O ESTADO DE S.PAULO
Um em cada cinco deputados é pré-candidato
A nove meses das eleições, 109 deputados federais – um em cada cinco – são pré-candidatos na disputa pelas mais de 5 mil prefeituras do País. A maioria das candidaturas é de deputados aliados: 77, ante 32 oposicionistas. No Senado, apenas 3 senadores – todos da base aliada – mostraram-se dispostos até agora a entrar na eleição. A conquista de prefeituras, principalmente das capitais e cidades com mais de 200 mil habitantes, faz parte da estratégia tanto dos partidos governistas como dos de oposição. Ambos estão de olho nas eleições gerais de 2010, quando será escolhido o sucessor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Por isso, lutam para eleger o maior número possível de prefeitos e, assim, criar palanques para seus candidatos presidenciais.
Com uma bancada de 92 deputados, o PMDB é o maior partido da Câmara, mas apenas 12 deles (13% do total) são apontados como pré-candidatos. “Hoje temos 1.150 prefeitos e nossa meta é ampliar esse número”, diz o líder do partido na Casa, Henrique Eduardo Alves (RN). Segundo ele, a legenda quer reforçar as alianças nas bases eleitorais e, por isso, está aberto às coligações. “Vamos nos aliar nos municípios. Vou pedir uma relação para ver onde o PMDB tem candidato certo e ver onde é possível se coligar”, explica. O PT, a segunda maior bancada na Câmara, com 80 deputados, tem 17 que pretendem disputar a eleição. “Tem muita pré-candidatura”, alerta o líder, Luiz Sérgio (RJ). Em Salvador, por exemplo, dois deputados são pré-candidatos: Nelson Pellegrino, que já disputou a prefeitura da capital baiana três vezes, e Walter Pinheiro. Proporcionalmente, o PDT é o partido da base aliada com o maior número de deputados pré-candidatos a prefeituras este ano: 13 do total de 25 da bancada.
Racionamento de gás é opção para evitar apagão
Volume disponível não basta para suprir usinas térmicas, indústria e automóveis
Para ampliar a produção de energia elétrica, o Brasil está sob risco de adotar o racionamento de gás natural para a indústria e automóveis. A medida será inevitável caso os reservatórios das hidrelétricas continuem com pouca água e o governo tenha de acionar todas as usinas térmicas. A possibilidade de cortar o fornecimento de gás para alguns setores já foi até admitida pelo presidente da Empresa de Pesquisa Energética, Maurício Tolmasquim. Estudiosos também temem corte
Gasto com cartão é recorde na gestão Lula
Em 2007, o governo federal mais que dobrou suas despesas com cartões corporativos. O Portal da Transparência, mantido na internet pela Controladoria-Geral da União (CGU), mostra que R$ 75,6 milhões foram gastos por intermédio dos cartões, 129% a mais do que em 2006. O desempenho do mais importante programa social do Executivo não chegou nem perto disso: a expansão dos investimentos do Bolsa-Família no ano passado foi de 14,6%. Nos últimos anos, o aumento dos gastos com cartão é crescente. Comparada a 2004, a despesa é 4,3 vezes maior. Implantados sob o argumento de que são instrumentos ágeis, eficientes e transparentes para realização de pequenas despesas, os cartões apresentam uma espécie de buraco negro em sua prestação de contas eletrônica: a maioria dos gastos foi feita a partir de saques em dinheiro. Ao serem divulgadas nos sistemas eletrônicos e sites do governo na rede de computadores, essas retiradas não trazem as informações sobre as despesas a que se destinam. Em 2007, elas chegaram a R$ 58,7 milhões, correspondentes a 75% do total. Em 2006, elas representaram 63% do total.
FHC: ‘Na hora de governar, Lula sabe como agradar à elite’
O ex-presidente analisa seu sucessor, aposta que Lula voltará em 2014 e lança um olhar preocupado sobre 2008. Ao telefone, o ex-presidente faz comentários breves, mas algo sugere que “a coisa” está feia. Despedindo-se do interlocutor, informa aos entrevistadores. “Era o Luiz Carlos Mendonça de Barros (ex-presidente do BNDES e ex-ministro). Preocupado com os Estados Unidos…” Ajeitando-se à cabeceira da mesa de reuniões no instituto que leva seu nome, em São Paulo, não se furta a dizer que acertou no diagnóstico que fizera há pouco tempo para um grupo de economistas do PSDB. “Na volta de uma reunião com o pessoal do Citibank, onde estive com o Bill Clinton e o Felipe González, disse que a situação não era boa nos Estados Unidos. O Luiz Carlos achava que estava tudo uma maravilha. Não está. Em Providence, cidade americana do tamanho de Bauru, vi o anúncio no jornal: um mapa com bandeirinhas mostrando as 800 casas que iam a leilão. Oitocentas! Ora, se isso não é recessão, é o quê?”. É assim que Fernando Henrique Cardoso, 76 anos, batiza o clima de incerteza que ronda a economia norte-americana. E mesmo achando que o Brasil melhorou em vários aspectos, não descarta que 2008 seja um ano turbulento, difícil, “inclusive do ponto de vista energético”. Faz analogias atmosféricas: “Os ventos foram muito favoráveis a nós nos últimos tempos. Mas tem brisa aí que não é boa”. Lá vem FHC jogando no “quanto pior, melhor?” Não, garante o grão-tucano, que se diz fora do combate político-eleitoral, mas a quem se atribuem insondáveis poderes de manipulação. “Ah, como se fosse fácil…”, ironiza.
CORREIO BRAZILIENSE
Espanhol morre em Goiás com sintomas de febre amarela
O fazendeiro Salvador Perez de Lacal, 41 anos, morreu na manhã de ontem, no Hospital de Doenças Tropicais de Goiânia, onde foi internado na quinta-feira, com fortes dores de cabeça e febre alta. Casado com uma brasileira, o espanhol havia comprado terras no município goiano de Cristianópolis, a 180km de Brasília. É a quinta morte por suspeita de febre amarela no país. Em São Paulo, um rapaz de 23 anos que esteve de férias em Goiás em dezembro passado foi internado na sexta-feira, também com sintomas da doença.
Obras sob suspeita têm verba bilionária
Enquanto o país discute cortes nos gastos públicos, emendas coletivas apresentadas pelos parlamentares ao Orçamento reservam R$ 1 bilhão para projetos nos quais o Tribunal de Contas da União apontou graves irregularidades. Dinheiro só pode ser usado se as ilegalidades forem resolvidas. Convocadas a cortar em 50% o valor das emendas coletivas, as bancadas dos estados no Congresso procuram uma forma menos traumática de ajudar o governo a tapar o rombo aberto no Orçamento com o fim da CPMF. A solução pode estar na redução dos valores destinados às obras e serviços com indícios de graves irregularidades, alvos de auditorias do Tribunal de Contas da União (TCU). Consultores da Comissão Mista de Orçamento já identificaram 51 emendas parlamentares e propostas enviadas pela União que juntas destinam mais de R$ 1 bilhão para construções e projetos sob suspeita. Esse número deve ser ainda maior. O levantamento dos técnicos da comissão está atualizado até o dia 13 de dezembro, mas novos relatórios do TCU e da Procuradoria Geral da República estão prontos para serem computados nas planilhas da comissão. Os primeiros ajustes podem ser feitos no relatório setorial de infra-estrutura, que ainda não foi apreciado.
Carlos Lupi ameaça processar o presidente da Comissão de Ética
Ministro do Trabalho e presidente nacional do PDT simultaneamente, Carlos Lupi, 50 anos, administrador de empresas, está sob fogo cruzado. Tem contra si um relatório da Comissão de Ética Pública, sugerindo que ele entregue um cargo ou outro, sob risco de usar seus poderes em favor da sigla. E, a reboque, acusações de sindicatos ligados à Central Única dos Trabalhadores (CUT), de que estaria favorecendo a Força Sindical, adversária atualmente atrelada ao PDT. Lupi recebeu a reportagem do Correio em seu gabinete, na manhã da última quinta-feira, e falou por uma hora sobre as pressões a que está submetido. Bem humorado, gastou um quarto do tempo se dizendo-se um apaixonado pelo PDT, partido que ajudou a fundar, e contando detalhes de seu relacionamento com o mentor político, Leonel Brizola. Sobre seus acusadores, dá de ombros. Diz que Marcílio Marques Moreira, presidente da Comissão de Ética Pública, é ex-ministro do único presidente brasileiro cassado por corrupção (referência ao hoje senador Fernando Collor de Mello) e que os cutistas o alvejam por causa da briga com a Força pelo imposto sindical. Ao Correio, Lupi afirmou que se tiver que fazer uma opção, fica com o PDT, mas não acredita que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva venha lhe pedir o cargo. E lançou uma proposta para mudar as regras do imposto sindical e dos encargos trabalhistas sobre a folha de salários. A seguir, os principais trechos da entrevista.
O GLOBO
Tráfico é responsável por 70% dos homicídios no Rio
Autor do Mapa da Violência 2006 da Organização dos Estados Ibero-Americanos, o pesquisador Julio Jacobo Waiselfisz concluiu que o tráfico de drogas é responsável por 70% dos homicídios no Rio. Quadrilhas fragmentadas, formadas por jovens armados de fuzis, ausência do Estado em favelas; rota mundial de tráfico; estratégia de combate às drogas baseada no confronto, com resultados ineficientes; e corrupção policial são as principais hipóteses levantadas por especialistas para explicar por que o tráfico de drogas é mais violento no Rio do que em outras cidades do mundo, informam Elenilce Bottari e Dimmi Amora.
Cancelamento de concursos gera prejuízo
A decisão do governo de adiar a maioria dos concursos públicos deixou apreensiva a indústria de cursos que, a cada ano, movimenta R$ 1 bilhão e atrai 1,6 milhão de inscrições de pessoas que buscam estabilidade e bons salários. Há quem tenha investido R$ 10 mil para se preparar.
Márcio Fortes: o homem do PAC na Esplanada
O ministro das Cidades, Márcio Fortes, tornou-se uma espécie de ouvidor informal do governo, ao tornar público o número de seu telefone celular em mais recentemente, o email (61-9994-5527 e marcio.fortes@cidades.gov.br). Recebe elogios, reclamações e pedidos de todo o país. Já ajudou um rapaz do Rio a entrar na Aeronáutico, e recebeu em seu gabinete um cidadão cearense, que foi a Brasília de bicicleta, alegando dificuldades para se inscrever em algum programa de habitação em seu estado. “Procuro encaminhar os problemas dentro do governo federal ou nas próprias prefeituras. Recebo dezenas de mensagens e telefonemas por dia e procuro sempre retornar a todos eles”, conta Fortes, que na época do apagão aéreo teve seu telefone e a caixa de email abarrotados de desabafos de brasileiros.
FOLHA DE S.PAULO
País ganha 60 mil novos milionários em apenas um ano
Em um ano, o Brasil elevou o seu número de milionários em 60 mil, passando de 130 mil em 2006 para 190 mil no ano passado, de acordo com dados do BCG. A fortuna desses milionários está estimada em aproximadamente US$ 675 bilhões, o que equivale a cerca de metade do PIB brasileiro. São classificados como milionários aqueles com mais de US$ 1 milhão aplicado no mercado financeiro.
Viagem de Lobão para ir a médico é paga pelo Senado
Em uma viagem aos Estados Unidos em que combinou missão oficial com agenda particular, Edison Lobão (PMDB) teve as diárias pagas pelo Senado. Em 21 de agosto de 2007, Lobão informou a Casa sobre a viagem entre os dias 23 e 28 do mesmo mês. Nos dias 24 e 25, participou de conferências na Universidade de Utah e na Câmara Brasileira de Comércio de Utah. Essa era a agenda oficial. Entre os dias 26 e 28, em Nova York, a agenda foi ocupada com "exames médicos especializados". A consulta, diz, foi com um "grande especialista norte-americano" em osteoporose, mal que aflige o senador. As despesas com hospedagem e transporte, tanto do senador como do assessor que o acompanhou, foram bancadas pelo Senado -as quatro diárias de Lobão custaram R$ 3.477,76 (cotação de R$ 2,09 à época). Lobão disse não ver problema na viagem. "Não fiz nada que não fosse dentro das regras. Isso é uma coisa normal, das normas do Senado."
Cooperação na repressão foi anterior à Operação Condor
A Operação Condor, aliança dos militares do Cone Sul criada no final de 1975 para combater opositores, foi antecedida por operações conjuntas que levaram à prisão e ao desaparecimento de guerrilheiros brasileiros na Argentina e no Chile. Pelo menos 14 militantes de organizações da esquerda armada do Brasil foram seqüestrados ou mortos em conseqüência dessas ações pré-Condor, segundo concluíram estudos acadêmicos de 2007 que aprofundaram episódios conhecidos desde os anos 70. Entre 1973 e meados de 1975, três brasileiros foram seqüestrados em Buenos Aires e desapareceram. Outros seis foram mortos no Chile após o golpe de 11 de setembro de 1973 -metade entre os dias 12 e 15. Um grupo de cinco brasileiros e um argentino, monitorado desde Santiago pelos serviços de inteligência, foi eliminado após cruzar a fronteira da Argentina com o Brasil.
"Esses elementos fracionados acabam por confirmar que o Brasil operou, operou fácil", disse Jair Krischke, do Movimento de Justiça e Direitos Humanos no Rio Grande do Sul, autor de "Brasil e a Operação Condor", que será apresentado em abril, em Montevidéu. O seqüestro do ex-major do Exército Joaquim Pires Cerveira, 51, na época à frente de uma organização de esquerda chamada FLN (Frente de Libertação Nacional), e de João Batista Rita, 36, militante do grupo M3G (Marx, Mao, Marighella e Guevara), é considerado por historiadores o caso clássico da ação conjunta entre Brasil-Argentina na fase pré-Condor.
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