Quem imaginava que o confronto entre os presidenciáveis no debate promovido ontem pela TV Record seria um festival de monotonia, confirmou as expectativas até a metade do segundo bloco. A partir daí, o presidente Lula, candidato à reeleição pelo PT, e o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, elevaram o tom das perguntas e deram mais sabor ao encontro. Porém, a discussão, que durou até 0h35, não foi além do que ambos já vêm demostrando desde o início da corrida para o segundo turno.
No primeiro bloco, a discussão em torno dos escândalos que têm pautado a disputa eleitoral não ficou de lado. Mas apareceu de maneira mais discreta. Alckmin não deixou de estocar Lula com a desconfortável pergunta sobre a origem dos R$ 1,7 milhão que seriam usados para comprar um dossiê contra tucanos.
"Se há um tanto apreço pela investigação, porque não dizer ao povo brasileiro de onde veio aquele R$ 1,7 milhão para comprar aquele dossiê fajuto", afirmou o tucano, depois de o petista dizer que não deixou de apurar os casos de corrupção deflagrados no atual governo.
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Lula, porém, soube equilibrar a discussão e levá-la para o setor econômico, no qual, acreditam os petistas, o presidente leva vantagem. Lembrou que o atual governo ressuscitou a indústria naval no Rio de Janeiro e ressaltou a tese de que, pela primeira vez, o Brasil consegue crescer ao mesmo tempo em que eleva o investimento social e a renda dos trabalhadores.
"O PSDB quebrou o país. Ainda devolvemos 15 bilhões de dólares ao FMI [Fundo Monetário Internacional] para eles não darem palpite na vida brasileira como eles davam no governo de vocês", provocou.
Os dois candidatos exaltaram defeitos e qualidades um do outro. Lula disse que Alckmin era mais civilizado antes da campanha. "Eu via mais virtudes no Alckmin antes dos debates, porque ele está demonstrando aqui ser uma pessoa que eu não conhecia." O tucano respondeu: "O presidente não tem que ficar bravo com a minha critica, ele tem que ficar bravo é com os fatos".
Provocando o petista, Alckmin afirmou que tem muitos defeitos, mas nunca roubou. Disse ainda que não joga a culpa de seus erros nos outros e que os fins não justificam os meios. "E também respondo as perguntas. Se me perguntassem de onde veio os R$ 1,7 milhão, eu chamaria as pessoas que conheço há décadas para responder".
Confira os principais momentos do debate promovido ontem pela TV Record
Primeiro bloco
Com menos ataques e muitos números, o primeiro bloco do debate entre os presidenciáveis realizado pela TV Record foi tocado de acordo com as expectativas: em tom médio. Lula, candidato do PT, comparou o governo atual com as gestões anteriores. Geraldo Alckmin, do PSDB, criticou a falta de investimentos e o baixo crescimento do país.
Lula foi o primeiro a falar. Frisou que este é o décimo debate do qual participa e disse que conseguiu reduzir as desigualdades. "O Nordeste brasileiro, há décadas, é tratado como uma região de segunda classe. Depois de quatro anos de governo, depois de reduzir a pobreza em 20%, depois de fazer com que as crianças tivessem reajuste na merenda escolar, me sinto a vontade pra discutir o futuro do país" afirmou.
O candidato tucano afirmou que pretende fazer um debate de idéias. De pronto, trouxe as questões que norteiam sua campanha: a corrupção e a falta de investimentos. "É importante analisarmos atualidades. E se nos formos pegar as noticias dessa semana, temos uma noticia ruim: o Brasil, de novo, é o penúltimo da América Latina em crescimento, só perdendo para o Haiti. E uma noticia péssima: um novo escândalo no atual governo, o do aeroporto de Congonhas", disse Alckmin.
O ex-governador perguntou a Lula se os escândalos envolvendo o alto escalão do governo foram coincidência. O presidente voltou a dizer que a corrupção apareceu porque as instituições em seu mandato estão livres para trabalhar. "Os escândalos se apresentam porque tem um governo que investiga, que apura, que aparelhou o estado para fazer as investigações. Provavelmente, se tivesse feito o mesmo em São Paulo, se você [Alckmin] não tivesse bloqueado 69 CPIs, talvez tivesse o mesmo", atacou Lula.
O petista provocou ainda os tucanos: "O Ministério Público, no meu governo, não engaveta nenhuma denúncia. É bom que nós tenhamos instituições que funcionem, que investiguem", disse Lula, referindo-se ao ex-procurador geral da República de FHC, Geraldo Brindeiro, apelidado de engavetador geral.
"Não é verdade. Tudo isso [escândalos] surgiu porque a imprensa denunciou, porque o Jefferson levou ao conhecimento do povo o mensalão. Se há um tanto apreço pela investigação, porque não dizer ao povo brasileiro de onde veio aqueles R$ 1,7 milhão para comprar aquele dossiê fajuto", retrucou o tucano.
Lula questionou Alckmin sobre a indústria naval. O tucano respondeu que "a crise da industria naval vem da década de 70". "Eu vou prestigiar o setor produtivo. O governo Lula prestigiou os banqueiros. Criou o bolsa-banqueiro, o maior programa de concentração de renda. A industria brasileira não vai ser sucateda como está sendo hoje", afirmou.
O petista ironizou a colocação do adversário: "Esses banqueiros são ingratos porque receberam tanto de mim e votam todos no Alckmin". "O candidato Lula gosta de ironia, mas as questões do Brasil são mais sérias. Não dá para fazer ironia com as questões que assolam a população desse país. O Brasil ta igual a caranguejo, andando de lado, enquanto o mundo todo cresce", rebateu o tucano.
Lula disse que seu governo foi o que mais investiu em programas para deficientes físicos e nos esportes para-olímpicos. Alckmin afirmou que tudo não passa de discurso e que o governo petista investiu somente R$ 200 mil em programas de acessibilidade.
Alckmin ressaltou que o petista vetou o reajuste de 16,6% aos aposentados com renda acima de um salário e disse que 1% a menos na taxa de juros seria suficiente para cobrir o aumento.
"É difícil debater com tanta desinformação. Se a taxa de juros está alta assim, imagine quando eu peguei o governo. Vocês entregaram esse país sem nenhuma credibilidade para negociar as dívidas desse país", retrucou Lula.
O presidente perguntou como Alckmin vai fazer para cortar gastos do governo caso eleito. "Primeiro na corrupção", respondeu o tucano. "Tem roubo até na compra de ambulância. Eu vou reduzir gastos supérfluos. Se o candidato acha que não tem como cortar, não tem como crescer."
"Se eu fosse presidente em 1998, certamente não teria acontecido o sanguessuga. 80% do crime do sanguessuga começou exatamente quatro anos antes do meu governo. Graças a nós, está sendo investigado agora", devolveu Lula.
Segundo bloco
O segundo bloco começou com o presidente Lula questionando o seu adversário sobre uma suposta paralisia do governo em São Paulo. "Cláudio Lembo está paralisando as obras por causa do processo eleitoral", afirmou Lula. Alckmin rebateu declarando que o estado de São Paulo, há 12 anos, tem déficit zero. "Eu reduzi imposto. O Governo vai terminar esse ano com déficit zero. Se o candidato quiser discutir o governo de São Paulo, nós vamos discutir, mais isso aqui é uma eleição presidencial", alfinetou.
"O estado tem em caixa hoje R$ 10 bilhões. Um dos problemas da economia brasileira é o fato da economia não crescer. O candidato Lula está destruindo a indústria brasileira. O vice de Lula, que é um industrial, está estudando montar uma fábrica na China", complementou o tucano.
Em resposta, Lula disse que a carga tributária em São Paulo subiu e que a economia brasileira está longe de ser perfeita. "O PSDB quebrou o país. Ainda devolvemos 15 bilhões de dólares ao FMI para eles não darem palpite na vida brasileira como eles davam no governo de vocês", afirmou o presidente.
"Eu gostaria que o candidato Lula citasse o que aumentou. Eu posso citar duzentos produtos que eu reduzi o imposto, declarou Alckmin. Ele aumento o PIS, Confins, Pasep, e o pior, aumentou para aquele que é menor. Ele acha que a economia está uma beleza. Eu acho que o Brasil está ficando para trás. Não é possível a gente achar normal que Argentina cresça 9% e nós, 2%", declarou Alckmin.
O tucano ainda questionou o presidente sobre os R$ 100 milhões relativos ao suposto superfaturamento no aeroporto de Congonhas. Lula afirmou que não existe nenhum julgamento do Tribunal de Contas. "Não dá para resolver as denúncias durante o processo eleitoral. As instituições vão dar conta das denúncias. Não ficará pedra sobre pedra porque nós vamos apurar. Eu não tenho medo de apurar. Esse é o dado concreto e objetivo". Lula voltou a falar da economia. "Precisamos falar das coisas boas da economia brasileira. Eu quero um crescimento longo, duradouro", disse o presidente.
Alckmin disse que as obras foram pagas. "Os estudos mostram que, do dinheiro desviado, menos de 1% é recuperado". O tucano questionou sobre o gasto de R$ 10 milhões do governo com os cartões de crédito corporativos, "metade disso retirado da boca do caixa". "Por que não abre os cartões de crédito da Presidência da República?", desafiou o tucano.
"A maior parte das despesas está no Siaf. A transparência do nosso governo está estampada na imprensa brasileira, no Congresso Nacional. Eu ainda sonho que o Brasil ainda vai ter uma operação Mãos Limpas", respondeu Lula.
O petista retomou a questão da educação. "Qual é a proposta de Alckmin para a educação?", questionou Lula. Alckmin ressaltou: "Nós fizemos o Prouni antes". "Minha proposta é investir na educação básica, ensino infantil, ensino fundamental, ensino médio. Vou fazer o que eu fiz como governador: ampliei as escolas técnicas", respondeu o tucano.
Lula ressaltou o aumento, de oito para nove anos, do tempo das crianças nas escolas e o crescimento no número das extensões universitárias. O presidente disse que vai levar para cada cidade pólo do país uma escola técnica e afirmou que o "Fundeb vai injetar mais R$ 2 bilhões na educação".
Alckmin declarou: "A educação foi para trás. Todas as escolas técnicas foram paralisadas. A educação básica não saiu do lugar. Não se deu um passo a mais na questão educacional".
O candidato do PSDB retomou a questão da saúde. Ele questionou por que Lula cortou R$ 1,5 bilhão no ano passado da saúde. Lula disse que aumentou o número de médicos da família, agência de saúde, farmácia popular. "Investimento de R$ 300 milhões nos hospitais de emergência, além dos hospitais universitários". Lula destacou a saúde bucal em seu governo. "Nós estamos dando cidadania às pessoas", ressaltou.
Alckmin disse que nunca o país viveu uma crise tão grande e citou o hospital de Bom Sucesso no Rio de Janeiro. "O fato é que a saúde piorou. Os mutirões acabaram". Lula afirmou que o governo federal está repassando mais dinheiro para a saúde e que está contratando quase três mil funcionários no Rio de Janeiro.
Terceiro bloco
Os presidenciáveis elevaram o tom do debate durante o terceiro bloco. A jornalista Adriana Araújo fez o clima esquentar ao pedir que o petista apontasse uma virtude no adversário. "Eu via mais virtudes no Alckmin antes dos debates, porque ele está demonstrando aqui ser uma pessoa que eu não conhecia. Uma virtude que tenho com Alckmin é que, até então, ele era um homem civilizado, até o debate. Só ele não. Muitos do PSDB que estão aqui, que depois da campanha ficaram mais nervosos", afirmou Lula.
Alckmin rebateu e disse que o petista não deve ficar bravo com as críticas, mas com os fatos. "Os problemas brasileiros não serão resolvidos se não tivermos um governo. Eu respeito as pessoas mas não podem exigir de mim impunidade. Eu ando nas ruas e as pessoas estão indignadas. O Lula não tem que ficar bravo com a minha critica, ele tem que ficar bravo é com os fatos."
O petista retrucou dizendo que este é o terceiro debate em que o tucano bate na mesma tecla, "apesar de ele conhecer o trabalho que a Policia Federal tem feito no meu governo, de ele saber que 69 CPIs foram arquivadas [durante o governo de Alckmin em São Paulo]".
Questionado sobre qual seria seu principal defeito, Alckmin foi categórico: "Tenho muitos defeitos… Roubar não. Também não jogo culpa nos outros. Se alguém errar no meu governo, fui eu que errei, eu que coloquei ele lá. Eu não jogo os outros na fogueira. E também respondo as perguntas. Se me perguntassem de onde veio os R$ 1,7 milhão, eu chamaria as pessoas que conheço a décadas". "Eu tenho um compromisso com o povo brasileiro: os fins não justificam os meios", completou.
Lula provocou o tucano e disse que o discurso dele poderia se transformar em um fato prático: "Podia chamar o Barjas Negri para saber até que ponto ele se envolveu nesse negócio [dos sanguessugas]. Como eu confio nas instituições, como acredito na PF, eu acredito nelas e elas vão apurar".
Lula disse que os veículos de comunicação têm mais liberdade em seu governo e que a situação da mídia no país melhorou de 15 anos para cá. Ele afirmou, no entanto, que "há momentos em que os meios de comunicação abusam do seu poder". Lula voltou a ressaltar que é o primeiro presidente que vai aos debates e lembrou que Fernando Henrique não debateu quando era presidente.
"O presidente Fernando Henrique ganhou no primeiro turno e por isso não foi ao debate. O Lula achou que ia ganhar no primeiro turno e também não foi ao debate, igualzinho. Olha como o candidato Lula mudou", provocou Alckmin.
O tucano afirmou ainda que não leva em conta as pesquisas de opinião que apontam desvantagem de 20 pontos entre ele e Lula na disputa presidencial. "O importante é quem pode fazer mais para o governo. O Lula e o PT tiveram sua chance e deixaram passar. Não vai fazer ajuste, não vai ter eficiência no gasto público, vai aumentar imposto", reforçou. O petista rebateu e disse que essa é a primeira vez que o país cresce com aumento de salários e geração de empregos.
O presidente refutou a idéia de que seu governo abandonou a classe média. "Pelo contrário. Nos fizemos um reajuste na alíquota do Imposto de Renda de 18%. Isso significa aumento para classe média. Grande parte da classe média teve, durante três anos consecutivos, aumento acima da média", disse Lula.
Alckmin rebateu: "Ele quebrou a agricultura, maior crise nos últimos 40 anos e não é culpa de São Pedro. Reduziu área plantada. Vou trabalhar para que a agricultura possa produzir bem para manter preço baixo". Lula ironizou a colocação do tucano e chegou a bater na bancada. "Só não impeça a comida de chegar à mesa do pobre, não impeça o pobre de comer filé mignon", disse o petista.
O tucano afirmou ainda que o Brasil está aumentando gastos, aumentando impostos e cortando investimentos. "É a fórmula para não crescer. Quero assumir um compromisso: eu vou reduzir a carga tributária. Aprendi com Mário Covas, vou fazer. Vou reduzir o Imposto de Renda, vou reduzir para o transporte coletivo, vou reduzir sobre eletricidade", prometeu.
Lula retrucou e disse que, "quando teve falta de energia em 2001, faltou energia porque esqueceram de fazer" linhas de transmissão. O tucano rebateu e disse que hoje não há mais investimentos em energia porque o governo partidarizou as agências reguladoras. "É obvio que estamos na eminência de uma crise de energia", disse Alckmin.
Quarto bloco
O quarto bloco começou com o presidenciável tucano questionado o presidente Lula sobre a campanha. "A sua campanha, para me prejudicar, disse que eu ia acabar com o Bolsa Família, e é mentira". Alckmin também citou as declarações de petistas sobre as supostas privatizações do Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Petrobras durante um governo Alckmin.
Lula afirmou que a história do PSDB faz ele acreditar nisso. "Se o cara vai privatizar o meio de transporte dele, imagine o que ele não vai fazer com as coisas que não são dele", disse o presidente, numa referência ao avião presidencial. O petista alfinetou o tucano: "Você não tem experiência em política social". Lula ressaltou que "é preciso recuperar o poder de compra da parte mais pobre da sociedade".
Alckmin convidou Lula a fazer uma coletiva sobre os gastos e voltou a afirmar que vai vender o Aerolula (avião da Presidência da República) e construir cinco hospitais. O tucano também citou bancos nordestinos privatizados pelo atual governo. O petista ressaltou que o seu governo "tem feito uma política social que há muitos e muitos anos precisava ser feita", e disse que conhece a realidade do povo brasileiro.
O presidente questionou seu adversário sobre a política externa. Alckmin afirmou que a política externa do seu governo será diferente da atual. "O Mercosul retrocedeu, foi para trás, piorou. O caso da Bolívia é muito grave. A posição do governo brasileiro foi dúbia, submissa, o que cria uma insegurança jurídica". Alckmin criticou o reconhecimento da China como economia de mercado pelo governo brasileiro. "Produtos chineses que tiram emprego dos brasileiros. É meu dever como presidente defender o trabalhador brasileiro. Comércio exterior é emprego".
"Depois que criamos o G-20, poucas reuniões no mundo acontecem sem que o Brasil seja convidado para dar a sua opinião. Montamos pareceria estratégicas com a China, índia e África do Sul", afirmou o presidente. Alckmin atacou o petista: "Ele não fez os acordos multilaterais. Só viagem, viagem, viagem. Eu vou privilegiar os mercados mais dinâmicos, economias mais fortes".
O tucano questionou Lula sobre a redução de meio bilhão de reais em investimento no Nordeste e sobre a "paralisação nas obras de irrigação". Lula declarou : "Se tem uma região que nós atendemos com mais ênfase, foi o Nordeste. Nordestino é pensado apenas como pedreiro, quando na verdade quer ser engenheiro". O petista continuou: "Se você chegar no nordeste hoje, você vai ver que o programa de leite é do governo federal. O povo nordestino tem afinidade comigo por uma questão ‘sanguínea’".
O tucano afirmou que "a Sudene não existe". Lula afirmou que é diferente do tucano. "Os meus resultados estão aí, o Nordeste brasileiro tem crescido acima da média nacional". "Eu conheço aquela gente com a palma da minha mão, eu venho de lá."
Lula retomou a questão da política externa. "Nós criamos as condições para que a Alca [Área de Livre Comércio das Américas] não seja imposta pelos Estados Unidos". Alckmin retrucou: "Estamos tendo perda de mercado. O Brasil perde mercado americano e perde no vizinho, que vai dar preferência aos Estados Unidos. A política externa é só ‘ideologia e partidarismo’. Ao invés de aumentar a competitividade, aumentamos o protecionismo".
O tucano afirmou que vai despolitizar a questão da política externa brasileira. Lula falou dos números da política externa brasileira, com destaque ao crescimento das exportações para diversos países e blocos econômicos mundiais. "O Brasil não está mais com cabeça baixa para os Estados Unidos", afirmou o petista.
Alckmin citou o caso da China, que exposta mais para os vizinhos do Brasil do que o próprio Brasil e destacou a "queda das exportações e aumento das importações". Essa é a política do candiato Lula. Estamos importando sapato, móvel, fogão, geladeira."
Quinto bloco
No último bloco do debate, os candidatos fizeram suas considerações finais. Alckmin foi o primeiro a falar e disse ser um homem de fé, que sonha com um país no qual o governo dê bons exemplos à população.
"Eu sou um homem de fé, temente a Deus, filho de funcionário publico, morei na zona rural até os 16 anos, nunca morei na cidade. Trabalhei para pagar meus estudos, sei o quanto foi importante para mim receber meu primeiro salário. Por isso sou candidato a presidente da República. Meu sonho é que as pessoas tenham mais oportunidade. Meu compromisso é emprego, renda, trabalho, essa é a prioridade numero um. Meu sonho é um país onde o governo federal de bons exemplos. E meu sonho é que a gente possa reduzir a pobreza, reduzir as desigualdades através do trabalho, do desenvolvimento."
Lula falou em seguida. Disse que jamais pensou que chegaria à presidência e que soube unir os brasileiros para fazer o país crescer. O presidente aproveitou ainda a oportunidade para dizer que o Rio Grande do Sul retrocedeu. O estado, por mais de uma década, foi um forte reduto petista. Porém, o partido perdeu espaço na política gaúcha nos últimos seis anos.
"Eu tive uma experiência, que jamais pensei que ia ter na vida, de presidir esse país por quatro anos e provar que é possível compatibilizar crescimento econômico com distribuição de renda. Conseguimos provar que as pessoas mais necessitadas possam ter o mínimo nesse país. Podemos fazer mais, sobretudo no Rio Grande do Sul, que é um estado que vem sofrendo um retrocesso. Só vamos fazer se tivermos o bom senso de cuidar dos 180 milhões de brasileiros. Sei que não fiz tudo, mas vamos fazer. Esse país, durante muito tempo, foi governado apenas para 35 milhões da habitantes. Poucos governos foram perseguidos e atacados como eu fui e em nenhum momento perdi a paciência porque eu queria provar que é possível juntar a classe media, a classe trabalhadora e mostrar que esse país é uma grande nação, onde todos têm direito a tudo é que produzido nesse país."
As primeiras reações ao debate
Dilma Rousseff (ministra da Casa Civil)
"Eu gostaria de dizer que foi um excelente debate. O presidente candidato foi absolutamente correto em suas respostas em relação à corrupção. O nosso compromisso é com o combate à corrupção, e isso ficou bem claro. Ele mostrou que tem um projeto de desenvolvimento para as diferentes regiões do país."
Paulo Renato de Souza (ex-ministro da educação do governo FHC)
"O debate foi muito bom, principalmente para Geraldo Alckmin. A reeleição é justamente para avaliar os quatro anos anteriores e avaliar o futuro Aqui está em questão o governo Lula. As perguntas do nosso candidato foram pertinentes."
Senador Arthur Virgílio (PSDB-AM)
"Geraldo demonstrou proposta, não foi irônico nem debochado, respeitou o telespectador. Atacou uma política externa ineficaz. Ficou bem claro hoje que temos um candidato atrasado e um candidato ousado."
Jaques Wagner (governador eleito da Bahia- PT)
"É inegável que houve melhorias nas condições de vida na Bahia, por causa de investimento do governo federal. Eu creio que apesar de alguns ataques abaixo da linha cintura feita da oposição, vamos discutir roteiros sobre como governar o Brasil."
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