Folha de S. Paulo
Jobim agora diz não saber se maleta da Abin faz grampo
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, recuou ontem da acusação feita por ele há duas semanas de que a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) comprou equipamentos capazes de fazer grampos sem depender de operadoras telefônicas. Em depoimento à CPI dos Grampos, Jobim disse só ter recebido informações de que os aparelhos tinham essa capacidade, mas que não tem certeza disso.
Em 1º de setembro, em reunião do conselho político do governo, Jobim afirmou na presença do presidente Lula e de seis ministros que a Abin comprara equipamentos com poder de fazer escutas por meio de comissão do Exército em Washington (EUA). A acusação foi decisiva para o afastamento do diretor da Abin, Paulo Lacerda.
Lacerda "lamenta" que PF ignorasse ação da Abin
O diretor afastado da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) Paulo Lacerda disse "lamentar" o fato de o diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, não saber da participação de agentes do órgão na Operação Satiagraha. Mais de 50 agentes participaram da operação que prendeu Daniel Dantas em julho.
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Delegado volta à Abin quando quiser, diz Lula
Afastado da direção da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) por causa do grampo ilegal envolvendo o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes, e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), Paulo Lacerda poderá voltar ao cargo "quando quiser", disse o presidente Lula, em entrevista à TV Brasil. Lula afirmou achá-lo "um homem extraordinário" e que só foi afastado para que a investigação da Polícia Federal ocorra de forma transparente.
Tarso reclama de prisão de diretor da PF
A prisão do número dois da Polícia Federal, delegado Romero Menezes, anteontem, provocou um desgaste na relação da corporação com o Ministério Público Federal. Anteontem à noite, o ministro Tarso Genro (Justiça), a quem a PF está subordinada, reclamou diretamente com o procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza.
Menezes diz que foi preso após discussão na PF
À cúpula da Polícia Federal e ao ministro Tarso Genro (Justiça) o delegado Romero Menezes disse que seu pedido de prisão se deve em grande parte a um conflito pessoal com o superintendente da PF do Amapá, delegado Anderson Rui Fontel. De acordo com Menezes, um dos principais motivos para o desentendimento foi a Operação Toque de Midas, que investiga suspeitas de irregularidades do grupo EBX, do empresário Eike Batista, em licitações de concessões de ferrovias.
Para Protógenes, prisão de número dois da Polícia Federal foi uma "surpresa"
O delegado Protógenes Queiroz, que comandou a Operação Satiagraha e a prisão do empresário Daniel Dantas, disse ontem em Porto Alegre que a Polícia Federal recebeu "com surpresa" a prisão de Romero Menezes. O delegado foi a Porto Alegre para participar de um ato contra corrupção, ao lado da candidata à prefeitura da cidade Luciana Genro (PSOL). "Tão grave quanto a prisão é a relação que o senhor Eike Batista [investigado na Operação Toque de Midas] tem com o senhor Daniel Dantas. É preciso investigar isso com profundidade", afirmou. Protógenes disse que Eike e Dantas são sócios e que a informação é pública.
Viagem de Eike reforçou tese de vazamento
Quatro situações levaram a Polícia Federal a concluir que a Operação Toque de Midas chegou ao conhecimento da MMX, empresa de Eike Batista, antes de ser realizada. Romero Menezes, diretor-executivo da PF, chegou a ser preso pela suspeita de ser o autor do vazamento. Ele já foi liberado. A operação foi realizada em julho deste ano e investiga se a empresa se beneficiou de um suposto direcionamento de uma licitação estadual para a concessão de uma ferrovia. A suspeita de vazamento se tornou certeza no dia da operação, segundo a Folha apurou. Ao cumprir os mandados de busca e apreensão, descobriu-se que todos os principais suspeitos haviam viajado.
Pimentel chora e diz que paga "alto custo" por aliança
O prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT), chorou após discurso em que disse estar pagando "alto custo político-pessoal" pela aliança com o governador tucano Aécio Neves em torno da candidatura de Marcio Lacerda (PSB). Sem citar nomes, disse que alguns não compreenderam o sentido. No lançamento do programa de governo de Lacerda, com cerca de 400 pessoas, ele criticou políticos de Brasília e São Paulo que resistiram à aliança.
"Gosto de mulher e minha mulher sabe", diz deputado
Historicamente identificado com o conservadorismo político e atitudes "de direita", Paulo Maluf hesitou ontem em apoiar a Parada Gay, hoje um dos eventos do calendário turístico de São Paulo, e afirmou que as relações entre pessoas do mesmo sexo não são "normais". "O casamento de homem com homem não é normal. Não vou dizer aqui, para conseguir votos de gays, que o casamento é normal. Não é. (…) Direitos civis são uma coisa completamente diferente do casamento. Agora, se alguém tem algum tipo de gosto sexual diferente do meu, eu respeito. Eu gosto de mulher, e a Silvia, minha mulher, sabe que gosto de mulher. Se alguém gosta de homem, é ruim. Não condeno porque numa democracia você tem de respeitar o direito dos outros até serem errados. Tenho profundo sentimento cristão."
Correio Braziliense
Tensão palaciana
A prisão do delegado Romero Menezes, segundo homem na hierarquia da Polícia Federal, agravou a inquietação do Palácio do Planalto com a falta de controle sobre as áreas de investigação e inteligência do governo. “Estamos no escuro”, queixa-se um auxiliar direto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “É um susto depois do outro.” O nervosismo vem crescendo desde a Operação Satiagraha, quando agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) envolveram-se numa ação que deveria ser da Polícia Federal. O caso se transformou numa crise política após a denúncia de que os arapongas teriam grampeado ilegalmente até uma conversa do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes.
Governador sob suspeita
O Ministério Público Federal no Amapá pediu à Justiça o envio do inquérito da Operação Toque de Midas ao Supremo Tribunal Federal (STF) por causa da suposta participação do deputado federal Jurandil Juarez (PMDB-AP) nas fraudes investigadas pela Polícia Federal. No mesmo pedido, em análise pelo juiz Anselmo Gonçalves da Silva, titular da 1ª Vara Federal de Macapá, o MPF levantou suspeitas também em relação ao governador do estado, Waldez Góes (PDT). A investigação policial encontrou indícios de que teria ocorrido direcionamento na licitação para beneficiar as empresas do grupo MMX, comandado por Eike Batista.
Prisão “desnecessária”
O ministro da Justiça, Tarso Genro, disse ontem que achou desnecessária a prisão do diretor-executivo da Polícia Federal, Romero Menezes, acusado de fazer advocacia administrativa e tráfico de influência para o irmão José Gomes Menezes Júnior. Segundo o ministro, o delegado não deverá voltar a ocupar o cargo, mesmo sendo inocentado das acusações, já que sua imagem sofreu um forte desgaste. Tarso conversou com Menezes ainda na noite de terça-feira, depois de o Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região ter expedido um habeas corpus para o delegado.
Jobim acirra embate no governo
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, aumentou ontem ainda mais o embate com o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Jorge Armando Félix, e não conseguiu comprovar tecnicamente que as maletas compradas pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) fazem interceptação telefônica. O ministro ainda criticou a divulgação pela imprensa de gravações feitas sem o aval da Justiça, defendendo até mudanças na Lei de Imprensa. Em depoimento à CPI dos Grampos, na Câmara, o ministro apresentou apenas referências de internet que mostrariam a capacidade da maleta. O ministro negou ainda que o Exército tenha esse tipo de material. Alegou que as Forças Armadas compraram o equipamento a pedido do GSI.
Briga de investigadores
Os depoimentos dos principais representantes da Polícia Federal e da Agência Brasileira de Inteligência à Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência do Congresso expôs, publicamente, a briga de bastidores entre as instituições desde que se descobriu a participação de servidores da Abin na Operação Satiagraha, deflagrada pela PF. O diretor-geral da polícia, Luiz Fernando Corrêa, disse ontem que não foi informado pelo delegado Protógenes Queiroz, responsável pelas investigações da Satiagraha, que arapongas da Abin participaram da ação. “Não houve nenhuma comunicação nas instâncias superiores da polícia para esse procedimento”, afirmou Corrêa. Por sua vez, o diretor-geral afastado da Abin, Paulo Lacerda, defendeu que a atuação foi “legítima”.
Bancada complica plano de Temer
Num jantar reservado à cúpula do partido, o PMDB decidiu na noite de segunda-feira que a prioridade a partir de outubro será a eleição de Michel Temer à presidência da Câmara em fevereiro de 2009. Os senadores presentes à reunião, no entanto, deram um recado indigesto ao deputado: a bancada do Senado não cederá fácil a Presidência da Casa ao petista Tião Viana (AC). Essa é a moeda de troca que o PT coloca em jogo para apoiar Temer na Câmara. Os caciques peemedebistas vieram a Brasília na noite de segunda apenas para discutir o assunto, deixando a cidade no dia seguinte. Querem lançar a candidatura de Temer, que hoje preside o PMDB, logo após o primeiro turno das eleições municipais, marcado para 5 de outubro. É uma estratégia para barrar o avanço de Ciro Nogueira (PP-PI), o candidato do baixo clero que ameaça as pretensões do PMDB.
O Globo
Brasil e Rússia perdem mais
Um dia depois de o presidente Lula dizer que a crise econômica dos EUA não afeta o Brasil ("Que Crise? Vai perguntar para o Bush"), a Bovespa despencou 6,74%. O tombo só não foi pior que o da bolsa russa, que chegou a ter negócios interrompidos após queda de 10%. Só esta semana, a bolsa de brasileira perdeu 12,38%. O dólar fechou no Brasil a R$ 1,868, com alta de 2,41%. Apesar da estatização da maior seguradora dos EUA, a AIG, os investidores em todo mundo não estão convencidos de que a crise financeira está longe do fim. Em Nova York, o índice Dow Jones caiu 4,06% e o Nasdaq recuou 4,94%. Houve quedas em quase todos os mercados de Europa e Ásia. O ouro e o petróleo registraram as maiores altas, em dólares, da História. O banco americano Washington Mutual, que teve queda de 10% em suas ações, era oferecido ontem para a venda. Outra instituição, o Morgan Stanley, estudava uma fusão com Wachovia.
Jobim quer fim do sigilo de fonte jornalística
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, propôs a discussão sobre o fim do sigilo de fonte, o que obrigaria jornalistas a revelar seus informantes. Jobim disse que já há casos em que o STF "relativizou os direitos constitucionais" e questionou os limites da liberdade de expressão.
Segundo da PF foi grampeado durante 20 dias
O diretor-executivo da Polícia Federal, Romero Menezes, segundo homem na hierarquia, foi alvo de grampo telefônico e escuta ambiental por 20 dias, com autorização judicial. Preso e solto na madrugada de ontem, Menezes é suspeito de vazamento de informações e corrupção. Ele nega irregularidades.
Lula defende união gay
Pela primeira vez, de forma clara, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a união civil entre homossexuais e disse que é preciso acabar com a hipocrisia sobre o tema no país. Em entrevista à TV Brasil — na estréia do programa 3 a 1 — Lula, entrevistado por três jornalistas, esquivou-se de dizer se o governo pretende enviar ao Congresso projeto de lei sobre o assunto. Disse apenas que câmaras de vereadores, assembléias legislativas e o Congresso têm tratado da questão. Mas foi claro na defesa dos direitos dos homossexuais.
FH recomenda que Mantega ponha as ‘barbas de molho’
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) afirmou ontem que o Brasil deve colocar as "barbas de molho" porque a crise econômica internacional só teve precedente com o crash de 1929. Na gravação do "Programa do Jô", marcado para ir ar ainda ontem à noite pela TV Globo, Fernando Henrique disse que as reservas de US$ 200 bilhões do Brasil não garantem que o país resista à crise.
O Estado de S. Paulo
Fuga de investidores provoca queda de 6,74% na Bovespa
O temor de quebra de instituições financeiras americanas em cascata causou mais um dia de pânico nos mercados. Em Nova York, a queda foi de 4,06%, e o Tesouro dos EUA injetou US$ 40 bilhões no Fed para que o banco central possa resgatar outras instituições. Já o Ibovespa caiu 6,74%, e o dólar subiu 2,64%, para R$ 1,868, o maior valor em um ano. Investidores estrangeiros estão saindo em peso do Brasil – em setembro, o déficit na Bovespa chega a quase US$ 700 milhões, e desde janeiro a conta está negativa em US$ 17 bilhões. A fuga visa a cobrir perdas ou buscar refúgio em investimentos mais seguros, com o ouro, que ontem subiu 10,84%. Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, já está faltando crédito internacional para as empresas no Brasil, e haverá “medidas de estímulo ao investimento” se a situação persistir. Para o crédito ao consumidor, os efeitos da crise deverão ser limitados, segundo a Febraban.
Bolsa-Família bloqueia 622 mil benefícios
Foi cortado ontem o pagamento de benefício do Bolsa-Família para 622 mil famílias com renda acima do limite definido pelo programa, de R$ 120 per capita. Em 2007, tinham sido bloqueados 330 mil benefícios.
Grampo mostra ex-diretor da PF atuando em favor do irmão
Gravações telefônicas em poder do Ministério Público foram decisivas para o pedido de prisão de Romero Menezes, ex-diretor executivo da PF. Numa delas, Menezes pressiona o chefe da PF no Amapá a acelerar processo de credenciamento de seu irmão, José Menezes Júnior, como instrutor de tiro. Há ainda, gravações de conversas de Menezes com o irmão, que prestava serviços à empresa MMX, de Eike Batista.
Jornal do Brasil
Desconfiança anula socorro aos mercados
Os US$ 375 bilhões despejados pelos maiores bancos centrais do mundo revelaram-se insuficientes para aplacar a tensão dos mercados: o socorro do dia anterior foi anulado ontem pela desconfiança e pela especulação. As bolsas voltaram a despencar, sob o temor de que vai mal a saúde de outros gigantes financeiros. No Brasil, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, promete agir, via BNDES, contra a possível falta de crédito internacional. Mas o ex-presidente do banco, Carlos Lessa, alfineta: o país, diz ele, vai entrar pelo cano.
Começa diálogo na Bolívia
Com o apoio unânime dos líderes sul-americanos, o presidente da Bolívia, Evo Morales, chega fortalecido para negociar, a partir de hoje, com a oposição que quase levou o país à guerra civil. Lula vai enviar policiais ao Acre, fronteira com a província de Pando.
Jobim ataca Abin na CPI dos Grampos
O ministro da Justiça, Nelson Jobim, reafirmou ontem na CPI dos Grampos que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) comprou, sim, em convênio com o Exército, equipamento com capacidade para realizar esciutas telefônicas. Jobim condenou a atuação da Abin na Operação Satiagraha, que levou à prisão o banqueiro Daniel Dantas. A função da agência, segundo ele, não está distante de processos criminais, mas não havia justificativa para a sua participação.