Jornal do Brasil
Ministros na mira do tráfico
Dois ministros conheceram de perto ontem a violência carioca. Márcio Fortes, da pasta de Cidades, e Pedro Britto, da Secretaria Especial dos Portos, tiveram de se abaixar para fugir dos disparos vindos da Favela do Jacarezinho, na Zona Norte. Eles estavam a bordo de um trem e inauguravam a obra de revitalização do acesso ferroviário ao Porto do Rio. Avisada poucos minutos antes do início da viagem, a Secretaria Estadual de Segurança desaconselhou o passeio, por falta de tempo para reforçar o policiamento no local. O governador Sérgio Cabral abandonou o programa, mas os ministros e o secretário de Transportes, Júlio Lopes, seguiram em frente.
Logo depois, Palácio Guanabara e secretários estaduais apressaram-se em tentar justificar a ausência do governador. Alegaram que Sérgio Cabral tinha outro compromisso marcado com antecedência. A agenda oficial do governo, entretanto, só mostra o evento de revitalização do porto.
Renan já negocia licença com Planalto
Convencido de que a oposição – e até aliados de olho na sua vaga – não terão os votos necessários para cassá-lo amanhã em plenário, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), já negocia com o Palácio do Planalto uma saída de cena estratégica para minar os ataques dos insatisfeitos e atenuar a crise durante a votação da prorrogação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), a maior preocupação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no momento.
Leia também
Renan cogita até tirar uma licença temporária, durante a qual faria uma viagem para fora do país com o objetivo de facilitar o caminho do governo para a aprovação da CPMF. Um dos interlocutores – pelo lado do Planalto – na negociação é o ministro de Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia.
Folha de S. Paulo
33 senadores dizem votar contra Renan; 9 anunciam apoio
Contrariando projeções do final da semana passada, de aliados de Renan Calheiros, 33 senadores declararam que votam pela cassação do presidente do Senado. São necessários 41 votos para cassá-lo.
Apenas nove senadores saíram abertamente em defesa de Renan e afirmaram que votarão pela absolvição. A Folha ouviu 67 dos 81 senadores; 25 não quiseram revelar o voto e 13 não foram localizados. Como a votação é secreta, são esperadas traições dos dois lados.
Na quinta-feira, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (RR), levou a seguinte avaliação ao Planalto: a oposição não conseguiria colocar 33 votos para cassar Renan. Nesse dia, o ministro Walfrido dos Mares Guia (Relações Institucionais) já considerava que a absolvição de Renan se daria por margem apertada.
Dividido sobre Renan, Senado acelera discussão de sucessor
A dois dias da votação do processo de cassação do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), a margem apertada no plenário que deve definir o futuro do senador aumentou a pressão sobre os partidos e deu a largada para as negociações de seu eventual sucessor.
Na base aliada e na oposição ganhou força a tese de que, se for absolvido por margem estreita de votos, Renan não terá força política para continuar dirigindo a Casa. Ele enfrentará mais três processos de quebra de decoro até o fim do ano.
Entre os governistas, a articulação é para que Renan se afaste do cargo após a votação. Ele tem demonstrado resistência à idéia. Se isso ocorresse, seu substituto por até 120 dias seria o primeiro-vice-presidente, Tião Viana (PT-AC).
Renan se diz alvo de "excessos da democracia"
A dois dias da votação que decidirá o seu futuro político, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou ontem ser vítima de "excessos da democracia", voltou a negar que vá abandonar o cargo em caso de absolvição e intensificou o contato por telefone com os 80 colegas com direito a voto na sessão de amanhã.
"Se fui vítima dos excessos da democracia, nem por isso deixo de acreditar nessa mesma democracia. Nem duvido, que, acima de qualquer pressão duvidosa, acima de qualquer divergência partidária ou ambição política, irão pesar, sempre, o espírito público e a autonomia dos representantes do Senado", afirmou no artigo "Cartas na Mesa", colocado ontem em sua página na internet (www.senado.gov.br/web/senador/RenanCalheiros).
Direção do Senado afirma que painel agora é inviolável
Respaldada em um certificado da Unicamp, a direção do Senado afirma que o painel eletrônico é inviolável em votações secretas, como a que definirá o destino do presidente da Casa, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), amanhã.
Dispositivos de segurança foram adotados depois que os senadores Antonio Carlos Magalhães (DEM-BA) e José Roberto Arruda (sem partido-DF) foram acusados de violar o painel na votação que cassou Luiz Estêvão (PMDB-DF) em 2000.
Segundo a secretária-geral da Mesa Diretora, Cláudia Lyra, as senhas de acesso a esse programa de computador passaram a ser complementares. Ou seja, uma única funcionária, como foi o caso de Regina Célia em 2000, não consegue ter acesso aos votos. Esses dados também são criptografados.
O Estado de S. Paulo
BCs vão coordenar ação anticrise
Os bancos centrais vão intervir nos mercados de forma coordenada para tentar evitar que a atual crise se prolongue. ””Vamos agir””, garantiu o presidente do Banco Central Europeu (BCE) e porta-voz dos principais instituições monetárias do mundo, Jean-Claude Trichet. O francês insinuou que a ação seria concertada não apenas com o Federal Reserve (Fed, o banco central americano), mas também com os BCs de países emergentes.
"Nossas ações falam por si", disse Trichet sobre a coordenação das últimas semanas, quando Bruxelas, Washington e Tóquio injetaram recursos para garantir liquidez ao sistema financeiro.
Movimento por sessão aberta no Senado aumenta risco para Renan
Às vésperas do julgamento em plenário, na sessão que decidirá amanhã seu futuro político, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), começou a enfrentar um movimento pela identificação dos votos. Os senadores petistas Delcídio Amaral (MS) e Eduardo Suplicy (SP) apresentaram à Mesa Diretora da Casa um projeto de resolução para "abrir" a sessão. Diante disso, Renan admitiu em conversa com aliados que vive o dilema de já não saber quem está ou não ao seu lado.
Sem traições, Renan confidencia que sua contabilidade chega a 55 votos favoráveis à absolvição – são necessários 41 de 81 votos para aprovar o parecer do Conselho de Ética que pede a cassação do seu mandato. A dúvida, segundo aliados, é que ontem ele já não sabia até que ponto pode contar com o apoio do PT e até mesmo de senadores do PMDB. "A situação já foi mais pró-absolvição", admitiu a líder do PT, a senadora Ideli Salvatti (SC).
Planalto vê fim da linha para senador
Se escapar da cassação, Renan Calheiros (PMDB-AL) sofrerá pressão do Planalto e do PT para que deixe a presidência do Senado. Com outros dois processos e uma representação por quebra de decoro a persegui-lo, Renan não reúne mais, segundo avaliação de assessores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condições para conduzir o Senado. No Planalto, a preocupação é, assim, com o cenário pós-julgamento. Uma eventual salvação do fiel aliado poderá reforçar a insistência de Renan em permanecer no cargo, o que vai criar dificuldades para a votação de projetos de interesse do governo no Senado, como a prorrogação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF).
A renúncia de Renan à presidência é bem-vinda e começa a ser estimulada no Planalto. Na opinião desses auxiliares de Lula, Renan desgastou-se com senadores da oposição e até do governo ao longo do processo no Conselho de Ética.
Em visita à Finlândia, Lula ””esquece”” de aliado
Em visita à Finlândia, o presidente Lula "esqueceu" da existência de Renan Calheiros. Lula recebeu do presidente do Parlamento finlandês, Sauli Niinistö, convite para que o presidente do Parlamento brasileiro visitasse seus colegas nórdicos.
De pronto, respondeu que iria repassá-lo ao presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia. Só que no Brasil o equivalente ao Parlamento finlandês seria o Congresso, cuja presidência, nas sessões conjuntas, é exercida pelo presidente do Senado.
O Globo
Polícia reage a ataque contra trem com ministros no Rio e mata um
O governador Sérgio Cabral determinou que a polícia "atue de maneira enérgica diante da ousadia dos criminosos" que fizeram disparos contra um trem em que estavam dois ministros e um secretário estadual na manhã da segunda-feira. O ministro da Justiça, Tarso Genro, classificou o caso de ‘lamentável’ . As polícias Civil e Militar fizeram durante a tarde da segunda uma operação na Favela do Jacarezinho, de onde são os traficantes que deram os tiros. Pelo menos um homem morreu.
Aumenta pressão por sessão secreta no julgamento de Renan
A proximidade da votação que decidirá se o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), vai perder ou não o mandato mobilizou a Casa nesta segunda-feira. Oposicionistas insistem que apenas a votação deveria ser fechada, como determina a Constituição, mas não os debates e os encaminhamentos. O petista Delcídio Amaral (MS) foi mais longe e deu entrada na Mesa Diretora com um projeto de resolução em regime de urgência, que pede mudança no regimento interno do Senado para excluir o processo de perda de mandato da lista de casos que devem ser votados por meio de sessão secreta, isto é, sem a presença de público, funcionários ou imprensa.
Correio Braziliense
Proposta já tem “contrabando”
A Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que prorroga a CPMF até 2011 e está sendo discutida na Câmara já recebeu 23 emendas de deputados. Uma dessas sugestões de alteração, apresentada por Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR), unifica em todo o país e reduz em alguns estados a tributação do álcool hidratado. Na campanha eleitoral do ano passado, o parlamentar recebeu R$ 65 mil em doações de três indústrias de álcool.
A emenda de Hauly foi apresentada à PEC 50, de 2007, que definia a prorrogação da CPMF e da Desvinculação de Receitas da União (DRU). Essa PEC foi reunida à de número 558, do ano passado, que é efetivamente a proposta em discussão hoje na Casa. Pela emenda do tucano, o ICMS para o álcool hidratado passa a ter a alíquota de 12% em todas as unidades da federação. Esse índice já é cobrado em São Paulo — era 25% até 2003 e foi reduzido por iniciativa do governo estadual — , mas está abaixo de alíquotas usadas em outros estados.
Trem com ministros é atacado
Que ninguém está seguro no Rio, já se sabia, mas ontem o exemplo foi categórico: dois ministros de Estado – Márcio Fortes, das Cidades, e Pedro Brito, secretário Especial de Portos – e um grupo de autoridades foram alvo de disparos supostamente efetuados por traficantes quando passavam de trem ao largo da Favela do Jacarezinho, na Zona Norte da cidade. Eles vieram ao Rio por determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para inaugurar um trecho ferroviário revitalizado que leva cargas até o Porto do Rio. Ninguém ficou ferido, mas o susto foi grande. No momento dos tiros, as autoridades se jogaram no chão para se proteger.
Feriado violento
O feriado da Independência nas estradas brasileiras ficou marcado pela violência no trânsito. De acordo com o balanço da Polícia Rodoviária Federal (PRF) divulgado ontem, o total de acidentes nas rodovias federais do país, de quinta-feira a domingo, chegou a 1.754, com o triste saldo de 101 mortos e 1.186 feridos. Imprudência e queimadas estão entre os fatores apontados pela polícia para justificar a alta de 25,4% no número de registros e de 10% em mortes em relação ao feriadão de Corpus Christi, em junho — quando houve 1.398 acidentes, 92 vítimas fatais e 858 feridos.