Folha de S. Paulo
Júri absolve acusado por morte de Dorothy Stang
O fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, foi absolvido ontem da acusação de ser o mandante do assassinato, em fevereiro de 2005, da freira norte-americana naturalizada brasileira Dorothy Stang.
Por cinco votos a dois, o Tribunal do Júri de Belém considerou que ele não é culpado do crime de homicídio doloso duplamente qualificado. Bida, que estava preso desde março de 2005, foi libertado por volta das 20h de ontem. O Ministério Público vai recorrer da decisão.
O pistoleiro Rayfran das Neves, o Fogoió, que havia confessado ter atirado em Dorothy, também foi julgado ontem. Ele foi considerado culpado e sentenciado a 28 anos de prisão em regime fechado.
Foi o segundo júri de Bida no caso. O primeiro havia ocorrido em maio de 2007. Daquela vez, ele havia sido condenado a 30 anos de prisão. Neves foi submetido ontem ao seu terceiro júri. No primeiro, em dezembro de 2005, foi condenado a 27 anos de prisão. Teve direito a novo julgamento, em outubro do ano passado, no qual a condenação foi mantida – e que foi anulado por irregularidades.
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PF prende líder de arrozeiros e 10 seguranças em Roraima
A Polícia Federal prendeu ontem o rizicultor e prefeito de Pacaraima (RR), Paulo César Quartiero (DEM), 55, pela suspeita de tentativa de homicídio, formação de quadrilha e posse de artefatos explosivos.
Anteontem, um confronto entre funcionários de Quartiero e índios, dentro da fazenda Depósito, que pertence ao arrozeiro, deixou ao menos nove índios feridos -sendo oito baleados, de acordo com a PF. A fazenda fica dentro da terra indígena Raposa/Serra do Sol (nordeste de Roraima), de onde arrozeiros -liderados por Quartiero- se recusam a sair.
Na noite de ontem, índios que participaram da ação decidiram deixar a fazenda, após trégua acertada com a PF. Além de Quartiero, detido na sede da Vila do Surumu, foram presos o filho dele, Renato Quartiero, e dez funcionários da propriedade.
As prisões ocorreram durante cumprimento de um mandado de busca e apreensão determinado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) na fazenda Depósito. Lá, foram encontrados explosivos, artefatos para construção de bombas, escudos e bombas caseiras. Não foram localizadas armas de fogo.
Segundo o coordenador-geral da Operação Upatakon 3, Fernando Segóvia, delegado da PF, o que foi encontrado na fazenda foi suficiente para "prender toda a quadrilha". Segóvia disse que Quartiero é o líder do grupo. "A materialidade do crime encontrada é permanente.
"PF vai responsabilizar pistoleiros", diz Tarso
O ministro da Justiça, Tarso Genro, afirmou ontem -dentro da fazenda onde nove índios foram feridos anteontem na reserva Raposa/Serra do Sol em Roraima- que a Polícia Federal vai "responsabilizar os pistoleiros" que feriram os índios.
Escoltado por ao menos 20 policiais e protegido por helicóptero que fazia sobrevôos em círculos com um atirador na porta, Tarso chegou, foi cercado por índios e disse: "Estamos aqui para fazer uma investigação e responsabilizar as pessoas que causaram esse incidente grave. Confiem no trabalho da PF e da Força Nacional".
"O senhor quem é?", perguntou o líder macuxi Djacir Merequior da Silva. "Sou ministro da Justiça do país", disse Tarso. "Como é o nome do senhor?", disse Djacir. "Tarso Genro", respondeu o ministro, que veio de helicóptero de Boa Vista, desceu em Vila do Surumu e foi ao local onde os índios montaram 20 barracas anteontem.
Ato de índios foi "terrorista", diz governador
De passagem pelo Palácio do Planalto, onde encontrou-se com o ministro José Múcio (Relações Institucionais), o governador de Roraima, José de Anchieta Júnior (PSDB), aproveitou para atacar ontem a atitude de índios que, na véspera, invadiram uma fazenda no interior da reserva Raposa/Serra do Sol. O governador classificou o ato dos índios de "ação terrorista" e "insanidade". "A invasão de ontem foi uma ação terrorista e terrorismo é difícil de conter", disse ele.
Ontem, o governador sugeriu que a ação dos índios possa ter sido "induzida por alguém" e ressaltou que há "interesses internacionais" na região.
Oposição vai interrogar Dilma hoje sobre dossiê
A produção do dossiê anti-FHC será o principal assunto no depoimento da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, marcado para hoje, às 10h, na Comissão de Infra-Estrutura do Senado. Ela foi chamada para falar sobre o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), mas a oposição vai questioná-la sobre a compilação de despesas de FHC e sua família com cartões corporativos.
"Vamos ser duros e profundos nos questionamentos sobre o dossiê", disse Tasso Jereissati (PSDB-CE). "A prioridade é o dossiê. O PAC é, na verdade, só um programa de marketing do governo", completou José Agripino (DEM-RN). Assessores dos oposicionistas preparam cerca de 40 questões.
Após pressão do MST, recurso para habitação cresce
O Conselho Curador do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) decidiu ampliar em R$ 55 milhões o volume de recursos para financiamento da casa própria no setor rural neste ano. A medida atende ao lobby do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), que vem pressionando o governo a elevar os recursos disponíveis para habitação no campo.
Depois da invasão do MST à sede da Caixa Econômica Federal no mês passado, o presidente Lula convocou uma reunião no Palácio do Planalto, em que determinou aos ministros presentes -entre eles, Márcio Fortes (Cidades) e Carlos Lupi (Trabalho)- a ampliação dos recursos e a desburocratização do processo.
Reunião tucana desagrada a Serra e Alckmin
Palco de troca de insultos entre tucanos, a reunião do diretório municipal do PSDB na noite de segunda-feira não contrariou apenas os opositores da candidatura do ex-governador Geraldo Alckmin à prefeitura. Também desagradou a Alckmin e ao governador de São Paulo, José Serra.
Segundo tucanos, Serra teme a associação de seu nome à tentativa de sabotagem à candidatura Alckmin. Após abortarem a organização de um almoço dos secretários municipais em apoio a Kassab, serristas trabalharam para conter a participação dos vereadores na reunião de segunda. Segundo o vereador Juscelino Gadelha, o secretário Andrea Matarazzo (Coordenação das Subprefeituras) sugeriu que não fossem.
Convidado pelos vereadores, Ricardo Montoro não foi à reunião, a exemplo de Matarazzo. Os dois integram o diretório.
BNDES passa por auditoria para checar suspeitas
O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) passa por auditorias interna e externa para verificar as operações de financiamento sob suspeita na operação Santa Tereza, da Polícia Federal.
A auditoria interna foi criada com um grupo de técnicos do banco, que até agora não constataram irregularidades em procedimentos referentes a prazos, documentação e normas internas nos empréstimos para a prefeitura de Praia Grande, no litoral paulista, e para a rede de lojas Marisa. Os dois financiamentos estão sendo investigados pela PF.
Ex-dirigentes dizem que PDT cobrou para oferecer legenda
A cúpula do PDT paulista vem destituindo de forma sistemática vários políticos ligados ao deputado estadual Geraldo Vinholi (PDT-SP) dos comandos regionais do partido. Alguns dos afastados estão no PDT há quase 30 anos.
As destituições, diz Vinholi, atingiram cerca de 40 comissões provisórias do PDT no Estado e a legenda acabou sendo negociada com outros políticos mediante pagamentos a pessoas ligadas ao presidente do partido em São Paulo, o deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho.
João Farias, ex-integrante do PDT em Araraquara, diz em documento enviado à secretaria geral da sigla que lidava com "verdadeiros batedores de carteira", que exigiam dinheiro para que ele e outros políticos locais permanecessem à frente do partido. Ele cita especificamente Cristóvão da Silveira, ligado ao PDT, como o "encarregado de finanças" que apresentou uma conta "ilegítima" de R$ 72 mil que teria de ser paga para que pudesse continuar à frente da legenda na cidade.
Localizado por meio do gabinete de Paulinho em Brasília, Silveira disse que não poderia falar sobre o assunto e que não havia advogados do PDT disponíveis para fazê-lo.
Câmara quer que corregedor investigue Paulinho
A pedido do presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), a corregedoria da Casa vai investigar as denúncias contra o deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho, da Força Sindical.
Chinaglia encaminhou ontem ao corregedor, Inocêncio Oliveira (PR-PE), cópia de reportagens de jornais que apontam o suposto envolvimento de Paulinho com o esquema de desvio de recursos no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
O corregedor tem autonomia para pedir explicações ao parlamentar e ouvir pessoas envolvidas no caso. Após fazer a investigação, Inocêncio pode arquivar ou entender que Paulinho quebrou o decoro ao se envolver no esquema.
Paulinho diz ser inocente e critica ação da PF
O deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força Sindical, se defendeu ontem no plenário da Câmara das denúncias de que teria participado de desvio de recursos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Ele afirmou que, após ter sido citado em ligações telefônicas grampeadas pela Polícia Federal, virou "criminoso".
"Meu nome não é PA [as iniciais estão em um cheque de R$ 18.397,50 apreendido pela Polícia Federal e que, para os delegados, são referência ao nome de Paulinho]. É Paulo Pereira da Silva. Não tenho nada a esconder, minha vida é limpa, clara e transparente. Quero que a PF investigue minha vida e, se tiver algo de errado, que então me puna", afirmou.
Documentos mostram como Lula se aproximou dos EUA
Documentos liberados pelo governo norte-americano mostram que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva priorizou a relação com os Estados Unidos, desde que foi eleito em outubro de 2002. Os bastidores dessa aproximação com a administração de George W. Bush estão em telegramas diplomáticos divulgados ontem pelo jornal "Valor Econômico".
A primeira preocupação de Lula foi enviar uma mensagem de segurança aos investidores estrangeiros. Depois ele assumiria papel de moderador na América do Sul, buscando amortecer o impacto da retórica antiamericana do presidente da Venezuela, Hugo Chávez.
"Vamos fazer próximo presidente", diz Lula
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem a uma platéia de 5.000 pessoas, em Manaus, que vai "fazer o próximo presidente da República".
Algumas pessoas na platéia gritaram o nome da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), que estava no palco sentada ao lado do presidente e é possível candidata à sucessão de Lula.
"Agora, o que eles [oposição] têm que saber, em alto e bom som, e podem até ficar mais com raiva de mim, é que nós vamos fazer o próximo presidente da República neste país. Eles podem ficar certos", disse Lula, seguido dos gritos de "Dilma, Dilma" vindos da platéia.
O discurso foi feito na inauguração de obras de urbanização no igarapé da Cachoeirinha. Pessoas presentes seguravam cartazes com a frase "Dilma, presidente da República".
O Estado de S. Paulo
Câmara investigará Paulinho, que cai em novo grampo da PF
O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), solicitou ao corregedor Inocêncio Oliveira (PR-PE) que apure as suspeitas contra o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força, apesar de ainda não conhecer escuta telefônica registrada em documento a que o Estado teve acesso. O grampo mostra o pedetista discutindo com um dos alvos da Operação Santa Tereza da Polícia Federal "formas de desqualificar a investigação". Reportagem do dia 27 de abril já havia revelado que o parlamentar teve o nome citado em relatório da PF como suposto beneficiário da partilha de recursos que teriam sido desviados do BNDES.
A conversa de Paulinho com um dos citados na investigação consta de documento que a Procuradoria da República entregou à Justiça Federal – o qual sustenta que acusados estão usando "seu poder político" para desclassificar a Operação Santa Tereza.
Chinaglia aciona corregedoria
Sob pressão do Ministério Público e da Polícia Federal, o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força, vai ser investigado pela Corregedoria da Câmara. O presidente da Casa, Arlindo Chinaglia (PT-SP), solicitou ao corregedor Inocêncio Oliveira (PR-PE) que apure as suspeitas contra o pedetista, que teve o nome citado em relatório da Operação Santa Tereza da Polícia Federal como suposto beneficiário da partilha de recursos que teriam sido desviados do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), conforme revelou o Estado no dia 27 de abril.
"Não significa antecipar nenhum resultado", ressaltou Chinaglia, ao informar a abertura de investigação. Não há prazo para a conclusão das análises do corregedor. O presidente da Câmara disse que encaminhou ao corregedor reproduções das notícias sobre o assunto.
Reunião da Executiva do PDT decide prestar solidariedade a deputado
Em reunião ontem à noite, integrantes da Executiva Nacional do PDT decidiram prestar solidariedade ao deputado Paulo Pereira da Silva e não aplicar nenhum tipo de advertência. "A posição do partido é de solidariedade ao Paulinho. O PDT não viu elemento de prova que possa incriminá-lo", disse o presidente em exercício da sigla, deputado Vieira da Cunha (RS).
O senador Osmar Dias (PR) foi o único a defender o afastamento de Paulinho do partido até o fim das investigações. "Perguntei se não estava disposto a se licenciar do partido e ele disse que não", contou Dias, assim que deixou a reunião. "Paulinho alegou que não iria se afastar do partido porque esse pedido estava sendo feito antes de ele apresentar sua defesa."
De manhã, o senador Jefferson Péres (AM) também defendeu o afastamento de Paulinho do PDT. "O melhor é ele se licenciar do partido. Deixaria todos mais à vontade, pois as acusações são graves", afirmou. Apesar disso, Péres preferiu não ir à reunião da Executiva.
Deputado acertou estratégia com acusado
O deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (PDT-SP), caiu no grampo da Polícia Federal discutindo abertamente com um dos alvos da Operação Santa Tereza "formas de desqualificar a investigação" sobre suposto esquema de desvio de verbas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Foi no dia 27 de abril, domingo. Paulinho diz que "vai usar de suas influências para que a Câmara dos Deputados intime o superintendente da Polícia Federal e o ministro da Justiça para darem explicações".
A informação sobre os movimentos de Paulinho consta de documento de oito páginas que a Procuradoria da República entregou à Justiça Federal, em 2 de maio. Nesse ofício, a procuradoria reúne argumentos para requerer a decretação da prisão preventiva de toda a organização. Sustenta que acusados estão usando de "seu poder político" para desclassificar a Santa Tereza.
Senador é denunciado por crime tributário
O senador Wellington Salgado (PMDB-MG) foi denunciado pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, por crime contra a ordem tributária, cuja pena varia de seis meses a dois anos de prisão. O inquérito tramita em sigilo no Supremo Tribunal Federal (STF) e é relatado pela ministra Cármen Lúcia. A denúncia, feita no dia 26 de março, só foi revelada na semana passada, quando o plenário decidiu desmembrar o inquérito e deixar que o senador fosse investigado separadamente das outras pessoas envolvidas no caso.
O senador, suplente do ministro das Comunicações, Hélio Costa, é suspeito de sonegar tributos quando foi diretor da Associação Salgado de Oliveira de Educação e Cultura (Asoec), entre 2000 e 2002.
Como a pena por crime tributário é pequena, o procurador, depois de analisar o histórico criminal do senador, poderá propor ao Supremo a suspensão do processo.
STF arquiva processo contra Marta
O Supremo Tribunal Federal acolheu parecer da Procuradoria-Geral da República e arquivou processo movido pelo Ministério Público de São Paulo contra a ministra do Turismo, Marta Suplicy, pré-candidata à Prefeitura de São Paulo. O inquérito pretendia apurar responsabilidade da petista, à época prefeita da cidade, pelas irregularidades no convênio entre a Cooperativa Comunitária de Transportes Coletivos e a Secretaria de Transportes.
Segundo a Procuradoria-Geral, não houve envolvimento de Marta. "As provas colhidas no curso da investigação não autorizam afirmar o envolvimento de Marta Suplicy nas irregularidades", diz parecer da procuradoria, que destaca que o termo de compromisso entre a prefeitura e a cooperativa foi assinado em 1994, antes de Marta assumir o cargo, em 2001.
Tática é que ministra tire o foco do dossiê
O governo aposta no depoimento de hoje da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, à Comissão de Infra-Estrutura do Senado para esvaziar a crise do dossiê com gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Por estar convencida de que o assunto está "quase encerrado", a base aliada tem uma estratégia bem definida: quer cansar a oposição com explicações detalhadas sobre o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Correio Braziliense
Um estado em pé de guerra
Roraima é um estado em pé de guerra. De um lado, os quase 19 mil indígenas que exigem a total desocupação da reserva Raposa Serra do Sol por não índios. Do outro, seis grandes produtores de arroz, pecuaristas, pequenos e médios fazendeiros, comerciantes e moradores de dois municípios. Ontem, a Polícia Federal prendeu o produtor de arroz, Paulo Cezar Quartiero, que também é prefeito de Pacaraima. Ele foi acusado de formação de quadrilha, ocultação de armas e bloqueio de vias públicas. Segundo a PF, o fazendeiro teria mandado seguranças de sua fazenda, localizada dentro da reserva Raposa Serra do Sol, atirar em 10 índios que tinham invadido a propriedade para instalar malocas. Esta é a segunda prisão de Quartiero nesse episódio. A primeira, há pouco mais de um mês, foi porque interditou estradas da região.
Imagens feitas por um índio no embate da última segunda-feira mostraram seguranças encapuzados disparando com armas pesadas e arremessando bombas de fabricação caseira. O ministro da Justiça, Tarso Genro, e o diretor geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, sobrevoaram ontem a área da Raposa Serra do Sol e pediram rigor na manutenção da ordem.
Unidade “virtual” da federação
Quase 20 anos depois de ser transformado em estado pela Constituinte, até hoje o antigo território de Roraima só tem domínio pleno sobre 10% do seu chão. O restante foi destinado a reservas indígenas, áreas de proteção ambiental, parques nacionais e pequenas glebas ocupadas pelas Forças Armadas onde estão instalados os quartéis de fronteira — além das poucas propriedades privadas com título da terra. No único lugar da federação onde o presidente Luiz Inácio Lula da Silva perdeu as duas eleições e nunca esteve depois que chegou ao cargo em 2003, o governo federal é o dono da maioria dos imóveis urbanos e de extensas áreas rurais. A terra da “Serra Verde”, como originalmente os Yanomami chamavam a região, é um estado virtual.
Nem mesmo os prédios onde funcionam os poderes locais pertencem ao patrimônio de Roraima. Os edifícios onde estão a Assembléia Legislativa, o fórum e o Tribunal de Justiça continuam sob a tutela da Gerência de Patrimônio da União, órgão do Ministério do Planejamento. A situação se repete em outros 300 imóveis públicos. Entre eles, escolas estaduais da capital e interior, secretarias de estado e sedes de autarquias. Até mesmo o Palácio Senador Hélio Campos, sede do Executivo local, só passou a ser patrimônio do contribuinte roraimense há apenas seis meses.
Paulinho tenta se explicar, mas Casa vai investigá-lo
O deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força, partiu para o ataque. Subiu ontem à tribuna da Câmara e gastou exatos 16 minutos e 56 segundos em explicações sobre seu envolvimento na Operação Santa Tereza da Polícia Federal, na qual é acusado de participar de esquema para desviar dinheiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Nacional (BNDES). Ao fim do pronunciamento, pode-se dizer que nada mudou. Será aberta investigação pela Corregedoria da Câmara, o PSol ainda cogita representá-lo no Conselho de Ética e ele sequer conseguiu ser recebido pelo procurador-geral da República, a quem queria entregar um documento abrindo mão dos sigilos bancário, fiscal e telefônico. Como Antonio Fernando de Souza estava ocupado, Paulinho teve que protocolar o ofício na entrada da Procuradoria-Geral da República.
No discurso, Paulinho exibiu na tribuna cópia do relatório da PF sobre a Operação Santa Tereza. Ele é mencionado em três oportunidades, segundo contou. “Numa delas, fala-se de um Paulinho que a Polícia Federal, entre aspas, diz que possivelmente seja Paulo Pereira da Silva, deputado e presidente da Força Sindical”, falou. “Numa outra citação, fala-se de um P.A, e, na frente, entre aspas, possivelmente, Paulo Pereira da Silva, deputado federal. Duas pessoas falando ao telefone. Há uma outra citação que um diz ao outro: ‘Ricardo Tosto e Paulinho têm muita força lá. Portanto, são três citações no grampo telefônico feito pela Polícia Federal”, listou.
Dilma enfrenta hoje a oposição
O palco está montado para o depoimento da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, hoje na Comissão de Infra-Estrutura do Senado. Para cansar a oposição, ela dormiu disposta a começar a sessão com uma longa exposição sobre o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Caso seja mantida a tradição, gráficos e mais gráficos serão apresentados aos senadores. E por mais de uma hora. A idéia é cansar os adversários do governo que querem perguntar sobre o dossiê com gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Ontem, a oposição acertou os últimos detalhes da tática no depoimento. A principal preocupação é evitar que algum senador agrida Dilma verbalmente. DEM e PSDB avaliam que essa postura só ajuda a ministra, tornando-a uma vítima dos parlamentares. Ciente disso, os dois partidos prometem tratá-la com cortesia, mas sem deixar de abordar o dossiê.
Considerado um senador agressivo, Mário Couto (PSDB-PA), por exemplo, foi aconselhado pelo seu líder de bancada, Arthur Virgílio (AM), a não partir para o confronto com Dilma. O combinado é que Virgílio levante o assunto sobre o dossiê, lembrando a ministra de que ela mesma disse que aceitava tocar no assunto. “Seremos duros, mas não grosseiros”, afirma o líder tucano.
Ayres Britto assume TSE com discurso conciliador
Se depender do novo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Carlos Ayres Britto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não terá problemas com a Justiça durante a execução de obras em ano eleitoral. Com um discurso inovador e contrário em muitos aspectos ao que defendia seu antecessor, Marco Aurélio Mello, o novo chefe da Justiça Eleitoral deu sinais de que pretende discutir as regras que impedem governantes de executarem e inaugurarem obras em ano de eleição.
Para ele, é preciso que os juízes pensem se todas as políticas públicas de conteúdo social e os projetos de infra-estrutura econômica devem sofrer paralisia durante os meses que antecedem aos pleitos. “Ou será que o princípio da paridade de armas na obtenção do voto popular não tem a força de impedir os governantes de fazerem o que lhes cabe até por dever de ofício, que é precisamente governar?”, questionou.
Câmara sem auxílio-funeral
O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), admitiu que assinou sem ler um projeto de lei que cria um auxílio-funeral para deputados e ex-parlamentares. Ontem, anunciou que retirou a proposta para que seja discutida novamente pela Mesa da Casa.
O projeto foi aprovado pelos integrantes da Mesa no dia 26 de março e assinado pelo presidente. Dependeria apenas de uma votação em plenário para entrar em vigor. Chinaglia, porém, alegou que o tema merece um debate mais profundo. E avisou que, por enquanto, o assunto está fora de pauta.
Segundo ele, a idéia de criar o benefício foi do diretor-geral da Câmara, Sérgio Sampaio. “Eu assinei na confiança. Eu não sabia do que se tratava. Agora, li trechos e vi que temos outras soluções. Temos que discutir melhor isso”, disse.
O Globo
Dilma depõe hoje, em meio a crise na Casa Civil
A ministra Dilma Rousseff depõe hoje na Comissão de Infra-Estrutura do Senado num momento em que enfrenta uma crise explosiva dentro da Casa Civil. Funcionários deslocados para montar o dossiê com gastos sigilosos do ex-presidente Fernando Henrique ameaçam denunciar a secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Guerra, como a responsável pelo episódio, caso sejam indiciados pela Polícia Federal. O caso está mobilizando dirigentes petistas e já chegou ao gabinete do presidente Lula, que foi informado sobre a rebelião e pediu a emissários para apurar o tamanho da crise.
A rebelião cresceu depois que vazaram informações preliminares de que a sindicância interna restringiria a suspeita a dois funcionários escalados em fevereiro pelo secretário de Controle Interno, José Aparecido Nunes Pires, como revelou O GLOBO há um mês. Eles foram selecionados para montar um banco de dados com informações de gastos com contas do tipo B entre os anos 1998 e 2002.
PF: quadrilha também agia na Funasa
O BNDES não era o único alvo da quadrilha investigada pela Operação Santa Teresa. Segundo o inquérito da Polícia Federal, o grupo oferecia a prefeituras supostas facilidades na liberação de verbas da Fundação Nacional da Saúde (Funasa). Em telefonema interceptado pela PF, o ex-assessor parlamentar José Brito França e o coronel da reserva da Polícia Militar Wilson Consani Filho contam detalhes de um suposto esquema de oferecimento de facilidades na liberação de verbas de projetos para áreas de risco na Funasa, com auxílio de um funcionário do Ministério das Cidades. A idéia era aprovar dois projetos com valor total de R$ 5,5 milhões, provavelmente para a prefeitura de Cananéia (SP).
O lobista João Pedro de Moura, ex-assessor do deputado Paulo Pereira da Silva e ex-conselheiro do BNDES por indicação da Força Sindical, seria o responsável por facilitar a liberação dos recursos. O advogado Ricardo Tosto, integrante do Conselho de Administração do BNDES, também foi denunciado como integrante da quadrilha. Tosto se licenciou do conselho depois que o caso veio à tona.
PF faz dia da caça em Raposa
No dia seguinte ao conflito que deixou dez índios feridos à bala na Reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima, o governo federal reagiu: mandou mais de 300 homens para o local e prendeu o prefeito de Pacaraima e arrozeiro Paulo César Quartiero, líder da resistência à desocupação das terras indígenas. A ação foi coordenada diretamente pelo ministro da Justiça, Tarso Genro, que cancelou compromissos com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para ir ao local do conflito, a Fazenda Depósito, de propriedade de Quartiero. Na véspera, seguranças do arrozeiro, encapuzados, atacaram, com armas e uma bomba caseira, um grupo de índios que montava acampamento.
Ao mesmo tempo em que Quartiero era preso em Roraima, por formação de quadrilha, ocultação de armas e obstrução de estradas, Tarso dava uma entrevista em Manaus, na qual atacou o fazendeiro. O ministro, que foi a Roraima acompanhado do diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, chamou os seguranças de Quartiero de pistoleiros e terroristas.
Assembléia do Ceará sepulta CPI da Sogra
A possibilidade de instalação da CPI da Sogra na Assembléia Legislativa foi definitivamente sepultada. Com apenas duas das 12 assinaturas necessárias, o requerimento foi recolhido ontem por um dos signatários. O deputado Adahil Barreto (PR) decidiu retirar o documento depois de considerar que o PSDB (que reúne a maior bancada, com 14 integrantes) não endossaria o pedido de abertura da investigação.
O objetivo era investigar as viagens do governador Cid Gomes desde 2006, incluindo o polêmico tour de dez dias a cinco países europeus num jato fretado por R$ 388,5 mil no qual levou a sogra, Pauline Carol Habib Moura, e as esposas de um secretário e de um assessor. O autor do pedido foi o deputado Heitor Férrer (PDT).
O PSDB faz parte da base aliada do governo, que conta com 44 dos 46 deputados e 12 dos 14 partidos representados na Assembléia. Os tucanos ocupam duas pastas na administração.
Jornal do Brasil
Surpreendida, CPI acha no Orkut 300 pedófilos
A análise preliminar da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pedofilia nos álbuns do Orkut – site de relacionamento – suspeitos de conter material com pornografia infantil identificou a ação de mais de 300 pedófilos no país. Nem todos são brasileiros. Agora, a expectativa da comissão é de que ao final da triagem sejam identificados entre 600 e 700 pedófilios que utilizavam o site para a prática do crime.
A previsão inicial dos integrantes da CPI dava conta que 200 usuários estariam envolvidos. Ao todo, serão vasculhados 3.261 álbuns fechados, que tiveram os sigilos quebrados pelo Google, empresa responsável pelo Orkut. Além dos técnicos da CPI, participam da investigação agentes da Polícia Federal e do Ministério Público Federal.
PF prende o líder dos arrozeiros
O prefeito de Pacaraima e líder dos arrozeiros, Paulo César Quartiero, seu filho, Renato, e outros 10 funcionários da Fazenda Depósito foram presos no fim da tarde de ontem pela Polícia Federal, um dia depois do conflito que deixou dez índios feridos na Vila Surumu, dentro da Reserva Raposa/Serra do Sol, em Roraima. Acusado de tentativa de homicídio, formação de quadrilha, porte de armas e de explosivos, Quartiero seria levado ontem à noite para Boa Vista. As prisões ocorreram durante cumprimento de mandado de busca e apreensão autorizado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na sede da fazenda do prefeito, onde a polícia fez uma devassa em busca de armas e artefatos, mas teve de usar spray de gás pimenta para controlar um princípio de tumulto provocado por índios e funcionários revoltados com a prisão de Quartiero.
Índia de sete anos é morta a tiro no interior do Maranhão
Uma índia de sete anos, da etnia guajajara, foi morta com um tiro na cabeça anteontem à noite na terra indígena Araribóia, no município de Arame (MA). Segundo a Polícia Militar, a índia Maria dos Anjos Paulino Souza Guajajara foi atingida por um tiro disparado contra a aldeia Anajá, localizada dentro da terra indígena Araribóia, onde ela morava com a família. Seu irmão, de 12 anos, também foi atingido, mas não corre risco de morte.
Segundo relato dos índios à polícia, um homem na garupa de uma moto fez os disparos contra a aldeia, que fica nas margens da rodovia MA-006. A PM informou que os guajararas apontaram um suspeito, que ainda não foi localizado. Anteontem foram feitas diversas diligências para tentar localizá-lo.
Ayres Britto faz cruzada contra político corrupto
O ministro Carlos Ayres Britto, no discurso de posse na presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), conclamou os seus pares a enfrentar uma série de "desafios", apresentados como "questionamentos", entre os quais a "fidelidade dos partidos a si mesmos", a questão do registro de candidatura "notoriamente identificada pela tarja de processos criminais e ações de improbidade administrativa", e "o instituto da suplência em dobro para os senadores". E afirmou "ser preciso falar cada vez mais de qualidade de vida política para o nosso país", o que requer "a eterna vigilância contra aqueles políticos que não perdem a oportunidade para fazer de sua caneta um pé de cabra".
Em solenidade realizada na noite de ontem – à qual compareceram, entre outras autoridades, os presidentes do Senado, Garibaldi Alves, e da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia, e mais de 500 pessoas – o presidente do TSE foi saudado pelo ministro-advogado Caputo Mendes, em nome da Corte; pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza; e pelo presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cezar Britto.
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