JORNAL DO BRASIL
Lula, exclusivo: “Não sonho em voltar”
Resultado de uma descontraída conversa de quase duas horas com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva:
– Cumprirá o mandato até o último dia, e jura que não sonha em voltar à Presidência;
– Entregará ao sucessor documento registrado em cartório com todas as suas realizações;
– Mal consegue disfarçar a torcida pela vitória de Barack Obama nos EUA;
– Diz que não tem candidato escolhido à sua sucessão. Mas também mal-disfarça a preferência por Dilma Roussef;
– O governo não assumirá que tem interesse na aprovação no imposto do cheque pelo Senado, mesmo que isso resulte na sua derrota;
– Criará um fundo para a educação com o dinheiro dos royalties do petróleo;
– Promete neutralidade em relação aos diversos candidatos dos partidos aliados nas próximas eleições municipais;
– Cobrará aumento da produtividade nos assentamentos dos sem-terra.
Alguns trechos da entrevista do JB
“A aprovação da Contribuição Social para a Saúde (CSS) ajuda a colocar dinheiro em caixa. O governo assumirá que tem interesse no imposto?
– Não. Isso será uma decisão do Congresso. Os senadores votarão com sua consciência. Graças a Deus as instituições no Brasil funcionam exageradamente bem.”
“Aqui no Brasil, o senhor acha que vai conseguir eleger a ministra Dilma Rousseff em 2010?
– Eu não tenho candidato.”
“Mas o senhor declarou há poucos dias que a Dilma está sendo atacada por ser a favorita.
– Não declarei isso. Mas começaram a atacá-la quando disse no Rio de Janeiro que Dilma era a mãe do PAC. Ela trabalha nesse PAC 24 horas por dia, controla todos os investimentos do PAC, fica sabendo se é preto, se é roxo. Ela é quem chama os ministros, que presta contas para mim a cada mês, que presta contas para a imprensa. Depois que eu disse isso, talvez os adversários entenderam que era uma senha. E começaram a atacar.”
“Estão atacando-a por ser a favorita para ganhar as eleições?
– A minha idéia é construir uma candidatura única da base do governo. Quero juntar todos os partidos. Acho que é plenamente possível. Temos 27 candidatos a governador, 54 candidatos a senadores, vices, cargo não falta para quem quiser disputar. Basta que as pessoas decidam claramente se querem disputar a eleição para ganhar ou se querem fazer aventura de ser candidato a qualquer preço. Eu, particularmente, trabalho com a hipótese de fazer a minha sucessão. Estou convencido que tudo o que estamos fazendo precisa continuar. Eu ainda não tenho candidato, não quero discutir isso. Agora, se você perguntar: “A Dilma tem competência?” Eu digo, tem, sim. Acho que tem pouca gente no Brasil hoje com a capacidade gerencial que a ministra Dilma tem. Agora, entre ter competência gerencial e uma candidatura à Presidência, há uma distância da largura do Oceano Atlântico.”
“O senhor ainda é jovem…
– Vou deixar a Presidência com 64 anos de idade. Obviamente que para os padrões políticos brasileiros não sou velho. Meu paradigma de longevidade é a Dercy Gonçalves e o Oscar Niemeyer. Quero chegar a essa idade, com o prestígio do Oscar Niemeyer e com a peraltice da Dercy Gonçalves. […] Obviamente que vou deixar a presidência aos 64 anos de idade e que nunca vou desistir da política. Também não quero voltar ao poder, não quero voltar a dirigir o partido, não está mais na minha cabeça.”
“Mas nada impede que o senhor volte. O senhor vai ser uma pessoa forte no país, de qualquer maneira.
– Não trabalho com a hipótese de volta. Se eu puder fazer um juramento: pela felicidade do meu filho caçula. Por que eu não trabalho com a possibilidade de voltar? Eu trabalho com a possibilidade de fazer a minha sucessão. Se eu eleger meu sucessor e ficar do lado de fora dando palpite, com poucos meses terei a pessoa que elegi como minha adversária. Como acontece em alguns países e como já aconteceu aqui. Se eu elegi uma pessoa, eu tenho a obrigação moral de ajudar essa pessoa a governar bem. E uma forma de ajudar a governar bem é não dar palpite. Se for consultado, ainda assim, falar em off. Qual é a hipótese de voltar? Se você estiver vivo ainda, se for um adversário que seja eleito. Trabalhar com essa hipótese é no mínimo mesquinharia elevada à quinta potência. Quando você passa por aqui, você tem que ser tão humilde e começar a imaginar que quem sentar aqui tem que fazer o máximo e o melhor que puder fazer, porque só assim o povo brasileiro vai ganhar. Então a gente não pode nunca torcer contra. O meu lema é o seguinte: dia primeiro de janeiro de 2011 eu entregarei a Presidência da República para alguém e vou para a minha casa conviver com a minha família. Não tenho tenho interesse de ser candidato a senador, a governador, a vereador. Nada.”
“Como o senhor vê as eleições nos EUA. Torce para alguém?
– Não, não posso dizer. O Monteiro Lobato escreveu que um dia haveria uma disputa entre uma mulher e um candidato negro nos Estados Unidos. É o que está acontecendo com o Barack Obama. Eu acho que é uma revolução na cabeça do eleitorado americano. Se Obama ganhar será mostra de grande evolução.”
“Se baixassem um pouquinho os juros, isso não ajudaria a aumentar a produtividade?
– Hoje aproximadamente 60% do custo do dinheiro que vai para a produção no Brasil não têm nada a ver com a taxa básica do Banco Central, a taxa Selic. […] O problema é a inflação. E por que há inflação? Porque algum setor está aumentando o preço. Se ninguém aumentasse o preço, não teríamos inflação.”
FAB admite despreparo dos controladores de vôo
Em relatório enviado à Organização Internacional de Aviação Civil, a Aeronáutica reconhece que o despreparo de controladores de vôo brasileiros no domínio do inglês representa perigo real de acidentes aéreos. O risco acima do tolerado por normas internacionais pode resultar em acidentes de “severidade maior”, informa Leila Suwwan. De 2003 a 2007,houve no Brasil 10 incidentes de aviação causados por problemas de comunicação em inglês.
Brasileiro liga MST a violência e coragem
Pesquisa realizada pelo Ibope por encomenda da Vale mostra que o brasileiro tem relação ambígua com os movimentos sociais. Para 45% dos entrevistados, a palavra que melhor descreve o MST é violência; para 27%, é coragem. Nas regiões metropolitanos, 46% são favoráveis ao movimento, e 50%, desfavoráveis.
PT quer candidatos em 20 capitais
Com o objetivo claro de fortalecer o partido na onda de popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o PT decidiu lançar o maior número possível de candidatos próprios às prefeituras, principalmente em capitais, grandes cidades e na região nordeste, onde o governo federal está melhor avaliado.
A idéia é repetir pelo menos parte do sucesso do PMDB no governo do ex-presidente José Sarney, em 1986, que, no auge do Plano Cruzado, elegeu 26 governadores.
FOLHA DE S.PAULO
Governo quer mais imposto da mineração
O governo quer propor um novo marco regulatório no setor de mineração e aumentar os impostos sobre a exploração de minerais no Brasil. Segundo o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, o objetivo é obter mais investimentos e dar ao país maior acesso às riquezas geradas pela mineração. A mudança também visa aproveitar a alta dos preços das commodities minerais no mercado internacional.
Exército ensinou tortura a estrangeiros
Desde sua criação em 1966, o Cigs (Centro de Instrução de Guerra na Selva), em Manaus, treinou 381 oficiais estrangeiros. Desse total, pelo menos 103 se formaram entre 1966 e 1985, período em que o local serviu ao ensino de técnicas de tortura e combate à guerrilha.
A Folha obteve a lista dos militares e conseguiu reconstruir a história de alguns deles, após passagem pelo Brasil. Apesar dos registros escassos, foi possível identificar, entre os ex-alunos, assassinos condenados, cúmplices de genocídio e acusados de tortura.
Vários deles complementaram sua formação na Escola das Américas, no Panamá, conhecida por preparar repressores que atuaram nas ditaduras latino-americanas. Na sede do Cigs, os nomes de alunos e comandantes do passado são reverenciados, constando de placas de madeira que adornam a parede de um pátio interno.
Amazônia produz 40% da carne e da soja
Com pouco mais de 5 milhões de quilômetros quadrados, dos quais 83% são dominados por floresta, a Amazônia Legal já responde por quase 40% da produção de carne e soja do país. Os dados são do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Comparados aos números gigantes da produção, são “simbólicos” os primeiros resultados da ação do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) contra o agronegócio associado ao desmatamento da Amazônia -região que concentra 36% da pecuária e 39% da cultura de soja nacionais.
Na investida contra o “boi pirata”, o instituto acaba de apreender 3.500 cabeças de gado em propriedades embargadas por desmatamento ilegal. Os fiscais já haviam apreendido 4.300 toneladas de grãos em áreas igualmente embargadas.
Sem PT, PMDB oficializa hoje disputa do prefeito à reeleição
Rompido com o PT e com dificuldades para manter o PDT na coligação, o PMDB oficializa hoje a candidatura do prefeito João Henrique Carneiro à reeleição na Prefeitura de Salvador. Até março, o PT estava na base de sustentação do partido, comandado na Bahia pelo ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional).
Com o rompimento -o PT decidiu lançar candidato próprio-, João Henrique viu os seus problemas aumentarem e passou a investir em publicidade -outdoors e anúncios em rádio, TV e jornais informam as obras executadas pela prefeitura.
A decisão de investir em propaganda foi tomada pelo partido como contraponto às pesquisas internas que apontam uma grande rejeição do prefeito, principalmente entre as classes média e alta.
O ESTADO DE S.PAULO
Pressão política enfraquece ação de agências reguladoras
As denúncias de pressões do governo na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) no caso da venda da Varig, reveladas ao Estado por sua ex-diretora, e as dificuldades da Agência Nacional de Telecomunicações para aprovar mudanças na regulamentação do setor escancaram a atual situação de esvaziamento dos órgãos reguladores no Brasil. Criadas para atuar com independência e garantir regras estáveis a investidores e consumidores, as agências têm sido asfixiadas por intervenções do Executivo, contingenciamento de verbas, nomeações políticas e quadros incompletos de diretoria.
Esse é um problema grave na Anatel, que demorou a aprovar uma regulamentação para concluir a compra da Brasil Telecom pela Oi. Sem um diretor, a votação ficou empatada e o impasse durou meses. O consenso, após pressões, chegou na quinta-feira, mas o órgão continua com o quadro incompleto.
Disputa por causa da CSS põe fim a pacto para aprovar restrição a MPs
O acirramento da disputa política entre governo e oposição em torno da criação da Contribuição Social para a Saúde (CSS), na semana passada, contaminou as discussões da proposta de emenda constitucional que muda a edição e a tramitação das medidas provisórias e provocou o fim do acordo para votar o projeto ainda neste semestre. A mudança do rito das MPs é uma das prioridades de Arlindo Chinaglia (PT-SP) em seu mandato na presidência da Câmara.
O embate na CSS serviu de pretexto para o DEM romper o movimento de aprovar as mudanças. O partido já vinha pedindo o adiamento da votação, depois de constatar que o projeto aprovado em abril na comissão especial, e festejado com triunfalismo por ambos os lados, já não seria tão útil para a oposição.
“Essa emenda foi para o espaço”, sentenciou o líder do DEM, deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (BA). A proposta de mudança, que foi considerada a redenção do Congresso frente ao excesso de medidas provisórias que impedem uma pauta própria de votação, passou a ser desinteressante para alguns atores políticos importantes.
Ao lado de vice de Serra, Kassab parte para ataque a Marta e ao PT
Num discurso de quase uma hora, diante de uma militância animada e barulhenta, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), assumiu ontem, formalmente, sua candidatura à reeleição e já revelou a estratégia para a campanha: bater forte na rival Marta Suplicy (PT), tentando polarizar com ela o debate para reduzir o espaço do tucano Geraldo Alckmin. “Assumo a candidatura como peça essencial da aliança para dar mais qualidade de vida aos paulistanos”, disse o prefeito, no final da convenção do DEM, na Assembléia Legislativa.
Kassab foi indicado por aclamação, pouco antes, pelos 81 convencionais do partido. Em outra sala, perto dali, o PMDB fazia sua convenção, que ratificou a adesão ao prefeito. Ele já conta com o apoio do PR, decidido em convenção quarta-feira, e deve receber hoje o do PV.
CORREIO BRAZILIENSE
Filhos deste solo, sem a mãe gentil
Levantamento feito pelo Correio no Sistema de Informação para a Infância e a Adolescência (Sipia), da Presidência da República, mostra que 26 denúncias de violações ao direito à educação são feitas, em média, por dia. Entre 1º de junho de 2007 e 1º de junho deste ano, foram 9.537 registros. Falta de vagas em escolas próximas de casa, transporte precário e ausência de condições mínimas de aprendizagem estão entre os principais problemas.
Trabalho repetido e vantajoso
Senado remunera, com salários adicionais, servidores de carreira e terceirizados para executarem tarefas que já são — ou pelo menos deveriam ser — realizadas pelos funcionários da atual estrutura da Casa.
O Ministério Público Federal abriu, no início do mês, investigação para apurar a regularidade da contratação de mão-de-obra temporária para preencher postos comissionados dentro do Programa Interlegis, responsabilidade da Secretaria de Informática do Senado (Prodasen). Ao mirar na iniciativa que fará a ligação entre os legislativos municipais, estaduais e federal, os procuradores da República começam a fuçar uma prática recorrente na Casa: a criação de comissões especiais temporárias.
Sob a justificativa de não se tratar de atividade-fim — ou seja, a criação de leis —, a direção do Senado monta grupos de trabalho compostos por servidores para estudar os mais variados temas. O Correio fez um levantamento sobre as comissões instaladas desde o início do ano. Foram pelo menos 12, encarregadas de cuidar desde a programação cultural de 2008, recheadas de centenários, caso dos 100 anos da morte do escritor Machado de Assis até a reforma do regimento interno.
Tabuleiro da sucessão
PMDB até abre mão da Presidência do Senado para o PT, desde que fique com a Câmara. O problema: Ciro Nogueira, do PP, o candidato do baixo clero
Há pouco mais de duas semanas, o senador José Sarney (PMDB-AP) foi procurado por petistas. O assunto, a sucessão da presidência do Senado em fevereiro de 2009. O PT quer emplacar o senador Tião Viana (PT-AC). Mas precisa do apoio do PMDB para tanto. O partido tem a maior bancada do Senado e o direito de indicar o seu presidente. Foi assim com os três últimos: Sarney, Renan Calheiros (AL) e o atual, Garibaldi Alves Filho (RN).
Sarney disse aos petistas que não tem objeção a Tião Viana. Outros senadores peemedebistas mandaram o mesmo recado. O problema é que o PMDB impôs ao PT uma dura tarefa: garantir que um peemedebista suceda o petista Arlindo Chinaglia (SP) na presidência da Câmara. De preferência, Michel Temer (SP), presidente da legenda.
E aí mora o problema para Tião Viana. Um impasse que, na verdade, se chama Ciro Nogueira (PP-PI). Influente no baixo clero da Câmara, Nogueira é apontado hoje como o favorito para ser o novo presidente da Casa em 2009. Está em plena campanha nos corredores, gabinetes e plenário. Aposta que o prestígio entre os deputados menos influentes garantirá a vitória.
Varig cobra indenização no STF
Companhia alega no Judiciário ter registrado prejuízos devido a tabelamento de tarifas nos governos Collor e Sarney. Se vencer a disputa, promete saldar ao menos parte da dívida com o fundo de previdência Aerus
O Supremo Tribunal Federal (STF) pode julgar neste ano processo que discute se a União tem de pagar indenização bilionária à antiga Varig por supostos prejuízos registrados pela companhia aérea devido ao tabelamento de preços de passagens aéreas durante os governos Sarney e Collor. O caso, que tramita na Justiça há mais de 10 anos e chegou ao STF em novembro do ano passado, tem como relatora a ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha.
Em março, a Procuradoria-Geral da República (PGR) opinou contrariamente ao pagamento de indenização à Varig. Conforme parecer assinado pelo subprocurador-geral da República Paulo da Rocha Campos, são “aberrantes” as decisões das instâncias judiciais inferiores que, desde 1992, reconheceram os pagamentos a 15 mil aposentados e pensionistas do fundo de previdência da companhia aérea, o Aerus. Para Campos, tais decisões não levaram em conta a realidade social dos governos e dos respectivos planos econômicos.
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