O ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) mudou o tom da sua propaganda eleitoral. No programa de TV apresentado na noite do último sábado, o candidato tucano à Presidência da República, além de mostrar sua biografia, atacou o governo Lula pela primeira vez.
Alckmin falou da necessidade de fazer um grande plano de desenvolvimento do país. "O governo que aí está não investiu em agricultura e manteve altas as taxas de juros, estagnando a economia", criticou.
A mudança de estratégia foi a resposta às críticas pefelistas de que o candidato estava sendo muito light para quem está tão distante de Lula nas pesquisas (tem pouco mais da metade dos votos do presidente-candidato) e, por isso, deveria aumentar as críticas ao PT.
A nova estratégia foi sugerida pela direção nacional do PSDB na noite de sexta-feira em resposta às duras críticas feitas por caciques do PFL. As diferenças entre os programas eleitorais de Alckmin apresentados ontem foram gritantes.
Na propaganda exibida pela manhã, quando as mudanças ainda não haviam sido colocadas em prática, o candidato adotou uma postura simpática, não fez referências ao governo federal e se limitou a mostrar suas realizações à frente do governo de São Paulo.
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O tucano tentou conquistar o eleitorado de Lula dizendo que priorizaria os pobres e que ampliaria o Bolsa Família. À noite, no entanto, Alckmin se mostrou mais duro e colocou a culpa da estagnação do país no governo do PT.
Sugestões da cúpula
Além de aumentar as críticas, o PSDB quer obrigar os candidatos a deputados estaduais e federais a mostrarem o nome de Geraldo Alckmin em suas propagandas. A idéia é vincular as campanhas estaduais à nacional para que os eleitores não votem em um deputado da coligação e em um candidato a presidente da oposição.
As mudanças são a resposta aos integrantes do PFL, partido do vice-presidente de Alckmin, José Jorge, que estavam inconformados com a postura pacífica adotada por Alckmin, mesmo com as pesquisas de opinião apontando a queda de seus pontos enquanto Lula sobe.
Na sexta-feira, integrantes da cúpula pefelista decidiram verbalizar o descontentamento com o estilo do tucano depois que viram a ausência de ataques de Alckmin na propaganda na TV.
"Acho que o candidato tem todas as qualidades, mas quando fala à população é muito linear. Falta indignação. É preciso que se mostre mais indignado com a corrupção. Cada um tem seu estilo, mas acho que chegaria [a mensagem] mais fácil à população", disse o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA).
O pefelista César Maia, prefeito do Rio, também criticou o estilo de Alckmin, mas o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE) saiu em defesa d Alckmin: "O programa de TV tem de ser feito seguindo o estilo do candidato. Tem alguns candidatos que são agressivos e outros não. É esse o estilo dele e vai ser este até o fim", disse. "Não vou impor que Geraldo Alckmin fale como Antonio Carlos Magalhães. Ou que ACM fale como Alckmin", completou.
Lula muda de idéia e, agora, defende reeleição
Em discurso realizado neste sábado, o presidente Lula disse ter mudado de idéia com relação à reeleição. "Depois que eu descobri que é possível mudar a vida do povo, não tinha como não defender essa bichinha", disse Lula.
No programa eleitoral, o presidente também reforçou a idéia. "Já fizemos o mais difícil, agora é só não perder o carinho", afirmou.
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