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Na Câmara Municipal de São Paulo, dos 55 vereadores apenas 5 são mulheres. “Rola sim muito assédio, rola xaveco, rola uns caras tentando tirar uma casquinha”, relata a candidata Maíra Pinheiro (PT), 26 anos. “Tem gente que xinga mesmo, que não gosta de feminista. Fala palavrão, chama de puta, mal-amada. Sem contar os que dizem que eu sou egoísta por entrar na política tendo uma filha pequena. Que eu sou uma péssima mãe, que eu estou negligenciando ela”, diz Maíra, acompanhada da filha de 2 anos, Bethânia.
Até as candidatas que afirmam não sofrer assédio não estão imunes aos olhares indiscretos e comentários machistas durante a campanha. A advogada Adriana Ramalho, 35 anos, por exemplo recebe sem problemas questionamentos como “o que o seu marido acha disso?”. “Digo que ele tem sido o meu maior parceiro”, responde a candidata, que é filha do deputado estadual Ramalho da Construção (PSDB), e tem os trabalhadores da construção civil como reduto eleitoral. Durante atividade de campanha no Mercado do Ipiranga, Adriana ouve conselho de um eleitor: “Você tem um papai lá que sabe como funciona. Fica nesse papo que eu tô falando e será eleita. Tchau, linda, dá um abraço no seu pai!”
Perguntas sobre a opinião do marido ou do pai a respeito da candidatura aborrecem Isa Penna (Psol), de 25 anos. “Me incomoda porque é basicamente: quem é o seu dono e o que ele acha disso?”, avalia a advogada formada pela PUC-SP. Sâmia Bomfim (Psol), 26 anos, já chegou a ouvir que merecia ser estuprada e torturada. “Disseram que o coronel [Carlos Brilhante] Ustra [agente da ditadura militar] torturou quem mereceu, como as feministas”, diz a funcionária pública. “Dá uma desanimada na gente, viu, amiga? Precisa ser forte pra aguentar tudo isso.”
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