O jornal Correio Braziliense traz na sua edição de hoje (02) uma reportagem, de Lúcio Vaz e Marcelo Rocha, revelando que o petista José Airton Cirilo, integrante do diretório nacional do PT e ex-presidente da legenda no Ceará, teria fechado um acordo com o então ministro da Saúde, Humberto Costa, prevendo a liberação de R$ 30 milhões de recursos extra-orçamentários para a aquisição de unidades móveis e equipamentos médico-hospitalares. A informação foi divulgada pelo empresário Darci Vedoin em depoimento à Justiça Federal.
O “acerto prévio”, segundo a matéria, seria mediante ao pagamento de uma comissão de 15% das licitações executadas. Os repórteres afirmam que “teriam sido destinados R$ 6 milhões para municípios e entidades do Ceará, R$ 14 milhões para o governo do Piauí e R$ 10 milhões para o governo do Mato Grosso do Sul”. O empresário Ronildo Medeiros, integrante da máfia dos Sanguessugas, teria confirmado a existência desses acordos e acrescentou que também teria sido feito um acerto com a prefeitura de Campinas.
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No depoimento à Justiça Federal, Darci confirmou que o dinheiro do Piauí chegou a ser empenhado e ainda ressaltou que esteve com o governador Wellington Dias, junto com José Diniz, Raimundo Lacerda, Luiz Antônio Vedoin e Ronildo Medeiros. Nessa reunião, segundo Vedoin, ficou acertado que as empresas do grupo iriam realizar os projetos e as licitações para a Secretaria de Saúde, mas não se teria falado em comissão.
Em seu depoimento, Ronildo Medeiros declarou que o governador participou da reunião em que conversaram sobre a liberação de recursos “acima de R$ 10 milhões”. Contou que “o governador tinha conhecimento de que a licitação seria direcionada”.O empresário ainda disse que esteve no gabinete do governador por duas ou três vezes para tratar dos projetos e das licitações.
De acordo com o jornal, a assessoria do ex-ministro da Saúde Humberto Costa afirmou ontem que o petista não foi informado sobre o conteúdo dos novos depoimentos recebidos pela CPI dos Sanguessugas. Reiterou declarações anteriores de que ele não tem qualquer envolvimento com o escândalo e que está à disposição da comissão para prestar os esclarecimentos necessários.
Humberto Costa ressaltou ainda que as irregularidades atribuídas à máfia dos sanguessugas tiveram início durante a gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, e que a investigação da Polícia Federal que desbaratou o esquema ocorreu na administração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Sobre José Aírton Cirilo, afirmou que encontrou com ele apenas para tratar de questões político-partidárias e que “o dirigente petista nunca esteve autorizado a falar em meu nome ou do ministério”.