O Globo
Caixa-preta até para senadores
Para ter acesso à surpreendente lista de servidores com cargos de direção no Senado, o 1º secretário, Heráclito Fortes (DEM-PI), esperou quase cinco dias. Demora que levou a instituição a corrigir pelo menos três vezes a lista de diretores, que começou com 147 nomes, caiu para 136 e depois foi fechada em 181. Para receber da diretoria geral, na sexta-feira, a lista dos primeiros 50 diretores que seriam dispensados da função, Heráclito mais uma vez penou: fez vigília de mais de três horas até que seu pedido fosse atendido. É apenas um exemplo de como a estrutura fechada, viciada e controlada por poucos poderosos funcionários do Senado dificulta – e muitas vezes impede – o acesso a informações da caixa-preta mais bem lacrada do setor público atualmente.
Não são poucos os que consideram que essa estrutura é herança de Agaciel Maia, diretor-geral do Senado por 14 anos, que exerceu o cargo com uma forte concentração de poder. Poder que tem ecos ainda hoje, mesmo depois de sua saída do cargo, dia 3 de março, após denúncia de que ocultou de seu patrimônio uma mansão de R$5 milhões.
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– É uma pauleira receber informações. Quem sai leva todas as informações, e quem chega fica no escuro – reclamou Heráclito Fortes, na última sexta-feira.
Repasses federais aos estados entram no jogo de alianças da eleição de 2010
O governo trabalha em várias frentes para angariar apoios e garantir palanques nos estados para a ministra Dilma Rousseff, pré- candidata do PT à sucessão presidencial. O assédio a alguns governadores de oposição é explícito, e a divisão do bolo orçamentário reflete o viés político nos repasses de recursos da União. As transferências voluntárias do governo federal aos estados – aquelas não previstas na Constituição – cresceram 40,8% de 2007 para 2008, mas o rateio das verbas é desigual, beneficiando aliados e governadores que não fazem oposição ferrenha ao governo Lula
Enquanto Pernambuco – estado natal do presidente -, governado pelo aliado Eduardo Campos (PSB), teve um aumento de 136,8% nessas transferências em 2008 em relação a 2007, o Rio Grande do Sul, da tucana Yeda Crusius, teve uma queda de 27,3% no mesmo período. Segundo Yeda, o governo federal, de olho em 2010, também inviabilizou acordo com as concessionárias de rodovias que resultaria em investimentos de R$4 bilhões nas estradas gaúchas ainda na sua gestão:
– O Rio Grande não é tratado com igualdade. Fazemos a nossa parte, mas sabemos que vamos ser prejudicados pelas escolhas do governo federal.
PT tenta encontrar alternativa a Palocci em SP
As restrições internas e externas à pré-candidatura do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci ao governo de São Paulo fazem o PT paulista buscar um plano B. Os nomes mais citados são os do prefeito de Osasco, Emídio de Souza, e o do ministro da Educação, Fernando Haddad. O deputado Arlindo Chinaglia e o senador Eduardo Suplicy correm por fora, mas há quem aposte que, caso a candidatura de Palocci não se viabilize, a candidata será a ex-prefeita Marta Suplicy.
A falta de um nome que garanta um palanque forte para a ministra Dilma Rousseff leva a direção do PT a cogitar, pela primeira vez em 28 anos, apoiar um candidato de outro partido, o prefeito de Campinas, Hélio de Oliveira Santos (PDT).
– A disputa nacional tem interferência muito forte em São Paulo. Não posso dizer que o apoio ao Hélio está descartado, tudo depende da conjuntura nacional, mas convencer a militância a apoiar um candidato de outro partido exige esforço – disse o presidente do diretório estadual do PT, Edinho Silva.
Mensaleiros apoiam candidatura de prefeito de Osasco
Cria política do deputado João Paulo Cunha – um dos réus no processo do mensalão -, o prefeito de Osasco, Emídio de Souza, consolidou sua pré-candidatura seguindo o caminho contrário ao do deputado Antonio Palocci. Preterido pelo presidente Lula – que, em um comício, chegou a chamá-lo de Emílio -, o prefeito de Osasco cultivou a base do partido, com ajuda de João Paulo.
Na campanha eleitoral do ano passado, João Paulo percorreu dezenas de cidades no interior paulista ajudando candidatos petistas e recrutando aliados para Emídio. Com o crescimento da candidatura, o prefeito de Osasco atraiu aliados de peso, como o ex-chefe da Casa Civil e deputado federal cassado José Dirceu e os deputados José Mentor e José Genoino. Dirceu e Genoino são réus do mensalão. Semana passada foi a vez de o senador Aloizio Mercadante também aderir.
Advogado de 49 anos, militante do PT desde a fundação do partido, Emídio governa uma das maiores cidades do estado. Ano passado, foi reeleito no primeiro turno.
Em campanha, Dilma diz que vai reduzir juros
O encontro nacional de um grupo interno do PT se transformou ontem, no auditório da Universidade Candido Mendes, no Rio, em ato de campanha eleitoral para a presidenciável e ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, que prometeu até baixar juros. Quatro ministros, uma governadora, prefeitos e deputados da legenda unificaram o discurso sem esconder que já apoiam a pré-candidata na eleição de 2010 e trabalham por ela nos estados.
A ministra não assumiu a candidatura, mas ao discursar por uma hora para o grupo "Mensagem ao partido", liderado por Tarso Genro, ministro da Justiça, falou de mudanças nos juros, atribuição exclusiva do Banco Central.
– Temos hoje condições de reduzir os juros de forma significativa sem comprometer a estabilidade do país. E nós iremos fazê-lo. Por juros eu estou me referindo aos juros básicos e ao spread bancário. Temos uma estrutura de juros absolutamente desproporcional à nossa situação macroeconômica – prometeu a ministra, que, ao chegar à reunião, desconversou sobre o aspecto eleitoral do encontro: – Venho aqui na condição de militante. É uma atividade que tem todo o sentido. Implica um processo de discussão e prestação de contas.
Caixinha para ato de Dilma
Entre um elogio e outro a Dilma, os ministros, a governadora Ana Júlia e os militantes fizeram questão de mostrar que contribuíram com as despesas do encontro. Representantes do partido recolheram doações, num chapéu, e o secretário-geral do PT, José Eduardo Cardozo, deu o recado pelo microfone:
– Precisávamos de R$3 mil e já recolhemos R$2 mil! – avisou.
Quando o chapéu passou, Tarso sacou uma nota de R$2, mas mudou de ideia e doou R$10. Ana Júlia foi mais generosa e depositou uma nota de R$100, a exemplo de Minc, que ajudou com R$50.
Após o encontro, Dilma foi almoçar na cas
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