O Estado de S. Paulo
Alckmin volta a tratar pacientes com acupuntura
"Lá para 2010." Essa foi a resposta que o candidato derrotado do PSDB em São Paulo, Geraldo Alckmin, deu ontem ao ser questionado quando voltaria a falar sobre política. Desde domingo, quando ficou confirmado que ele não iria para o segundo turno, o tucano evita comentar sobre a sucessão paulistana.
A declaração foi feita após o ex-governador encerrar o atendimento de acupuntura a pacientes do SUS em um ambulatório da Escola Paulista de Medicina. Médico anestesista de formação – e há um ano e meio especializado na tradicional técnica chinesa -, Alckmin retomou ontem a rotina na unidade, interrompida em junho por causa da campanha eleitoral. A partir da próxima semana, ele voltará também a dar aulas em universidades – uma em Santos e outra em São Caetano do Sul.
O único assunto relacionado à eleição sobre o qual Alckmin concordou em falar dizia respeito a candidaturas do PSDB no segundo turno. Acompanhado do presidente do partido no Estado de São Paulo, deputado Mendes Thame, ele visitará cidades paulistas para pedir voto a tucanos. "A partir da semana que vem vamos dar um giro", disse. Entre os municípios que Alckmin visitará estão Bauru, São Bernardo do Campo e Guarulhos.
Leia também
Ele também deve estender o "tour" eleitoral a algumas capitais, como Cuiabá (MT), onde Wilson Santos (PSDB) disputa a reeleição contra Mauro Mendes (PR), apoiado pelo governador Blairo Maggi e pelo presidente Luiz Inácio da Silva. Agora, se esse "giro" terá como parada a campanha do prefeito Gilberto Kassab (DEM), Alckmin desconversou. "Meu apoio já é público. O partido decidiu apoiar o Kassab. Vou seguir a orientação do partido." Diante da insistência dos repórteres para saber se isso se traduzirá em participação no palanque do prefeito, ele adiantou: "Não tem palanque fisicamente."
Anteontem, três deputados do PSDB aliados de Alckmin faltaram a uma visita a Kassab organizada por parlamentares tucanos. No início desta semana, o partido anunciou oficialmente apoio ao prefeito, adversário do ex-governador no primeiro turno. O deputado Antonio Carlos Pannunzio justificou que os alckmistas não foram porque estavam viajando. Alckmin voltou a dizer que foi uma honra disputar a eleição em São Paulo. "Suamos a camisa, a militância esteve unida. É sempre honroso participar do processo eleitoral."
No ambulatório, o retorno do tucano foi elogiado pelas pacientes. "Ele tem mãos maravilhosas", disse Maria Augusta Córdoba. "Para a acupuntura, claro", explicou-se entre risos.
Lula grava para Paes, que o havia chamado de ”chefe da quadrilha”
Depois de ficar ausente do primeiro turno da campanha na capital fluminense , o presidente Luiz Inácio Lula da Silva gravou ontem uma participação no programa eleitoral do candidato do PMDB à Prefeitura do Rio, Eduardo Paes, ex-adversário e agora aliado. Lula recebeu Paes e o governador Sérgio Cabral, além de políticos e dirigentes do PMDB e do PT, no Hotel Hilton em São Paulo.
Apesar da mágoa pela atuação do ex-deputado na CPI dos Correios, que investigou o escândalo do mensalão, o presidente, segundo assessores, entendeu que era importante fazer um depoimento sobre a vantagem de ter um aliado na Prefeitura do Rio. A campanha de Paes é centrada na possibilidade de uma parceria inédita entre os governos municipal, estadual e federal. Cabral foi o articulador a aproximação de Lula e Paes.
As imagens mostrarão uma reunião de trabalho do presidente com o governador e o candidato. "Quem ganha com essa união é o povo do Rio", declarou o presidente. "Fico muito feliz que o PT esteja unido em torno da candidatura do Eduardo, junto com as demais forças progressistas do Rio de Janeiro", concluiu Lula.
Ontem, durante encontro em que o PC do B formalizou apoio ao peemedebista, Eduardo Paes repetiu que não se arrepende da atuação na CPI e que era seu papel de parlamentar denunciar corrupção e desvio de dinheiro. No entanto, reconheceu que exagerou no tom empregado. "Em alguns momentos, se sai do tom da política. Essas não são expressões adequadas ao debate político", disse Paes, que chegou a chamar o presidente de "chefe da quadrilha".
Pastor critica projeto de lei
Nem mesmo os rapapés e expressões religiosas usados no encontro do PT para conquistar os votos dos evangélicos impediram que pastores protestassem. Logo na abertura do ato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu uma carta do pastor Valdo Romão, da Convenção Batista de São Paulo, condenando o projeto de lei contra a homofobia. A proposta define como criminosa a crítica ao comportamento homossexual.
"Nossa manifestação tem como objetivo evitar que sua história como presidente de todos os brasileiros seja maculada", diz o documento. Para Levi Monteiro, do Conselho de Pastores da Zona Sul, Marta Suplicy deveria esquecer o projeto da união entre homossexuais. "Ela perdeu votos por isso.Se o projeto for aprovado, seremos obrigados a efetuar tal casamento em nossos templos, o que contradiz a Bíblia", afirmou.
Kassab reage a ministros e diz: ”Mal havia nascido na ditadura”
O prefeito Gilberto Kassab reagiu ontem ao ataque desferido na véspera por petistas e ministros do governo Lula que vieram a São Paulo reforçar a campanha de sua adversária, Marta Suplicy (PT). Acusado de "oportunista" pela ministra Dilma Rousseff e de ligação com "forças do atraso" e até com o regime militar por outros aliados de Marta, Kassab argumentou com a própria idade em sua defesa. "Eu mal tinha nascido", afirmou.
O prefeito, que nasceu no dia 12 de agosto de 1960, ainda não tinha 4 anos quando ocorreu o golpe militar. O governo dos generais, contudo, só se encerrou em 1985, com a escolha de Tancredo Neves para a Presidência da República pelo colégio eleitoral. A essa altura, Kassab estava a caminho dos 25 anos.
Um dos que mais duramente atacaram o prefeito, na quinta-feira, foi o ministro Luiz Dulci. "São Paulo não pode ter um síndico conservador dirigindo o destino de uma das maiores metrópoles do mundo", discursou. Em alta nas pesquisas e satisfeito com o seu bom desempenho, Kassab afirmou que não teme a participação de ministros de Lula na campanha e negou ser representante da "direita conservadora". Para ele, não é isso que vai pesar na decisão do eleitor.
"A população vai levar em consideração as propostas, as discussões, as equipes e as comparações das gestões", insistiu ontem, durante visita à favela Chácara do Conde, região da Capela do Socorro – um forte reduto do PT. "O importante não é quem está ao lado dela e quem está ao meu lado. O importante é que as pessoas mostrem as propostas de cada candidato."
Folha de S.Paulo
Lula pede apoio de evangélicos a Marta
A fim de quebrar a resistência de evangélicos à candidatura de Marta Suplicy (PT) e contornar um breve momento de tensão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um apelo para pastores que participaram de um encontro com ele e com a ex-prefeita ontem, em um hotel da zona sul de São Paulo. "Vocês não podem retribuir o preconceito de que vocês já foram vítimas", afirmou Lula, a uma platéia com cerca de cem líderes religiosos, uma parte deles arredia à candidata por seu histórico de defesa da união civil entre homossexuais.
Marta recebeu declarações de apoio, inclusive com promessas de orações pela sua eleição. Mas, quando Lula foi chamado a assumir o microfone, logo após a fala da candidata, o pastor Cícero Crispim interveio e cobrou a ex-prefeita por ela ter entrado com uma ação na Justiça Eleitoral contra um programa de rádio comandado por uma igreja evangélica.
No primeiro turno, o programa levou ao ar enquete intitulada "A Bíblia ou Marta", com ataques à vida pessoal da petista. "Queria saber por que a senhora processou o pastor", disse Crispin. Marta, que havia acabado de fazer promessas para atender a demandas dos evangélicos, levantou-se e disse, ríspida: "Se for falar palavra de baixo calão contra minha pessoa, será processado!".
Rapidamente, o deputado estadual Rui Falcão, da coordenação da campanha petista, tomou a palavra para afirmar, de forma pausada, que já havia um acordo com a radio evangélica, com a conseqüente retirada da ação. Lula, então, iniciou o discurso dizendo que seria rápido.
O evento de ontem foi fechado às pressas pelos apoiadores de Marta a fim de ter a presença do presidente logo no início do segundo turno. As pesquisas apontam desvantagem de 17 pontos da petista em relação a Gilberto Kassab (DEM). "Nenhum de nós tem procuração de Deus para ser dono da verdade absoluta", disse o presidente, que em seguida lembrou do fato de ter sido vítima de preconceito, inclusive dos evangélicos, nas campanhas presidenciais das quais participou. "Eu vivia me explicando para os pastores", afirmou. "Acho que hoje a Marta é vítima de preconceito pelas coisas boas que ela fez. Essa mulher sofre uma campanha de preconceito na cidade", disse Lula.
Lula grava mensagem de apoio ao ex-tucano Paes
Três anos após ser chamado de "chefe da quadrilha" do mensalão, o presidente Lula gravou ontem mensagem de apoio ao autor da expressão, o ex-deputado federal e relator-adjunto da CPI dos Correios Eduardo Paes, hoje candidato do PMDB à Prefeitura do Rio.
Para gravar ao lado de Lula, Paes alugou uma sala no hotel Hilton, em São Paulo, onde passou a tarde. O governador Sérgio Cabral (PMDB), idealizador da candidatura Paes e aliado de Lula, estava presente. A mensagem deve ir ao ar no primeiro programa eleitoral de TV, na segunda-feira.
A assessoria de Paes divulgou duas falas de Lula: "Quem ganha com essa união é o povo do Rio", sobre a parceria das três esferas de governos, caso o peemedebista se eleja; e "Fico muito feliz que o PT esteja unido em torno da candidatura do Eduardo junto com as demais forças progressistas do Rio". Quando ainda filiado ao PSDB e atuava na CPI, Paes criticava o comportamento de Lula. Em 7 de outubro de 2005, em Brasília, Paes chamou Lula de "psicótico". "Só [Sigmund] Freud [pai da psicanálise] explica esse comportamento. É uma atitude típica de quem sabe da sua culpa. Pois exagera nas mentiras para se convencer que são verdades."
Na busca pelo apoio de Lula na disputa contra Fernando Gabeira (PV), Paes disse ontem "que no momento do calor da política (…) você sai um pouco do tom", mas negou ter pedido desculpas ao presidente. "Houve uma conversa franca entre o presidente e eu. Tivemos conflitos políticos no passado, que buscamos dirimir (…) Tudo o que disse ao longo da minha vida pública eu não tenho o menor problema." Paes recebeu ontem o apoio do PC do B de Jandira Feghali e do PDT do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, e espera atrair Marcelo Crivella (PRB).
Bolsas perdem seis "Brasis" na semana
Após o massacre de ontem nas Bolsas de todo o mundo -que elevaram as perdas globais em ações a impressionantes US$ 6,2 trilhões ou cerca de seis "Brasis" em apenas uma semana-, o primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, deixou vazar que uma das hipóteses em estudo entre os governantes é a suspensão mundial das operações em Bolsa até que novas regras sejam definidas para a economia global.
"A crise é global e necessita uma resposta global. Fala-se de um novo Bretton Woods para definir novas regras e de suspender os mercados pelo tempo necessário para formulá-las", afirmou o premiê italiano.
Bretton Woods é o nome da cidade de New Hampshire (EUA) em que se definiram as regras que regeriam o planeta depois da Segunda Guerra Mundial, que acabaria um ano depois dessa cúpula, realizada em julho de 1944. Criaram-se então o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial.
As duas instituições ficaram completamente à margem da crise, tanto que as suas assembléias gerais estão rolando em Washington, enquanto continua incontrolável o "banho de sangue" nos mercados, conforme expressão de uma testemunha ocular, David Buik, da BGC Partners de Londres. Caíram as ações, de Tóquio a Londres, passando por São Paulo e Nova York, caiu o petróleo (para US$ 77,70), mas subiu o ouro, velho refúgio contra incertezas. Chegou a US$ 925,05, o pico desde 31 de julho.
PF prende Valério e mais oito sob acusação de espionagem
A Polícia Federal e o Ministério Público Federal em São Paulo prenderam ontem o publicitário Marcos Valério de Souza, que ficou conhecido em 2005 como o principal operador do esquema do mensalão. A prisão de Marcos Valério e de outras oito pessoas, entre policiais federais e advogados, foi resultado de uma investigação que começou no final do ano passado. Todos são investigados por forjar um inquérito para beneficiar uma empresa.
Marcos Valério foi preso em Minas Gerais, na casa dele, às 6h da manhã. Sem algemas, foi transferido para São Paulo.
A operação deflagrada na madrugada de ontem foi batizada de Avalanche porque, como em um efeito dominó, uma investigação levou a outras. Num primeiro momento, a PF estava focada em um grupo acusado de extorquir dinheiro de empresários. Durante essa investigação, a polícia descobriu um segundo grupo, que praticava fraude fiscal no porto de Santos -dos dois núcleos, nove pessoas foram presas. O nome de Marcos Valério só surgiu quando a PF, a partir de escutas telefônicas, chegou a um terceiro grupo, que, segundo diálogos gravados, tentava fabricar um inquérito contra fiscais paulistas para beneficiar o grupo Cervejaria Petrópolis.
Lula critica restrição do TSE à propaganda eleitoral na internet
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que é "negar o direito de expressão" a restrição imposta pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) de usar a internet como instrumento de propaganda eleitoral.
"Eu acho que negar a informação ou proibir as pessoas de fazerem a propaganda que quiserem fazer de seus candidatos é negar o direito de expressão, que é tão legítimo quanto qualquer outra coisa que pode passar na internet", disse ontem, em entrevista aos portais UOL, Terra, G1 (Globo), iG e Limão (Grupo Estado).
A limitação imposta pelo TSE está prevista na resolução nº 22.718, que serve de guia para as eleições deste ano. O ponto polêmico foi o fato de o TSE ter equiparado legalmente a internet ao rádio e à televisão, que são concessões públicas. A legislação eleitoral proíbe a mídia eletrônica de difundir opinião favorável ou contrária a candidato e ainda de dar tratamento diferenciado aos postulantes. Já os jornais e revistas, que são empresas privadas, não sofrem restrições. Com a resolução, ferramentas da internet -como blog, e-mail, web TV, web rádio e páginas de notícias, de bate-papo, de vídeos ou comunidades virtuais- não podem ser usadas para divulgar imagens ou opiniões de apoio ou crítica a candidatos.
Lula afirmou, entretanto, que os sites podem acabar servindo de ferramenta para ataques e que é preciso responsabilidade. "Se você for candidato e estiver sendo vítima da internet, certamente concordaria [com a proibição do TSE]. Se você for um cidadão brasileiro ou o presidente da República, que ama a liberdade de expressão e de comunicação, nós achamos que precisamos cuidar da melhor maneira possível para que os meios de comunicação, inclusive a internet, funcionem da forma mais aberta e com a maior responsabilidade possível", disse o petista.
No final, afirmou: "Nós precisamos tomar cuidado para, em nome de estabelecer uma regra de funcionamento que não coloque em risco a sociedade no caso da pedofilia -que eu vi cenas mostradas pelo Senado, realmente é abominável-, nós temos que ter um acordo, inclusive com os provedores, que têm responsabilidade de não permitir que aquilo aconteça. Mas fora isso, em se tratando de debate cultural, político, econômico, viva a internet". Ele disse que usa a web para baixar músicas e para presentear amigos.
Correio Braziliense
Após pleito municipal, José Múcio tenta liberar R$ 600 milhões em emendas
Apesar da crise financeira em curso, o ministro de Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, pressionará a equipe econômica a não suspender o pagamento de emendas parlamentares. Coordenador político do governo, Múcio considera a liberação dos recursos fundamental para cicatrizar feridas abertas em aliados nestas eleições municipais. Aposta na iniciativa para impedir que eventuais mágoas ou descontentamentos decorrentes da campanha resultem em votos contrários ao Palácio do Planalto nos painéis de votação da Câmara e do Senado.
“Foram vitoriosos todos os partidos que apóiam o presidente Lula. Agora, a apuração dos votos é rápida. Já a das seqüelas de uma campanha é lenta”, diz o ministro. “O governo precisa terminar de pagar as emendas. Se isso não for feito, a situação pode se complicar”, acrescenta. A meta de Múcio é assegurar o pagamento de mais de R$ 600 milhões em emendas até dezembro, em três parcelas mensais de R$ 200 milhões, o que fecharia um desembolso de R$ 3,24 bilhões neste ano. A maior parte do dinheiro tem origem nos chamados restos a pagar. Ou seja, constava de leis orçamentárias de anos anteriores e ainda está pendente.
Além disso, está vinculada a emendas individuais, nas quais aparece a digital do deputado ou senador que patrocina a verba. Entre abril e agosto, a quantia liberada foi de R$ 2,44 bilhões. Só em maio foram R$ 750 milhões. As cifras mantiveram a bancada governista em situação de relativa calmaria até a realização do primeiro turno. Depois da votação, os pedidos e reclamações voltaram a bater à porta do gabinete de Múcio, no quarto andar do Planalto. Partem, principalmente, de candidatos derrotados nos embates municipais.
“Desde segunda-feira, há derrotados, mágoas e dívidas de campanha. Tudo isso pode refletir no Congresso”, declara um assessor da Presidência da República. Ele lembra que os reflexos da disputa municipal de 2004 contribuíram para a eleição, em fevereiro do ano seguinte, de Severino Cavalcanti (PP-PE) para a Presidência da Câmara. Espécie de rei do baixo clero, grupo formado por centenas de deputados federais com pouca expressão, Severino se aproveitou, na ocasião, do racha entre os partidos governistas resultante dos embates na campanha municipal anterior.
‘Sistema financeiro do Brasil continua sólido’, afirma Mantega
O Brasil não apresenta problemas de solvência como conseqüência da crise financeira internacional, como os encontrados no "chamado mundo desenvolvido", afirmou o ministro da Fazenda, Guido Mantega. "Lá nós temos mais problemas de liquidez", afirmou ao sair da sede do Fundo Monetário Internacional (FMI). "Vocês viram o Reino Unido, ontem, anunciando um pacote de US$ 1 trilhão de dólares para socorrer os bancos ingleses e outros países também tomando medidas desta natureza. Nós no Brasil não precisamos tomar medidas tão fortes quanto estas porque os problemas que temos lá são menores, muito menores do que esses. Mas o que eu quero dizer é que temos a mesma disposição de usar todos os instrumentos que o Estado possui para resolver os problemas que se apresentam", disse
Mantega avalia que a crise não afeta igualmente a todos os países. "É mais forte nos países avançados e menos forte nos países em desenvolvimento, porém, de qualquer maneira, atinge um pouco a todos. É bom para todos que ela seja debelada"
Um ponto importante na crise financeira atual, continua o ministro, é que "os países estão demonstrando que estão dispostos a usarem todas as armas que têm disponíveis para combater a crise. Não há limites para a ação dos Estados", avalia. "Com essa disposição é que eu tenho a certeza que nós conseguiremos debelar a crise", acrescentou depois de sair de reunião com o diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn. O ministro brasileiro afirmou que os problemas no País são localizados e mais relacionados à liquidez. "Porque sou ministro da Fazenda do Brasil, não perdi o sono. Acredito que meus colegas de outros países estão perdendo o sono, sim", completou.
Lula diz que volta de Lacerda à Abin depende de laudos
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva elogiou hoje o delegado Paulo Lacerda, mas condicionou seu retorno à direção da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) à conclusão do inquérito que apura a autoria do grampo ilegal de conversa telefônica entre o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO). "O Paulo Lacerda é um extraordinário profissional brasileiro, feliz do país que tem um profissional do gabarito dele", disse Lula, em entrevista a portais de notícias na internet, publicada pelo portal Limão, do Grupo Estado.
Segundo o presidente, Lacerda foi afastado, em 1º de setembro passado, "até para garantir sua honradez", mas poderá reassumir as funções, tão logo ele receba o laudo da autoria do grampo, que supostamente teria sido feito por agentes da Abin e da Polícia Federal no curso da Operação Satiagraha, que prendeu o banqueiro e sócio fundador do Grupo Opportunity, Daniel Dantas, e mais 23 pessoas em julho passado. Dantas foi preso duas vezes e solto em ambas ocasiões por habeas-corpus do presidente do STF. A Abin cedeu 52 agentes ao delegado e é suspeita de estar por trás da bisbilhotagem.
Contrariando o PT, Marina Silva apóia Gabeira no Rio
A senadora e ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva (AC) manifestou hoje apoio ao candidato do PV à prefeitura do Rio, deputado Fernando Gabeira, contrariando decisão do PT fluminense que formalizou apoio a Eduardo Paes, do PMDB. Antes de tornar pública a decisão, a senadora ligou para o presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini (PT), e disse que optou por ficar ao lado do companheiro de 20 anos de militância. No primeiro turno, Marina fez campanha para o candidato do PT, deputado estadual Alessandro Molon, que ficou em quinto lugar na disputa, com 4,97% dos votos.
"Compreendo a decisão do PT do Rio e as razões da aliança no contexto do Rio. Mas eu disse ao Berzoini tudo o que vivemos com Gabeira nesses 20 anos. Ele nos alcançou lá no Acre. Seria contraditório não apoiá-lo. Se Chico Mendes fosse vivo, estaria na linha de frente do Gabeira", disse a senadora, lembrando o líder seringueiro assassinado em dezembro de 1988. "Existe um contexto para além das fronteiras do Rio. Gabeira tem muita legitimidade para falar do compromisso socioambiental.
Segundo Marina, o presidente do PT disse que compreendia as razões da senadora e não haverá qualquer punição por causa do apoio a Gabeira, que tem um candidato a vice do PSDB. A senadora disse que um grupo de políticos, artistas e intelectuais organiza uma grande lista de apoio a Gabeira, com personalidades de vários pontos do País. Marina afirmou que está à disposição do candidato para gravar um depoimento no programa de TV ou fazer campanha na cidade, se for necessário.
A adesão de Marina Silva segue a estratégia de Gabeira de ganhar adesões individuais, em vez de formalizar alianças com partidos políticos, como tem feito Eduardo Paes. Até agora, a única legenda que anunciou apoio a Gabeira no segundo turno foi o DEM, do prefeito Cesar Maia. Hoje, o PSOL, que disputou com o deputado Chico Alencar (sétimo colocado, com 1,81% dos votos), anunciou que ficará neutro no segundo turno.
Lula grava no Rio depoimento para programa de Paes
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que ficou fora da campanha do Rio de Janeiro no primeiro turno, gravou nesta sexta-feira (10/10) um depoimento de apoio ao candidato do PMDB à prefeitura da capital fluminense, Eduardo Paes. O presidente foi convencido pelo governador Sérgio Cabral (PMDB), padrinho político do candidato, a receber Paes em um almoço na terça-feira, na cidade. Depois do encontro, ficou de analisar como participaria da campanha.
Lula optou por uma mensagem para o programa eleitoral gratuito, que volta ao ar na segunda-feira. O presidente recebeu Eduardo Paes, da coligação "Unidos pelo Rio" (PMDB-PP-PSL-PTB), e Sérgio Cabral em um hotel em São Paulo. Em 2005, durante a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios, Paes era deputado do PSDB e fez uma série de acusações ao presidente e a ministros petistas. Depois, foi para o PMDB, e agora faz campanha apresentando-se como aliado de Lula.
Apesar o ressentimento por causa da postura de Paes no passado, assessores do presidente disseram que Lula considerou importante fazer um depoimento sobre as vantagens de o Rio ter na prefeitura um aliado do governo federal. Paes disputa a prefeitura com o candidato da coligação "Frente Carioca" (PV-PSDB-PPS), deputado Fernando Gabeira (PV), que tem aliança com o PSDB e no segundo turno recebeu apoio do DEM, partido do prefeito Cesar Maia.
O Globo
Bolsa de Nova York tem a pior semana em 112 anos
Foram cinco dias de prender a respiração. De segunda-feira até ontem, Wall Street viu US$ 2,178 trilhões, em valores de mercado, desaparecerem das companhias negociadas. O mais importante índice da Bolsa de Nova York, o Dow Jones, fechou a semana com o pior resultado em 112 anos de existência. Só ontem, chegou a cair 8,1% e encerrou em baixa de 1,49%.
No Brasil, a Bovespa acionou o circuit breaker, com a queda de 10,19%, mas fechou em baixa de 3,97%. A Rússia anunciou um pacote de US$ 86 bilhões e a Alemanha disse que pode estatizar parte dos bancos. No fim do dia, líderes dos países mais ricos do mundo, o G-7, defenderam uma ação "urgente e excepcional" contra a crise. O Tesouro dos EUA, pela primeira vez desde a Grande Depressão, anunciou que pode estatizar bancos à beira da falência.
Felizes para sempre
A longa história de desencontros entre Eduardo Paes e o presidente Lula, marcada por pesadas acusações de corrupção ao presidente e a seu filho, teve ontem seu último capítulo: o ex-tucano, candidato do PMDB a prefeito, conseguiu finalmente uma foto ao lado do líder máximo do PT. Para concordar, Lula fez Paes ir a São Paulo, após o peemedebista já ter mandado uma carta para dona Marisa, se retratando das acusações feitas quando era membro da CPI do Mensalão. Lula também gravou uma mensagem para o programa eleitoral de Paes.
Antes de ir a São Paulo, Paes recebeu a adesão de Jandira Feghali (PCdoB), que, no primeiro turno, dissera que o peemedebista troca mais de partido do que de camisa. À noite, um evento de Paes com aliados no Centro do Rio transformou-se em ato anti-Gabeira, por causa das críticas feitas pelo candidato do PV à vereadora Lucinha, que tem base eleitoral na Zona Oeste. Um dos participantes ameaçou jogar ovos em Gabeira, caso ele vá à região.
Valério é preso. Mas não pelo mensalão
Operador do esquema do mensalão no governo Lula, Marcos Valério foi preso pela PF, desta vez sob a acusação de espionagem e corrupção. Ele e o sócio Rogério Tolentino são acusados de forjar denúncias contra fiscais da Receita Federal que multaram a Cervejaria Petrópolis em R$ 104,5 milhões, por sonegação de impostos. Também foram presos policiais, empresários e advogados.