O Estado de S. Paulo
Para chegar a 20% nas pesquisas, Dilma abandona figurino de gestora
O Palácio do Planalto promoveu uma guinada nos rumos da estratégia caseira para a sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva: na semana passada, em definitivo, Dilma Rousseff trocou o figurino de "gestora" da Esplanada dos Ministérios pelo de candidata petista em 2010. O PT já patrocina sem constrangimento as andanças político-partidárias da ministra e organiza jantares com o intuito explícito de promovê-la eleitoralmente.
Desde o fim de janeiro, os compromissos da gestora, sempre cheios de "despachos internos" para coordenar os colegas e prestar contas a Lula, vêm dando lugar a agendas típicas de candidatos, com inaugurações, viagens e fotos em profusão ao lado do presidente. Com a consolidação do nome da ministra no PT e na opinião pública, Lula deflagrou a segunda fase do trabalho político com uma meta: fazer com que Dilma apareça nas simulações eleitorais até o fim do ano com algo em torno de 15% a 20% das intenções de voto. Se alcançar esse patamar com tanta antecedência, Lula e seus aliados avaliam que o governo terá chance real de vitória em 2010.
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Segundo pesquisa CNT/Sensus, divulgada este mês, Dilma tem hoje 13,5% das intenções de voto. Na mesma pesquisa, seu provável adversário, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), está disparado em primeiro lugar, com 42,8%. É justamente para encurtar essa diferença que Lula acelera o andamento da campanha de Dilma.
Maior temor é que desemprego vire munição para os adversários
Dentro do governo existe a avaliação de que o crescimento da candidatura da ministra Dilma Rousseff poderá ser influenciado pela evolução da crise econômica internacional. Até agora, os efeitos da crise sobre a economia brasileira não provocaram estragos na avaliação extremamente positiva do governo e do presidente Lula.
O problema é que o Planalto sabe que um eventual agravamento desse cenário internacional tende a provocar efeitos mais pesados sobre o Brasil, desgastando o governo. Auxiliares do presidente lembram que diante do quadro externo não há como evitar que ocorra crescimento de desemprego. O que Lula quer evitar é que esses indicadores se tornem tão graves que contaminem negativamente a imagem do governo e, por tabela, da própria Dilma. Mais: quer impedir que a bandeira do desemprego se torne um mote de campanha da oposição contra o governo e a ministra.
Além de incentivar a conversa de sindicatos com patrões para negociar a flexibilização de vantagens trabalhistas em troca de preservação de postos de trabalhos, o governo decidiu ampliar o alcance do seguro-desemprego. Na quarta-feira, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, anunciou que os trabalhadores que forem demitidos no período da crise econômica (a partir de dezembro de 2008) terão direito ao seguro-desemprego por um período de cinco a sete meses. Antes, o benefício era aplicado por três a cinco meses.
Aécio avisa a PSDB que exige prévias
O governador de Minas Gerais, Aécio Neves, comunicou ao PSDB que exige prévias e estabeleceu um prazo para que o partido regulamente o modelo das primárias tucanas: a data-limite é 30 de março e nem um dia a mais. Ele está preocupado com a resistência dos paulistas e se irritou com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, por conta da defesa da antecipação da escolha do nome tucano, sob a alegação de que a candidatura da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), já está posta.
O que preocupa Aécio é que FHC reclamou do fato de o PT estar correndo sozinho, mas não falou em prévias para escolher o candidato da oposição. O governador entendeu que, se for para apressar a definição sem uma consulta ampla e democrática às instâncias partidárias, é porque o escolhido não será ele, e sim o governador paulista, José Serra. Nesse cenário, caso as primárias tucanas não saiam até março, estará explicitado o racha e o governador vai se considerar "liberado" para articular alternativas que o atendam no processo sucessório. No limite, admite até a hipótese de sair do partido.
O governador tem exposto sua estratégia em conversas reservadas e revelou-a ao presidente Lula na sexta-feira, 6 de fevereiro. Lula nunca acreditou que ele pudesse deixar o PSDB, mas levou o governador a sério e o estimulou a seguir adiante. O presidente também quer ter uma alternativa a Dilma, embora toda a aposta dele seja na ministra. A alternativa é cultivada com o interesse de rachar o PSDB – o que Lula não quer é que a sucessão dê em Serra.
Tucanos definem palanques até junho
Após o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso pedir antecipação na definição do candidato tucano que irá disputar a Presidência, o PSDB fixou junho como prazo para resolver pendências nos palanques regionais a fim de fortalecer o conjunto de alianças em torno do nome que disputará em 2010.
O objetivo das lideranças do partido é anunciar, no máximo, até dezembro o candidato. Estão na disputa o governador paulista José Serra e o colega mineiro Aécio Neves. "Se Aécio quiser prévias, vamos fazê-la", disse o senador Sérgio Guerra (PE), presidente do PSDB. "O nosso princípio é articular palanques. Não podemos deixar que os grupos políticos ajam para só depois agirmos", declarou o secretário-geral do partido, deputado Rodrigo de Castro (MG).
Os maiores problemas hoje estão em cinco Estados: Rio Grande do Sul, Maranhão, Rio de Janeiro, Paraná e Rondônia. A pressa para solucioná-los tem razão simples: a costura de palanques fortes representa uma primeira vitória na longa batalha que é uma disputa presidencial.
O PMDB e o DEM são os principais noivos dos tucanos. Dos 27 Estados, em pelo menos 18 há hoje a tendência de se formar uma aliança oficial com um dos dois partidos. Tudo a depender também de como o PMDB vai se definir nacionalmente, se apoiará o candidato do governo – o principal nome é o da ministra Dilma Rousseff – ou a oposição.
Senado vive luta acirrada por vitrine para 2010
Nesta semana o Senado deve finalmente desatar o nó da escolha dos novos presidentes das 11 comissões permanentes da Casa. A disputa está acirrada no início desta legislatura porque dois terços dos 81 senadores terão de disputar a eleição de 2010 para renovar o mandato e estão atrás de uma vitrine política que lhes dê visibilidade, vantagens de infraestrutura e assessores no Senado.
Em algumas comissões a disputa gerou uma espécie de overbooking de candidatos. E é evidente em muitos casos a baixa taxa de afinidade entre o tema da comissão e o histórico de atuação do parlamentar.
A preocupação é prioritariamente eleitoral, pois as comissões têm cada vez menos poder de decisão. A aprovação de um projeto – mesmo os mais polêmicos e relevantes para o País – não garante que o assunto vai passar no plenário do Senado e virar lei.
Os exemplos mais flagrantes são quatro matérias aprovadas na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) em 2007 e no ano passado: o fim do voto secreto nos julgamentos em plenário por quebra do decoro parlamentar, mudanças na maioridade penal, alteração nas normas para escolha dos suplentes de senadores e a inelegibilidade de condenados em até segunda instância. O aval da comissão provocou um debate público sobre os temas, mas, como não há consenso entre o governo e os partidos da Casa, os líderes optaram por engavetar as propostas.
Correio Braziliense
O maior arquivo vivo do país em perigo
O empresário Marcos Valério foi forçado a pagar “pedágio” a integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) para sobreviver na penitenciária de Tremembé, no interior de São Paulo. No presídio onde ficou por três meses, o pivô do escândalo do mensalão teve parte dos dentes da frente quebrados e cortes profundos no corpo feitos com estiletes. Mesmo fora da prisão, Valério continua sendo extorquido pelos criminosos. Vinte quilos mais magro, hoje ele vive totalmente recluso.
Crise mostra a cara e aflige brasileiros
Desempregado, Gilvan Alves sofre na pele os efeitos da recessão. Além de perder o trabalho, vítimas da crise acumulam dívidas e têm que reestruturar o orçamento.
Brasileira sob pressão
Polícia suíça admite indiciar a advogada Paula Oliveira se comprovar que ela enganou autoridades sobre suposto ataque de neonazistas. Abalado, pai da pernambucana diz não saber onde estariam exames que provariam gravidez da filha antes de agressão.
Folha de S. Paulo
Lula vê crise como oportunidade para Dilma
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não brinca quando diz que a crise econômica é uma oportunidade. Politicamente, Lula aproveita a crise para estreitar laços da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) com grandes grupos econômicos. Ela é a candidata dele à Presidência em 2010.
Em conversas reservadas com dirigentes petistas e auxiliares de Lula envolvidos na estratégia para tentar eleger Dilma, a Folha ouviu que a crise, se bem administrada pelo governo, poderá levar mais apoio do establishment ao PT do que a uma candidatura da oposição.
O raciocínio no Planalto é o seguinte: a crise mundial derrubou resistências à ampliação dos gastos públicos, algo desejado por Lula e Dilma, mas mantido sob certo controle até o agravamento da situação econômica internacional em setembro, com a quebra do Lehman Brothers, um dos maiores bancos de investimento dos Estados Unidos.
Na virada do primeiro para o segundo mandato, Lula fez uma inflexão na política econômica, reduzindo o rigor fiscal e ampliando despesas públicas. No mundo todo, a atual crise tem sido enfrentada com maior presença do Estado na economia, o que é música aos ouvidos de Dilma.
Nesse contexto, criaram-se oportunidades para mais aproximação com grupos econômicos. O Banco do Brasil comprou metade do Banco Votorantim após um pedido de socorro da família Ermírio de Moraes ao ministro da Fazenda, Guido Mantega. O ministro falou com o presidente, que autorizou a operação.
No PT, diz-se que será um contato fundamental para a época eleitoral, na qual o partido precisará de contribuições para fazer campanha. A venda da metade do banco ajudou o grupo Votorantim a compensar perdas com apostas no mercado financeiro. A compra do BB capitalizou o grupo num momento-chave.
Deputado critica ampliação da TV Câmara
A Câmara possui hoje uma ampla rede para divulgação da atividade de seus 513 deputados, o que inclui jornal diário, site, rádio e TV de alcance nacional, além de verba mensal individual para cada um dos 513 congressistas.
E essa estrutura tende a aumentar caso seja implantada a promessa de Michel Temer (PMDB-SP) de fazer a TV Câmara acompanhar os passos dos deputados nos Estados.
O atual "pacote" de comunicação da Câmara dos Deputados abrange hoje duas esferas, a individual e a institucional, e tem gastos anuais que ultrapassam R$ 40 milhões.
O primeiro item do "pacote" é a estrutura de comunicação institucional, com orçamento previsto de R$ 36 milhões para 2009 -a TV Câmara consumirá a maior parte da verba: são R$ 24,5 milhões para seu custeio e mais R$ 10 milhões de investimentos, como a compra de novos equipamentos e outras melhorias.
A TV cobre todo o território nacional, em pacotes por assinatura, via satélite ou com sinal aberto. A "comunicação oficial" pauta-se, principalmente, pela transmissão ao vivo e pela reprise das sessões plenárias, das comissões temáticas, além de debates e entrevistas individuais com parlamentares. A maioria dos funcionários da comunicação trabalha no canal televisivo (235 de 452).
Responsável pelas finanças da Câmara, o primeiro-secretário, Rafael Guerra (PSDB-MG), diz que a proposta do presidente da Câmara é "impraticável". "Acho impossível a TV Câmara fazer isso, imagine o custo de equipamentos e funcionários em 27 Estados", diz ele, para quem a exposição dos deputados na TV da Casa é suficiente.
Valores recebidos por Duda do governo Lula voltam a crescer no pós-mensalão
A investida de Duda Mendonça em mercados importantes como o governo de São Paulo não significou o abandono de campanhas para o governo federal. Em 2008, a agência do publicitário recebeu mais de R$ 12 milhões por trabalhos para o Ministério da Saúde. Somando-se os restos a receber de 2007 (valores pagos em 2008 por serviços prestados em 2007), a empresa do publicitário recebeu mais de R$ 15 milhões no ano passado.
A DM&AP, empresa de Duda, já chegou a receber R$ 63 milhões em um ano (2004) por contratos com o governo Lula. Em 2005, ano em que foi envolvido no escândalo do mensalão, houve uma queda para quase R$ 39,5 milhões. Os contratos diminuíram progressivamente, até chegarem em R$ 9,57 milhões em 2007.
No ano passado, os valores totais voltaram a crescer. A agência de Duda foi responsável por campanhas de planejamento familiar, aleitamento materno e tuberculose.
O contrato entre a DM&AP e a pasta da Saúde é de 2005. A agência venceu licitação para prestar serviços. Foi, depois, prorrogado até abril deste ano.
O levantamento foi feito pela Folha no Portal da Transparência, da Controladoria Geral da União. Os dados foram complementados pelas informações obtidas no Siafi, o sistema de acompanhamento de gastos do governo, com a ajuda da ONG Contas Abertas.
Cargos de confiança crescem 32% no país em cinco anos
Estados, municípios e o governo federal promoveram em cinco anos um crescimento dos cargos de confiança. O número saltou de 470 mil, no início de 2004, para 621 mil pessoas agora, um aumento de 32%.
Os dados oficiais sobre as administrações diretas foram compilados pela Folha. Os cargos de confiança são os chamados comissionados, que podem ser ocupados por servidores de carreira ou por pessoas de fora do serviço público. Os postos são considerados importantes para as gestões, mas os especialistas apontam um exagero no caso brasileiro.
Esta semana, o ministro Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos) sugeriu a substituição de comissionados por carreiras de Estado. Já a presidenciável Dilma Rousseff (Casa Civil) afirmou que "a grande questão no Brasil é instituir a meritocracia no Estado, o profissionalismo".
Fatia do bolo
A fatia ocupada pelos comissionados no total de servidores na ativa também aumentou nos últimos cinco anos. Isso porque a velocidade de criação desse tipo de cargo foi maior que o aumento do total de funcionários das administrações diretas, que não incluem estatais e bancos públicos, por exemplo.
Nos Estados, a fatia ocupada aumentou de 5% para 6%. Eram 115 mil comissionados em 2004 contra 158,8 mil agora (crescimento de 37,4%). O salto de todos os funcionários na ativa foi de 16% (de 2,3 milhões para 2,66 milhões). Amapá e Pará não enviaram os dados pedidos pela Folha.
Liberdade de imprensa ainda corre risco na América Latina, diz ONG
Apesar dos avanços políticos e sociais que a América Latina viveu nos últimos anos, a liberdade de imprensa continua sob risco na região e é premente a necessidade de reforma em relação ao setor. A conclusão é de relatório divulgado na sexta pelo Diálogo Interamericano, entidade não-governamental baseada em Washington.
O texto, baseado em conferências realizadas em janeiro de 2008, ressalta a "importância de se desenvolver propostas realistas e efetivas para uma reforma séria da mídia na América Latina". Quatro questões são levantadas: leis e regulações do setor; concentração de propriedade; censura indireta; e o papel do jornalismo na qualidade da democracia.
Não há censura direta na maior parte dos países, mas a interpretação de leis antigas pode dar margem a práticas não condizentes com a norma democrática, diz o texto, intitulado "Mídia e Governança".
Outro problema é a falta de leis que garantam o acesso à informação pública, segundo o relatório, que critica ainda a divisão política de verbas publicitárias federais como maneira de os governos protegerem ou prejudicarem veículos.
O Globo
Milícia tira alunos de sala para trabalhar em vans
Estudantes da Zona Oeste estão trocando os bancos escolares pelos das cerca de 1.500 Kombis de transporte alternativo controladas por milicianos na região. Trabalhando como cobradores no horário em que deveriam estar em sala de aula, eles ganham de 20 a 50 centavos por passageiro transportado. (…)
Investimento em usina no Rio é recorde
Na contramão da crise, os investimentos alemães na Siderúrgica do atlântico (ThyssenKrupp CSA), em construção na Zona Oeste do Rio, já passam de € 5 bilhões – o equivalente a R$ 15 bilhões. É o maior investimento privado em andamento no Brasil. (…)
Prisões têm ‘boom’ de suicídios suspeitos
Nos últimos três anos, os casos de suicídio na população carcerária cresceram 40% (de 77 para 108). As autoridades desconfiam dessa estatística porque descobriram que presos chegam a ser forçados por outros a tomar coquetéis venenosos que provocam paradas cardíacas.
Jornal do Brasil
No Orkut, remédios abortivos proibidos
Ao digitar a palavra aborto no site de relacionamentos Orkut, o usuário encontra mais de mil páginas referentes ao procedimento ilegal e de alto risco. A comunidade “Aborto com Citotec/Cytotec” – remédio proibido no país desde 2005 pela Anvisa – ensina a dar fim à gravidez indesejada. Por e-mail ou MSN, as jovens conseguem comprar até oito comprimidos de Cytotec, dose que pode levar a gestante à morte. Especialista alerta: é uma questão de saúde pública.
Tecnologia revela riscos do Brasil
A dependência tecnológica coloca em risco a siderurgia e a indústria automobilística do país. A afirmação é do presidente da Associação Brasileira de Carbono, engenheiro Luiz Depine de Castro, autor de patente utilizada em ônibus espaciais.
Polarização de volta na Venezuela
Venezuelanos vão às uma hoje para escolher se aprovam ou não a emenda constitucional que permite a permanência do presidente Hugo Chávez no poder.