, né. Da Abin?" E o filho responde: "Também."
A PF informou que a menção à Abin não é suficiente para abrir uma investigação específica a fim de apurar se agentes do órgão passaram para a família Sarney informações sobre uma operação policial em andamento. De acordo com delegados ouvidos pelo Estado, essa foi a única citação da Abin nas várias horas de gravações feitas, por isso dizem não ser possível levantar suspeitas sobre a participação de seus agentes nesse episódio. O suposto vazamento de informações pela agência seria sobre a Operação Boi Barrica, em que a PF investiga a possibilidade de uma empresa de Fernando Sarney estar envolvida com esquema de financiamento ilegal na campanha eleitoral de 2006. Tal suspeita foi suscitada pelas interceptações telefônicas e pelo comportamento das pessoas envolvidas depois de informadas da existência de uma operação policial, segundo ofício encaminhado pela PF à 1ª Vara Criminal de São Luís, onde o caso é investigado.
Aécio elogia Dilma e critica "unidade forjada" no PSDB
O governador de Minas Gerais, Aécio Neves – um dos pré-candidatos tucanos à Presidência, em 2010 -, disse ontem não temer a candidatura da atual ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. Ao sair de uma audiência com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Aécio elogiou a ministra e disse que "políticos experimentados" não podem ter medo de disputas. O governador também insistiu na realização de prévias para definir o candidato de seu partido em 2010.
"Não tenho dúvidas em afirmar que, se for candidata, a ministra é garantia de uma campanha de altíssimo nível", disse o tucano. "É um privilégio para o Brasil ter alguém de sua qualidade disputando eleições, independentemente das nossas diferenças. Ninguém pode ter medo de uma disputa eleitoral, sobretudo nós, que já estamos experimentados. Tenho o maior respeito pela ministra, assim como pelo presidente. Mas, obviamente, no momento da disputa, o que teremos de apresentar são propostas."
Aécio lembrou que, pela primeira vez desde a redemocratização do País, Lula não será candidato, e considerou que esse fato terá um peso, até mesmo psicológico, bastante importante. "O presidente terminará seu governo bem avaliado pela população, fez por onde, tem seus méritos, teve a fortuna de administrar grande parte do seu governo no ambiente extremamente favorável da economia internacional. Tudo isso se compõe em ativo do presidente. Mas a disputa se dará em torno de proposta", disse, acrescentando que seu partido terá de decidir que idéias apresentar para o "pós-lulismo".
Governo gastou R$ 467 mi com diárias em 2008
De janeiro a dezembro de 2008, o governo federal gastou R$ 467,5 milhões com diárias de viagens, o que dá uma média de mais de R$ 1,3 milhão ao dia. O valor ficou 7% acima do ano anterior, quando as despesas com essa rubrica somaram R$ 436,8 milhões. Pela primeira vez nos dois mandatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os gastos com diárias, que vinham se mantendo estáveis, subiram mais que a inflação.
Os dados consolidados estão no Portal da Transparência, da Controladoria-Geral da União (CGU), que detalha o pagamento de 260 mil diárias a servidores federais da administração direta em 2008. Os números não incluem os órgãos que trabalham em missões sigilosas, como a Polícia Federal e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Nesse caso, a despesa sobe para R$ 538,3 milhões em 2008, ante R$ 528,8 milhões no ano anterior, variação de apenas 2%. Em seis anos da era Lula, de janeiro de 2003 a dezembro de 2008, o governo gastou R$ 2,45 bilhões com diárias de viagens de funcionários, conforme os dados disponíveis no portal. A média anual foi de R$ 407 milhões, 10% acima da média de R$ 370 milhões anuais verificada no segundo mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
O Ministério do Planejamento relativizou o crescimento dos gastos com diárias, alegando que, descontada a inflação, a variação real foi de apenas 2%. O aumento, conforme a assessoria do ministério, fica ainda mais diluído quando se observa que nos anos anteriores o gasto se manteve estável, com variação perto de zero. A suspeita de descontrole de gastos é rebatida com outros dados comparativos. Para a CGU, mais diárias não significam necessariamente um mal. "Ao contrário, pode ser um indicativo de aumento nas atividades do governo", explicou o órgão, em nota.
Correio Braziliense
Corregedor com os dias contados
O segundo vice-presidente da Câmara, Edmar Moreira (DEM-MG), está a um passo de perder a Corregedoria da Casa. O presidente Michel Temer (PMDB-SP) e líderes partidários fecharam acordo para votar na terça-feira projeto que desmembra o posto ocupado pelo deputado e cria um órgão de investigação independente da Mesa Diretora.
O acordo foi costurado por Temer e já anunciado a Moreira, que consentiu com a votação do projeto e com seu enfraquecimento. O deputado do DEM viu sua situação se deteriorar desde que defendeu publicamente a falta de praticidade do Conselho de Ética e ao declarar que a Câmara não deveria mais julgar casos de quebra de decoro.
Além da possibilidade de um processo de expulsão a ser aberto por seu partido na próxima semana, ele também está ameaçado de responder a uma ação por quebra de decoro parlamentar. O PSol disse que estuda encaminhar uma representação ao Conselho de Ética por conta das denúncias de que ele omitiu um castelo no valor de R$ 25 milhões, no interior de Minas Gerais, de sua declaração patrimonial.
Após polêmica, site do castelo do corregedor da Câmara sai do ar
O site com fotos e informações do Castelo Monalisa, propriedade da família do corregedor da Câmara, deputado Edmar Moreira (DEM-MG), à venda no interior de Minas, está fora do ar desde ontem (05/02). Ao acessar o endereço www.castelomonalisa.com.br aparece uma mensagem de erro, com pedido de desculpas.
Para os curiosos, no entanto, uma simples busca no Google com o nome do Castelo Monalisa na página em "cache" (armazenadas) – opção ao lado do link do site no resultado do buscador – permite acessar a página e visualizar fotos, mapa e demais informações da construção. Moreira não declarou o castelo com seu patrimônio à Justiça Eleitoral. Segundo ele, apesar de ter construído o castelo entre 1982 e 1990, em 1993 repassou o castelo para os filhos Leonardo e Júlio Moreira, por isso o bem não consta na sua declaração de renda.
A construção está à venda por US$ 25 milhões, informou à Folha um corretor de imóvel no início da semana. Assim como o site, o telefone para contato que aparece no site, no entanto, também não está mais disponível. Por conta do escândalo do castelo, o DEM pressiona Moreira a renunciar a seu cargo na corregedoria da Câmara.
Contracheque sem mordomia
A Câmara dos Deputados conseguiu excluir da folha de pagamento fechada ontem o pagamento da ajuda de custo dos seis deputados licenciados que reassumiram o mandato para votar nas últimas eleições da Mesa Diretora, na segunda-feira. A Mesa decidiu na quarta-feira que essa ajuda será paga proporcionalmente aos dias trabalhados neste mês. Mas os seis deputados foram procurados pela direção da Casa e renunciaram a qualquer forma de pagamento.
Como o Correio revelou na terça-feira, mesmo permanecendo apenas um dia no mandato, alguns deputados receberiam a ajuda de custo de R$ 16,5 mil que é paga no início da sessão legislativa. Os seis deputados deixaram secretarias de governos estaduais e do Distrito Federal e tiveram uma passagem relâmpago pela Câmara. Procurados pela reportagem na segunda-feira, afirmaram que não sabiam do pagamento desse benefício e anunciaram que doariam o dinheiro que receberiam, porque não seria possível devolvê-lo aos cofres públicos.
Na quarta-feira, pressionada pela imprensa e pela opinião pública, a Mesa Diretora se reuniu e baixou o Ato 34/2009, que determina o pagamento do benefício proporcional aos dias trabalhados no mês. No dia seguinte, a primeira secretaria informou que o pagamento aos seis deputados já obedeceria a esse critério. Os deputados Cássio Taniguchi (DEM-DF) e Jorge Bittar (PT-RJ) trabalharam apenas um dia e receberiam R$ 550. Taniguchi é secretário do Desenvolvimento Urbano do DF, enquanto Bittar é Secretário de Habitação da Prefeitura do Rio. Alberto Fraga (DEM-DF), secretário de Transportes do DF, ficou dois dias da Casa e receberia R$ 1,1 mil.
Mas a direção da Casa conseguiu fazer contato com todos os deputados que seriam beneficiados antes do fechamento da folha de pagamento da ajuda de custo. Os seis abriram mão do dinheiro, que será depositado na conta dos demais deputados na próxima terça-feira, dia 10. A ajuda de custo, “a título de indenização”, é paga em fevereiro aos 513 deputados. Teoricamente, destina-se à compensação de despesas com transporte e outras “imprescindíveis” ao comparecimento ao ano legislativo. Também receberiam o pagamento proporcional os deputados Rodovalho (DEM-DF), Osmar Terra (PMDB-RS) e Walter Feldman (PSDB-SP).
Serviço 0800 da Câmara será suspenso
Uma licitação demorada, uma empresa endividada e um serviço suspenso. O enredo traduz a situação que a Câmara dos Deputados vive hoje em relação às atividades do Disque-Câmara, responsável por atender reclamações e sugestões feitas pelos brasileiros sobre a atuação dos parlamentares. Por conta da morosidade da Mesa Diretora anterior para realizar um processo licitatório para a substituição da Montana Soluções Corporativas, cujo contrato acaba no próximo dia 17, a Casa já se prepara para suspender a prestação do serviço até que uma nova empresa seja contratada. O fato, no entanto, não tem data prevista para ocorrer. Documentos referentes à licitação circulam pelos gabinetes da Câmara há cerca de dois anos e ninguém sabe explicar o porquê de nenhum edital ter sido lançado até hoje.
Além do fim do contrato iminente, a Câmara enfrenta há meses outros problemas com a Montana. Prestando serviços desde 2004, a empresa embolsava anualmente mais de R$ 964 milhões para pagar aos 28 funcionários do call center e fornecer o sistema de informática utilizado para os registros das ligações. Desde novembro, no entanto, a prestadora parou de repassar os salários e a conta desde então tem sido paga pela própria Câmara. “É uma pena, mas estamos mesmo achando que não haverá tempo hábil para a conclusão da nova licitação antes do fim do contrato. Tenho a esperança de que isso se resolva rapidamente”, comentou a responsável pelo Departamento de Relações Públicas da Câmara, Silvia Mergulhão.
Aécio e Arruda se encontram
O governador de Minas Gerais, Aécio Neves, deixou claro ontem não aceitar que o candidato do PSDB à Presidência da República seja escolhido por integrantes da cúpula do partido, como ocorreu em 2006. Concorrente à vaga, Aécio reafirmou que trabalhará pela realização de prévias, nas quais a base tucana optaria entre ele e o governador de São Paulo, José Serra. “A definição não será unilateral ou de um grupo específico no que depender da minha ação”, afirmou o governador mineiro. “As prévias devem ser vistas como um instrumento de unidade partidária e não o contrário, como alguns temem”, acrescentou.
Ontem, Aécio se reuniu com o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, horas antes de uma audiência com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Único governador eleito pelo DEM, Arruda recebeu Aécio na residência oficial de Águas Claras. Foi um gesto político, destinado a mostrar que não está consolidado o entendimento segundo o qual Serra é o nome preferido do Democratas para a sucessão de Lula. Oficialmente, saiu do almoço entre os governadores uma parceria para o desenvolvimento do Centro-Oeste e do noroeste de Minas, onde os dois inauguraram juntos no município de Buritis (MG), há um ano, uma rodovia federal, com recursos próprios.
Negado recurso da coligação de Mercadante contra Serra
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) negou nesta quinta-feira (05/02) recurso apresentado pela Coligação "Melhor Pra São Paulo", que apoiou o então candidato a governador Aloizio Mercadante (PT) nas eleições de 2006. No recurso, a coligação acusa o atual governador de São Paulo, José Serra (PSDB), de ter utilizado propagandas institucionais da prefeitura da capital paulista durante a campanha. O tucano havia na época renunciado ao cargo de prefeito que exercia desde 2004 para concorrer ao governo do estado.
Segundo a coligação de Mercadante, o material de campanha eleitoral de Serra era muito parecido ao da propaganda institucional da Prefeitura. O caso já havia sido julgado em 2008 como improcedente pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP). Para o relator do recurso, ministro Marcelo Ribeiro, o tucano utilizou nas propagandas realizações suas durante a gestão à frente da Prefeitura, o que não infringe a Lei Eleitoral. A decisão também negou possibilidade de recurso.
Valor Econômico
Governo coloca em xeque juro alto de banco público
É acirrada no Palácio do Planalto a discussão sobre os altos spreads cobrados pelo sistema bancário, especialmente pelos bancos públicos federais. "O governo não vai aceitar o jogo de esconde-esconde a respeito da questão do spread", disse um ministro que está participando intensamente do debate sobre a diferença entre os juros que são pagos e os que são cobrados pelo sistema bancário. O ministro se referia aos questionamentos dos bancos federais à metodologia que o Banco Central e o Ministério da Fazenda usaram para retratar os spreads dos bancos públicos e privados após o agravamento da crise financeira internacional e a consequente contração do crédito no Brasil.
A irritação é também do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "A discussão sobre spread não vai parar não", garante o ministro, que abre seu laptop na página dos dados levantados pelo Banco Central e Ministério da Fazenda e diz: "O Banco do Brasil, por exemplo, que antes da crise operava com spread de um dígito, está cobrando juros de 58% ao ano para empréstimos à pessoa física e 30,7% para pessoas jurídicas, na média da taxa das operações realizadas com recursos livres. O que justifica isso?". Os argumentos utilizados pelo BB sobre as falhas metodológicas do BC e da Fazenda, que retratam dados errados, assim como os temores da instituição de, ao reduzir os juros, corroer seus lucros e colocar em risco sua base de capital, não comovem o governo.
"Se for para cobrar 30% ou 50% de spread para o BB crescer, começamos a pensar, então, se vale a pena ter banco público", reage uma outra fonte qualificada do governo. Afinal, o governo quer que os bancos federais, ao cobrar juros menores, forcem as instituições privadas a fazer o mesmo. “É preciso uma supervisão bancária de alta qualidade nos bancos públicos para saber o que é verdade e o que não é", sugere o ministro.
Crise golpeia eletrônicos e informática
A desaceleração da economia brasileira atingiu em cheio as empresas que produzem bens eletrônicos, de informática e telefonia para as principais marcas do mercado. Com a retração na demanda por produtos como celulares e computadores, escassearam as encomendas feitas por Dell, HP, Lenovo, Positivo, Sony Ericsson, Nokia e Motorola. Como consequência, há uma forte retração na atividade das terceirizadoras, como Flextronics, Foxconn, Jabil e Celestica, que tiveram queda nas vendas e nos lucros. No Brasil, o cenário não é diferente e, conforme levantamento do Valor, já levou ao corte de turnos de produção e de milhares de postos de trabalho.
O Globo
Edmar perde o trono, mas não a majestade
Alvo de vários processos trabalhistas e dono de um castelo declarado à Justiça Eleitoral por valor inferior ao real, o deputado Edmar Moreira perderá o posto de corregedor da Câmara. A Casa terá uma corregedoria independente, mas, pelo acordo feito, Edmar continuará na Mesa. O DEM ameaça expulsá-lo.
Presos: juízes e MP criticam decisão do STF
Entidades de juízes e promotores protestaram contra a decisão do STF de permitir que réus condenados continuem em liberdade até terminarem todos os recursos. "Vai ficar praticamente impossível mandar alguém para a prisão no Brasil", disse um procurador.
Obama critica senadores, mas votação de pacote é adiada de novo
Depois da onda de demissões no fim do ano, mais 598 mil americanos perderam seus empregos em janeiro. Foi o pior resultado mensal em 34 anos. O fechamento de postos, que superou a previsão do mercado, elevou a taxa de desemprego para 7,6%. Desde dezembro de 2007, quando os EUA entraram oficialmente em recessão, 3,6 milhões de empregos sumiram do mapa. No total, há 11,6 milhões de desempregados no país. Diante dos números, o presidente dos EUA, Barack Obama, disse que a notícia é "devastadora" e que a demora em aprovar o pacote de estímulo à economia é "imperdoável e irresponsável". Apesar da pressão do governo, no fim da noite de ontem, o Senado americano voltou a adiar a votação do plano, que pode acontecer até amanhã.
Jornal do Brasil
Brasil vai à OMC contra o protecionismo de Obama
O governo entrará com recurso na Organização Mundial do Comércio contra os EUA, caso Barack Obama insista em manter no plano Buy American uma cláusula protecionista segundo a qual as empresas que recebem ajuda governamental só podem recorrer a fornecedores cujos produtos gerem empregos nos EUA. A informação é do secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Welber Barral. No Brasil, a Transpetro anunciou que não cederá às pressões da Usiminas para que a estatal só use aço nacional nos seus navios, em vez de importar da China.
Oposição ataca encarte que exalta Dilma
Um anúncio de 10 páginas, publicado na revista americana Foreign Affairs, irritou a oposição. Paga por empresas estatais e privadas, a propaganda exalta as qualidades da economia brasileira e do presidente Lula e cita a ministra Dilma Rousseff como provável candidata na sucessão presidencial em 2010. Partidos como PPS e DEM vêem ilegalidade no encarte.