Minutos após o fim da votação que impediu que a segunda denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB) fosse investigada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), anunciou que a reforma da Previdência defendida pelo governo será uma das pautas da Casa nos próximos dias. Mas, ao contrário do que queria Temer, o texto a ser levado a plenário será enxugado.
“Se misturou muitos temas. Quando mistura muito você acaba tendo muitos adversários”, ponderou Maia, que acrescentou que a reforma precisa ser concentrada na idade mínima e na transferência de renda. De acordo com ele, a transferência do atual sistema previdenciário brasileiro tira dos pobres e passa para os ricos. O presidenta da Câmara afirmou ainda que já conversou sobre o tema com o relator da reforma na Câmara, deputado Arthur Maia (PPS-BA).
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“A gente precisa priorizar a idade mínima, a gente precisa priorizar a reforma do serviço público e a gente precisa convencer a sociedade e os parlamentares que essa não é uma pauta contra o Brasil e nem contra os brasileiros, mas sim uma pauta que vai salvar o Brasil”, justificou.
Questionado sobre o curto tempo para analisar o assunto, que é polêmico, Maia lembrou que durante sua gestão já houve aprovação de projetos de lei em um prazo de 48 horas . “Nós provamos que projeto de lei anda muito mais rápido aqui do medida provisória. […] Mais difícil vai ser a gente entrar 2018 com um incêndio fiscal, uma crise fiscal, sem solução”, ponderou. Apesar de também ser polêmica, a reforma Tributária também não foi descartada da lista de pautas que Maia pretende colocar em votação na Casa nos próximos dias.
Desgaste
O presidente da Câmara ponderou que as duas denúncias contra o presidente Michel Temer causaram desgastou a Casa e a relação dos parlamentares com o Executivo. “Foram meses de desgaste. […] Agora a Câmara dos Deputados vai construir uma pauta, uma pauta que muitas vezes tem convergência com o poder executivo e muitas vezes não”, destacou.
O parlamentar, que nos últimos dias teve sua relação com Temer desgastada com troca de ofensas públicas, frisou que apesar de ser defensor da reforma da Previdência, a base aliada do governo na Casa está “muito sofrida”.
“Tem que reorganizar a base. Não adianta ficar falando mal daqueles deputados do partido da base que votaram contra [a denúncia]. Não adianta ficar dizendo que quem não votou com o governo também não pode estar mais próximo do governo porque isso vai nos inviabilizar nas votações da reforma”, afirmou.
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