Folha de S. Paulo
Doméstica de deputado é paga pela Câmara
O deputado federal licenciado e secretário de Transportes do Distrito Federal, Alberto Fraga (DEM), paga o salário da empregada doméstica de sua casa com recursos da Câmara. Izolda da Silva Lima, 30, é contratada como secretária parlamentar, mas cuida da limpeza da residência de Fraga, localizada numa área de 1.875 m2 às margens do lago Paranoá, região nobre de Brasília.
Izolda está contratada pelo gabinete do suplente de Fraga, Osório Adriano, também do DEM. Ela confirmou à Folha que trabalha de faxineira de Fraga. Este diz que ela recebe pela Câmara, mas apenas mora em sua casa. Já Osório Adriano diz que nem a conhece. Coronel da reserva da Polícia Militar, Fraga é conhecido na Câmara como o principal nome da “bancada da bala”.
Democrata afirma não ver problema em pagar empregada com verba de gabinete
O deputado federal licenciado e secretário de Transportes do Distrito Federal, Alberto Fraga (DEM), disse não ver problema em usar a Câmara dos Deputados para contratar Izolda da Silva Lima, que mora e trabalha em sua casa, apesar de ele negar que ela seja empregada doméstica. Afirma que tem dinheiro para pagá-la, mas não o usa porque “não quer”. “Já fui e voltei tantas vezes da secretaria. E na verdade ela ainda é contratada por mim, pelo meu gabinete [que agora é ocupado pelo seu suplente, Osório Adriano]”, justifica.
Congressistas podem gastar até R$ 33 mil com passagens
Em meio a muito sigilo, desvio de finalidade e suspeita de irregularidade, o Congresso Nacional destina mensalmente aos 594 deputados federais e senadores uma cota para compra de passagens aéreas que, em alguns casos, permite a aquisição todo mês de mais de 30 bilhetes de ida e volta entre Brasília e o Estado de origem. Criada originalmente para permitir ao congressista quatro deslocamentos mensais ao Estado, a cota aérea é paga conforme o Estado do parlamentar e se ele ocupa ou não posto de destaque nas duas Casas. Na atual legislatura, o valor varia de R$ 4.700 a R$ 33 mil. Em 2008, a Câmara desembolsou R$ 80 milhões sob essa rubrica. O Senado, bombardeado nas últimas semanas por denúncias de mau uso dessa e de outras verbas de apoio ao trabalho parlamentar, se recusou a fornecer o dado à Folha.
Ao longo da semana passada, a Folha coletou informações nos gabinetes das duas Casas e apurou que a cota é alvo de desvirtuamento, como a distribuição de passagens a eleitores. Na Câmara, a verba fixa varia de R$ 4.700 a R$ 18,7 mil. No Senado, de R$ 13 mil a R$ 25 mil. As duas Casas remuneram os parlamentares do Distrito Federal -que não precisam voar para suas bases.
Além disso, um grupo de 54 congressistas -integrantes da Mesa, seus suplentes e os líderes partidários- tem direito a um repasse adicional, que pode chegar a R$ 13 mil.
Temer afirma que estuda melhora no uso das cotas
O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), afirmou por meio da sua assessoria que aguarda para os próximos dias estudo sobre a verba aérea e que vai apoiar todas as medidas sugeridas para aprimoramento do seu uso. O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), não quis falar sobre o assunto, argumentando que não trata de assuntos administrativos. Nem Câmara nem Senado falam em redução dos valores pagos. Sobre fiscalização do uso dos recursos, também não há perspectiva de mudanças, embora o terceiro-secretário da Câmara, Odair Cunha (PT-MG), diga que não haverá “complacência” em relação ao uso indevido.
Funcionário da Camargo atuou com Skaf
Um dos funcionários da Camargo Corrêa citados na decisão da Justiça que deflagrou a Operação Castelo de Areia da Polícia Federal, Guilherme Cunha Costa atuou como assessor especial do presidente da Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo), Paulo Skaf. Segundo a PF, Skaf seria o “suposto intermediário” da empreiteira, alvo principal da operação, com os partidos políticos que receberam doações financeiras da Camargo Corrêa. A relação com Costa se iniciou bem antes de Skaf assumir a presidência da Fiesp, em 2004.
Dirceu ataca “pena eterna” a Delúbio e defende volta
Um dia após participar no Rio de seminário da corrente petista Construindo um Novo Brasil (CNB), o deputado federal cassado José Dirceu defendeu ontem a volta do ex-tesoureiro Delúbio Soares ao PT. No evento, circulou um abaixo-assinado pedindo o retorno ao PT de Delúbio, acusado de ser um dos principais operadores do mensalão. Delúbio foi expulso do PT em 2005 e quer ser candidato a deputado federal por Goiás em 2010. Ele e Dirceu são réus no processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal. Para Dirceu, manter a expulsão de Delúbio seria aplicar “uma pena eterna”. “Não existe pena eterna, não existe. É uma coisa medieval”, disse ontem por telefone, de Nova York.
Deputados federais doaram R$ 2,68 milhões a candidatos
Deputados federais tiraram R$ 2,68 milhões de seus próprios bolsos para doar a candidatos a vereador e a prefeito durante as eleições de 2008. O valor equivale a 162 salários dos parlamentares.
Se a Câmara fosse uma empresa e as doações dos deputados fossem somadas, ela estaria entre as maiores doadoras da campanha eleitoral. A OAS, companhia que mais injetou recursos em campanhas, deu a candidatos R$ 11,5 milhões. O Itaú cedeu R$ 3 milhões. As doações foram feitas por meio de transferências eletrônicas, cheques e depósitos de parcelas que vão de R$ 3,23 a R$ 55 mil. A maior parte do dinheiro foi para desconhecidos candidatos do interior, mas também há beneficiados como o prefeito reeleito de Curitiba, Beto Richa (PSDB), e o atual corregedor da Câmara e candidato derrotado em Salvador, ACM Neto (DEM).
Para deputado, doação retribui ajuda de colegas
O deputado federal Alfredo Kaefer (PSDB-PR), maior doador na Câmara, diz que a ajuda que recebeu de colegas de partido no interior do Paraná na campanha de 2006 o colocou “em uma condição de ter que retribuir” nas eleições de 2008. “Essas pessoas me ajudaram em 2006, mas vamos estar juntos em 2010”, diz Kaefer, que doou R$ 323 mil. “Achei que tinha que participar. Para participar, em muitos lugares, tem que ajudar financeiramente.”
Pedetista vence em Londrina com apoio de Belinati
O deputado federal Barbosa Neto (PDT), 43, foi eleito ontem o novo prefeito de Londrina (norte do Paraná). Barbosa Neto foi eleito com 135.507 votos, contra 114.867 votos recebidos pelo candidato Luiz Carlos Hauly (PSDB), 58, também deputado. A eleição de Barbosa Neto representa a vitória da base aliada de Lula no segundo maior colégio eleitoral do Paraná. Ele teve o apoio, durante a campanha, de quatro ministros. Com a derrota de Hauly, o candidato tucano à Presidência pode perder um palanque importante no Estado para 2010. A maior cidade do Paraná, no entanto, ainda é governada pelo PSDB: Beto Richa foi reeleito.
O Estado de S. Paulo
Juiz De Sanctis avalizou invasão de sala inviolável, diz advogado
A ação da Polícia Federal na sede da Camargo Corrêa reacendeu polêmica acerca da inviolabilidade da advocacia, expressamente garantida por lei sancionada em agosto pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Advogados se revelam indignados porque os federais vasculharam o departamento jurídico da empreiteira na quarta-feira, quando a Operação Castelo de Areia foi deflagrada. A blitz foi autorizada pelo juiz Fausto Martin De Sanctis, da 6.ª Vara Criminal Federal de São Paulo. “O escritório do advogado é inviolável, caso contrário ele não terá mais garantia do sigilo profissional”, reagiu o criminalista Antonio Claudio Mariz de Oliveira, que defende os executivos da Camargo Corrêa, alvos da investigação. “Se não for assim, médicos terão seus prontuários devassados e jornalistas terão de revelar suas fontes, o que é inconstitucional”, alerta Mariz . “A exceção que a lei prevê é para os casos em que o próprio advogado é investigado. Não era esse o caso da operação (Castelo de Areia).”
Governo e oposição veem excessos e ação política
Dirigentes de partidos de oposição e até do governo consideram que a Polícia Federal exorbitou de suas funções na Operação Castelo de Areia ao investigar a empreiteira OAS e o presidente do Conselho de Administração do Bradesco, Lázaro de Mello Brandão. Para oposicionistas, a divulgação de grampos da PF envolvendo filiados do DEM e do PSDB também tiveram “um viés político”. “Essa história está com toda a pinta de trapalhada. Trapalhada, aliás, conveniente para o governo”, disse o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE). Para ele, a divulgação de nomes da oposição é “conveniente” para o governo, com vistas a abafar a queda de popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “As pessoas começam a sentir os efeitos da crise.” Mencionado em uma das gravações por ter recebido R$ 300 mil da Camargo Corrêa, o líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN), vê motivações políticas na ação da PF. “Houve vazamento para comprometer pessoas. Há indícios de que a PF estaria desempenhando papel político”, disse. Agripino exibiu recibos comprovando que a doação da empreiteira foi legal.
Assessor de Mão Santa também cai no grampo da PF
Grampos da Castelo de Areia, operação integrada da Polícia Federal com a Procuradoria da República, atingiram também o gabinete do senador Mão Santa (PMDB-PI). Mão Santa não foi interceptado pela PF. Mas, em uma conversa gravada, Luiz Henrique Bezerra, emissário em Brasília da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), foi cobrado sobre um depósito por Doca Lustosa, assessor do senador do PMDB. Luiz Henrique é filho de Valmir Campelo, ministro do Tribunal de Contas da União, e, segundo a PF, seria elo entre a empreiteira Camargo Corrêa e suposto esquema de doações eleitorais “por fora”.
Ex-ministro intermediou doação para petista
Apesar de a Operação Castelo de Areia não citar o PT entre os partidos beneficiados por doações da empreiteira Camargo Corrêa, uma contribuição a candidato petista foi registrada em grampos feitos pela Polícia Federal. Em 1º de outubro de 2008, às vésperas do primeiro turno das eleições municipais, a PF encaminhou relatório ao juiz Márcio Rached, da 6ª Vara Criminal Federal, no qual fala de uma conversa entre Pietro Bianchi, diretor da empreiteira, e “uma pessoa de nome Rose”. O diálogo trata de “doação no valor de 50 mil”, atendendo a pedido do advogado Márcio Thomaz Bastos, ex-ministro da Justiça no governo Lula, para um candidato que a PF denominou erroneamente como “Narbil”, sem apontar sua identidade. Trata-se do arquiteto Nabil Bonduki, candidato a vereador pelo PT em São Paulo, segundo confirmou ao Estado o próprio Thomaz Bastos, advogado da Camargo Corrêa desde a semana passada. O ex-ministro enfatizou que foi “doação legal, com recibo”. De fato, a doação consta da prestação de contas de Bonduki à Justiça Eleitoral. O petista não foi eleito.
Prefeitura de SP investiga superfaturamento de até 310%
Investigação feita pela Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo identificou oito contratos das empresas supostamente envolvidas na chamada máfia dos parasitas com “indícios de fraude e superfaturamento” de até 310% nos preços de produtos hospitalares fornecidos à Prefeitura. Por ordem do secretário da pasta, Januário Mantone, os processos serão alvo de investigação específica e foram encaminhados ao Ministério Público Estadual (MPE) e à inteligência da Polícia Civil de São Paulo. A decisão foi tomada depois que a Comissão Especial de Averiguação Preliminar (CEAP) concluiu seu primeiro relatório sobre os 187 contratos do período de 2003 a 2008 com cinco empresas suspeitas. Os donos das empresas negam irregularidades. Quatro deles que haviam sido presos na Operação Parasitas – feita em outubro de 2008 para investigar empresas supostamente envolvidas em fraudes em licitações na área da saúde – receberam da Justiça o direito de responder as acusações em liberdade.
Com 54% dos votos, pedetista é eleito prefeito de Londrina
Em eleição fora de época – graças à cassação de Antônio Belinati (PP), que foi eleito em outubro de 2008, mas nem chegou a tomar posse -, o deputado Barbosa Neto (PDT) se elegeu ontem prefeito de Londrina, a 400 quilômetros de Curitiba. Em uma disputa apertada, o pedetista, com apoio do próprio Belinati, derrotou nas urnas o deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB). Barbosa Neto obteve 135.507 votos (54,12%), ante os 114.867 (45,88%) de Hauly. Os votos em branco somaram 7.004 (2,57%) e os nulos, 15.624 ((5,72%). A diplomação do novo prefeito, terceiro colocado na primeira eleição, deve acontecer até 28 de abril, segundo o Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR). Após esse prazo, a Câmara Municipal terá uma semana para confirmar a nomeação, o que deve ocorrer até 5 de maio.
Lula diz à CNN que é o mais vivido do G-20
A quatro dias da segunda cúpula do G-20, o canal de TV americano CNN pôs ontem no ar uma entrevista na qual o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se diz um estranho no ninho toda vez que participa desse tipo de encontro. Para ele, o G-20 tornou-se um agrupamento mais representativo que o G-8, as sete economias mais ricas do mundo e a Rússia, para tratar dos grandes desafios mundiais nas áreas de economia, energia e clima. Mas, dentre os líderes que se reunirão em Londres, ele afirmou ser o único que veio da pobreza e da fome e frisou que conhece, na pele, o drama das inundações e do desemprego. “Eu vivi em casas que eram inundadas, com até um metro e meio de água. De vez em quando, tinha de disputar espaço com ratos e baratas”, disse Lula ao programa GPS, que o apresentou, em uma vinheta, como “o presidente com a maior popularidade do mundo”.
Dirceu quer Delúbio no PT, sem pena ”medieval”
Em posição oposta à do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-ministro e deputado cassado José Dirceu defendeu no sábado a volta do ex-tesoureiro Delúbio Soares ao PT. Em entrevista ao Estado, ele afirmou que o veto eterno a Delúbio, um dos principais personagens do escândalo do mensalão, seria uma pena “medieval”. Para ele, Delúbio já foi punido e sua volta não provocaria constrangimentos à candidatura da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. “Isso é uma questão pela qual ele sofreu uma punição. Foi expulso do PT, ficou três anos expulso e está respondendo na Justiça por isso.” Delúbio foi desfiliado em 2005, após ter sido acusado pelo deputado cassado Roberto Jefferson (PTB-RJ) de operar um esquema de recursos de campanha não declarados. Ele pede a reintegração ao PT para concorrer a deputado federal por Goiás.
Itália contesta pedido de libertação de Battisti
O governo italiano encaminhou ao ministro Cesar Peluso, do Supremo Tribunal Federal, contestação ao novo pedido de libertação do extremista italiano Cesare Battisti, apresentado pela defesa no dia 13. Na manifestação ao relator do processo de extradição no STF, enviada sexta-feira, a Itália alega que prescreveram os crimes de assassinato pelos quais Battisti foi condenado à pena de prisão perpétua em seu país. O documento ainda sugere que Peluso negue a revogação da prisão preventiva e também a proposta de conversão da prisão em pena domiciliar
Correio Braziliense
Herança maldita para o Senado
O legado do ex-diretor-geral do Senado Agaciel Maia enche as gavetas de procuradores da República, da Justiça e do Tribunal de Contas da União. Há, pelo menos, oito suspeitas de irregularidades sendo investigadas formalmente ou alvos de ações judiciais. Juntas, somam R$ 66 milhões que saíram dos cofres públicos do Senado nos últimos cinco anos. São apurações e processos em andamento que podem dar dor de cabeça ao presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), nos próximos meses. Até porque, neste período, o atual diretor-geral, José Alexandre Gazineo, trabalhou como adjunto de Agaciel. As suspeitas em torno da administração do ex-diretor incluem ações tomadas por seus aliados, todos ainda em postos-chave da burocracia do Senado. No sábado, a reportagem mostrou que Agaciel continua dando as cartas internamente, despachando com discrição no 9º andar, na Secretaria de Estágios.
Dilma, uma candidata à vontade
Que a ministra Dilma Rousseff mudou nos últimos tempos, ninguém duvida. As transformações são visíveis. A começar pelo novo visual, suavizado por uma operação plástica, pela adoção de um novo penteado e guarda-roupa. Mas, para um colega de ministério com gabinete próximo ao dela, a principal mudança é outra, mais sutil. “Ela está mais à vontade com a candidatura à Presidência da República. Antes, encarava como uma missão. Hoje, já vê como um projeto”. A metamorfose da ministra técnica na candidata boa de briga e de palanque está quase completa. Na quarta-feira, ela foi a estrela da apresentação do plano Minha casa, minha vida, pelo qual o governo Lula promete construir um milhão de moradias. Estava à vontade, gesticulando, com um discurso em que os números perderam espaço para a venda do conceito do programa. A cúpula do governo não conseguiu evitar a comparação com outra cerimônia semelhante, quando ela apresentou ao país o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Base quer ampliar programa
As críticas ao maior programa habitacional do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva começaram a se acumular entre os aliados no Congresso. O alvo da insatisfação é a regra de que somente as cidades acima de 100 mil habitantes serão beneficiadas. Os governistas se juntaram à oposição e prometem artilharia pesada na Câmara para estender o programa a todos os municípios, encampando iniciativa apresentada pelo líder do DEM, Ronaldo Caiado (GO). Líderes dos partidos governistas se mobilizam para dar respaldo à proposta do deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), relator da Medida Provisória do programa habitacional. Está sendo gestada uma emenda da base aliada para aumentar o número dos municípios beneficiados. O líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes (GO), queixou-se de a base aliada não ter sido consultada durante a gestação do programa.
Camargo Corrêa também fez doação para o PT
No volume 7 da íntegra do relatório da Polícia Federal sobre a Operação Castelo de Areia, que investigou a empreiteira Camargo Corrêa, aparece pela primeira vez uma doação de campanha para o PT. O partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não está entre as legendas citadas no relatório final da PF. Em e-mail enviado para o diretor da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Luiz Henrique Maia Moreira, o diretor da empreiteira Fernando Gomes solicita os recibos pendentes das doações para campanhas políticas. Ali consta uma doação de R$ 25 mil para o “Diretório Regional do PT”. No e-mail enviado em 4 de novembro do ano passado, Fernando cita doações para os partidos PSDB, PT, PTB, PV e DEM. “Quanto às quantias, destacam-se os valores de R$ 300 mil para o DEM (RN), e R$ 200 mil (R$ 100 mais R$ 100 mil) para o PSDB (PA)”, cita o relatório quinzenal registrado na página 11 do volume 7 do inquérito. Luiz Henrique, filho do ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Valmir Campelo, repassa o e-mail para o chefe de Relações Institucionais e Governamentais da Fiesp, Sérgio Barbour. No e-mail seguinte, Luiz Henrique informa a Fernando que o recibo do DEM seria mandado via Sedex.
Ponto a ponto // Antonio Gustavo Rodrigues
O presidente do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), Antonio Gustavo Rodrigues, tem um duplo desafio este ano. Responsável pelo órgão do Ministério da Fazenda que analisa operações suspeitas de lavagem de dinheiro, ele assumiu, em meados de 2008, o comando rotativo do Grupo de Ação Financeira (Gafi), entidade intergovernamental com sede na França que coordena ações no combate a esse tipo de crime. Nos próximos meses, uma missão do Gafi desembarca no país para avaliar os avanços brasileiros em termos de legislação e estrutura para combate ao dinheiro sujo em nossa economia. “Não estamos mal na foto”, acredita Rodrigues, à frente do Coaf há cinco anos. Na última avaliação, em 2004, o país tirou nota 8,5 no cumprimento das recomendações do Gafi. Mas o presidente do Coaf pede a aprovação de projetos legislativos para manter o bom retrato do país. Quer a inclusão de empresas de contabilidade e de auditoria no rol das obrigadas a realizarem comunicações suspeitas ao Coaf.
O Globo
Renda no Brasil tem o menor crescimento
A renda per capita (ganho anual por habitante) do brasileiro está crescendo em ritmo muito menor que a dos países da América Latina e emergentes em geral. Segundo estudo da UFRJ, entre 1995 e 2008, o ganho avançou 59,41%, enquanto o dos latino-americanos subiu 68,5% e o dos emergentes, como Rússia, Índia e China, 123,31%. E, com a crise, o número ainda vai piorar: no Brasil, a renda deve cair 1,1%; nas nações em desenvolvimento, o ganho subiria 0,6%. Segundo economistas, entre as causas estão a política de juros altos nos últimos anos e a forte desvalorização cambial.
SNI culpava Brizola por aumento do crime
Arquivos do extinto Serviço Nacional de Informações (SNI) mostram que, para os militares, o primeiro governo de Leonel Brizola (PDT) no Rio, eleito em 1982, tinha responsabilidade pela escalada da violência. Brizola era atacado por ter, na visão dos militares, afrouxado o combate ao crime em nome do respeito aos direitos humanos. Os documentos mostram também que os arapongas vigiavam mais de cem nomes do governo recrutados em antigas organizações de esquerda ou partidos contrários à ditadura – e que eram considerados “perigo maior”. O primeiro da lista era o antropólogo e vice-governador Darcy Ribeiro.
Prefeitura adota novo modelo para vagas
O prefeito Eduardo Paes decidiu entregar as 9.049 vagas de estacionamento na Zona Sul à Embrapark até o fim de abril. A decisão foi tomada por causa da falta de controle dos estacionamentos públicos da cidade, revelada ontem pelo GLOBO. Em novembro passado, o contrato com a empresa foi suspenso após confronto com guardadores, que se recusavam a deixar as ruas. Para garantir a retomada do serviço, a prefeitura já pediu apoio às policiais e à guarda municipal. Um decreto será publicado amanhã com a data em que o novo modelo será implantado.
PF quer ajuda externa para apurar remessas
A Polícia Federal e o Ministério Público devem solicitar colaboração de autoridades financeiras do Uruguai e do Peru para investigar, na Operação Castelo de Areia, remessas ilegais de dinheiro que teriam sido feitas pela empreiteira Camargo Corrêa.
Donos do Ponto Frio colocam rede à venda
A Globex Utilidades SA, que controla o Ponto Frio, uma das maiores redes de varejo do país, informou ontem que está buscando compradores para a empresa. Segundo comunicado da companhia, ainda não há propostas formais de aquisição.
Supremo decidirá sobre fim da Lei de Imprensa
O Supremo Tribunal Federal (STF) julga depois de amanhã ação na qual o PDT pede a revogação da Lei de Imprensa, herança da ditadura militar. O argumento da ação é de que a legislação impõe sanções muito severas e, por isso, é usada como instrumento contra a liberdade de expressão nos meios de comunicação. Ano passado, o tribunal suspendeu 20 dos 77 artigos da lei. Esta semana, a tendência é que o tribunal derrube de vez a legislação – especialmente os artigos referentes a crimes de opinião, com punições mais rígidas do que as previstas no Código Penal. No mesmo dia, a Corte decidirá se jornalistas sem diploma específico da área podem exercer a profissão..
Maria da Penha: só 2% de agressores punidos
Levantamento parcial da eficácia da Lei Maria da Penha, sancionada em agosto de 2006 para punir a violência doméstica contra mulheres, revela que só 2% dos processos concluídos resultaram em condenação ao agressor. De setembro de 2006 ao fim de 2008, houve julgamento em 75.829 processos desse tipo, com apenas 1.801 casos de punição. As estatísticas também mostram que as mulheres ainda se arrependem das denúncias – especialmente nos casos em que dependem financeiramente do agressor. Dos 150.532 processos abertos, 13.828 acabaram arquivados em seguida, porque a vítima retirou a queixa. A desistência corresponde a 9% dos casos. Os dados foram compilados pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e referem-se a varas especializadas de 15 estados.
Jornal do Brasil
Mais dinheiro para imóveis
O Conselho Curador do Fundo de Garantia Tempo de Serviço (FGTS) calcula que o governo terá R$ 91 bilhões entre 2009 e 2011 para ser injetado no mercado imobiliário. Apesar da crise, só o FGTS, composto por contribuições mensais dos trabalhadores, deve ter quase R$ 60 bilhões destinados ao financiamento da casa própria no mesmo período – cerca de R$ 19 bi este ano. O caixa foi reforçado devido à melhora do mercado de trabalho formal nos últimos cinco anos. Nesse cálculo não estão incluídos os R$ 7,5 bilhões de subsídios previstos no programa Minha Casa, Minha Vida, o pacote habitacional lançado na semana passada no Palácio do Planalto.
Drogas: violência reabre debate sobre culpa dos usuários
As declarações do secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, e da secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, sobre a responsabilidade de quem compra drogas ilícitas, reacenderam um debate polêmico: o consumo ilegal contribui para o financiamento do tráfico? O JB ouve duas visões sobre o assunto, os deputados Fernando Gabeira e Marcelo Itagiba.
Empresas enfrentam dilema com lucros
As incertezas provocadas pela crise internacional e a escassez de crédito no sistema financeiro criaram um dilema entre as empresas brasileiras: distribuir os lucros obtidos no ano passado aos acionistas ou segurar os resultados para enfrentar uma possível piora de cenário? Várias companhias reconhecidas como boas pagadoras de dividendos acabaram optando por um caminho intermediário.
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