Folha de S.Paulo
Assentados temem volta do terror após absolvição no Pará
Com a absolvição do fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, acusado de mandar matar a freira Dorothy Stang, pequenos agricultores temem a volta da violência no oeste do Pará.
disputa pela posse das terras –das quais fazendeiros, entre eles Bida, se consideravam proprietários– era o principal motivo das ameaças contra a vida da religiosa. No PDS (Projeto de Desenvolvimento Sustentável) Esperança, que a missionária liderou em Anapu, pequenos agricultores dizem acreditar que Bida voltará para recuperar as terras.
"Ele vai vir buscar as terras dele. Vai chegar e fazer o que der vontade", afirma o agricultor e artesão Antônio Dias dos Reis, 34. Ele diz que, já antes da morte de Dorothy, sofria ameaças para desocupar uma área que hoje faz parte do PDS.
Só depois da repercussão internacional do assassinato de Dorothy, em fevereiro de 2005, o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) conseguiu a emissão de posse da área, decisão favorável aos moradores do PDS. Mas Bida e outros fazendeiros continuam recorrendo da decisão.
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Bida foi acusado de ser o mandante do assassinato da freira norte-americana naturalizada brasileira e absolvido pelo Tribunal do Júri de Belém, na terça-feira. Em julgamento em maio de 2007, Bida foi condenado a 30 anos de prisão pela morte de Dorothy –devido ao tempo da pena ele ganhou o direito de um novo júri.
Para o juiz Raimundo Moisés Flexa, faltavam provas para condenar Vitalmiro, que estava preso desde 2005.
União cobra da Força SindicalR$ 59 milhões, aponta a PF
Conversa gravada pela Polícia Federal na Operação Santa Tereza indica que o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força Sindical, e outras duas pessoas estavam sendo cobradas em R$ 59 milhões por supostas irregularidades em convênios da central com a pasta do Trabalho. Os convênios referem-se a treinamento de mão-de-obra. Paulinho afirmou desconhecer qualquer tipo de cobrança do ministério à central sindical.
Correio Braziliense
Uma longa história de fogo amigo
Na quinta-feira, o ex-ministro e deputado cassado José Dirceu (PT-SP) divulgou nota na qual defendeu o secretário de Controle Interno da Casa Civil, José Aparecido Nunes Pires, da acusação de ter vazado informações sobre gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. No texto, Dirceu fez questão de negar que o servidor seja aliado dele. Com os dois argumentos, o petista agiu para rechaçar uma suspeita que percorre timidamente os corredores do Palácio do Planalto desde a divulgação do suposto dossiê contra os tucanos: a crise é obra de “fogo amigo”, destinado a frear a ascensão política da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff.
Também cogitada por um grupo suprapartidário de parlamentares, a idéia de guerra fraticida prospera graças aos precedentes colhidos na gestão de Luiz Inácio Lula da Silva. Desde 2003, sobram confrontos entre ministros, sobretudo em momentos como o atual, nos quais a aprovação popular ao desempenho do presidente e do governo beira níveis recordes. “O PT, nós sabemos como é, tem vários PTs”, diz o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN). “Ninguém esperava que fosse alguém ligado ao PT, ainda mais com um passado próximo ao Dirceu. É difícil julgar se é verdade. É bom que a investigação termine logo.”
O roteiro de um vazamento
O documento que saiu do computador do secretário de Controle Interno da Presidência da República, José Aparecido Nunes Pires, endereçado a André Fernandes, assessor do senador Álvaro Dias (PSDB-PR), no dia 20 de fevereiro, foi o mesmo que chegou às redações de jornais, revistas e televisões quase um mês depois. Essa história é apontada pelo Palácio do Planalto e pela própria oposição como a conclusão da apuração em torno do vazamento. O problema do governo agora é blindar a origem desse material.
O assessor de Álvaro Dias confirmou, em entrevista ao Correio, que imprimiu e entregou ao senador parte das 28 páginas do arquivo enviado por José Aparecido no dia 20 de fevereiro. No total, selecionou 13 páginas. Fernandes apagou o e-mail, mas diz ter o arquivo guardado. Ele confirmou também que o arquivo, uma planilha Excel, continha, além das despesas de Fernando Henrique e Ruth Cardoso que estão nessas 13 páginas, outros tópicos com nomes de políticos tucanos. O documento tem campos em branco, numa indicação que José Aparecido remeteu um arquivo que ainda não havia sido finalizado. Nessa lista, aparecem Arthur Virgílio, Aloysio Nunes Ferreira e Eduardo Jorge, todos ministros da gestão Fernando Henrique.
ONGs sindicais na mira da PF
As organizações não governamentais (ONGs) ligadas aos sindicatos serão o próximo alvo das investigações da Polícia Federal, que suspeita que as entidades podem estar sendo usadas para a realização de fraudes. Segundo investigadores que trabalharam na Operação Santa Tereza, que desvendou um esquema de desvios de financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), as entidades podem ter sido usadas para lavar o dinheiro fraudado.
O que chamou a atenção dos investigadores foi a preocupação dos envolvidos com notícias envolvendo ONGs ligadas aos sindicatos, como foi registrado em escutas telefônicas feitas pela PF com autorização judicial. “João Pedro sempre fica muito preocupado. Demonstrando, no mínimo, que sabe a verdade sobre as referidas notícias. Portanto, esse poderá esclarecer, no futuro, sobre tais denúncias”, diz o relatório da PF, analisando uma conversa entre João Pedro Moura e um empresário, em 12 de março.
O Estado de S.Paulo
Lobista dava fone de gabinete de Paulinho no esquema do BNDES
Apontado como artífice do desvio de verbas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e preso há 17 dias pela Polícia Federal na Operação Santa Tereza, o lobista João Pedro de Moura abria portas de repartições públicas e gabinetes de autoridades estaduais, municipais e federais dando como referência sua estreita ligação e amizade com o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (PDT-SP).
A seus interlocutores entregava sempre o cartão de apresentação, no qual se identifica como assessor de gabinete do deputado. Seu endereço de trabalho, que consta do cartão, é o gabinete 217 do Anexo 4 da Câmara. É o gabinete de Paulinho. Telefone para contato e número de fax que ele dava em suas andanças pelo poder são os da sala do parlamentar.
No rastro de Moura, a PF passou a suspeitar de Paulinho. Pegou conversas do lobista com outros integrantes da organização falando em divisão de dinheiro. "Tem a parte do Paulinho", disse Moura, mais de uma vez. Para a Polícia Federal, Paulinho é Paulo Pereira da Silva.
”Já fiz tudo para provar inocência”
O deputado Paulinho da Força (PDT-SP) nega relação com os desvios no BNDES e diz que já fez de tudo para provar sua inocência e ainda será visto como vítima. Seu advogado, Antonio Rosella, indignou-se: "é loucura, um absurdo" imputar a Paulinho envolvimento com o esquema desmascarado pela Operação Santa Tereza.
Ontem, Paulinho mostrou que, além de deputado federal, presidente do PDT paulista e presidente da Força Sindical, é jogador de futebol. De várzea. Trajando uniforme laranja, número 18, do Força Sindical Futebol Clube e alheio ao furacão que pousou sobre sua cabeça, ele e seu time foram até o campo do Aliança, no Jaçanã, periferia de São Paulo.
Na sexta-feira, sob o turbilhão de perguntas de jornalistas, ele foi indagado se João Pedro de Moura era seu assessor. Paulinho foi categórico: "É ex-assessor, mas tem uma empresa de consultoria com contrato com a Força estadual."
Senadores do PDT cobram pressa do partido
Se forem comprovados, os últimos fatos apurados pela Polícia Federal obrigarão a direção do PDT a reavaliar a decisão de aguardar o fim do inquérito para tomar uma atitude contra o deputado Paulinho da Força, disse ontem ao Estado o senador Jefferson Péres (AM). E o senador Cristovam Buarque (DF) afirmou: "Uma coisa é certa: o PDT não vai acobertar eventuais irregularidades no caso Paulinho."
Considerados referências éticas do PDT, os dois têm opiniões semelhantes, embora Péres defenda ação mais rigorosa. Ele quer punição tão logo fatos graves se tornem visíveis; Cristovam prega que o partido só haja a partir de comprovações da PF. Péres lamentou que a direção do PDT tenha decidido aguardar o fim do inquérito: "A direção não aceitou nossas ponderações", disse ele, que, com o senador Osmar Dias (PR), reclamou punições tão logo surgissem fatos incriminadores.
Cristovam acha que a direção deve ficar atenta a novas revelações. Mas ainda dá certo crédito a Paulinho: "Para nós, do partido, ele continua insistindo em que é inocente."
PF pede ao banco dados de financiamento a Praia Grande
A Polícia Federal requereu ao BNDES todas as informações acerca dos financiamentos concedidos à Prefeitura de Praia Grande nos últimos cinco anos. A meta da PF é identificar outros possíveis envolvidos na trama de desvios de dinheiro público que a Operação Santa Tereza descobriu.
O caso de Praia Grande é o mais enigmático. De acordo com a PF, aponta para o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força. Grampos telefônicos pegam integrantes da organização negociando a partilha de comissões sobre valores liberados pelo BNDES para a prefeitura.
Grampos mostram ação de grupo em 20 cidades de SP
Alvos da Operação Santa Tereza, da Polícia Federal, acusados de usar contatos e influência para obter financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) com pagamento de propina, citam nos grampos ações em pelo menos 20 cidades – todas paulistas. São contatos com prefeitos, vereadores e assessores, ou sondagens com funcionários das prefeituras. Todos foram procurados pelo Estado para explicar os diálogos descritos nos grampos.
A Procuradoria da República em São Paulo já enviou documento à Justiça Federal pedindo investigação em 9 delas: Caieiras, São João da Boa Vista, Itapira, Conchal, São Sebastião da Grama, Nova Odessa, Praia Grande, Itu e Guarujá. As gravações apontam ainda contatos em outros 11 municípios: Atibaia, Jarinu, Cubatão, Pariquera-Açu, Guarulhos, Cananéia, Francisco Morato, Jundiaí, Iguape, Peruíbe e Paraíso.
Perillo responderá ao 4º inquérito
Um novo inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF), aberto a pedido do Ministério Público na última quinta-feira, fechou uma semana repleta de problemas para o senador Marconi Perillo (PSDB-GO). Ele agora será investigado pela acusação de ter cobrado propina para ajudar na liberação de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) para a Prefeitura de Itapaci (GO).
O suposto envolvimento de Perillo data de 1996, quando ele era deputado federal. De acordo com depoimento prestado ao Ministério Público de Goiás, o ex-prefeito de Itapaci Francisco Agra Alencar disse que Perillo o chamou a Brasília e impôs, para que ajudasse a liberar recursos do FNDE, o pagamento de propina equivalente a 20% do valor reservado para a construção de uma escola no município.
O caso chegou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) em 2004, mas por decisão dos ministros foi encaminhado ao Supremo, que só começou a examinar o tema no ano passado. Na quinta-feira, o Ministério Público pediu que um inquérito fosse aberto para investigar o assunto e determinou que o senador seja convidado para prestar depoimento e que o Banco Sudameris, onde a propina teria sido paga, investigue se algum pagamento foi feito em seu nome.
Senador contesta denúncia
O senador Marconi Perillo, por sua assessoria, disse que a denúncia, "feita em palanque", não foi confirmada por "nenhuma das 60 a 70 prefeituras beneficiadas com emendas" parlamentares apresentadas por ele. "O senador sente-se aliviado com a informação de tramitação no Supremo." Seu advogado, Antônio Carlos de Almeida Castro, considerou o inquérito positivo. "Finalmente o senador terá oportunidade de se pronunciar e o caso poderá ser arquivado. Perillo não tem nenhum envolvimento."
Aparecido se diz vítima de armação e avisa que reagirá
O secretário de Controle Interno da Casa Civil, José Aparecido Nunes Pires, já contratou um advogado de defesa e, em conversas com amigos petistas, disse que vai usar todos os recursos legais e técnicos para provar que não foi o responsável pelo vazamento do dossiê com detalhes sobre os gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Aparecido se diz "vítima de uma armação" do grupo da secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Guerra.
Eduardo Toledo, que foi o advogado contratado, aconselhou Aparecido a não se manifestar e a esperar os próximos movimentos da CPI dos Cartões, da Polícia Federal e do Palácio do Planalto. O secretário tem dito a interlocutores com quem já trabalhou que a experiência dele como auditor do Tribunal de Contas da União (TCU) e assessor de várias CPIs do Congresso não o deixariam cometer o erro primário de enviar por e-mail um dossiê da Casa Civil do governo Lula para um computador de um assessor (André Eduardo da Silva Fernandes) de um senador tucano, Álvaro Dias (PR).
O Globo
Terras no Brasil são mal aproveitadas
Especialistas dizem que o país poderia ampliar a produção de alimentos em 100 milhões de hectares de terras subaproveitadas, que equivalem à área da França e Alemanha juntas. O diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, defendeu o etanol do Brasil.