Folha de S. Paulo
Sem apoio de Lula, Marina anuncia saída do governo
Depois de cinco anos, quatro meses, 12 dias e uma coleção de disputas no cargo, a ministra Marina Silva (Meio Ambiente) deixou o governo ontem. Ao mesmo tempo em que um portador levava carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Marina relatava à equipe o caráter "irrevogável" de seu afastamento. Sem apoio do presidente, ela já não via condições de permanecer no cargo.
Embora já esperasse pela reação da ministra, cuja gestão já não o satisfazia, Lula reagiu com irritação ao formato da saída: Marina nem sequer pediu demissão, apenas comunicou sua decisão de deixar o comando do Meio Ambiente.
A decisão de Marina foi amadurecida desde a manhã de quinta-feira passada. Pouco antes da cerimônia pública do lançamento do PAS (Plano Amazônia Sustentável), no Planalto, a ministra participou de reunião com Lula e governadores da Amazônia. Naquele momento, foi informada por Lula que a coordenação do Conselho Gestor do plano ficaria com o ministro Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos), que não participara da elaboração do plano, gestado desde 2003.
Bancada ruralista festeja saída de Marina do cargo
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Ministra acumulou derrotas sempre que contrariou os interesses do Planalto
Nos cinco anos que passou à frente do Meio Ambiente, Marina Silva acumulou derrotas sempre que o setor ambiental bateu de frente com interesses estratégicos do governo.
Perdeu a briga dos transgênicos para o agronegócio. Perdeu a briga do licenciamento de obras de infra-estrutura para Dilma Rousseff e as empreiteiras (na ocasião, Lula chegou a decidir demiti-la, como viria a confessar). Agora, novas pressões desses setores ameaçam anular seu maior legado: uma política de desenvolvimento sustentável para a Amazônia.
A primeira grande derrota de Marina aconteceu em seu primeiro ano como ministra. No final de 2003, o Planalto liberou, por medida provisória, a comercialização de soja transgênica. A liberação era de interesse do setor agrícola e uma bandeira do então ministro Roberto Rodrigues (Agricultura).
ONGs vêem prejuízo à imagem do governo
Ambientalistas receberam com preocupação a notícia da demissão de Marina Silva e apontaram que o governo Lula fica com sua imagem doméstica e internacional arranhada.
"Agora o rei está nu, a roupa verde do presidente foi levada", diz Frank Guggenheim, diretor do Greenpeace. "Trata-se de uma clara demonstração de que a área ambiental não tem espaço no atual governo", afirma Denise Hamú, secretária-geral do WWF. "Não bastassem as implicações dessa decisão, o pedido de demissão de Marina Silva terá uma repercussão muito negativa para o Brasil no exterior", afirmou.
Planalto avalia que a saída foi "espetacularizada" por Marina
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou contrariado com a forma escolhida pela ministra Marina Silva para anunciar seu desligamento da pasta. Para o Planalto, Marina espetacularizou a própria saída ao divulgá-la para a imprensa antes de discutir o assunto internamente. O governo teme desgaste de sua imagem no exterior com o episódio, pois a ministra era uma espécie de símbolo internacional na área ambiental.
Às 19h30 de ontem, a Presidência divulgou a carta de demissão enviada pela ministra e confirmou que Lula, após ler o conteúdo, tinha aceitado o pedido. Em relação ao substituto, o Planalto negou que um convite já tivesse sido feito.
O presidente chegou a falar com o governador Sérgio Cabral (PMDB) sobre a possibilidade de chamar o secretário de Meio Ambiente do Rio, Carlos Minc, para o ministério. Mas, segundo assessores, tratou-se de uma sondagem, não de um convite formal.
Lula chama Jorge Viana para Meio Ambiente
Em telefonema ontem à noite, o presidente Lula disse ao ex-governador do Acre Jorge Viana que gostaria que ele assumisse o Meio Ambiente no lugar de Marina Silva, mas que desejava conversar pessoalmente com ele hoje de manhã para bater o martelo. Viana respondeu que viajaria hoje no primeiro avião para Brasília.
Na virada do primeiro para o segundo mandato, Lula quis trocar Marina por Viana, mas o ex-governador preferiu não substituí-la para não passar a idéia de traição. Na época, ele disse a Lula que só aceitaria a pasta na hipótese de Marina pedir para sair, o que ocorreu ontem. Viana e Marina fizeram carreira política juntos no Acre.
Procuradoria denuncia ex-ministro de Lula
Quase um ano após a deflagração da Operação Navalha, que revelou um esquema de fraude a licitações, o Ministério Público Federal denunciou 61 pessoas ao STJ (Superior Tribunal de Justiça), entre elas o ex-ministro Silas Rondeau (Minas e Energia), os governadores Jackson Lago (MA) e Teotonio Vilela Filho (AL) e os ex-governadores José Reinaldo Tavares e João Alves Filho.
Os envolvidos são acusados pelas subprocuradoras Célia Regina Delgado e Lindôra Araújo, que assinam a denúncia protocolada em 12 de maio no STJ, por formação de quadrilha, peculato, falsidade ideológica, fraude à licitações e corrupção passiva e ativa e contra o sistema financeiro. No final de 2007, a Folha antecipou que entre os denunciados estariam Rondeau e o governador Teotônio Vilela (PSDB-AL).
Assembléias têm de autorizar processo contra governadores
A possível abertura de processos contra os governadores Jackson Lago (PDT-MA) e Teotonio Vilela Filho (PSDB-AL), denunciados por suposta participação no esquema de desvio de dinheiro público liderado pela Gautama, precisa ser autorizada pelas Assembléias Legislativas dos dois Estados.
Segundo as Constituições estaduais, a abertura de processo contra o governador precisa da aprovação de pelo menos dois terços dos parlamentares de cada uma das Casas legislativas. Caso não atinja os votos necessários, o processo é suspenso até o final do mandato.
Liminar do TRF bloqueia bens de deputado
O Tribunal Regional Federal da 1ª Região bloqueou os bens do deputado federal Jader Barbalho (PMDB-PA) e outros dez suspeitos de desvio de recursos públicos da Sudam. Na ação, de 2007, o Ministério Público não cita crimes, mas pede a devolução de R$ 18,1 milhões em empréstimos para projetos nos quais viu "indícios de desvio de finalidade e utilização fraudulenta dos valores liberados".
Acusados rechaçam denúncias
Alguns dos denunciados pela Procuradoria Geral da República disseram ontem que ainda não tiveram acesso ao conteúdo da denúncia. O governador do Maranhão, Jackson Lago (PDT), divulgou ontem uma nota na qual afirma que recebeu a denúncia com "surpresa e indignação" e que durante as investigações da Operação Navalha seu nome foi apenas citado em conversas telefônicas de terceiros. Segundo Lago, os pagamento feitos à Gautama em seu governo foram referentes a obras realizadas antes de sua posse, em janeiro de 2007. Na nota, o governador ataca indiretamente a família Sarney, seus principais adversários políticos no Maranhão.
Empresários que depositaram para Duda nos EUA viram réus
A Justiça Federal aceitou denúncia contra dois empresários envolvidos em esquema citado no processo do mensalão. Eles seriam os responsáveis pelos depósitos no exterior para Duda Mendonça, ex-marqueteiro do presidente Lula em 2002.
Segundo o Ministério Público Federal, Glauco Diniz Duarte e Alexandre Vianna de Aguilar são acusados de evasão de divisas e lavagem de dinheiro. A investigação aponta para uma "extensa e contínua rede de operações travadas pela empresa dos réus com doleiros brasileiros e estrangeiros".
Eles teriam constituído uma empresa na Flórida (EUA), para "operar com troca de cheques, câmbio de moeda estrangeira e remessa de valores". Por meio de uma conta no Bac Florida Bank em nome da empresa, faziam operações com recursos próprios e de terceiros "sem a devida declaração" à Receita.
Suíça deve colaborar no caso que envolve Alstom e Metrô
A Suíça deve colaborar na investigação do Ministério Público sobre a suspeita de que a Alstom pagou propina para obter contratos com o Metrô de São Paulo, segundo o departamento de cooperação internacional da embaixada suíça.
Os Ministérios Públicos da Suíça e da França detêm documentos segundo os quais a Alstom teria distribuído US$ 6,8 milhões a políticos brasileiros para ganhar uma licitação de US$ 45 milhões do Metrô.
Os documentos, segundo o jornal americano "Wall Street Journal", sugerem que a Alstom distribuiu cerca de US$ 200 milhões em propinas a políticos de Brasil, Venezuela, Cingapura e Indonésia para que a empresa fizesse usinas hidrelétricas nesses países.
Diálogo menciona pagamento a Paulinho
Em diálogo telefônico interceptado pela Polícia Federal na Operação Santa Tereza, o empreiteiro Manuel Fernandes de Bastos Filho, o Maneco -apontado pela PF como o "coordenador do esquema" de alegado desvio de empréstimos do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social)-, descreveu uma suposta divisão de R$ 2 milhões que deveria incluir o deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (PDT-SP).
Maneco, também apontado pela PF como dono de uma casa de prostituição nos Jardins, está foragido desde o último dia 24. Contra ele há um mandado de prisão preventiva expedido pela Justiça Federal. No dia 9 de janeiro passado, Maneco manteve uma conversa de 22 minutos com Jamil Issa Filho, ex-secretário de Urbanismo da Prefeitura de Praia Grande (SP), tomadora de um empréstimo no BNDES. Maneco explicou que seria necessário emitir notas fiscais para dar saída à parte do empréstimo que seria, então, distribuída pelo grupo. O banco havia liberado uma parcela de R$ 20 milhões.
Paulinho diz que compra de casa foi legal
O deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força Sindical, disse ontem que sua mulher, Elza de Fátima Costa Pereira, comprou uma casa de praia em Bertioga com dinheiro lícito e que tinha o suficiente para realizar o negócio.
Paulinho afirmou que a aquisição do imóvel em meio a denúncias de que participou de fraude no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) demonstra "transparência" e também que o casal está tranqüilo com as acusações. "Tudo foi pago com dinheiro lícito.
O Estado de S. Paulo
Marina deixa ministério
Depois de mais de 5 anos acumulando desafetos dentro do governo e prestígio fora dele, a senadora Marina Silva (PT-AC) se demitiu ontem do cargo. O presidente Lula ficou irritado com forma como ministra saiu, que considerou "espalhafatosa". O relacionamento de Marina na Esplanada só fez piorar nos últimos anos. Ela teve enfrentamentos com os ministros Dilma Rousseff e Reinhold Stephanes, com o ex-ministro Silas Rondeau e também com Lula.
Titular do Meio Ambiente se sentiu desprestigiada
Cinco anos, quatro meses e treze dias depois de assumir o cargo de ministra do Meio Ambiente, a senadora Marina Silva (PT-AC) cumpriu a previsão de que perderia a cabeça, "mas não o juízo". Numa carta enviada ontem ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ela pediu demissão do cargo (leia a íntegra na página A7). Nesse caso, perder o juízo, na avaliação de assessores de Marina, seria continuar no governo tendo de conviver com o ministro da Secretaria de Ações de Longo Prazo, Mangabeira Unger, como coordenador do Plano Amazônia Sustentável (PAS).
Queda é exceção por não envolver escândalo
A demissão de Marina Silva não tem efeito negativo apenas na área ambiental. Uma das raras remanescentes da equipe formada pelo presidente Lula no início do mandato, ela representava no governo um dos poucos grupos do PT que se manteve ao largo de escândalos
Ao contrário de outros ex-integrantes do primeiro escalão, que saíram acusados de envolvimento em irregularidades, Marina deixa o governo realmente "a pedido", sem precisar recorrer a essa saída honrosa apenas para justificar sua demissão.
Vários ministros e assessores deixaram seus postos a pedido, mas empurrados para a decisão pelo presidente. Foi o caso do ex-chefe da Casa Civil José Dirceu, apontado como um dos responsáveis pelo mensalão. Ele sempre negou a acusação. Mas, por conta da pressão política, teve que deixar o cargo de ministro e a Câmara cassou seu mandato de deputado.
Ministra criticava ”Opep dos biocombustíveis”
Marina Silva andava incomodada com as últimas decisões do presidente Lula e vice-versa. No Planalto, teve má repercussão recente entrevista concedida à Agência Brasil, em que ela defendia a contenção da produção de etanol. Para Marina, o etanol não poderia comprometer a produção de alimentos e o País não deveria querer liderar uma "Opep dos biocombustíveis".
Quem saiu do governo foi o símbolo
A demissão da ministra Marina Silva soa a notícia que nasce velha. Saiu agora? Por que só agora? Ela dava a impressão de que estava saindo do governo há muito tempo, talvez desde o dia do ano passado em que entrou no gabinete do presidente Lula demissionária, para discutir a licença ambiental da hidrelétrica no Rio Madeira, e voltou anunciando a criação do Instituto Chico Mendes por medida provisória, que multiplicou o Ibama por divisão celular. Com isso, ela trocava uma derrota na Amazônia por uma vitória burocrática em Brasília. E a Amazônia era seu forte. Ou não era?
Não era. Pelo menos foi ali, de preferência, que o governo Lula se esmerou em emparedar a ministra do Meio Ambiente. No ano passado, o PAC foi o atestado oficial de que Marina Silva tinha ficado para atrás, em seu próprio território. Na Amazônia, onde ela queria botar, com fé meio cega, mas sincera, assentamentos de sem-terra, reservas indígenas, populações tradicionais e outras trincheiras muito sociais e pouco ambientais das políticas de conservação da floresta, o governo resolveu pôr estradas, portos, canaviais e usinas, anunciados com ostensivo descaso pela ministra.
Desmatamento caiu 60% em 3 anos
Marina Silva deixa como principal legado de governo sua luta pela conservação da Amazônia. Como ministra do Meio Ambiente, a ex-seringueira e companheira de Chico Mendes pôs a floresta brasileira nas agendas políticas, econômicas e ambientais do mundo. Entre sucessos e fracassos, dois resultados se destacam: o total de áreas protegidas federais na Amazônia aumentou mais de 60% em cinco anos e o desmatamento caiu quase 60% em três anos.
"Não há dúvida de que ela deixa uma redução importante do desmatamento", avalia Cláudio Maretti, superintendente de Conservação da WWF-Brasil. "Ela enfrentou o problema em todas as suas frentes."
Lula sonda Carlos Minc, mas PT prefere Viana
presidente Luiz Inácio Lula da Silva iniciou ontem mesmo sondagens para escolher o substituto de Marina Silva no Ministério do Meio Ambiente. À tarde, Lula telefonou para o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), e perguntou se o secretário do Meio Ambiente, Carlos Minc (PT), poderia ser liberado de suas funções para assumir a vaga de Marina.
"O presidente ligou para o governador requisitando o secretário Carlos Minc. O governador autorizou o secretário a ser o novo ministro do Meio Ambiente", disse a assessoria de imprensa de Cabral. À noite, o Palácio do Planalto informou, porém, que não foi esse o tom da conversa.
Lula dá aval a aliança entre PT e PSDB em Belo Horizonte
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu o governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), ontem à tarde e, na conversa de cerca de uma hora, manifestou-se favorável à parceria entre o PT e o PSDB na sucessão do prefeito petista de Belo Horizonte, Fernando Pimentel. "O presidente disse que não vê qualquer dificuldade para esse entendimento, mas registrou que essa é uma condução que deve ser feita pelos partidos, com o que eu concordo", resumiu Aécio ao final do encontro.
O aval à aliança foi dado logo depois de um grupo de parlamentares do PT mineiro ter se reunido com o presidente nacional do partido, deputado Ricardo Berzoini (SP), em mais uma tentativa de impedir que tucanos e petistas estejam oficialmente juntos na sucessão de Belo Horizonte. O candidato de Aécio é seu secretário de Desenvolvimento Econômico, Márcio Lacerda (PSB), que compôs chapa com o PT na vice.
CPI convoca secretário de Dilma e assessor de tucano
A CPI dos Cartões aprovou ontem, em votação simbólica, a convocação do secretário de Controle Interno da Casa Civil, José Aparecido Nunes Pires, e de André Fernandes, assessor do senador Álvaro Dias (PSDB-PR). Com receio das revelações de Aparecido sobre a montagem do dossiê na Casa Civil com gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, a base governista exigiu que, antes de ele depor à CPI, a Polícia Federal envie cópia de seu depoimento à comissão de inquérito. Os governistas querem evitar, dessa forma, ser surpreendidos com o teor do depoimento.
José Aparecido foi o responsável pelo envio, para Fernandes, de cópia da planilha preparada no Planalto com gastos de FHC. Aparecido não foi ouvido ontem pela PF, conforme o previsto. Com isso, o depoimento dele e de Fernandes à CPI só deverá ocorrer na semana que vem. Até lá, o governo espera dobrar José Aparecido, que, segundo interlocutores do Planalto, estaria enfurecido por ter sido "jogado às feras". Aparecido sentiu-se desprestigiado pelo fato de o governo ter concordado rapidamente com sua convocação na CPI.
Aparecido ainda não deixou cargo no Planalto
Um dia depois de ter acertado sua saída do Palácio do Planalto, o secretário de Controle Interno da Casa Civil, José Aparecido Nunes Pires, não havia deixado o cargo até o início da noite de ontem. Ele estaria irritado com a atitude do governo, que decidiu aprovar sua convocação pela CPI dos Cartões Corporativos.
A interlocutores, José Aparecido confidenciou que não aceita "cair sozinho" e que poderá envolver publicamente Erenice Guerra, seu desafeto e braço direito da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, no imbróglio de montagem do dossiê com gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Governadores do Maranhão e de Alagoas denunciados por corrupção
O Ministério Público Federal denunciou ontem os governadores do Maranhão, Jackson Lago (PDT), e de Alagoas, Teotônio Vilela Filho (PSDB), e o ex-ministro de Minas e Energia Silas Rondeau, além de outras 58 pessoas, por envolvimento no esquema de fraudes em licitações de obras públicas, montado pela construtora Gautama e desarticulado pela Polícia Federal por meio da Operação Navalha, no ano passado.
Lago e Teotônio foram denunciados por formação de quadrilha, peculato e corrupção passiva, crimes cujas penas somadas chegariam a 27 anos. As investigações indicaram que os governadores teriam atuado para facilitar a vida da Gautama, liberando verbas para obras executadas mediante fraude nos Estados.
Paulinho disse para Tosto ficar no BNDES
O deputado Paulo Pereira da Silva, Paulinho da Força (PDT-SP), tentou convencer o advogado Ricardo Tosto a não pedir afastamento do Conselho de Administração do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), revela grampo da Polícia Federal.
"Você não devia pedir (afastamento), não. Não sai não, cara", sugere Paulinho, na conversa com Tosto interceptada pela PF dia 27 de abril, às 13h22.
Diante da insistência de Tosto, o deputado é taxativo: "Mas aí você tem que mandar lá para a Força (Sindical). Nós não vamos concordar que você saia."
Correio Braziliense
Isolada, Marina deixa o governo
Seringueira, amiga de Chico Mendes, reconhecida mundialmente pela defesa da Floresta Amazônica, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, pediu demissão ontem de manhã. Tomou a decisão depois de agüentar seis anos de embates sistemáticos e dezenas de derrotas dentro do governo. O último estresse para ela foi a escolha de Mangabeira Unger, ministro da Secretaria Especial de Planejamento de Longo Prazo, para coordenar o Plano Amazônia Sustentável (PAS). Marina reassumirá nos próximos dias o mandato de senadora, conquistado em 2002 pelo PT do Acre, no lugar do suplente Sibá Machado. Toda a cúpula da pasta entregou o cargo em solidariedade à chefe.
Carlos Minc espera confirmação
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aceitou ontem à noite pedido de demissão “em caráter pessoal e irrevogável” apresentado pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Antes mesmo de ler a carta na qual a auxiliar listou as razões para deixar o governo, Lula telefonou ao governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), e avisou que pensava em convidar o secretário estadual de Meio Ambiente, Carlos Minc, para o posto. “Deixe o Minc de prontidão que eu posso precisar dele”, disse o presidente.
Minc é o favorito para o cargo, mas hoje Lula vai conversar com outro ministeriável, o ex-governador do Acre Jorge Viana (PT). O martelo será batido hoje pela manhã. Viana é muito próximo a Lula, mas já recusou outros convites para o governo. Hoje ele é presidente da Helibras, fabricante de helicópteros. “O presidente está dividido”, diz um auxiliar de Lula.
Perplexidade entre governistas
Às 13h30 de ontem, Marina Silva telefonou para o senador Sibá Machado (PT-AC) e mandou o recado: estava deixando o Ministério do Meio Ambiente para retornar ao Senado. Ou seja, ele acabara de perder o mandato que ganhou como suplente dela em 2003. Naquele ano, Marina, então recém-eleita para o Senado, assumiu o ministério e abriu a vaga para Sibá.
Ciente de que estava prestes a deixar o mandato, Sibá preferiu o silêncio e não comunicou ninguém sobre o assunto. Logo depois, foi a vez de Tião Viana (PT-AC) receber uma ligação de Marina. O tema tratado foi o mesmo do de Sibá. Viana também escondeu a informação dos demais senadores. “Ela pediu reserva”, alegou.
Poucas horas depois, a saída dela foi anunciada publicamente, causando espanto no Senado. Nem mesmo a líder do PT na Casa, Ideli Salvatti (SC), havia sido informada por seus senadores de bancada. Pega de surpresa, ela não escondeu a irritação por não ter sido, ao menos, avisada pelos colegas. E pediu um tempo aos jornalistas para comentar a saída de Marina.
Procura-se Aparecido
O secretário de Controle Interno da Presidência da República, José Aparecido Pires Nunes, despistou ontem a Polícia Federal. Acusado de vazar informações sigilosas do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, ele foi procurado em casa e no Palácio do Planalto mas não foi localizado pelos agentes federais encarregados de intimá-lo. A PF não quis entregar o documento a terceiros, incluindo seus advogados, e tentará realizar o interrogatório nesta quarta-feira.
O Correio apurou que Aparecido se reuniu ontem à tarde com o advogado Eduardo Toledo para ajustar a estratégia de defesa. Desde a quinta-feira passada, quando foi revelada a informação de que saiu de um computador dele o e-mail com as informações da gestão FHC em anexo, o secretário participa de reuniões quase que diárias com o advogado.
CPI e PF brigam por depoimento
A CPI mista dos Cartões decidiu enfrentar a Polícia Federal e pediu ontem à Justiça que envie ao Congresso os depoimentos de José Aparecido Nunes Pires e André Eduardo da Silva Fernandes sobre o dossiê com gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
A comissão marcou para amanhã os depoimentos deles. José Aparecido, secretário de Controle Interno da Presidência, repassou por e-mail o dossiê para Fernandes, assessor do senador Álvaro Dias (PSDB-PR), em 20 de fevereiro deste ano. A CPI aprovou ontem o requerimento para ouvi-los.
O problema é que os depoimentos foram marcados sob uma condição imposta pela base do governo, maioria na CPI: ocorrerão somente após chegada do conteúdo do que eles disseram à PF. Só que até agora José Aparecido não falou à polícia. André Fernandes depôs na segunda-feira.
O Globo
Desautorizada por Lula, Marina deixa ministério
Em decisão que surpreendeu o Palácio do Planalto, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, demitiu-se ontem. O presidente Lula ficou irritado ao saber da notícia pela televisão, antes de receber a carta em que ela comunicava sua demissão em caráter irrevogável, por "dificuldades em dar prosseguimento à agenda ambiental federal". A gosta d’água foi a decisão de Lula de transferir o comando do Plano de Amazônia Sustentável para o ministro de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Uger, esvaziando o Meio Ambiente. Marina, que já havia enfrentado outras crises nos cinco anos em que ocupou o cargo, se sentiu desautorizada. O secretário do Ambiente do Estado do Rio, Carlos Minc, foi convidado para substituí-la, segundo o governador Sérgio Cabral. A queda de Marina foi lamentada por ONGs ambientalistas.
PF pediu ao Supremo para investigar Raupp
A Polícia Federal pediu autorização ao Supremo Tribunal Federal para abrir um inquérito sobre o suposto pagamento de propina da Alstom, fábrica francesa de turbinas, ao líder do PMDB no Senado, Valdir Raupp (RO), a seu ex-assessor José Roberto Paquier e ao diretor de Projetos da Eletronorte, Adhemar Palocci, entre outros altos funcionários da estatal investigados na Operação Castores. A PF também pediu licença para investigar o deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR) por quebra de sigilo de informações da hidrelétrica de Itaipu.
Paulinho foi avisado sobre a operação da PF
O deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (PDT-SP), foi avisado, na véspera da Operação Santa Teresa, de que na manhã seguinte "alguma coisa grave" poderia acontecer com seus aliados. A informação consta do depoimento do coronel da reserva da Polícia Militar Wilson Consani Júnior, espécie de araponga da Força Sindical e acusado de integrar a quadrilha que explorava prostituição e cobrava propinas para facilitar empréstimos junto ao BNDES.
Consani disse à PF que foi convocado, no dia 23 de abril, para uma reunião urgente com outros supostos integrantes da quadrilha na boate W.E., um prostíbulo na região da Avenida Paulista pertencente ao empresário Manuel Fernandes de Bastos Filho, o Maneco, também acusado de integrar o grupo.
Supremo recebe manifesto a favor das cotas
Um grupo de defensores da política de cotas raciais nas universidades entregou ontem ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, um manifesto em defesa da causa. O documento foi assinado por mais de mil pessoas, incluindo acadêmicos, estudantes, artistas e militantes dos direitos de minorias. Na lista, estão o cineasta Nelson Pereira dos Santos, a atriz Taís Araújo, o ator Lázaro Ramos, a cantora Margareth Menezes, o rapper MV Bill, o arquiteto Oscar Niemeyer e João Pedro Stédile, líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST).
Jornal do Brasil
Marina manda levar carta a Lula e deixa o governo
No dia 23 de abril de 2004, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva localizou o então ministro da Educação, Cristovam Buarque, que estava de férias em Portugal. Por telefone, demitiu o assessor. Tudo porque Cristovam, ex-governador de Brasília e senador eleito, rebelava-se, com certa freqüência, contra o chamado "núcleo duro" do governo, que não atendia seus apelos por verbas para a educação.
Ontem, a história, que nem sempre se repete como farsa, se deu de forma invertida. Para surpresa geral, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, pediu demissão do cargo – e de maneira pouco usual. Mandou entregar, ao chefe-de-gabinete da presidência, Gilberto Carvalho, sua exoneração, não se dando ao trabalho de pisar, pela última vez, na sede do governo – o que dá a dimensão exata de seu grau de irritação.
Assessor de Dias envolve Erenice
A CPI dos Cartões Corporativos conseguiu mais combustível para continuar chamuscando a chefe da Casa Civil, Dilma Roussef. Nas cerca de três horas em que prestou depoimento à Polícia Federal, na segunda-feira, o assessor do senador Álvaro Dias (PSDB-PR), economista André Fernandes, disse ter ouvido do secretário de Controle Interno da Casa Civil, José Aparecido Nunes Pires, uma revelação que os membros da CPI entenderam como relevante: quem teria encomendado o levantamento de dados sobre os gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e sua família com cartões corporativos – as planilhas que a oposição chama de dossiê – teria sido a secretária- executiva da Casa Civil, Erenice Guerra, superiora hierarquica de Pires, e braço direito da ministra Dilma Roussef.
PSDB que negocia faz avançar reforma
Enquanto o PSDB do Senado,liderado por Arthur Virgílio Neto (AM), radicaliza no seu oposicionismo, tem um PSDB na Câmara, cujo líder é o deputado José Aníbal (SP), colhendo os frutos da arte de negociar. Essa ala do tucanato aceitou selecionar oito projetos para serem votados dentro de um amplo acordo de desobstrução da pauta com os governistas. Coube aos tucanos escolherem textos que já podem entrar hoje em votação. "Depois de sete meses discutindo medidas provisórias, a Câmara finalmente libera a pauta para uma agenda positiva, com propostas de interesse da sociedade", comemora o líder Aníbal.
O resultado é ótimo para o país. Dos projetos destacados pelo PSDB, quatro já foram votados pelo Senado num pacote na época da morte do menino João Hélio, aquele que foi arrastado por assaltantes num carro aqui, no Rio, em fevereiro do ano passado. Se forem aprovados pelo plenário sem modificações, os textos tornam-se lei.
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