Folha de S. Paulo
Viana recusa Meio Ambiente e secretário de Cabral assume
No mesmo dia em que confirmou o nome de Carlos Minc no Ministério do Meio Ambiente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que nada muda em relação à política ambiental do governo com a saída de Marina Silva. Diante da chanceler alemã, Angela Merkel, ele disse que, na sua administração, não existe "política de ministro", e sim de "Estado".
"A companheira Marina se foi, a política continua", afirmou Lula, em entrevista no início da tarde, no Planalto.
"A política ambiental no Brasil não muda porque, no nosso governo, nós criamos no Brasil uma palavra mágica chamada transversalidade. Criamos essa palavra para que não tivesse política de ministro. Não tem política do ministro do Meio Ambiente, não tem política do ministro da Comunicação, não tem política do ministro da Indústria e Comércio", explicou.
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Lula alega falta de "isenção" de Marina no PAS
Ao justificar a escolha de Mangabeira Unger para coordenar o PAS (Plano Amazônia Sustentável), o presidente Lula chegou a afirmar que Marina Silva não tinha "isenção" para levar a tarefa adiante. A declaração de Lula foi feita ao final da reunião que antecedeu o lançamento do PAS, na quinta-feira passada. Estavam presentes ministros e governadores da região amazônica. Ao anunciar a escolha de Unger, o presidente afirmou que nem Marina nem Reinhold Stephanes (Agricultura) nem Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) tinham isenção suficiente para tocar o programa, pois todos eles tinham interesses específicos a defender.
Petista rejeita pasta para não dividir partido
O ex-governador Jorge Viana era o nome preferido pelo Planalto para o Meio Ambiente, mas chegou ao encontro com Lula praticamente decidido a não aceitar o convite por estar convencido de que o presidente não aceitaria suas condições. A maior preocupação de Viana era não criar atritos com sua amiga Marina Silva, pondo em risco a harmonia política no Acre, e aceitar um ministério esvaziado não seria bem aceito pelo grupo da ex-ministra, que topava apoiá-lo desde que tentasse resgatar poderes retirados do ministério por Lula.
Viana e Marina são do PT e ligados ao movimento ambiental, mas ele tem um perfil mais pragmático, enquanto Marina é considerada uma "purista" na defesa de causas ambientais.
Inpe prevê desmatamento maior em 2008
Encarregado de monitorar o ritmo de desmatamento na Amazônia, o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) avalia que haverá um aumento na devastação da floresta em 2008, depois de três anos consecutivos de queda na ação das motosserras.
O número oficial será conhecido no segundo semestre e deverá superar os 11.200 km2 registrados entre agosto de 2006 e julho de 2007, prevê o diretor do instituto, Gilberto Câmara, com base na tendência registrada desde agosto. Ao divulgar o alerta de aumento do desmatamento, em janeiro, a ex-ministra Marina Silva anunciou a meta de conter a área devastada entre agosto de 2007 e julho de 2008 aos mesmos 11.200 km2 de floresta, equivalentes a sete vezes e meia a área da cidade de São Paulo.
Mangabeira diz lamentar saída de ministra
O ministro Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos) afirmou ontem que é "admirador" do trabalho de Marina Silva no Ministério do Meio Ambiente e que "lamenta" que ela tenha saído do governo. A indicação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que Mangabeira liderasse a implantação do PAS (Plano Amazônia Sustentável) é apontado como um dos principais motivos para o pedido de demissão de Marina. Ele não participou da elaboração do plano."Não sei avaliar a motivação da saída dela. Eu me encontro entre os muitos admiradores da ação dela no país e lamento a saída dela do governo", disse, em Belém (PA).
Stephanes critica conceito da Amazônia Legal
Um dia depois da saída de Marina Silva do governo, o ministro Reinhold Stephanes (Agricultura) criticou o conceito da Amazônia Legal, por abranger municípios de Mato Grosso e Tocantins, cujo principal bioma é o cerrado. "O conceito Amazônia Legal passou a ser usado até se pintar de verde todo [o Estado de] Mato Grosso, todo o Tocantins e parte do Maranhão. Aí, criou-se uma confusão", afirmou.
Fazem parte da Amazônia Legal: Amazonas, Acre, Amapá, Rondônia, Roraima, Pará, Mato Grosso, Tocantins e oeste do Maranhão. Essa classificação é usada pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) para fazer o monitoramento por satélite da floresta.
Para ambientalistas, maior desafio de novo ministro será lidar com pedidos do Planalto
Ambientalistas comemoraram com ressalvas a nomeação de Carlos Minc para o Ministério do Meio Ambiente no lugar de Marina Silva. A visão geral é que Minc é uma pessoa qualificada para o cargo, mas que pouco poderá fazer se as determinações do Planalto forem contrárias à política ambiental.
"O que este governo quer é um carimbador", disse Marcelo Furtado, coordenador de campanhas do Greenpeace, em relação às licenças ambientais. Lula e a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, criticavam Marina por uma suposta lentidão na concessão de licenças a obras de infra-estrutura.
Minc licenciou obras em tempo recorde
Nos quase 17 meses sob a administração de Carlos Minc, a Secretaria do Ambiente do Rio licenciou em tempo recorde obras de grande impacto ambiental e de interesse direto do governo federal. Entre elas, o Comperj (Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro), que a Petrobras planeja construir na proximidade dos manguezais de Guapimirim, única área preservada da baía de Guanabara.
STF restringe criação de despesas por MP
Julgamento concluído ontem pelo Supremo Tribunal Federal restringirá a criação de despesas por meio de medida provisória, expediente usado pelo governo Lula para atropelar o Congresso na elaboração e na execução do Orçamento.
O presidente assinou duas MPs que compõem um novo pacote de reajustes salariais generalizados para o funcionalismo, o segundo em dois anos. A Casa Civil informou que as MPs haviam sido assinadas ontem à noite, mas a assessoria do Planalto disse que a assinatura foi feita anteontem. A um custo de R$ 7,7 bilhões neste ano, o pacote beneficiará cerca de 1,5 milhão de servidores civis e militares, ativos e inativos.
Por seis votos a cinco, os ministros do STF concederam liminar contra uma MP editada no ano passado, a partir de uma ação direta de inconstitucionalidade protocolada pelo PSDB. Segundo o presidente do tribunal, Gilmar Mendes, "o mérito já foi praticamente tratado e a decisão vale daqui para frente".
Lula estuda reajustar em 5% o valor do Bolsa Família
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva estuda dar um reajuste de 5% aos benefícios do programa Bolsa Família devido à alta da inflação nos últimos doze meses, sobretudo por causa do aumento do preço dos alimentos de consumo popular, como o pão francês, o arroz e o feijão.
O principal obstáculo hoje ao reajuste, segundo apurou a Folha, é a proximidade das eleições municipais de 1º de outubro. O governo teme que um eventual reajuste seja tachado como eleitoral e possa ser questionado na Justiça. O último e único reajuste dado ao Bolsa Família, o principal programa social do governo, ocorreu no ano passado. Foi de 18,25%. O programa foi criado em outubro de 2003, quando houve a união de diversos benefícios de transferência de renda aos mais pobres.
Chefe da AGU ajudou vazador a encontrar advogado
O advogado-geral da União, José Antonio Toffoli, ajudou a providenciar assessoria jurídica para José Aparecido Pires, responsável por ter vazado o dossiê com gastos do governo Fernando Henrique Cardoso. Segundo a Folha apurou, a ação de Toffoli faz parte da operação-abafa montada pelo governo para conter Aparecido, secretário de Controle Interno da Casa Civil.
Após ter sido apontada sua responsabilidade no escândalo do dossiê, Aparecido avisou a amigos petistas que não aceitaria o papel de bode expiatório. Passou a ameaçar que confirmaria a informação, publicada pela Folha no mês passado, de que a ordem para a elaboração do dossiê partiu da número dois da Casa Civil, a secretária-executiva Erenice Guerra.
Aparecido deixa Casa Civil e pede habeas corpus
O secretário de Controle Interno da Casa Civil, José Aparecido Nunes Pires, responsável pelo vazamento do dossiê contra os tucanos, pediu exoneração do cargo ontem e recorreu ao STF (Supremo Tribunal Federal) para ter o direito de não responder a perguntas que possam incriminá-lo na CPI dos Cartões Corporativos. Ele vinha sendo pressionado pelo Planalto a deixar o posto imediatamente, mas resistia. Aparecido já havia acertado que voltaria a seu órgão de origem, o Tribunal de Contas da União, mas preferia tirar férias até que o inquérito sobre o vazamento fosse concluído.
PF investiga reunião de consultor no BNDES
A Operação Santa Tereza, desencadeada em abril pela Polícia Federal, revelou que João Pedro de Moura, consultor da Força Sindical e ex-assessor do deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP) manteve uma reunião com integrante da cúpula do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), no Rio, para discutir um financiamento estimado em R$ 800 milhões para construção de rodovias no Peru e na Argentina. Segundo telefonemas interceptados pela PF com ordem judicial, a reunião ocorreu no último dia 17, "na vice-presidência do banco", com a suposta participação do vice-presidente, Armando Mariante Carvalho, responsável pelas áreas Industrial (AI) e de Comércio Exterior (AEX).
Banco diz que reuniões não são "ilícitas"
O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) informou ontem, em nota, que funcionários recebem interessados em apresentar projetos que poderão ou não receber apoio do banco como parte de suas atividades cotidianas. "A ocorrência de reuniões ou de telefonemas não implica envolvimento com atividades ilícitas." Segundo o BNDES, a Polícia Federal "comunicou" ao banco que não há indício de envolvimento de funcionários no esquema investigado pela Operação Santa Tereza.
Consultor da Força chama Paulinho de "nosso chefe" em telefonema, diz polícia
O consultor da Força Sindical de São Paulo João Pedro de Moura classificou como "o nosso chefe lá de Brasília" o deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (PDT-SP), em diálogo telefônico com o empreiteiro Manuel Fernandes de Bastos Filho interceptado pela Polícia Federal na Operação Santa Tereza. Segundo o resumo da conversa mantida entre Moura e Bastos Filho, o consultor teria dito que Paulinho "tem chance de ser o vice do [ex-governador Geraldo] Alckmin, foi convidado". E que Paulinho teria chance de virar prefeito em 2010, no caso de Alckmin, do PSDB, deixar o cargo na prefeitura para concorrer ao governo.
Deputado diz a corregedor que acusação é ilação
O deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP) apresentou um documento de 11 páginas com sua defesa ao corregedor-geral da Câmara, deputado Inocêncio Oliveira (PR-PE). Ele volta a negar as denúncias de envolvimento em fraude do BNDES e diz que as acusações têm como base conversas telefônicas de terceiros e ilações envolvendo seu nome. Paulinho pede a Inocêncio que não envie as denúncias ao Conselho de Ética e diz que não deve responder a processo por quebra de decoro. A defesa de Paulinho, porém, não convenceu Inocêncio. Após conversarem, o corregedor disse que pretende encaminhar o assunto ao conselho assim que receber a íntegra do inquérito da Polícia Federal e do processo encaminhado à Procuradoria Geral da República. "Disse a ele [Paulinho] que sua situação é muito difícil."
Procuradoria denuncia hoje 44 por desvios no Detran-RS
O Ministério Público Federal anunciou que vai denunciar hoje 44 pessoas suspeitas de terem participado de um esquema de desvio de dinheiro do Detran (Departamento Estadual de Trânsito) do Rio Grande do Sul. De acordo com a Procuradoria, a fraude provocou um rombo de R$ 44 milhões no órgão. Eles serão acusados de peculato (desvio de dinheiro público), dispensa indevida de licitação e formação de quadrilha.
Itamar se diz descontente com Aécio e deixa cargo em banco
Ex-presidente da República e ex-governador de Minas, Itamar Franco (sem partido), 77, pediu demissão da presidência do Conselho de Administração do BDMG (Banco de Desenvolvimento do Estado de Minas Gerais). O motivo, diz, é seu descontentamento com um ato administrativo da gestão Aécio Neves (PSDB), à qual serve. A área econômica do governo escolheu Uberlândia como entreposto aduaneiro, preterindo Juiz de Fora, a base eleitoral de Itamar.
O Estado de S. Paulo
Minc chefiará Meio Ambiente
Com o objetivo de encerrar o desgaste provocado com a saída de Marina Silva, para virar a página de um rumoroso conflito no Planalto, o governo anunciou ontem que o petista Carlos Minc será o novo ministro do Meio Ambiente. Deputado estadual licenciado e secretário de Ambiente do Rio, Minc foi escolhido para substituir Marina depois que o ex-governador do Acre Jorge Viana (PT) recusou o convite feito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na conversa com Lula, Viana alegou que sua colega foi vítima de erros do governo na condução do Plano Amazônia Sustentável (PAS).
No Rio, em 16 meses, concedeu 2.068 licenças
A Secretaria do Ambiente do Estado do Rio concedeu 2.068 licenças ambientais no período de 16 meses e meio da gestão de Carlos Minc. De acordo com informações da Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (Feema), vinculada à secretaria, é o mesmo número de licenças concedidas nos três últimos anos da gestão antecessora (2004, 2005 e 2006).
Na comparação divulgada pela Feema, Minc reduziu pela metade o tempo para aprovar certificações e licenças de instalação e operação. Uma das reclamações do presidente Lula quanto ao Ministério do Meio Ambiente era justamente a lentidão do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) na liberação de projetos.
A história de um ”ecochato” que virou ”liberal demais”
Político profissional, antes de chegar à Secretaria do Ambiente do governo Sérgio Cabral Filho (PMDB), em janeiro de 2007, se preparava para iniciar o sexto mandato consecutivo na Assembléia Legislativa fluminense, para a qual foi eleito pela primeira vez em 1986. Como parlamentar, sempre se destacou por performances com assessores fantasiados, alegorias espalhafatosas e muita imprensa, para denunciar danos à natureza. No poder, manteve o estilo, mas mudou o conteúdo. De "ecochato", passou a ser classificado de "liberal demais" por alguns ambientalistas, por conta da rapidez com que licenças ambientais passaram a ser concedidas por órgãos sob seu comando.
Em passado não tão distante, no figurino de ativista ecológico, Minc chegou a martelar batatas, como rolhas, em canos de descarga de ônibus que poluíam a capital fluminense. Quando, nos anos 90, se juntou a homossexuais para incentivar o uso de camisinha, colocou um megapreservativo no obelisco, monumento de 18 metros no fim da Avenida Rio Branco, no centro do Rio.
Minc usou brecha da lei para se aposentar aos 51
Um dos líderes do movimento que acabou com as aposentadorias especiais dos deputados estaduais do Rio em 1998, o então deputado Carlos Minc (PT) usou, no início de 2003, brechas na legislação que ajudara a aprovar para ganhar pensão no valor de 42% do salário de parlamentar – de forma vitalícia e aos 51 anos. Pelo menos outros 32 deputados e ex-deputados fizeram o mesmo, segundo revelou o Estado à época.
O ministro indicado do Meio Ambiente, quando foi entrevistado sobre o assunto, em 2003, tentou justificar a decisão de pedir o benefício – contraditória com o que defendera antes – de forma pragmática, afirmando que, por ser deputado, não teria outra forma de se aposentar.
Serra corteja dissidentes do PMDB no Senado
O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), vê risco iminente de alta da inflação e adverte que o aumento dos juros não é remédio para conter o processo inflacionário em curso. Foi com esta análise do cenário econômico e críticas às ações do governo Lula que Serra se apresentou a um grupo de senadores da oposição na noite de terça-feira, em Brasília. Sem mencionar a eleição de 2010, ele adotou um tom informal, mas falou como se mostrasse o esboço de um programa futuro de governo.
Depois de ganhar o PMDB paulista de Orestes Quércia, que se aliou ao projeto de reeleição do prefeito da capital Gilberto Kassab (DEM), o governador tucano movimenta-se, agora, para conquistar peemedebistas do grupo dissidente do governo. O anfitrião da noite foi o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), que convidou dois correligionários para jantar com Serra: os senadores Mão Santa (PI) e Geraldo Mesquita (AC). Serra sentiu a falta de Pedro Simon (PMDB-RS) e disse que quer vê-lo na próxima vinda a Brasília.
Supremo veta MPs que mudam orçamento
O Supremo Tribunal Federal (STF) julgou inconstitucional uma prática recorrente do governo: a edição de medidas provisórias para liberar recursos extraordinários – não incluídos na lei orçamentária – para ministérios e outros órgãos da União gastarem em despesas corriqueiras e previsíveis. Os ministros entenderam, por seis votos a cinco, que as MPs de créditos extraordinários só podem ser editadas para liberar recursos para cobrir gastos urgentes e imprevisíveis, como despesas "decorrentes de guerra, calamidade pública ou comoção interna". A decisão da corte não paralisou a máquina de edição de MPs do Planalto.
Corregedoria vê prova de que Paulinho quebrou decoro
A Corregedoria da Câmara já definiu o caminho para pedir a abertura de processo de perda de mandato do deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), presidente da Força Sindical. Mesmo que não haja provas do suposto envolvimento de Paulinho no esquema de desvio de dinheiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o deputado poderá ser processado por ferir o Código de Ética Parlamentar, infração verificada em conversa que manteve com o advogado Ricardo Tosto, ex-conselheiro da instituição. Na Câmara, o processo é disciplinar, e não criminal.
O telefonema de Tosto a Paulinho, revelado pelo Estado, ocorreu um dia depois de o ex-conselheiro ter deixado a carceragem da Polícia Federal. No diálogo, Paulinho afirma, segundo relatório da polícia, que vai "mexer os pauzinhos" no Congresso para convocar o ministro da Justiça, Tarso Genro, a fim de explicar por que Tosto havia sido preso.
O Globo
Minc era o plano B de Lula para ocupar o ministério
O ex-governador do Acre Jorge Viana sempre foi a primeira opção do presidente Lula para substituir Marina Silva. Mas Lula já cogitava que o petista do Acre poderia recusar o convite. Por conta disso, engatilhou o plano B: o secretário de Meio Ambiente do Rio, Carlos Minc. Mas foi surpreendido com o vazamento da notícia de que já teria sondado o nome de dele. Segundo fontes do Planalto, Lula conversou com o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), sobre a saída da ministra. Só que Cabral se adiantou e divulgou o nome sem que o Planalto tivesse decidido por Minc.
Contrariado, Lula manteve o seu plano original de tentar o que ele mesmo não considerava provável: convencer Viana a aceitar o cargo. Após a reeleição, em 2006, Lula chegou a convidar o ex-governador para o mesmo cargo, depois que percebeu sinais de que a Marina não ficaria no governo. Na ocasião, Viana recusou a proposta e Lula recompôs com Marina.
PF: quadrilha tinha contato com cúpula do BNDES
O relatório número 10 da Polícia Federal sobre a Operação Santa Teresa afirma que a quadrilha investigada tinha contato com a cúpula do BNDES. O nome do diretor de Inclusão Social e Crédito, Elvio Lima Gaspar, aparece nas escutas telefônicas. O lobista João Pedro de Moura, ex-assessor do deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (PDT-SP), chegou a intermediar e participar de reunião com o vice-presidente do BNDES, Armando Mariante, com empresários que pleiteavam financiamento de R$ 1 bilhão. Paulinho não é investigado pela PF, por ter foro especial, mas o inquérito foi enviado ao STF (Supremo Tribunal Federal) e à Procuradoria Geral da República. A quadrilha cobrava propina entre 2% e 4% para intermediar empréstimos junto ao BNDES. A investigação "demonstra, no mínimo, que existe contato direto da organização com a diretoria do BNDES", afirma a PF.
Navalha: denunciados ainda mantêm cargos em estatais
Denunciado à Justiça por envolvimento com a máfia que fraudava licitações desarticulada pela Operação Navalha, o ex-ministro de Minas e Energia Silas Rondeau continua com prestígio no governo. Rondeau ainda representa o governo federal em conselhos de administração de duas importantes empresas do setor energético: Itaipu e Petrobras. Outro denunciado pelo MP Federal é diretor de Engenharia da Eletrobrás, Valter Cardeal, homem de confiança de Dilma Rousseff quando ela comandava o Ministério de Minas e Energia.
Raposa: Justiça Federal manda soltar Quartiero
O Tribunal Regional Federal da 1 Região determinou ontem a libertação do prefeito de Pacaraima (RR) e agricultor Paulo César Quartiero (DEM), de seu filho Renato Quartiero e de outros seis acusados, presos em flagrante após um ataque contra índios na reserva Raposa Serra do Sol, semana passada. A relatora do pedido de relaxamento de prisão, a desembargadora federal Assusete Magalhães, considerou que a liberdade dos acusados não apresenta riscos à ordem pública.
Quartiero e os demais arrozeiros, acusados de porte ilegal de armas, manuseio de artefatos explosivos e formação de quadrilha, estavam detidos na Superintendência da Polícia Federal em Brasília.
Correio Braziliense
Acelera, Minc
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva convidou ontem, por telefone, o secretário de Meio Ambiente do Rio de Janeiro, Carlos Minc, a assumir o Ministério do Meio Ambiente, no lugar de Marina Silva. A data da posse será marcada em reunião entre os dois, na próxima segunda-feira, no Palácio do Planalto. No encontro, o presidente deixará claro que a missão do novo auxiliar é acelerar a concessão de licenças ambientais para projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Minc terá de apresentar de forma clara e rápida as restrições impostas por órgãos ambientais a obras federais, além das respectivas recomendações para que os problemas mencionados sejam superados. Espécie de padrinho da nomeação, o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), disse a Lula que Minc dará conta do recado porque agiu exatamente dessa forma na administração estadual. Segundo o governador, ele é um “gestor eficiente”, tal qual a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.
Marina, a rebelde no Senado
A ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva (PT-AC) retoma o mandato de senadora possivelmente na próxima terça-feira já com a pecha de “independente” dentro do bloco de apoio ao governo — aliança parlamentar formada por PT, PCdoB, PSB, PP e PR, integrada por 20 congressistas. Nas conversas internas, os aliados a comparam ao senador Eduardo Suplicy (PT-SP), que nem sempre vota conforme a orientação do Palácio do Planalto e ainda usa a tribuna para cutucar o governo quando discorda dos encaminhamentos.
Congressistas negociam proposta
Congressistas e assessores do governo já começaram a negociar uma proposta alternativa para a demarcação de uma área definitiva da reserva indígena Raposa Serra do Sol, localizada no nordeste de Roraima. Em sessão tumultuada ontem na comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara, o ministro da Justiça, Tarso Genro, admitiu que governo e Congresso serão obrigados a negociar como aplicar a decisão a ser tomada pelo Supremo Tribunal Federal até junho, seja ela qual for: se em terras contínuas como está hoje ou em blocos de grandes áreas. Deputados federais do estado também admitem manter as grandes áreas indígenas, desde que o governo federal aceite excluir quatro vilas do perímetro da reserva, reveja o valor das indenizações oferecidas aos fazendeiros e desloque as fazendas para outras regiões do estado.
Mais um grampo comprometedor
Um dia após a realização da Operação Santa Tereza, a mulher do coronel aposentado Wilson de Barros Consani Júnior, um dos presos, disse ao marido dela que o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP) mandou tranqüilizá-lo, pois iria “tirá-lo de lá”. A conversa se deu por telefone e foi captada pela Polícia Federal, que ainda continuava a monitorar alguns dos suspeitos pelo esquema de desvios de financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Na ligação, a esposa de Consani afirma que o parlamentar estava “desesperado”.
Wilson Consani funcionava como um elemento de ligação entre todos os integrantes do esquema, sendo que seu ponto de atuação era a Boate WE, onde muitos negócios relacionados a fraudes eram realizados.
Jornal do Brasil
Lula se explica diante da ‘verde’ chanceler da Alemanha
Ainda em meio ao desconcerto provocado pela saída da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, vista como referência mundial na área de ambientalismo, um constrangido presidente Luiz Inácio Lula da Silva se viu forçado a comentar o caso diante de uma visita ilustre: a chanceler alemã Ângela Merkel, ela mesma ex-ministra do Meio Ambiente. Esquivando-se, em um primeiro momento, de confirmar qualquer nome para preencher a vaga de Marina, Lula enfatizou que a política ambiental do governo permanecerá inalterada, mesmo com a mudança que atingiu toda a cúpula do ministério.
Câmara começa a votar o pacote que endurece leis
Engavetado há mais de um ano, o pacote de segurança pública do Congresso – anunciado como uma resposta a grandes episódios de violência que chocam o país – começou a ganhar contorno. Das mais de 30 propostas de combate à violência que tramitam na Câmara, ontem, os líderes partidários fecharam acordo para votar 11, mas só dez foram colocados em votação. A principal matéria aprovada pelos deputados modificou o funcionamento do Tribunal do Júri e acabou com a possibilidade de um segundo julgamento quando há condenação por mais de 20 anos.
Deputado decide propor a CPI do Araguaia
Depois de ouvir ex-militares, ex-guerrilheiros e especialistas, na primeira audiência sobre o tema, o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, Pompeu de Mattos (PDT-RS) disse, ontem, que poderá propor a convocação de uma CPI para investigar o paradeiro dos restos mortais dos 59 guerrilheiros e mais de uma dezena de agricultores desaparecidos durante a Guerrilha do Araguaia, entre 1972 e 1975 na região do Bico do Papagaio.
O deputado afirmou que antes vai realizar outras audiências para atualizar informações, mas explicou que todos os relatos e documentos que chegam à comissão apontam para a figura do atual prefeito de Curionópolis (PA), Sebastião Curió Rodrigues de Moura, como o homem que detém todas as informações que podem esclarecer a real dimensão do conflito e o paradeiro dos militantes do PCdoB, uma busca que os familiares dos desaparecidos fazem há mais de 30 anos.
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