Folha de S. Paulo
Mulher de Paulinho compra casa à vista no litoral de SP
Colocado sob suspeita na Operação Santa Tereza, da Polícia Federal, por supostamente se beneficiar de desvio de recursos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), o deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), 52, o Paulinho, há mais de um mês freqüenta uma nova casa em Bertioga, no litoral sul de São Paulo, registrada em nome de sua filha, Daniele Costa da Silva.
O imóvel foi comprado pela mulher de Paulinho, Elza de Fátima Costa Pereira, 48, tesoureira do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes. Ela informou, por meio do advogado Antônio Rosella, ter pago R$ 220 mil pelo imóvel, com um cheque seu de R$ 160 mil e o restante em dinheiro. Segundo o advogado, a parte em dinheiro foi paga "por conveniência" e o imóvel foi registrado em nome da filha por se tratar de "uma dependente".
Elza declarou em 2006 ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de São Paulo, quando se candidatou, e perdeu, a senadora paulista pelo PDT, um patrimônio de R$ 441 mil, sendo R$ 130 mil em "aplicações financeiras" na Caixa Econômica Federal e o restante equivalente a 50% de dois imóveis. Se fosse mantido intocado na poupança, o valor em dinheiro guardado por Elza na CEF seria hoje de R$ 149 mil -cerca de 67% do valor que ela desembolsou pela nova casa em Bertioga. Em 2006, Paulinho declarou-se mais pobre que a mulher, com um patrimônio total de R$ 163,1 mil.
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PF pede quebra de sigilo bancário de duas ONGs
A Polícia Federal pediu a quebra do sigilo bancário de duas organizações não-governamentais que receberam recursos de pessoas investigadas pela Operação Santa Tereza, que apura supostas fraudes contra o BNDES. A Justiça Federal analisa o pedido.
O pedido atinge o projeto Meu Guri, que atende em Mairiporã (Grande São Paulo) cerca de 40 crianças e adolescentes e é presidido pela sindicalista Elza de Fátima Costa Pereira, mulher do deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho, e a ONG Luta e Solidariedade, também fundada por sindicalistas.
Advogado diz que compra de imóvel foi lícita
O deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho, informou, por meio de seu advogado, Antônio Rosella, que a aquisição da casa em Bertioga (SP), feita por sua mulher, Elza Costa Pereira, "não tem nada de ilícita" e será informada à Receita Federal na declaração de Imposto de Renda do ano-base 2008, que deve ser entregue no ano que vem.
Segundo Rosella, os recursos utilizados para a compra constam da declaração de renda de Elza de 2007. "Ela tem como demonstrar toda a origem dos recursos, está tudo declarado", disse o advogado.
Kassab muda foco e ataca Marta pela 1ª vez
Disposto a polarizar a disputa com o PT em São Paulo, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) iniciou ontem uma ofensiva contra a ministra do Turismo, a ex-prefeita Marta Suplicy. Sem citar nomes, Kassab criticou a existência de escolas de lata na gestão passada e o "sucateamento" dos equipamentos de trânsito. Ele chamou de "lamentável" a falta de investimento no metrô.
Foi a primeira vez que Kassab adotou um tom mais agressivo contra Marta. Ao convidá-la para o debate, Kassab lembra a estratégia do pré-candidato democrata Barack Obama na sucessão norte-americana. Lá, Obama tenta isolar a adversária democrata Hillary Clinton, debatendo diretamente com John McCain, virtual candidato republicano.
PR, da base de sustentação do governo federal, oficializa aliança com Kassab
Integrante da base de sustentação do governo federal, o PR oficializou ontem apoio à candidatura do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), à reeleição. Para obtenção do apoio, Kassab assegurou maior tempo de TV aos candidatos do PR à Câmara Municipal e acenou com a possibilidade de participação no governo.
Presidente municipal do PR, o vereador Toninho Paiva confirmou a disposição de ocupar espaço na prefeitura desde já ao afirmar que, com a saída de tucanos, o partido poderá assumir subprefeituras na capital.
Presidência compra 595 marmitas com cartão corporativo no Pará
A Presidência usou cartão corporativo para comprar 595 marmitas e o mesmo número de refrigerantes durante uma viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Pará, em fevereiro de 2004, na qual 40 auxiliares de apoio acompanharam a comitiva, que passou cerca de quatro horas no Estado e chegou após o almoço.
A despesa foi classificada como "sigilosa" e está sob análise da CPI dos Cartões e entre documentos requisitados pelo TCU (Tribunal de Contas da União) para auditoria.
A compra foi feita no restaurante Sinhá Norte Comércio e Representação, que vende comida popular, por um dos ecônomos (servidor que cuida dos gastos) que serve ao presidente, Clever Pereira Fialho. O custo foi de R$ 3.808. Cada marmita custou R$ 5 e os refrigerantes, R$ 1,40, segundo a nota fiscal 1.142, a que a Folha teve acesso.
Planalto espera que vazador se demita hoje
O Planalto dava como certo o pedido de exoneração de José Aparecido Nunes Pires e avalia ser inevitável sua convocação na CPI dos Cartões Corporativos. A expectativa é que ele formalize hoje sua saída. O formato ainda estava em negociação.
Apontado como vazador do dossiê contra os tucanos, o secretário de Controle Interno da Casa Civil já informou que deixará o cargo e tem sido procurado por aliados do presidente Lula na busca de uma solução negociada para sua saída.
Aparecido quer evitar punições que possam levar a uma perda inclusive de seu cargo no TCU (Tribunal de Contas da União), seu órgão de origem -ele está cedido ao Palácio do Planalto. Até aqui, o governo tem sinalizado que os dados vazados de gastos no governo Fernando Henrique Cardoso não eram mais sigilosos. Assim, não haveria crime no ato de Aparecido, o que lhe poderia custar só uma punição administrativa.
Governo Zeca pagava propina, diz Promotoria
Um esquema de propina foi operado nos dois últimos anos do governo de José Orcírio Miranda dos Santos, o Zeca do PT (1999-2006), em Mato Grosso do Sul, segundo o Ministério Público Estadual. Os pagamentos beneficiaram empresários, servidores públicos, jornalistas, radialistas e um dirigente do PT no Estado com repasses ilegais de dinheiro público.
A denúncia está detalhada em quase 700 páginas de seis ações penais propostas pelo Ministério Público Estadual no início de março, que ainda não foram analisadas pela Justiça.
Por meio de quebras de sigilo bancário e a análise de 31 notas fiscais emitidas por uma empresa de publicidade, a Promotoria diz ter confirmado que o suposto esquema -que teria desviado cerca de R$ 30 milhões- também servia para destinar somas mensais a "pessoas de interesse da cúpula" do governo estadual, o que levou a Promotoria a denominar o mecanismo de "mensalão".
Ex-governador não está envolvido, diz advogado
O advogado do ex-governador Zeca do PT, Newley Amarilla, disse ter "convicção" de que as seis ações que tratam da suposta propina terão o mesmo destino das duas primeiras, ou seja, serão trancadas por decisão do Tribunal de Justiça.
"Em todas as ações, é o próprio Ministério Público quem aponta a existência de um único esquema. Se as ações anteriores foram trancadas, é evidente que estas também serão." Para Amarilla, não há "elemento" que comprove a ligação entre o ex-governador e o suposto esquema. Amarilla disse que a soma dos valores pagos e a dos que, diz o Ministério Público Estadual, teriam sido desviados, é conflitante. "A conta feita pelos promotores simplesmente não fecha."
Meu nome foi usado, afirma Valdir Raupp
O senador Valdir Raupp (PMDB-RO) diz que a citação de seu sobrenome em um documento que a Polícia Federal acredita ser a partilha de propina da Eletronorte pode ser obra de um assessor querendo mostrar mais prestígio do que realmente tinha. O peemedebista afirma que não foi investigado pela PF por conta dessa menção ao seu nome.
Os papéis citam os nomes da Alstom e da Odebrechet, integrantes do consórcio que fez a usina de Tucuruí, e de diretores da Eletronorte ao lado de um valor (cerca de R$ 2 milhões).
O documento foi apreendido em maio de 2006 na casa de José Roberto Paquier, à época chefe de gabinete do senador.
Paquier foi preso pela PF, sob suspeita de integrar um grupo que oferecia vantagens a empresas que tinham negócios com Itaipu e a Eletronorte. Raupp demitiu-o após a prisão.
"O meu nome foi usado. É até possível que o Beto [Paquier] possa ter usado o meu nome para vender influência", afirma o líder do PMDB no Senado.
Contratos da Alstom em SP vão ser investigados
O Ministério Público Estadual vai investigar contratos da Alstom com seis empresas ligadas ao governo de São Paulo.
Além do Metrô, cujos documentos já haviam sido solicitados pela Promotoria na semana passada, serão apurados os negócios da empresa francesa com a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), Cesp (Companhia Energética de São Paulo), Eletropaulo, Sabesp (a companhia estadual de água e saneamento) e CTEEP (Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista).
Lula lembra época de sindicalista e diz que quer diárias para "acabar com a sacanagem"
Na comemoração dos 30 anos da greve da Scania, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou ontem ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e ouviu gritos de "1, 2, 3, Lula outra vez" e "olê, olê, olê, olá, Lula, Lula". Em seu discurso, o presidente lembrou histórias da sua época de sindicalista e afirmou que quer instituir diárias para ministros do governo para "acabar com a sacanagem".
Ao falar das diárias, sem citar os cartões corporativos, ele se referiu a um ex-dirigente do sindicato, membro do Conselho Fiscal, Mariano Paulo Vilaça. "Ele brigava tanto para que as notas do sindicato estivessem em dia, brigava tanto que me obrigou a instituir as diárias no sindicato, coisa que eu quero fazer no governo federal para acabar com a sacanagem."
"Vamos jogar com os EUA", determinou Lula em 2003
Dois dias depois de assumir o poder, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou a seu gabinete o embaixador do Brasil em Washington, Rubens Barbosa. Em reunião a portas fechadas, Lula determinou ao diplomata que trabalhasse "para ampliar o relacionamento bilateral e explorar novas perspectivas de cooperação" com o governo de George W. Bush.
"Se os EUA querem jogar vamos jogar com eles", disse Lula, segundo relatou Barbosa em telegrama confidencial a que a Folha teve acesso. A conversa, ocorrida em 3 de janeiro de 2003, foi pautada pela preocupação com a desconfiança do mercado financeiro.
Correio Braziliense
Pode sobrar para Erenice
Setores do governo já defendem a saída da secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Guerra, do cargo para estancar a crise em torno do dossiê com gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Querem, no entanto, esperar para saber até que ponto o secretário de Controle Interno da Presidência da República, o petista José Aparecido Nunes Pires, pode comprometê-la.
Ele deve depor amanhã ou na quinta-feira à CPI mista dos Cartões, assim como André Eduardo da Silva Fernandes, assessor do senador Álvaro Dias (PSDB-PR), que recebeu um e-mail de José Aparecido com o dossiê anexado, segundo laudo elaborado pelo Instituto de Tecnologia da Informação (ITI). Fernandes depôs ontem à Polícia Federal e entregou provas de que recebeu o documento.
Ontem, o governo decidiu aceitar a convocação de Aparecido para falar ao Congresso. Espera que ele assuma toda a responsabilidade pelo episódio, diga que teve acesso ao banco de dados de suprimento de fundos da Casa Civil e elaborou sozinho o arquivo enviado ao Congresso. Se ele não fizer isso e atirar durante a audiência, os governistas afirmarão que o petista mentiu no depoimento.
Suspeito se utilizou da estrutura de gabinetes
Investigações da Polícia Federal descobriram que João Pedro de Moura, um dos presos na Operação Santa Tereza, utilizou a estrutura de gabinetes na Câmara para intermediar financiamentos para prefeituras. Um deles foi o do deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), líder do PMDB na Casa, que nega ter tido qualquer contato com o lobista. Na ação da PF, que desvendou um esquema de desvios de empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), escutas telefônicas mostram o acusado pedindo, a partir de um telefone da sala parlamentar de Alves, relação de cidades a uma empresa de consultoria envolvida nas irregularidades.
A Polícia Federal tinha gravado a movimentação de Moura dentro da Câmara, quando ele visitou gabinetes de Alves e de Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força Sindical, de quem foi assessor. Porém, a investigação também mostra que, durante as visitas, houve contatos, em 26 de fevereiro, com a Progus, empresa de Marcos Vieira Mantovani, também preso na Operação Santa Tereza. Conforme denúncia do Ministério Público Federal em São Paulo, naquele dia ele pediu para que fosse enviado, por e-mail, uma lista de municípios.
Assessor de tucano entrega provas
O servidor do Senado André Eduardo da Silva Fernandes, assessor do senador Álvaro Dias (PSDB-PR), entregou ontem à Polícia Federal o disco rígido (a memória) do seu computador para comprovar que recebeu um e-mail com o dossiê de gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Com isso, ele quer provar ao delegado Sérgio Menezes que não alterou o documento remetido pelo secretário de Controle Interno da Presidência da República, José Aparecido Nunes Pires.
Fernandes repassou ainda à PF outros elementos que comprovam o recebimento do material. Num depoimento que durou três horas, o assessor de Álvaro Dias confirmou que o dossiê chegou por e-mail ao seu computador no dia 20 de fevereiro deste ano. E que imprimiu parte das 28 páginas do arquivo e entregou ao chefe.
A polícia fez cópias do que o assessor de Álvaro Dias levou para o depoimento e vinculou esse material ao termo de declaração assinado pelo funcionário do Senado. “Ele produziu provas. Tudo o que foi solicitado, ele respondeu”, disse seu advogado Luiz Carlos Zubcov.
Contas públicas nas mãos do STF
Não bastasse a disputa com a oposição em torno do suposto dossiê com gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o governo está às voltas com processos no Supremo Tribunal Federal (STF) capazes de dificultar investimentos em infra-estrutura e em programas sociais e, assim, atrapalhar os projetos políticos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Dois casos despertam apreensão no Palácio do Planalto. Um deles, que assombra a equipe econômica, será julgado amanhã. Trata-se de um recurso destinado a proibir a Receita Federal de incluir o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) na base de cálculo da Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins).
Se o governo perder a disputa, deixará de arrecadar cerca de R$ 7 bilhões por ano, segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT).
Tucanos negociam trégua
Preocupado com o reflexo nacional da disputa entre os tucanos que defendem a candidatura de Geraldo Alckmin e os que desejam apoiar a reeleição do atual prefeito Gilberto Kassab (DEM), o presidente da legenda, senador Sérgio Guerra (PE), pediu trégua temporária na disputa interna. O objetivo é analisar se o pleito do ex-governador paulista tem apoio da maioria do partido.
Guerra articulou o armistício temporário com os porta-vozes das duas correntes, o secretário de Esportes municipal, Walter Feldman, e o deputado federal Edson Aparecido (SP), vice-presidente nacional. Apesar de o senador acreditar que São Paulo está fadada às duas candidaturas, ele quer evitar que o racha se estenda. Guerra não quer bater de frente com o governador José Serra, que banca a ala pró-Kassab.
O Estado de S. Paulo
Planalto dá aval e secretário de Dilma e assessor de tucano devem ir à CPI
Com o aval do Palácio do Planalto, a CPI dos Cartões deve aprovar hoje a convocação do secretário de Controle Interno da Casa Civil, José Aparecido Nunes Pires, e de André Fernandes, assessor do senador Álvaro Dias (PSDB-PR). Aparecido foi o responsável pelo envio para André de arquivo eletrônico com cópia da planilha preparada no Planalto com gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e da ex-primeira-dama Ruth Cardoso. Com a ida do secretário à CPI, o governo tenta evitar sofrer novos desgastes, além de dar uma indicação de que não teme o depoimento. André e Aparecido devem depor ainda esta semana.
Lula anuncia diária para acabar com ”sacanagem”
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou ontem à noite, em discurso no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, a intenção de instituir diárias para custear as despesas de viagem de funcionários do governo. As medidas, no seu entendimento, visam a acabar com "a sacanagem" das notas frias apresentadas por servidores para justificar gastos feitos durante atividades oficiais.
Assessores da Presidência da República confirmaram que a criação das diárias – no valor de R$ 450 no caso de ministros – deve ser efetivada após o encerramento da CPI dos Cartões.
Líder do governo diz que secretário pediu demissão
Quatro dias depois de ter sido apontado como o responsável pelo vazamento de um dossiê contendo gastos pessoais do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o secretário de Controle Interno da Casa Civil, José Aparecido Nunes Pires, pediu ontem afastamento do cargo. A informação é do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR). "Pelo que eu sei, ele não está mais no Palácio do Planalto", disse Jucá, no fim da tarde. A saída de Aparecido, contudo, envolve acordos com o Palácio do Planalto.
Aparecido teria se comprometido com o governo a não sair atirando, apesar das ameaças veladas de revelar a cadeia de comando da confecção do dossiê. Em troca, o Planalto se obrigara a não responsabilizá-lo criminalmente pelo vazamento das informações – embora nem a Polícia Federal nem a Casa Civil tenham concluído as investigações. Sua punição se resumiria a uma sanção administrativa.
Auxiliar de senador confirma à PF ter recebido dados de FHC
Em depoimento de cerca de três horas prestado ontem à Polícia Federal, o assessor do senador Álvaro Dias (PSDB-PR) André Fernandes confirmou ter recebido do secretário de Controle Interno da Casa Civil , José Aparecido Nunes Pires, os dados sobre gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e sua mulher, dona Ruth. Hoje será a vez de José Aparecido contar à PF sua versão dos fatos.
Fernandes contou ao delegado Sérgio Menezes, encarregado do inquérito, que os dados vieram em dois arquivos anexados num só e-mail, no último dia 20 de fevereiro.
O assessor disse ter ficado perplexo com os dados, os quais considerou uma espécie de ameaça velada aos parlamentares de oposição – que, na época, pressionavam pela publicação dos gastos reservados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Coronel avisou Paulinho que estava sendo preso
Cercado pela Santa Tereza, missão federal que desmontou esquema de fraudes com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o coronel da Polícia Militar Wilson Consani – apontado como operador do esquema – telefonou de seu apartamento, na Avenida Voluntários da Pátria, em Santana, para o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (PDT-SP).
"Tô sendo preso", disse o coronel. "Você também?", surpreendeu-se Paulinho. "Por quê?"
Em resposta, o coronel leu o mandado de prisão que a Polícia Federal lhe exibiu quando bateu à sua porta, naquela manhã de 24 de abril, quinta-feira, dia em que a operação foi desencadeada.
A informação sobre o contato do coronel com Paulinho faz parte de um dos relatórios que a PF enviou à Procuradoria da República.
PDT tenta evitar que processo vá ao Conselho de Ética
O PDT começou a trabalhar para evitar que o corregedor da Câmara, Inocêncio Oliveira (PR-PE), encaminhe ao Conselho de Ética processo de cassação de mandato do deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho, suspeito de envolvimento no esquema de desvio de recursos do BNDES. Ontem, o líder do PDT na Câmara e presidente interino do partido, Vieira da Cunha (RS), disse que Inocêncio deveria esperar o parecer do procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza.
Como Paulinho tem foro privilegiado, por ser deputado, caberá ao procurador-geral decidir pela abertura ou não de inquérito para que o Ministério Público investigue o pedetista. O PDT espera que o ritmo da apuração pelo Ministério Público acabe por esfriar o caso.
O ABC da greve, 30 anos depois
Ao revisitar o berço de sua trajetória política, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva revelou que ainda custa a acreditar que chegou ao Palácio do Planalto. "De vez em quando fico em casa deitado, olhando para o teto, e me pergunto: será que é verdade que sou presidente da República?", disse ontem à noite, nas comemorações de 30 anos da greve que levou 3 mil metalúrgicos a cruzarem os braços na fábrica da Scania, em 12 de maio de 1978.
De volta ao mesmo salão do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC em que convocou tantas assembléias do movimento grevista no final dos anos 70 e começo dos anos 80, Lula disse que faria o possível para evitar que o momento fosse transformado em uma "noite da nostalgia". A tentativa não surtiu efeito. "Voltar a São Bernardo 30 anos depois da greve da Scania é uma coisa emocionante, é uma volta ao passado", reconheceu.
PF apura se Alstom deu propina a senador
Investigação da Polícia Federal identificou entre documentos apreendidos no âmbito da Operação Castores, em 2006, papéis que sugerem o pagamento de propina ao senador Valdir Raupp (PMDB-RO) e a Adhemar Palocci, irmão do deputado Antonio Palocci (PT-SP) e diretor da Eletronorte.
De acordo com informações da Folha de S.Paulo, os nomes do senador e do irmão do deputado aparecem, junto aos de outros personagens, ao lado de uma cifra de aproximadamente R$ 2 milhões. A mesma papelada, apreendida na casa de José Roberto Paquier, então assessor parlamentar de Raupp, registrava, no verso de uma das páginas, os nomes Alstom e CNO (Construtora Norberto Odebrechet, segundo a polícia).
Segundo a PF, a quadrilha desbaratada pela operação era suspeita de pedir propina para assessorar empresas na cobrança de dívidas não-reconhecidas por estatais, como a Eletronorte, Eletrosul e Furnas.
O Globo
Governo anuncia saída de assessor que vazou dossiê
O Palácio do Planalto anunciou ontem que o secretário de Controle Interno da Casa Civil, José Aparecido Nunes Pires, apontado como responsável pelo vazamento do dossiê sobre gastos do governo Fernando Henrique, vai deixar o cargo. A saída, cujos detalhes ainda estavam em negociação no Planalto ontem à noite, será formalizada hoje, por iniciativa do servidor. O governo autorizou a convocação de Aparecido para depor na CPI do Cartão Corporativo. Ele também prestará depoimento à Polícia Federal, que ontem ouviu André Eduardo da Silva Fernandes, assessor do senador Álvaro Dias (PSDB-RR) que recebeu o dossiê. Fernandes se ofereceu para apresentar amanhã à CPI sua versão sobre o vazamento.
Mais cinco estatais de SP são investigadas
O Ministério Público de São Paulo ampliou as investigações do caso Alstom para pelo menos mais cinco estatais paulistas, além do Metrô de São Paulo. Foram identificados dezenas de contratos milionários de empresas do governo paulista com a multinacional, investigada na França e na Suíça pelo suposto pagamento de propinas a servidores públicos para vários países, por meio de off shore. No Brasil, o principal contrato seria com o Metrô de São Paulo. A Alstom teria pago US$ 6,8 milhões em propinas para garantir contratos de US$ 45 milhões com o Metrô, entre 1995 e 2003, em três gestões do PSDB.
O promotor do caso, Sílvio Marques, disse que começou a pesquisar ontem contratos da Alstom com as estatais Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), Eletropaulo, Cesp (Companhia de Energia de São Paulo) e Cpeep (Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista). A Dersa (Desenvolvimento Rodoviário) também poderá ter contratos investigados
FAB continua punindo controladores ‘rebeldes’
Baixada a poeira do caos aéreo que provocou enormes filas de passageiros nos aeroportos, a Aeronáutica continua a trabalhar em silêncio na punição do grupo de militares que se rebelou contra o comando da Força Aérea Brasileira ao denunciar a fragilidade do controle aéreo brasileiro. Ontem, foi preso em Brasília Moisés Almeida, de 41 anos, acusado de ser um dos líderes do que a FAB chama de insurgência dos controladores. Horas antes de começar a cumprir pena administrativa de 15 dias, Moisés denunciou, em entrevista ao GLOBO, que as falhas do controle aéreo mantêm os riscos de acidentes em níveis alarmantes.
Jornal do Brasil
Aumento do servidor passa em até 45 dias
O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), disse, ontem, acreditar na aprovação da medida provisória que vai reajustar os salários de 800 mil servidores públicos federais. Apesar da resistência da oposição ao excesso de MPs editadas pelo Palácio do Planalto, Chinaglia disse que os parlamentares "têm condições" de aprovar os reajustes nos próximos 45 dias – antes que a medida provisória tranque a pauta de votações da Casa.
O deputado reconheceu, porém, que há sete meses e meio os trabalhos da Câmara vêm sendo sistematicamente bloqueados por medidas provisórias.
– Depois de sete meses e meio, estamos reconquistando a possibilidade de podermos votar projetos importantes – afirmou.
Acéfalo, conselho não julga Paulinho
Provável destino do futuro político do deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força, na Câmara, o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara, atualmente acéfalo, não tem histórico de ser muito rigoroso nos processos contra deputados acusados de quebrar o código de conduta da casa. Das últimas 78 representações recebidas pelo órgão nos últimos dois anos e meio, apenas quatro cassações foram recomendadas ao plenário.
Encarregado de analisar previamente as denúncias contra o pedetista, o corregedor da Câmara, deputado Inocêncio Oliveira (PR-PE), afirmou que a tendência é que ele encaminhe ao Conselho de Ética parecer recomendando a cassação do presidente da Força Sindical tão logo tenha acesso aos documentos da Justiça sobre a investigação da Polícia Federal. O deputado espera receber a documentação ainda esta semana, mas adiantou que a situação de Paulinho é "complicada".
A princípio, Paulinho não tem muito o que temer do Conselho. Em 2007, sete representações chegaram ao órgão. Os parlamentares arquivaram seis. A última, contra o deputado Mário de Oliveira (PSC-MG), acusado de planejar o assassinato do também deputado Carlos Willian (PTC-MG), foi arquivada em 2008.
Questão fechada: Dilma não volta ao Senado
O retorno da chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, ao Senado para prestar um novo depoimento sobre o caso do dossiê, ao que tudo indica, está longe de se concretizar. A base governista se movimentou e arrancou o compromisso do senadores independentes para derrubar uma nova convocação da ministra na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). O requerimento, de autoria do líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), deve ser colocado amanhã em votação.
A oposição esperava emplacar a volta de Dilma na CCJ, uma vez que na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Cartões os governistas são maioria e conseguem barrar qualquer votação incômoda. Pelos cálculos da oposição, com os votos dos senadores Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), Pedro Simon (PMDB-RS) e Jefferson Péres (PDT-AM), seria possível trazer a ministra para esclarecer o vazamento do dossiê sendo que, agora, há confirmação de que o material existe e saiu do Planalto.
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